De Olho nas Aves
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“A SPEA tem desenvolvido vários
programas de monitorização de
aves”
A proximidade ao estuário do
Tejo permite que os moradores
do Parque das Nações usufruam de um contacto com a
natureza pouco comum para
quem vive numa grande cidade.
A prová-lo está a actividade
que a Sociedade Portuguesa
para o Estudo das Aves (SPEA)
tem vindo a promover na zona
ribeirinha junto ao skate park.
Uma vez por mês, a SPEA organiza uma sessão de observação
de aves denominada “De Olho
nas Aves”, juntando especialistas, sócios e simples curiosos.
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“O alfaiate tem uma plumagem preta e branca e um
bico com uma curvatura ascendente: é o ex-libris do
estuário do Tejo”
“Queremos que apareçam as
pessoas que têm contacto com a
actividade, mas também chegar a
um público que não conhece a
SPEA e que não costuma observar aves”, afirma Joana Andrade,
assistente do Programa Marinho
da SPEA e a nossa interlocutora
sobre as actividades desta organização. “Queremos mostrar uma
forma de lazer diferente a quem
já costuma usufruir das qualidades desta zona”, reforçou.
Assim, contrariamente à maioria
das iniciativas promovidas pela
SPEA, esta não é uma acção
dirigida exclusivamente aos
sócios e nem sequer requer inscrições. Basta aparecer, pegar
nos binóculos e começar a
observar.
Munida de material óptico
diversificado, como binóculos e
telescópios, a SPEA realiza esta
actividade no Parque das
Nações há cerca de um ano e
meio. Geralmente as sessões
decorrem entre Setembro e
Maio, já que durante o Verão a
diversidade de espécies observáveis é consideravelmente inferior.
O Tejo e as
Aves
“O estuário do Tejo é a zona
húmida mais importante de
Portugal e uma das mais importantes da Europa. Trata-se de
um ponto estratégico na rota
de migração das aves que se
deslocam dos territórios de
nidificação a Norte e que vêm
passar o Inverno a Sul. É uma
área que assume particular relevância no Inverno, onde a diversidade de espécies e a abundância de aves aumenta consideravelmente”, explicou Joana
Andrade, revelando ainda que,
durante esta época do ano, o
Tejo chega mesmo a albergar
300 mil aves.
“Para além de ponto de passagem, o estuário do Tejo é tam-
bém uma área de invernação
importante. As espécies invernantes costumam aparecer no
Verão assim como as que se
vêm cá reproduzir. Tratam-se
geralmente de espécies mais
terrestres, que não conseguimos observar a partir desta
zona”, completa a colaboradora
da SPEA.
As aves aquáticas constituem,
assim, o principal alvo das
observações da SPEA no
Parque das Nações. O alfaiate é,
por assim dizer, o ex-libris do
estuário do Tejo, não sendo por
acaso que figura no logotipo
desta Reserva Natural. Com
uma plumagem preta e branca
e um bico com uma curvatura
ascendente, que lhe permite
procurar alimento nas zonas de
lama, o alfaiate é facilmente
identificável e uma ave muitíssimo comum no estuário do Tejo.
Outras espécies que se podem
observar a partir desta área são
o guincho, as garças brancas e
cinzentas, os corvos marinhos,
os colhereiros e várias espécies
de pilritos e tarambolas. De
acordo com Joana Andrade, até
flamingos se podem avistar:
“Geralmente ficam longe da
zona onde fazemos as observações, mas por vezes, quando se
aproximam um pouco mais, é
possível observá-los através de
telescópios, em particular
durante o Inverno. No Verão
alguns permanecem no estuário
do Tejo, mas já são mais difíceis
de avistar.”
A zona do estuário do Tejo
apresenta-se como um dos
locais privilegiados para fazer
observação de aves, mas a SPEA
tem vindo a promover actividades deste género um pouco por
todo o país. “Podemos observar
aves aquáticas a Sul, em locais
como a lagoa de Albufeira, a
lagoa de Santo André, a lagoa
com a mesma facilidade, já que
se encontram mais escondidas.
Quando isso acontece, aproveitamos para explorar outras
características das espécies,
como os cantos que vamos
ouvindo.”
mas, porque os sócios são uma
parte importante da SPEA e
porque queremos que o seu
número vá aumentando, temos
também promovido muitas actividades direccionadas a eles e
mais viradas para a divulgação
da cultura de cada espécie”.
“No Inverno, o Tejo chega a albergar 300 mil aves”
dos Salgados ou a zona da ria
Formosa. Também costumamos
organizar este tipo de actividades no Porto, concretamente
nos jardins de onde é possível
observar o rio, o que nos permite observar tanto as aves
terrestres como as estuarinas”,
conta Joana Andrade que reconhece, mesmo assim, que as aves
aquáticas são as que mais facilmente se observam: “Geralmente
encontram-se em áreas abertas
e, mesmo se estiverem longe,
podemos utilizar telescópios
para as observar. Também fazemos algumas actividades em
zonas florestais ou em jardins,
nomeadamente na zona de
Oeiras, mas não se avistam aves
O Trabalho da
SPEA
A SPEA é uma organização
ambiental não-governamental
sem fins lucrativos. Existe desde
1993 e dedica-se ao estudo e
conservação das aves selvagens
e dos seus habitats. Formada inicialmente por um grupo de
ornitólogos profissionais e amadores, a SPEA começou por ser
uma associação de cariz científico, tendo vindo nos últimos
anos a alargar um pouco mais o
seu âmbito, como nos explica
Joana Andrade: “Os nossos projectos estão sobretudo ligados à
conservação de aves selvagens
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“Durante o Inverno é possível observar flamingos, quando se aproximam um pouco mais“
Neste sentido, a SPEA tem
desenvolvido vários programas de monitorização de aves,
casos do Censo de Aves
Comuns, do Censo de Aves de
Natal e Ano Novo, do Censo
de Aves Marinhas e da Rede
de Vigilantes
de
IBA
(Impor tant Bird Areas). A
maioria destes programas funciona com base no trabalho
de observadores que disponibilizam o seu tempo, o seu
conhecimento e a sua experiência para colaborar com a
SPEA.
Se quiser contribuir para a
conser vação das aves em
Portugal, pode tornar-se sócio
da SPEA e usufruir do vasto
programa de actividades dirigido aos associados, assim como
de diversos descontos em
artigos da SPEA e não só:
“Temos protocolos com
empresas turísticas e de venda
de material óptico, em que os
sócios podem beneficiar de
descontos. Há ainda uma
publicação que a SPEA produz
de quatro em quatro meses, a
“Pardela”, que os sócios recebem gratuitamente. Tendo em
conta que a quota anual é de
22 euros, acho que a adesão
compensa a todos os níveis,
até porque contribui para o
trabalho e crescimento da
SPEA”, afirma Joana Andrade.
Os amantes
da carne serão
servidos !
A assistente do Programa
Marinho da SPEA não tem dúvidas: os últimos anos têm visto
um aumento do interesse pelo
estudo e observação das aves.
“Há cada vez mais gente a colaborar em projectos de monitorização que, geralmente, até
requerem algum compromisso
em termos de continuidade, já
que implicam dados de vários
anos para se poder avaliar os
resultados”, acrescenta.
As actividades de observação
que têm decorrido no Parque
das Nações são, de acordo com
Joana Andrade, uma iniciativa a
manter, até porque a tendência
é a de que haja cada vez mais
adesão: “Passam por aqui muitas
pessoas que andam por esta
zona há muito tempo e que
nunca viram nada a não ser gaivotas. Quando tomam um
pouco de atenção, começam a
ver espécies diferentes e, como
vamos mantendo uma regularidade mensal, muitas destas pessoas voltam a aparecer nas actividades seguintes. Isto apesar de
até se verem praticamente as
mesmas espécies.”
Texto e fotos por:
Bernardo Mata
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Parque das Nações (junto à Gare do Oriente)
Telf.: 21 891 54 40 · 1990-083 Lisboa
Aberto das 12:30h às 00:00h, 7 dias por semana
* Por amor à carne.
www.hippopotamus.pt
Uma Actividade
em Crescimento
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Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das