VI CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA
VI NATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING
18 a 21 de agosto de 2010 – Campina Grande – Paraíba - Brasil
August 18 – 21, 2010 – Campina Grande – Paraíba – Brazil
ANÁLISE DA LITERATURA SOBRE DISSIPADORES DE CALOR BASEADOS
EM MULTI-MICROCANAIS
Francisco Júlio do Nascimento, [email protected]¹
Gherhardt Ribatski, [email protected]¹
¹Departamento de Engenharia Mecânica, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, Av.
Trabalhador São Carlense 400, 13566-590, São Carlos – SP, Brasil.
Resumo: O primeiro trabalho compreendendo um estudo de trocadores de calor baseados em microcanais foi
conduzido por Tuckerman e Pease (1981), que projetaram e testaram um dissipador de calor para o controle térmico
de circuitos integrados utilizando a água como fluido refrigerante. Desde então, este tema tem sido abordado por
vários autores e diferentes configurações geométricas para a distribuição dos microcanais têm sido propostas. O
presente artigo apresenta uma ampla revisão da literatura sobre este tema. Distintas configurações de multimicrocanais são apresentadas e criticamente comparadas. Tal análise é focada em parâmetros de eficiência do
dissipador como o fluxo crítico de calor, a perda de pressão e o coeficiente de transferência de calor. Uma análise
detalhada dos efeitos de instabilidades térmicas e de técnicas de redução de seus efeitos é também apresentada.
Palavras-chave: dissipadores de calor, microcanais, fluxo crítico de calor
1. INTRODUÇÃO
A utilização de trocadores de calor compactos baseados em microcanais (denominação genérica para canais com
diâmetro hidráulico inferior a 3 mm) vem atraindo a atenção tanto da academia como da indústria com um número
elevado de trabalhos tendo sido publicados, principalmente na última década. Ribatski et al. (2007) listam os porquês
deste interesse e as vantagens da utilização da tecnologia de microcanais em trocadores de calor quando comparada com
canais convencionais.
Ao reduzir o diâmetro do canal, eleva-se a relação entre a área de contato com o fluido de trabalho e o volume do
dissipador, proporcionando o incremento da área efetiva de troca de calor. Este incremento é acompanhado pelo
aumento do coeficiente de transferência de calor e, consequentemente, do fluxo de calor (W/m²) com a redução do
diâmetro, favorecendo ainda mais a miniaturização do trocador. A possibilidade de remoção de fluxos de calor elevados
torna a tecnologia de microcanais propícia ao resfriamento de componentes eletrônicos (microprocessadores, circuitos
integrados de potência), lasers de alta potência, células combustíveis, micro-reatores químicos e sistemas micro-eletromecânicos (MEMS).
O resfriamento de componentes eletrônicos favorece a utilização da ebulição convectiva no interior de microcanais
e não do escoamento monofásico, pois a primeira solução proporciona, além da remoção de grandes quantidades de
calor por unidade de área, gradientes de temperatura ao longo do dissipador de calor inferiores, proporcionando um
desempenho superior do dispositivo eletrônico.
Operando em condições similares, conforme demonstrado por Pua e Rumbold (2003), a tecnologia de microcanais
permite reduzir em até 80% o peso de um trocador de calor quando comparado ao uso de canais convencionais. Assim,
reduções significativas do material utilizado na fabricação do trocador e do inventário do fluido refrigerante são
alcançadas. Tais ganhos são relevantes em sistemas nos quais dimensões e peso do trocador são parâmetros críticos de
projeto, como em de aplicações aeronáuticas, aeroespaciais e marítimas.
Para sistemas operando em pressão e temperatura elevados é recomendada a utilização de trocadores baseados em
microcanais, pois devido à redução do diâmetro do canal, a parede que o constitui resiste a esforços superiores para uma
mesma espessura.
Há uma grande discrepância entre os resultados proporcionados pelos métodos disponíveis na literatura para a
previsão da perda de pressão e do coeficiente de transferência de calor durante a ebulição convectiva no interior de
microcanais conforme ilustrado nos estudos de Felcar e Ribatski (2008) e Tibiriçá e Ribatski (2008). Isto permite
concluir que apesar do grande número de estudos já realizados, a melhor compreensão do tema e o desenvolvimento de
métodos de previsão que possam ser utilizados como ferramentas de projeto demandará vários anos adicionais de
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estudos. Dentro deste contexto, o presente levantamento bibliográfico se dedica a um estudo crítico das configurações
de dissipadores baseados em microcanais propostas recentemente.
2. ANÁLISE DA LITERATURA
O objetivo do estudo de distintas configurações de distribuição dos canais em um dissipador de calor é avaliar o
quanto a configuração afeta os parâmetros necessários ao projeto destes trocadores, entre eles o coeficiente global e
local de transferência de calor, a perda de pressão e o fluxo crítico de calor. Configurações ou mecanismos que evitem o
aparecimento de fluxo reverso devido à ebulição explosiva e que favoreçam a estabilidade para um melhor controle
térmico são também objetivos destes estudos. Para a análise das configurações de dissipadores propostas até então, elas
foram agrupadas segundo a seguinte classificação: canais paralelos, com escoamento cruzado e com canais ramificados.
A Tab. 1 apresenta esquematicamente uma descrição de algumas das geometrias apresentadas na literatura e as
condições para as quais elas foram avaliadas experimentalmente.
Tabela1. Dados dos trocadores de calor baseados em microcanais levantados da literatura. O número de
fases é indicado por 2Φ para bifásico e 1Φ para monofásico. A sigla NM refere-se a dados não mencionados
nos trabalhos.
Autores
Geometria
de
distribuição
paralelo
Diâmetro
hidráulico
(mm)
0,086 –
0,095
2
0,35
0,35
Fluido/ Nº de
fases
Nº de canais/
formato seção
Vazão mássica
(kg/m²s)
Fluxo de calor
(kW/m²)
água/1Φ
100/retangular
1000 - 5000
até 7900
R134a/2Φ
água/1Φ
R134a/2Φ
28/circular
21/retangular
53/retangular
50 - 200
85 - 380
127 - 654
9 - 40
1050 - 2160
159-938
paralelo
paralelo
paralelo
paralelo
paralelo
paralelo
0,104
0,13
0,227
0,223
0,171
0,315 0,837
21/triangular
68/retangular
5/retangular
5/retangular
40/retangular
20 –
29/retangular
95 - 290
49
622 – 1368
83 – 303
97 - 325
100 - 4000
80 - 330
NM
2130
até 6430
213 - 713
370 - 3420
Kuo e Peles (2009)
Lu e Pan (2009)
Colgan et al. (2006)
paralelo
paralelo
cruzado
5/retangular
10/retangular
NM/retangular
86 - 520
99 - 297
90 - 270
até 2400
até 500
até 4000
Kosar et al. (2009)
cruzado
0,22
0,086 – 0,13
0,037 –
0,067
0,19 – 0,27
água/2Φ
água/2Φ
R123/1Φ e 2Φ
água/2Φ
água/1Φ e 2Φ
R134a,
R245fa,
R236fa/2Φ
água/2Φ
água/1Φ e 2Φ
água/1Φ
329 - 1033
até 2800
Mauro et al. (2010)
ramificado
0,315
6e
12/retangular
29/retangular
250 - 1500
até 3300
Pence (2009)
ramificado
0,037 –
0,187
12/retangular
43 - 328
100 - 10000
Tuckerman e Pease
(1981)
Yan e Lin (1998)
Qu e Mudawar (2003)
Lee e Mudawar
(2004a,b)
Hetsroni et al. (2005)
Henning et al. (2006)
Schneider et al. (2006)
Kuo e Peles (2007)
Bogojevic et al. (2008)
Park e Thome (2009)
paralelo
paralelo
paralelo
R123 e
água/2Φ
R134a,
R245fa,
R236fa/2Φ
amônia/2Φ e
1Φ
2.1. Geometria em paralelo
A primeira configuração geométrica de dissipador de calor apresentada na literatura visando o controle térmico de
componentes eletrônicos foi proposta por Tukerman e Pease (1981) e consistia em microcanais dispostos paralelamente.
O desenvolvimento de dissipadores baseados nesta configuração de canais possui como vantagem a facilidade de
fabricação. Segundo Thome (2004), canais convencionais (diâmetro hidráulico superior a 3mm) geralmente são
utilizados segundo seções circulares, enquanto para aplicações envolvendo microcanais as seções são em sua maioria
não-circulares e geralmente retangulares. Kim (2004) destaca o fato de dissipadores com canais paralelos são projetados
considerando a região entre canais consecutivos como uma aleta submetida externamente a convecção forçada e
assumindo condução unidimensional ao longo de seu comprimento. Neste trabalho o autor apresentou métodos para
otimização de dissipadores de calor baseados em microcanais.
O trabalho pioneiro de Tuckerman e Pease (1981) demonstrou que a utilização no resfriamento de circuitos
integrados da convecção forçada no interior de microcanais, permite remover fluxos de calor de até 7,9 MW/m² com
relação à base aquecida (footprint). Seus ensaios experimentais forma realizados para um dissipador fabricado em
silício utilizando a água como fluido de trabalho. Este fluxo de calor foi levantado considerando aplicações em circuitos
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integrados, componentes eletrônicos que devem operar a temperaturas inferiores a 80 ºC, isto significa limitar a
diferença de temperaturas entre a superfície do dissipador e o fluido refrigerante a 50ºC. Para diferenças de
temperaturas superiores e reduzindo as dimensões dos canais, Tuckerman e Pease (1981) estimaram a possibilidade de
dissipação de fluxos de calor superiores a 13 MW/m².
Yan e Lin (1998) avaliaram a transferência de calor e a perda de carga em um dissipador de calor baseado na
ebulição convectiva no interior de microcanais paralelos com seção circular, utilizando o R134a como fluido de
trabalho e variando o fluxo de calor, com base na área aquecida, entre 9 e 40 kW/m². Baseados nos seus dados
experimentais, novas correlações foram propostas pelos autores para o coeficiente de transferência de calor e o fator de
atrito.
Utilizando dados experimentais para R134a levantados em um dissipador de calor baseado em microcanais
paralelos, Lee e Mudavar (2004a) e Lee e Mudavar (2004b) propuseram novas correlações para perda de pressão e
coeficiente de transferência de calor durante a ebulição convectiva, para uma condição de entrada de fluido saturado. Os
autores identificam distintos mecanismos para a transferência de calor segundo faixas de títulos de vapor. Para baixos
títulos de vapor (menores que 0,05) foi identificado como principal mecanismo de transferência de calor a ebulição
nucleada (padrão de escoamento: bolhas dispersas), já para títulos de vapor intermediários (entre 0,05 e 0,55) e altos
(maiores que 0,55) o mecanismo de transferência de calor é dado pela evaporação de um filme líquido (padrão de
escoamento: bolhas alongadas e anular). Os autores realizaram experimentos para vazões mássicas entre e 159 e 938
kW/m² e pressões de entrada de 144 a 660 kPa.
Qu e Mudawar (2003) discutem dois tipos de instabilidades que podem ocorrer em trocadores de calor baseados
em microcanais. O primeiro tipo de instabilidade é causado pela compressibilidade da mistura bifásica a montante do
trocador, causando oscilações de pressão. Os autores apresentam como solução a presença de uma válvula para
restringindo a passagem de fluido à montante do trocador de calor. O segundo tipo de instabilidade é verificada quando
a dissipação de calor é da mesma ordem do fluxo crítico de calor. Esta instabilidade ocorre devido ao fluxo reverso de
vapor, originado em um dos microcanais, ocasionando uma entrada de vapor nos outros canais e assim, aumentando o
título de vapor de entrada. Kandlikar (2005) discute os mecanismos físicos envolvidos que causam o fluxo reverso e
indica que este fenômeno está diretamente relacionado com o padrão de escoamento. Segundo ele, o crescimento de
bolhas com dimensões similares às do microcanal favorecem o fluxo reverso. Em um estudo recente, Bogojevic et al.
(2008) fazem uma análise das instabilidades e levantam resultados para as frequências e amplitude de oscilação com
que as instabilidades ocorrem.
Bogojevic et al. (2009) avaliaram o efeito na distribuição de refrigerante ao longo do dissipador de calor da
posição do canal de alimentação de fluido em relação a estrutura de microcanais paralelos. Também foi avaliada por
eles a influência de bolhas bloqueando a passagem de fluido por um microcanal. Os autores concluíram que canais
bloqueados influenciam negativamente a transferência de calor e incrementam a perda de pressão. Hetsroni et al. (2005)
indicam que a oscilação da pressão têm sua intensidade elevada com o incremento do títulos de vapor.
Soluções são apresentadas na literatura visando minimizar efeitos de instabilidade. Henning et al. (2006) indicam
que uma estrutura ramificada proporciona uma melhora na distribuição do fluido nos microcanais em relação a
geometria em paralelo, eliminando as oscilações de pressão de baixa frequência, elevando, entretanto, a perda de
pressão. Park e Thome (2009) estudaram experimentalmente um dissipador de calor baseado em microcanais com
orifícios a montante de cada microcanal, cuja instalação teve como objetivo evitar o fluxo reverso através da imposição
de uma perda de pressão local. A geração de vapor causada pela passagem do fluido no orifício resultou na formação de
bolhas reduzindo o superaquecimento necessário ao início da ebulição convectiva. Schneider et al. (2006) também
analisaram o efeito na transferência de calor da imposição de uma perda de pressão na entrada de cada microcanal
através de um orifício. Através da comparação de resultados experimentais para o mesmo dissipador para configurações
com e sem orifícios, eles concluíram que o coeficiente de transferência de calor, geralmente, eleva-se tanto para o
escoamento monofásico como para uma condição de escoamento bifásico na saída do orifício. Eles também verificaram
uma redução no superaquecimento necessário para início da ebulição.
Com o intuito de intensificar a nucleação de bolhas no interior dos microcanais, Kuo e Peles (2007) baseados em
Schneider et al. (2006), além da utilização do orifício, estruturaram a parede interna do microcanal de forma a facilitar a
formação de núcleos de vapor ativos. Com isso, observou-se o início da ebulição para superaquecimentos inferiores aos
de Schneider et al. (2006). Eles verificaram também um incremento no fluxo crítico de calor. Em um estudo recente,
Kuo e Peles (2009) verificaram que estas estruturas também minimizam efeitos de instabilidades por permitirem o
início da ebulição em condições de superaquecimentos reduzidos. A Fig. (1) ilustra os orifícios a montante dos
microcanais utilizados por Kuo e Peles (2007) e Kuo e Peles (2009) e as paredes estruturadas destes microcanais.
Visando um incremento no coeficiente de transferência de calor Lu e Pan (2009) propuseram dissipadores com
geometria em paralelo, porém utilizando microcanais divergentes, cuja largura eleva-se na direção do escoamento.
Conforme indicado pelos autores, canais divergentes tendem a amortizar efeitos de instabilidades e o escoamento (ou
fluxo) reverso. Os dissipadores ensaiados se diferenciavam pela densidade de cavidades artificiais de reduzidas
dimensões usinadas na superfície dos canais com o intuito de favorecer a nucleação de vapor. Os autores verificaram o
incremento do coeficiente de transferência de calor e da perda de pressão com o incremento da densidade de cavidades.
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Figura 1. (a) Ilustração dos orifícios a montante dos microcanais e (b) paredes estruturadas utilizadas.
Kuo e Peles (2007)
Figura 2. Trocador de calor com microcanais divergentes. Lu e Pan (2009)
2.2. Geometria com fluido cruzado
Outra geometria de distribuição de microcanais encontrada na literatura é a geometria com cruzamento de fluido.
Nestas geometrias os fluxos de fluido através dos microcanais se cruzam, possibilitando que haja uma melhor
distribuição do fluido pelos canais ao longo do dissipador. Por facilitar a distribuição uniforme do fluido pelo trocador
de calor, esta geometria minimiza a ocorrência de fluxo reverso pois propaga ebulições explosivas de microcanais
adjacentes, propiciando o re-molhamento da superfície antes secas e contendo este tipo de instabilidade.
Colgan et al. (2006) testaram diversos trocadores de calor variando as dimensões dos microcanais e as distâncias
que estes se cruzam. Como resultado eles concluíram que canais menores e com menores distancias de cruzamento
favorecem a transferência de calor, entretam elevam a perda de pressão. A seguir, a Fig. (3) ilustra um dos trocadores de
calor testado pelos autores.
Figura 3. Ilustração de um trocador de calor testado por Colgan et al. (2006).
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Kosar et al. (2009) estudaram o comportamento de microcanais com geometria com cruzamento de fluido em um
dissipador de calor de dimensões semelhantes ao proposto por Kuo e Peles (2007) e Kuo e Peles (2009), os quais
embasaram seu trabalho de (2009) . Estes autores concluíram que para uma condição próxima do fluxo crítico de vapor,
a geometria com cruzamento de fluido apresentou amplitude de oscilação de pressão inferior a de canais em paralelo.
2.3. Geometria com ramificação de microcanais
Esta geometria de canais apresenta uma complexidade de projeto e fabricação superior às demais, pois neste caso a
hipótese de aleta unidimensional não se aplica. As ramificações do escoamento têm como objetivo maximizar a
transferência de calor minimizando a perda de pressão ao longo do dissipador. Em alguns destes estudos inspirações na
natureza (sistemas vasculares de vegetais, ramificações pulmonares, bacias hidrográficas) são buscadas para que
proporcionem uma minimização da perda de pressão e muitas vezes com a finalidade de controle térmico. Bejan (1997)
apresenta uma análise do caminho ótimo de ramificações para uma melhor troca térmica. A ramificação dos
microcanais pode também buscar objetivos adicionais como fornecer uma mistura bifásica com título de vapor inferior
(ou eventualmente fluido monofásico) em determinadas regiões do dissipador de calor com o intuito de elevar o fluxo
crítico de calor. Mauro et al. (2010) compararam o desempenho de um dissipador com geometria paralela tendo a
entrada e a saída do fluido em suas extremidades opostas com um dissipador sendo alimentado em sua seção central
com o escoamento sendo ramificado em direções opostas e o fluido refrigerante evaporado eliminado em suas
extremidades opostas. Eles verificaram um incremento do fluxo critico de calor para a geometria ramificada de 24%. Os
autores verificaram também um decréscimo acentuado da perda de pressão devido a redução do comprimento do
escoamento.
Pence (2009) analisou o desempenho de um dissipador cuja geometria das ramificações era baseada na teoria dos
fractais. A autora implementou algoritmos para a otimização das dimensões e das geometrias envolvidas e concluiu para
o dissipador ensaiado que, para uma comparação utilizando modelos teóricos entre uma geometria em fractal e uma
geometria em paralelo, a geometria em fractal apresenta melhores resultados para perda de pressão. Conclui-se também
que ângulos de bifurcação menores dos microcanais resultam em menos perda de pressão quando comparados com
ângulos maiores. Uma das geometrias em fractal testadas pela autora é apresentada na Fig. (4).
Figura 4. Trocador de calor com distribuição de canais em fractal. Pence (2010).
3. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
O número crescente de trabalhos publicados tratando de dissipadores de calor baseados em multi-microcanais vem
permitindo ampliar a compreensão dos fenômenos de troca de calor, instabilidade e perda de pressão envolvidos nestes
dispositivos. A utilização de trocadores de calor baseados em microcanais permite a remoção de grandes quantidades
de calor através de dispositivos de volumes reduzidos. Modelos para a previsão de perda de pressão, transferência de
calor, fluxo crítico e instabilidades são encontrados na literatura, porém apresentam resultados discrepantes e não
podem, ainda, serem indicados como ferramentas de projeto. Resultados experimentais e tendências distintas são
verificadas quando bancos de dados levantados por laboratórios independentes são comparados conforme indicado por
Ribatski et al. (2006).
Mecanismos de intensificação de troca de calor começam a ter sua aplicação especulado também para microcanais.
Ranhuras e estruturação dos microcanais facilitam a formação de núcleos de vapor ativos, que por sua vez permitem a
formação de bolhas em condições de superaquecimento reduzido. Tal antecipação do início do processo de ebulição
parece prevenir do crescimento “explosivo” de bolhas, pois evitam que a nucleação ocorra de forma abrupta e em
condições de superaquecimento elevado. Por outro lado, tais soluções embora positivas segundo aspectos de
instabilidade e transferência de calor causam em geral um incremento da perda de pressão, resultando em uma demanda
maior de energia de bombeamento.
Canais paralelos parecem favorecem efeitos de instabilidade, os quais entretanto podem ser minimizados através
da imposição de perdas de pressão a jusante do dissipador resultando numa maior estabilidade do sistema, reduzindo
flutuações na pressão e evitando a ocorrência da ebulição “explosiva” e do escoamento reverso.
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Dissipadores com cruzamento de microcanais apresentam desempenho em termos de transferência de calor
superior ao de canais paralelos e permitem conter efeitos de instabilidade. Porém tais resultados são acompanhados de
um aumento da perda de pressão.
Finalmente, conclui-se que a geometria com ramificação dos microcanais parece proporcionar o incremento da
transferência de calor e o fluxo crítico de calor sem impactar significativamente a perda de pressão. Necessita,
entretanto processos mais elaborados de fabricação.
4. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo auxílio a
esta pesquisa através de uma bolsa de mestrado e ao auxílio Projeto de Pesquisa modalidade Jovem Pesquisador em
Nanotecnologia (Processo no 576982/2008-3) e a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
pelo auxílio através de uma bolsa de estudos modalidades Jovem Pesquisador (Processo no 2006/52089-1).
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Pipe”, International Journal of Heat and Mass Transfer, Vol. 41, pp. 4183-4194.
VI CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA
VI NATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING
18 a 21 de agosto de 2010 – Campina Grande – Paraíba - Brasil
August 18 – 21, 2010 – Campina Grande – Paraíba – Brazil
STATE-OF-THE-ART REVIEW ON HEAT SPREADERS BASED ON
SINGLE-PHASE AND FLOW BOILING IN MULTI-MICROCHANNELS
Francisco Júlio do Nascimento, [email protected]¹
Gherhardt Ribatski, [email protected]¹
¹ Department of Mechanical Engineering, Escola de Engenharia de São Carlos, University of São Paulo, Av.
Trabalhador São Carlense, 400, 13566-590, São Carlos – SP, Brasil.
Abstract: Tuckerman and Pease (1981) were the pioneers to propose a heat spreader for thermal control of integrated
circuits based on water flowing inside parallel microchannels. Since then, several researchers have worked on this
subject and different heat spreader geometries and channels configurations have been proposed. In this study a broad
literature review on this topic is presented. Different configurations of heat spreaders based on multi-microchannels
are presented and critically compared. In this analysis, it is taken into account the heat transfer and CHF experimental
results provided by the authors. Aspects as pressure drop and fin efficiency are also considered. Finally, a detailed
analysis on thermal instabilities and the techniques applied to dump their effects is also presented.
Keywords: heat spreaders, microchannels, critical heat flux
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