Geografia
Fascículo 12
Fernanda Zuquim
Guilherme De Benedictis
Índice
Noções de Cartografia e Astronomia
Resumo Teórico .................................................................................................................................1
Exercícios ...........................................................................................................................................6
Gabarito ............................................................................................................................................9
Noções de Cartografia e Astronomia
Resumo Teórico
Projeções Cartográficas
A Terra tem uma forma aproximadamente esférica denominada geóide, o que dificulta a
sua representação através de mapas planos. A Cartografia – ciência e técnica de elaboração de mapas
– criou diversas maneiras de projetar a superfície curva da Terra em representações planas, de acordo
com necessidades diversas.
A ilustração abaixo mostra as três principais técnicas utilizadas para mapear a superfície
terrestre, ou seja: três projeções cartográficas.
Tente vislumbrar os resultados finais dessas projeções tanto em relação aos continentes
como aos paralelos e meridianos (é como se houvesse um foco de luz dentro do planeta,
hipoteticamente transparente, e os oceanos e terras emersas estivessem sendo projetados
numa tela de cinema). Note que não há como eliminar as deformações inerentes a esse processo.
Observe:
I
III
II
Fonte: Vestibular da Universidade de Maringá, 2000
A Projeção I é muito empregada na representação das regiões polares; isso decorre do
pólo ser projetado no centro de um plano, o que acarreta menores distorções nas altas latitudes,
especialmente no ponto de tangência.
Trata-se da projeção plana ou azimutal e pode ser reconhecida através dos paralelos,
representados por círculos concêntricos, e meridianos radiais, partindo do único ponto onde não há
deformação da realidade (quanto mais distante desse ponto, maior é a imperfeição da representação).
A Projeção Cônica – indicada pelo número II – é muito usada para representações das
regiões que se estendem entre médias e altas latitudes. Nela os meridianos convergem para um ponto
e os paralelos também aparecem como arcos concêntricos. O paralelo tangente ao cone imaginário é
a única linha perfeitamente representada, ou seja, sem deformação.
A Projeção III é do tipo cilíndrica e pode ser identificada pelos paralelos e meridianos
que formam ângulos retos. Duas principais projeções desse tipo são empregadas nos mapas escolares.
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Veja a ilustração abaixo:
Mapa: Projeção de Mercator
Mapa: Projeção de Peters
Fonte: Vestibular da Universidade Estadual de Maringá, janeiro de 1999
O mapa I utiliza a projeção cilíndrica de Mercator, que preserva razoavelmente a
representação das baixas latitudes – áreas próximas do Equador - mas amplia as terras das médias e
altas latitudes. É uma projeção conforme, pois mantêm os ângulos e as formas reais mas deforma as
áreas representadas.
A projeção de Peters, empregada no mapa II, é do tipo cilíndrica equivalente e produz
efeitos diferentes. Embora cause grande alteração das formas reais dos continentes, ela mantém a
proporção entre as áreas continentais.
Essas projeções cilíndricas, ao distorcer as altas latitudes, tornam inviável a representação
das áreas polares, sobretudo às que excedem 80º de latitude norte ou sul.
Escalas
Escalas indicam o grau de redução da realidade numa representação qualquer. Uma
fotografia, por exemplo, mostra uma imagem real reduzida num certo número de vezes; o mesmo
ocorre com os mapas.
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A escala numérica pode ser reconhecida pela fórmula 1: X, na qual X indica quantas
vezes a dimensão real foi diminuída. Convém lembrar que uma escala grande é aquela que menos
reduz um espaço real, o que aumenta o detalhamento das informações cartográficas; as escalas
pequenas, ao contrário, reduzem muito a realidade: através delas podemos representar grandes
porções do espaço real, o que impossibilita, porém, a visualização dos detalhes dessa realidade. Por
exemplo: 1:400 é uma escala grande; 1: 4.000.000 é uma escala pequena.
Raciocine sobre último exemplo: na escala 1: 4.000.000, 1cm no mapa equivale a
4.000.000 cm na realidade ou, mudando-se a unidade de grandeza, 40km. Isso demonstra que
houve uma grande Redução na Representação do Real.
A escala gráfica é expressa por um segmento ou linha graduada que indica, no mapa,
as distâncias reais, geralmente em quilômetros. Veja o exemplo abaixo:
Ao aplicarmos a escala gráfica no segmento AB, traçado no mapa, obtemos uma
distância real de aproximadamente 750 km (ou 3 vezes o segmento de 250 km indicado nessa escala).
Como se nota, a escala gráfica tem a vantagem de poder ser empregada diretamente, sem
necessidade de cálculos de transformação.
Representação topográfica
Curvas de nível ou isoípsas são o principal recurso empregado nos mapas para se
representar as variações topográficas do relevo. Trata-se de linhas que unem pontos com a mesma
altitude.
Observe, por exemplo, na figura abaixo, onde nota-se a presença de duas elevações
acima de 1000m de altitude (A e B) e relevo progressivamente mais baixo, tanto ao norte como ao sul:
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Algumas dicas importantes para resolver exercícios:
– é evidente que os rios se deslocam das áreas mais altas para as mais baixas; procure identificá-los,
portanto, através da cota altimétrica maior para as menores.
– curvas de nível muito próximas representam um relevo mais íngreme;
– curvas de nível mais espaçadas expressam inclinações mais suaves, relevo mais plano.
Iluminação e Aquecimento Desigual da Terra
Dois aspectos da posição da Terra no Sistema Solar são indispensáveis para a
compreensão das diferenças de iluminação e aquecimento no planeta: o movimento de translação
– que define a duração do ano – e o ângulo de inclinação da Terra em relação ao plano da
eclíptica (plano da órbita da Terra ao redor do Sol).
O eixo da Terra apresenta uma inclinação de aproximadamente 23º 27’ em relação a
esse plano; durante o ano o planeta ocupa diferentes posições em sua órbita, fato que implica numa
variação de aquecimento e insolação entre os hemisférios norte e sul, em outras palavras, nas estações
do ano.
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Observe a ilustração abaixo:
Movimento de Translação
Somente duas vezes por ano – nos dias dos equinócios – os raios solares distribuem-se
igualmente entre os dois hemisférios. Na ilustração são os dias 21 de março - quando tem início o
outono no hemisfério sul e a primavera, no hemisfério norte – e o dia 23 de setembro – quando essas
estações se invertem nos dois hemisférios. Somente nessas duas datas a duração dos dias e noites é a
igual (12 horas) tanto ao norte do Equador como ao sul.
A partir dos equinócios as diferenças entre luz e escuridão vão progressivamente se
tornando desiguais até os extremos de verão e inverno, os chamados solstícios. Na ilustração, o dia
21 de dezembro marca o início do verão no hemisfério sul e início do inverno no hemisfério norte; o
dia 21 de junho marca a situação inversa.
É importante ressaltar que essas diferenças de iluminação são tanto maiores quanto mais
nos afastamos do Equador. Naquelas localidades de baixa latitude, as diferenças entre as durações dos
dias e das noites ao longo do ano existem, mas são pequenas e quase não são notadas pelas pessoas.
Nos países temperados a desigualdade é enorme: no verão os dias são muito longos e a noite tem
início, em muitos casos, entre 21 e 22 horas; no inverno vive-se a situação contrária. O máximo de
desigualdade pode ser presenciado nos pólos: no solstício de verão o dia dura 24 horas; no solstício
de inverno há 24 horas de escuridão!
O Horário de verão é adotado para economizar energia elétrica. Consiste em adiantar
os relógios em uma hora durante o verão nos lugares onde a duração do dia é significativamente
maior do que a da noite, nessa época do ano. Nas regiões de baixa latitude (próximo ao Equador) isso
não teria sentido porque, dada a posição e inclinação da Terra no plano da órbita do Sol, a duração
dos dias e noites varia muito pouco.
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Exercícios
01. (Maringá 2000) Assinale o que for correto sobre o planeta Terra e a sua representação cartográfica,
recorrendo às figuras, quando necessário.
01. Na figura 1, o satélite imageador, percorrendo a órbita S, poderá registrar imagens de todos os
pontos do planeta, sem alteração da sua órbita, devido ao movimento de rotação da Terra.
02. Pelo fato de os movimentos de rotação da Lua e de sua translação ao redor da Terra terem a
mesma duração, esse satélite apresenta sempre a mesma face voltada para o nosso planeta.
04. O Plenilúnio corresponde à fase em que a Lua se encontra entre o Sol e a Terra. Nessa fase, podem
ocorrer os eclipses lunares, que resultam na projeção do cone de sombra da Lua sobre a Terra.
08. Com base no que sabemos sobre a inclinação do eixo terrestre, em combinação com o movimento
de translação da Terra, apenas em dois dias no ano – um dia no mês de março e outro no mês de
setembro – os dois hemisférios terrestres podem receber, em teoria, a mesma quantidade de
energia solar. Esses dias correspondem aos equinócios, sendo a duração do dia igual à duração da
noite.
16. A projeção I, na figura 2, que corresponde à cilíndrica de Mercator, tende a deformar as áreas
localizadas nas altas latitudes, fazendo que essas áreas pareçam maiores do que são.
32. A projeção II, na figura 2, é do tipo azimutal, sendo que, na ilustração, o plano tem o seu ponto
central tangente ao pólo. Nesse tipo de representação, as áreas próximas ao ponto de tangência
sofrem menor deformação, mas essa deformação cresce à medida que aumenta a distância do
ponto central.
64. A projeção III, na figura 2, corresponde à projeção denominada cônica. Nela, os paralelos
convergem para um ponto central e as latitudes são representadas por linhas concêntricas. Esse
tipo de projeção não gera deformações aparentes.
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Assinale a alternativa que apresentar a soma das respostas corretas.
a. 60
b. 76
c. 43
d. 63
e. 59
02. (FGV – SP 2001) A partir da interpretação do esquema é correto afirmar que:
a. As maiores altitudes encontram-se ao centro do esquema.
b. A distância real entre os pontos X e Y é de 300 km.
c. O rio principal R segue em direção Sudoeste.
d. As maiores declividades localizam-se na direção Oeste.
e. A margem esquerda do rio R é a mais favorável à prática agrícola mecanizada.
03. (FUVEST 2000) O anúncio oferece um apartamento para venda no município de São Paulo. A
expressão ‘‘Face Norte’’ indica que o apartamento:
a. deve ter boa luminosidade por estar voltado para o Norte.
b. deve ter boa luminosidade pela manhã e à tarde graças à longitude de São Paulo.
c. está na Zona Norte, área muito valorizada, pois fica próxima aos mananciais do município.
d. deve ter boa luminosidade pela manhã e à tarde, pois fica na fachada frontal do prédio.
e. está na Zona Norte, próximo à Serra da Cantareira, em local elevado e livre das enchentes.
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04. (UFMG 2000) Observe o bloco-diagrama e o mapa.
Considerando-se que a paisagem representada no bloco-diagrama e no mapa é a mesma, é incorreto
afirmar que
a. a interpretação do mapa permite constatar as variações topográficas da área retratada, em que se
distinguem um relevo plano próximo ao rio e montanhoso ao norte.
b. a legenda que acompanha o mapa expressa, por meio de uma simbologia específica, os principais
elementos da paisagem observados no bloco-diagrama.
c. a paisagem retratada no bloco-diagrama foi simplificada no mapa, embora possam ser observadas,
em ambos, as principais formas de aproveitamento do espaço.
d. a presença de uma rede de coordenadas geográficas, formada por meridianos e paralelos, permite
a localização segura da paisagem retratada no mapa.
05. (UFRS 2000) Para um geógrafo foi solicitado um mapeamento de um trilha ecológica em linha reta de
11 km, que será construída em um parque. Todo o projeto de mapeamento foi impresso em folhas de
tamanho A4 (210 x 297 mm).
Dentre as escalas abaixo, qual foi utilizada para que toda a trilha fosse representada na folha?
a. 1 : 1,1
b. 1 : 11
c. 1 : 1.100
d. 1 : 20.000
e. 1 : 40.000
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Gabarito
01. Alternativa e (Corretas: 1 + 2 + 8 + 16 + 32)
A Universidade de Maringá apresentou um rico exercício abordando aspectos importantes
de astronomia e cartografia. Este comentário pretende destacar as principais incorreções observadas
nas afirmações propostas por esse teste.
• Afirmação 02: Apesar da afirmação ser considerada correta para efeitos de astronomia escolar, ela
não é precisa. O movimento de translação da Lua ao redor da Terra, denominado Mês Lunar ou Mês
Sinódico, tem sua duração calculada em 29,53 dias; enquanto a rotação da Lua ao redor de seu
próprio eixo dura 27,3 dias.
• Afirmação 04: O Plenilúnio corresponde à fase da Lua Cheia, quando a Terra está posicionada
entre o Sol e a Lua, o que leva à ocorrência de eclipses lunares. A Lua encontra-se entre o Sol e a
Terra na fase da Lua Nova, quando podem ocorrer eclipses solares.
• Afirmação 64: A Projeção Cônica, de número III, é a mais adequada para a representação das áreas
localizadas na Zona Temperada da Terra e muito utilizadas na confecção de mapas regionais da
Europa, Ásia e América do Norte. Nessa projeção, os meridianos convergem para um ponto central,
que corresponde aos pólos, as deformações são pequenas nas médias latitudes e acentuadas nas
baixas latitudes.
02. Alternativa c.
A carta topográfica apresentada no teste permite observar um vale fluvial localizado no
centro, com sentido Nordeste- Sudoeste. Nesse tipo de exercício, o vestibulando deve observar as
curvas de nível, verificar o intervalo existente entre elas, identificar as porções mais elevadas do relevo
representado e destacar o curso dos rios com a ajuda de um lápis ou de uma caneta. Também é
importante observar o padrão geral da carta, lembrar que os rios sempre correm das maiores para as
menores altitudes e que, no caso da representação de uma bacia fluvial, sempre existe um rio principal
que recebe as águas de afluentes de menor porte.
03. Alternativa a.
A cidade de São Paulo está localizada junto ao Trópico de Capricórnio, a 23o27’ de
latitude Sul. Para responder este exercício, importante lembrar do movimento aparente do Sol no
decorrer do ano. O Sol está localizado na mínima distância zenital (Sol a pino) no dia 21 de dezembro,
que corresponde ao Solstício de Verão; a partir desse momento, inicia-se uma inclinação do Sol em
direção ao Norte, que culmina no dia 21 de junho, quando ocorre o Solstício de Inverno.
Assim, os imóveis que apresentam face norte são os mais iluminados durante o ano. Se
esse apartamento hipotético estivesse localizado junto ao Trópico de Câncer, a situação seria inversa e
a posição ideal seria a de face sul.
04. Alternativa a.
Apesar do bloco diagrama mostrar as porções mais elevadas dessa paisagem em questão,
estas não podem ser identificadas através do mapa. Nesse tipo de exercício, o vestibulando deve
prestar muita atenção na legenda; existe uma coincidência entre as áreas de cultivo agrícola e as
elevações do relevo, o que produz a falsa impressão de que a topografia também esteja representada
no mapa.
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05. Alternativa e.
Para o tipo de trabalho proposto, deve ser utilizada uma escala médio-grande, ou seja,
uma escala que apresente grande nível de detalhe. A escala ideal a ser escolhida por tal geógrafo é a
de 1 : 40.000, o que significa que cada centímetro do mapa representa 40.000 cm ou 400 metros da
paisagem real. Dessa forma, a trilha de 11 quilômetros teria 27,5 centímetros e seria inteiramente
representada na folha A4 (210x297cm).
As outras escalas apresentadas seriam excessivamente grandes para representar a
trilha da forma mais adequada e o leitor perderia informações preciosas.
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