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Economia
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O ESTADO DO MARANHAO · SÃO LUÍS, 1º de fevereiro de 2014 - sábado
Panorama
econômico
Miriam Leitão
Com Valéria Maniero
A hora é de cautela
H
á uma transição na política monetária americana, saíram US$ 12 bilhões dos países emergentes em janeiro, o pior número desde 2011. Nós estamos sendo colocados na lista dos vulneráveis. Nesses momentos, as autoridades devem ter em mente o cenário pior e torcer pelo melhor. E a equipe econômica está acreditando no melhor e desprezando os sinais de risco.
As avaliações otimistas das autoridades da área econômica ocupam largos espaços nos jornais. Espera-se que isso seja parte apenas do jogo de convencimento dos formadores
de opinião; mas que eles estejam, na verdade, avaliando o
que fazer se a turbulência for mais grave do que eles disseram que ela será.
Um transatlântico está fazendo uma manobra forte e isso provoca ondas. Temos vantagens e fragilidades diante da
volatilidade das moedas e bolsas. O foco do governo tem que
ser nas fragilidades; e o objetivo é como diminuí-las. Em vez
disso, o governo está exagerando as vantagens, menosprezando os pontos fracos e repetindo o quanto somos diferentes de outros países que estão também sendo chacoalhados
como Turquia, Índia, África do Sul.
Somos todos diferentes, mas o fato é que estamos sendo
colocados no grupo dos países mais frágeis. Dois ou três dias
de valorização da moeda não mudam o fato de que temos
estado entre os mais voláteis. E não é sem motivo.
O Brasil teve um déficit em transações correntes de 3,6%
do PIB em 2013. Não é o maior da história em percentual do
PIB, mas em números absolutos, sim: US$ 81 bilhões. Isso é
quase 50% maior do que o do ano anterior. O país teve um
superávit comercial mínimo, o menor em uma década, e isso com a ajuda de exportações gráficas, que na verdade não
ocorreram, de plataformas de petróleo.
As contas públicas fecharam com o menor superávit recente e não se cumpriu a meta, apesar de ela ter sido diminuída e ter contado com a ajuda de receitas extraordinárias,
como Refis, concessões e o leilão do super campo de petróleo Libra. O Brasil está com bons dados no mercado de trabalho, mesmo assim há mistérios, como o gasto de R$ 44 bilhões de seguro-desemprego e abono salarial; a despesa tem
sido crescente. Os gastos públicos cresceram 13,6% e as re-
Os pontos-chave
uma transição na política monetária dos EUA e saída
1 Há
de dólares de emergentes. Bolsas e moedas estão voláteis
está sendo colocado na lista dos vulneráveis,
2 OmasBrasil
tem vantagens e fragilidades
autoridades devem ter em mente o cenário pior e
3 Astorcer
pelo melhor. A hora é de cautela
ceitas 12,5%. Mas as autoridades falam que estão sendo austeras e contracionistas. A dívida pública bruta caiu um pouco, de 59% para 58,5% do PIB, mas estava em 53% em dezembro de 2010.
O Brasil está na lista dos países com inflação alta, sem contar os casos extravagantes da Argentina e Venezuela, que têm
taxas que não fazem sentido no mundo de hoje. Índia, 9,9%;
Indonésia, 8,4%; Turquia, 7,4%; Brasil, 5,9%; África do Sul,
5,4%; e México, 4%. No Brasil, o resultado só não foi maior
porque o governo represou tarifas públicas. Isso teve custos.
O Tesouro teve que abrir mão de R$ 11 bilhões de receitas da
Cide para não subir a gasolina; outros R$ 11 bi em desonerações do IPI e outros impostos; teve que gastar US$ 10 bilhões para garantir a redução do preço da energia. O ano de
2014 começou com problemas na energia: choveu pouco em
janeiro e os preços no mercado livre dispararam, o que pode elevar a conta do Tesouro.
A turbulência não é do tamanho da crise de 2008, longe
disso. Nossas reservas são abundantes. Temos superávit primário, coisa que vários países não têm. Mas o mais eficiente é olhar os pontos fracos e se fortalecer, para enfrentar o sacolejar das ondas nesse momento. É ano eleitoral. É preferível que a economia não produza ruídos para que o eleitor faça sua escolha num debate sobre políticas públicas. Em ambiente assim, menosprezar o risco é um risco a mais.
BOVESPA
+0,83%
NASDAQ
-0,52%
A bolsa
encerrou o dia
em 47,639
pontos
A bolsa fechou
com a marca
4.111
pontos
OURO
- 0,5252%
A commoditie
foi vendida a
R$ 96,59
DÓLAR
- 0,12%
A moeda
americana foi
cotada em
R$ 2,4120
EURO
-0,53%
A moeda
europeia foi
cotada em
R$ 3,27260
Aumenta a participação
dos industrializados nas
exportações do Maranhão
No ano passado, foram exportados US$ 1,53 bilhão de itens industrializados,
o que equivaleu a 65,5% da pauta de exportação do estado, segundo o MDIC
Arquivo
A
participação dos produtos industrializados na
pauta de exportação do
Maranhão cresceu em 2013 e voltou aos patamares registrados em
2008, antes da crise mundial gerada pela bolha imobiliária norte-americana. Os dados da balança comercial maranhense, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), mostram que,
no ano passado, foram exportados US$ 1,53 bilhão de industrializados, o que equivale a 65,5% da
pauta de exportação do estado.
A maior parte deste volume vem
dos embarques de ligas de alumínio, ouro, ferro-gusa, entre outros
produtos produzidos no estado.
Ainda de acordo com o MDIC,
no ano passado as exportações
maranhenses tiveram uma queda de 22,57%, caindo de US$ 3 bilhões para US$ 2,3 bilhões, fato
que se justifica pela parada nas
exportações de pelotas, que nos
últimos 12 anos sempre figurava
entre os cinco principais produtos de exportação do estado.
"Apesar das exportações terem recuado em 2013, o volume
de industrializados exportados
mostra que o estado está exportando melhor, porque está lidando com produtos que têm valor
agregado em seu processo produtivo", explicou o coordenador
do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão
(Fiema), Vinícius Muniz.
Os dados do MDIC mostraram que o Maranhão seguiu a
tendência da Região Nordeste em
2013, quando e quase todos os
estados apresentaram recuo na
mesma proporção nos embarques de mercadorias.
Por isso, o estado continua
ocupando a segunda posição no
ranking nordestino, com um volume de US$ 300 milhões a mais
do que Pernambuco, o terceiro
colocado do ranking e que viu
sua pauta de exportação crescer
50,9% em 2013.
Brasil - Ao se levar em conta a
Balança Comercial brasileira em
2013, o que mais chamou a aten-
Ligas de alumínio são um dos principais itens da pauta de exportações do Maranhão, aponta MDIC
Industrializados nas exportações
A participação dos produtos industrializados na balança comercial do
Maranhão voltou aos patamares de antes da crise de 2008
Ano
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Total de
exportações
US$ 1,69 bilhão
US$ 2,83 bilhões
US$ 687,8 milhões
US$ 1,2 bilhões
US$ 968,7 milhões US$ 2,9 bilhões
US$ 1,52 bilhão
US$ 3 bilhões
US$ 1,53 bilhão
US$ 3 bilhões
US$ 1,53 bilhão
US$ 2,3 bilhões
industrializados
Participação dos
industrializados
59,6%
56,6%
33,17%
49,9%
50,7%
65,5%
FONTE: MDIC/Balança Comercial do Maranhão
ção foi o crescimento do valor
agregado das exportações nacionais pela expansão do volume de
vendas de produtos manufaturados, o que indica que o Maranhão seguiu esta tendência.
Segundo o MDIC, três fatores contribuíram para isso: aumento do volume diário de embarques de produtos manufaturados, que marcou uma alta
de 15,3%, e a retração de produtos básicos, que caiu 9,7% e,
dos embarques de produtos semimanufaturados, que registrou queda de 4,7%.
O volume de produtos manufaturados exportados chegou a
US$ 93 bilhões, o que representa
38,4% dos US$ 242,1 bilhões embarcados para outros países, o
que demonstra uma ligeira retração de 0,16% na comparação
com 2012.
Internacionalização - Para dar
suporte aos empresários industriais que têm a expectativa de
ampliar suas exportações em
2014, a Fiema tem ações para
promover negócios internacionais no estado.
A entidade empresarial, seguindo orientação da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), criou o Centro Internacio-
nal de Negócios (CIN), que dá
consultoria, organiza cursos e
fornece serviços para empresários que pretendem exportar
seus produtos ou trabalhar com
um padrão de qualidade internacional.
A atuação do CIN é uma das
estratégias adotadas pela Fiema
para promover a competitividade da indústria maranhense, pelo fomento à internacionalização das empresas industriais
maranhenses.
"Ao fomentar a internacionalização das indústrias maranhenses, a Fiema dá competitividade
ao setor, pelo incentivo à adoção
de ações de inovação, designer de
negócios e gestão. Estamos seguindo esta linha, porque acreditamos que se as empresas locais
estiverem em condições de disputar espaço no mercado internacional, com certeza terão produtos com qualidade também
para disputar o mercado local e
regional", explicou o superintendente da Fiema, Albertino Leal.
O CIN da Fiema funciona no
4º andar da Casa da Indústria Albano Franco, sede da entidade,
localizada no Retorno da Cohama. Mais informações também
podem ser obtidas pelo telefone
(98) 3212-1896.
Falta de chuva eleva o preço da
energia; conta de luz deve subir
Preço do megawatt-hora anunciado ontem
foi de R$ 822,83; distribuidoras devem
repassar aos consumidores gastos a mais
BRASÍLIA - O preço da energia
no mercado de curto prazo no
Brasil atingiu ontem R$ 822,83
por megawatt-hora (MWh), valor mais alto da história. O recorde anterior, de R$ 684 por MWh,
vigorou de 30 de junho a 6 de julho de 2001, época em que foi decretado racionamento de energia pelo governo. A informação
foi confirmada pela Câmara de
Comercialização de Energia Elé-
trica (CCEE).
No mercado de curto prazo,
distribuidoras e grandes indústrias compram energia para necessidades imediatas. As contas
de luz pagas pelos consumidores acabam sendo impactadas
por essa elevação, já que as distribuidoras tendem a repassar futuramente esse aumento.
A maior parte da energia que
as distribuidoras precisam para
atender a seus consumidores está vinculada a contratos de longo prazo, com preço já definido
e que não sofre nenhuma influência da variação do Preço de
Liquidação das Diferenças (PLD).
Entretanto, algumas dessas concessionárias precisam de mais
energia do que a contratada. Esse consumo extra é pago mensalmente por elas ao preço médio do PLD.
Como o valor divulgado ontem vai servir de referência durante a próxima semana, até o
dia 7 de fevereiro, isso significa
que, nesse período, toda a energia que as distribuidoras consu-
mirem fora dos seus contratos de
longo prazo vai custar R$ 822,83
por MWh. No dia 7, um novo
PLD será divulgado e passará a
ser o novo valor de referência.
A má notícia para os consumidores é que esse custo a mais
pago pelas distribuidoras com a
compra de energia a preços recordes será repassado à tarifa e,
portanto, pode levar a aumento
da conta de luz.
O Conselho de administração
da CCEE avalia que o preço da
energia no mercado de curto
prazo deve continuar alto pelo
menos até a segunda quinzena
de fevereiro.
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