Projeto gera
emprego e renda
para mulheres
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economia
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Câmbio elevado
faz demanda
mundial retrair
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A GAZETA - 1C
CUIABÁ, SEGUNDA-FEIRA,
9 DE JULHO DE 2012
ALTERNATIVA
Implantação dos projetos, porém, se esbarra no custo, que atualmente é elevado
e no fim das contas equipara-se à eletricidade gerada por fonte hidráulica
Energia solar é viável em MT
SILVANA BAZANI
DA REDAÇÃO
M
ato Grosso está entre os 13
estados brasileiros onde o custo
da energia solar é
economicamente viável quando
comparado com o valor da conta de luz atual,
segundo pesquisa da PSR Consultoria. Em todo
país, a produção residencial de energia solar é
vantajosa para 15% dos domicílios, segundo
estudo recente da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE).
Apesar das condições climáticas favoráveis
para utilização dessa matriz energética para
geração de eletricidade em residências, ainda
não há projetos implantados ou em execução em
Mato Grosso, conforme informações de
analistas do setor. Utilização da energia solar
tem se limitado ao aquecimento de água em
moradias e empresas. Principal inibidor para
geração de eletricidade é o alto custo da
tecnologia disponível, que envolve 3 itens
principais: os painéis fotovoltaicos, o inversor
de linha e as estruturas mecânicas de
sustentação, equipamentos elétricos auxiliares,
cabos e conexões e a engenharia necessária para
adequação dos componentes dos sistema
(“Balance of the System -BoS”).
Além disso, devem ser
Viabilidade
considerados os custos de instalação e
em
residências
montagem. Especialista em energia
pela Universidade de São Paulo
Acre
(USP), Dorival Gonçalves, acredita
Mato Grosso
que a utilização da energia solar em
Regulamentação
Mato Grosso do Sul
residências compensa para as famílias
- Para regular o consumo
que consomem mais, enquadradas na
residencial da eletricidade
Goiás
classe média e com vários
gerada por fonte solar, é preciso
Tocantins
equipamentos eletrônicos. Lembra
disponibilizar o excedente para
Minas Gerais
que o custo da energia elétrica
rede, convertendo-o em
brasileira é o 3º mais caro do planeta e
créditos. Isso porque à noite ou
Bahia
em Mato Grosso está acima da média
em períodos do ano em que a
Piauí
nacional (R$ 0,38 kWh), ficando em
geração de energia solar é
Ceará
torno de R$ 0,41 kWh. Na Alemanha,
menor, o consumidor poderá
onde a geração de energia elétrica a
buscar a energia da rede,
Maranhão
partir da luz solar é comum, o preço
gastando os créditos. Em Mato
Rio de Janeiro
médio equivale a R$ 0,32 kWh.
Grosso, a concessionária de
São Paulo
Pelos cálculos realizados pela
energia local (Cemat) ainda não
EPE, o custo da geração residencial
mantém esse tipo de relação
Rio Grande do Sul
pelo sistema fotovoltaico a partir de
comercial. Segundo a
um equipamento de pequena potência
assessoria de imprensa da
FONTE: PSR CONSULTORIA E ANEEL
(avaliado em R$ 38 mil), equivale a
empresa, o processo pode ser
R$ 602 por megawatt-hora (MWh),
iniciado a partir de 2013, após a
sendo portanto mais barato do que a energia
regulamentação da Agência Nacional de Energia
ofertada por 10 das mais de 60 distribuidoras de
Elétrica (Aneel).
energia do país e equiparado ao custo da energia
Agência Nacional vem efetuando ações e
em Mato Grosso. Comparativamente com o
estudando propostas para redução de barreiras de
custo da energia contratada pelos leilões
acesso aos sistemas de distribuição por parte dos
realizados entre 2004 e 2011, o valor médio do
pequenos geradores. Em abril deste ano, por
MWh da energia solar é quase 4 vezes mais
exemplo, foi publicada a Resolução Normativa
caro, observa o consultor da Marvan Projetos,
482, estabelecendo condições gerais para o
Angelo Morella. Porém, considerando os custos
acesso de microgeração e minigeração
de transmissão, distribuição e impostos
distribuídas aos sistemas distribuição de energia
incidentes para o consumo residencial da
elétrica. Objetivo é reduzir as barreiras
energia hidrelétrica, os valores ficam
regulatórias existentes para conexão de geração
equiparados.
de pequeno porte disponível na rede de
Divulgação
distribuição, a partir de fontes de energia
incentivadas, bem como introduzir o sistema de
compensação de energia elétrica.
Simultaneamente, foi publicada a Resolução
Normativa 481, estipulando desconto de 80%
para os empreendimentos de fonte solar com
potência injetada nos sistemas de transmissão ou
distribuição menor ou igual a 30 megawatts
(MW), que entrarem em operação comercial até
o dia 31 de dezembro de 2012. Com essas
medidas, os consumidores que instalarem painéis
solares nas residências ou condomínios poderão
reduzir a quantidade de energia comprada das
distribuidoras ou vender o excedente às
concessionárias.
Por enquanto, os projetos de geração de
energia por fonte solar em Mato Grosso têm sido
apoiados pela concessionária local a partir da
distribuição de placas fotovoltaicas para
pequenos produtores rurais e, mais recentemente,
para indígenas das aldeias da etnia Cinta Larga
(Pacovinha, Areião e Cachoeirinha) na região de
Aripuanã e Juína, da etnia Rikbaktsa (São
Vicente e Castanhal) em Juara.
Projeto realizado com recursos do
programa Luz para Todos beneficiou
aproximadamente 100 indígenas. Opção é
considerada viável por envolver pequenas
comunidades de localidades distantes das
linhas do Sistema Interligado Nacional (SIN),
explica o engenheiro civil Rubens Corrêa da
Costa. “Isso porque o custo de transmissão
Pesquisa da EPE aponta que
produção de energia solar é
vantajosa para 15% dos domicílios
para atender essas localidades com uma
pequena demanda não compensa”.
Futuro - Na avaliação do vice-presidente da
Confederação Nacional da Indústria (CNI),
Alexandre Furlan, a tendência é que o uso da
energia solar para geração de eletricidade evolua
nos próximos anos no Brasil. “Ainda não é viável
para as empresas, porque os equipamentos são
caros e falta desenvolvimento tecnológico, mas
para uso em propriedades ou residências pode
compensar”. De acordo com o presidente da
EPE, Maurício Tolmasquim, esse mercado
potencial pode crescer com incentivos para
financiamento dos painéis e conversores
fotovoltaicos e com isenção fiscal para produção
desses equipamentos no país, além de redução do
Imposto de Renda para os consumidores.
Países como Japão, Alemanha, Holanda,
EUA, Espanha, Inglaterra e Itália têm encontrado
na geração de energia elétrica a partir da solar
uma saída para diminuir a dependência de
fontes tradicionais em esgotamento, como é o
caso do petróleo. Na Alemanha, em 2008 a
indústria de energia solar empregava 170 mil
pessoas e a previsão é envolver 510 mil
trabalhadores nos próximos anos.
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