Discurso de Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da
República de Moçambique na cerimónia solene do acender da Chama
da Unidade Nacional, por ocasião do 40° aniversário da Independência
Nacional e do Dia da Mulher Moçambicana.
Maputo, 23 de Março de 2015
Saudações à Mulher Moçambicana, pelo seu múltiplo e importante
papel de educadora para a nossa sociedade, razão porque não
encontramos espaço possível, nem sensato que a possa excluir.
A mulher moçambicana é, para nós, aquela que aglutina os desejos
colectivos da nossa sociedade, de um futuro risonho, de paz, unidade e
convivência pacífica na multiplicidade que caracteriza a nossa cultura,
multirracial e multilinguística.
Moçambicanas e moçambicanos!
As minhas preces e sentimentos continuam virados para as famílias
afectadas pelas recentes cheias nesta província de Cabo Delgado, na
Zambezia, Nampula, Niassa e, um pouco por todo o Pais que
infelizmente depende dos ditames da natureza, que destruíram muito
do que já tínhamos feito.
Compatriotas!
Moçambique celebra no próximo 25 de Junho 40 anos da sua
independencia sob lema “ 40 anos da Independencia: Unidade
nacional, Paz e Progresso”.
Estamos em Namatili, uma porção do nosso belo e extenso território
nacional, para lançarmos a Chama da Unidade, no Dia da Mulher
Moçambicana.
A chama da Unidade Nacional que hoje estamos a acender, vai
continuar a iluminar a mulher moçambicana, lado a lado com o
homem, na sua luta pela igualdade de género.
1 O lançamento da Chama da Unidade, em Namatili, resgata a nossa
história, porque valoriza os construtores da nossa Pátria,
redobra a importância de que se revestem as comemorações do
quadragésimo aniversário da independência nacional.
A Chama da Unidade estimula e desperta nas novas gerações, o alento
necessário para enfrentar os desafios da actualidade com firmeza e
determinação, reforçando a unidade nacional, a solidariedade e a paz.
Num lugar de importância particular para a libertação do nosso país do
jugo colonial Portugues, pois aqui, a escassos quilómetros do Rovuma,
que vemo-lo ali, deu-se um passo gigantesco para o alcance da nossa
Independência Nacional.
Para os combatentes da luta armada de libertação nacional, os
obreiros da Independência, estamos no Destacamento Limpopo, que
servia de porta de entrada e saída de guerrilheiros, ora para o seu
treinamento nas bases que tínhamos na Tanzânia, depois de triados,
ora para as diferentes unidades nas frentes e avanços que existiam no
interior, principalmente, da província de Cabo Delgado.
Estamos, por assim dizer, no Destacamento logístico, por ser aqui onde
os guerrilheiros acondicionavam o material de guerra, que depois era
enviado para as necessidades dos guerrilheiros no interior.
Para o exército colonial português, estamos no Posto Omar, criado, a
partir da sua ocupação, com a certeza de que, com isso, se fechava
definitivamente a porta de entrada e saída dos guerrilheiros.
Namatili, completava assim, o cordão de segurança da tropa colonial,
2 que partia de Negomano, passando por Nazombe, Ng´apa, Pundanhar,
Sofala e Palma. Desta forma o exército colonial se havia convencido.
Assim se planeou a operação “ Nó Górdio”, desenhada e posta em
prática pelo General Kaulza de Arriaga, com apoio logístico total dos
seus aliados.
Estamos, enfim, na região do régulo Nambi Lião, razão porque,
referindo-se ao mesmo lugar, dissemos bastas vezes, tratar-se de Base
Omar, Nambi Lião, mas de facto, estamos em Namatili.
Escolhemos este lugar para estas cerimónias, para recordarmo-nos da
travessia do primeiro grupo de guerrilheiros da Frente de Libertação de
Moçambique, que por aqui entraram no dia 1 de Agosto de 1964, um
mês antes do início da luta armada de libertação nacional.
Escolhemos este lugar, dada a proximidade com a aldeia pela qual
passamos, Chilindi.
Ali, o primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique, o
Doutor Eduardo Chivambo Mondlane, dirigiu uma reunião popular, em
plenas zonas libertadas, no dia 27 de Fevereiro de 1968, portanto, um
ano antes da sua morte, por assassinato.
E, finalmente, é aqui, repetimos, que depois de os guerrilheiros terem
sido forçados a sair, em 1970, se reorganizaram aqui nas cercanias.
Neste espaço geográfico entre o rio Rovuma e o seu afluente
Mtumbwe, com água abundante, Floresta exuberante e muitos frutos
silvestres, principalmente matili, dai o nome Namatili.
Os bravos guerrilheiros nacionalistas, voltaram a instalar-se, a 1 de
Agosto de 1974, numa batalha que entrou na história como uma das
3 mais decisivas para o fim da ocupação estrangeira em Moçambique,
cumprindo assim o comando do saudoso Samora Moisés Machel.
A batalha de Namatili, para a retomada da base Omar, nesta região de
Nambi Lião, tem o condão de ter atingido o âmago do exército colonial
de forma múltipla:
Que nunca tinham sonhado com uma acção vitoriosa contra os planos
do General Kaulza;
Que nunca lhes tinha passado pela cabeça que tal acção poderia
resultar na captura de todos os seus soldados, teórica e relativamente
muito bem preparados sem o uso de arma de fogo;
A Frente de Libertação de Moçambique deu uma lição pedagógicodiplomática ao entregar a Cruz Vermelha Internacional os capturados.
Dizíamos, com actos de que a experiência do General Arriaga não era
tudo contra um povo sedento da sua libertação e liberdade.
Há, pois muitas razões para estarmos juntos aqui em Namatili, todos os
moçambicanos, neste lugar, nesta data e o propósito que nos leva
aqui, independentemente das diferenças que possam existir.
Estamos perante razões que cobrem a todos os moçambicanos, se é
verdade que, ninguém diz não à Independência Nacional.
Por isso dissemos e apelamos para que, tal como ontem, a unidade
seja a mais eficaz e eficiente arma de que dispomos como povo.
A Unidade é que nos ensina como em todos os tempos fomos fortes.
E como não queremos ser fracos, dissemos que só Unidos, em Paz e
reconciliados é que nos podemos desenvolver, como todos os
moçambicanos almejam.
4 Compatriotas,
Depois
de
todos
estes
ensinamentos,
não
há
lugar
para
os
moçambicanos se dividirem.
Não há lugar de exclusão nem de auto-exclusão de compatriotas.
Não há lugar para nos tratarmos como inimigos, como era para
alcançarmos a Independência Nacional, quando pretendíamos a nossa
auto-determinação .
Não há lugar para um grupo de moçambicanos ameaçar outro grupo de
compatriotaas.
A vontade colectiva identifica-nos como um só povo unido. Queremos
viver em Paz, harmonia e sem medo da violência e da incerteza do dia
de amanhã, construindo o bem-estar para todos moçambicanos.
Moçambicanas e moçambicanos,
Compatriotas!
A terminar, queremos convidar a todos os moçambicanos a acompanhar
a marcha da nossa chama em festa, reflectindo sobre os desafios que
temos pela frente que garantam a Unidade Nacional, a Paz e o
Progresso.
Bem haja, a mulher moçambicana!
Viva os 40 anos da nossa Independência!
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Leia na íntegra o discurso do Chefe de Estado