ASPECTOS NUTRICIONAIS DE FEIJÕES CRIOULOS CULTIVADOS NA
AMAZÔNICA OCIDENTAL, ACRE, BRASIL
Maurifran Oliveira Lima1, Fábio Augusto Gomes2, Eduardo Pacca Luna Mattar3,
Otávio Augusto Silva Ribeiro4, Josimar Batista Ferreira2
1. Mestrando da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS,
([email protected])
2. Professor Doutor da Universidade Federal do Acre, Campus Rio Branco Rio Branco/Acre – Brasil ([email protected])
3. Professor Graduado da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta Cruzeiro do Sul/Acre – Brasil
4. Professor Mestre da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta Cruzeiro do Sul/Acre – Brasil
Recebido em: 30/09/2014 – Aprovado em: 15/11/2014 – Publicado em: 01/12/2014
RESUMO
Os feijões comuns (Phaseolus vulgaris L.) e caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp) têm
apresentado uma rica diversidade na mesorregião do Vale do Juruá - Acre, Brasil,
sendo os aspectos relacionados a descrições e classificações morfológicas, origens
genéticas e valores nutricionais inexistentes ou pouco estudados. O objetivo do
trabalho foi avaliar os valores bromatológicos e antinutricionais de nove cultivares
crioulos de feijão produzidos no Vale do Juruá – AC. O trabalho foi conduzido no
período de novembro de 2012 a julho de 2013, no laboratório de Bioquímica de
Alimentos da Universidade Federal do Acre – UFAC, Campus Floresta. De acordo
com os resultados obtidos, as atividades dos fatores antinutricionais (antitripsina e
lectina) apresentaram-se menores para dois tipos de feijões (p<0,05): enxofre e
peruano branco, e maior valor no cultivar rosinha explicando a sua baixa
digestibilidade. Com relação à digestibilidade do feijão cru (p<0,05), a variação
percentual entre os cultivares com maior e menor nível foi de 16,27%, sendo que a
diminuição desse percentual em alguns cultivares está atribuída à maior atividade
dos inibidores de proteases que diminuem a atividade das enzimas digestivas. Nas
condições em que o experimento foi conduzido, os cultivares pertencentes ao
gênero Phaseolus vulgaris L apresentaram os melhores resultados em todas as
variáveis avaliadas exceto na variável Matéria Mineral no qual o cultivar
Manteguinha Roxo Vigna unguiculata apresentou melhor resultado. Ensaios “in vivo”
de digestibilidade e toxidez biológica nos feijões crus são recomendados para
visualização do comportamento endógeno dos mesmos.
PALAVRAS CHAVE: antitripsina, digestibilidade, lectina, proteína bruta.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 163
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NUTRITIONAL ASPECTS CREOLE BEANS CULTIVATED IN THE WESTERN
AMAZON, ACRE, BRAZIL
ABSTRACT
The common beans (Phaseolus vulgaris L.) and caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp)
have presented a rich diversity in the region of Juruá Valley - Acre, Brazil, and the
aspects related to morphological descriptions and classifications, genetic origins and
values nutritional are nonexistent or poorly studied. The aim of this study was to
evaluate the values bromatologic and antinutritional between nine cultivars of beans
produced in Juruá Valley - AC. The study was conducted from November 2012 to
July 2013, in the laboratory of Food Biochemistry in Universidade Federal do Acre UFAC, Campus Floresta. According to the results, the activities of anti nutritional
factors (antitrypsin and lectin) were lower for two types of beans (p <0.05): Sulfur and
“peruano branco” type, and greater value in cultivating “rosinha” explaining their low
digestibility. With regard to the digestibility of raw beans (p <0.05), the percentage
change between the cultivars with higher and lower level was 16.27%, and the
decrease in this percentage in some cultivars is attributed to the higher activity of
inhibitors proteases that reduce the activity of digestive enzymes. In conditions in
which the experiment was conducted, the cultivars of the genus Phaseolus vulgaris
L. showed the best results in all variables except the variable mineral matter in which
to cultivate “Manteguinha Roxo Vigna unguiculata” showed better results. Tests "in
vivo" digestibility and toxicity in biological raw beans are recommended for viewing
the behavior of endogenous same.
KEYWORDS: antitrypsin, digestibility, lectin, protein.
INTRODUÇÃO
Cultivos do feijoeiro são considerados de grande importância no contexto
sócio-econômico nacional. Segundo CABRAL et al., (2011), o feijão é um dos mais
importantes constituintes da dieta do brasileiro, principalmente, por ser uma
excelente fonte protéica.
Atualmente, os programas de melhoramento de feijoeiro no Brasil têm visado
a expressão do potencial produtivo econômico, e componentes relacionados, por
meio de técnicas de melhoramento apropriadas. O fato de que a maioria dos
pequenos agricultores não adquirirem sementes comerciais para o plantio,
reutilizando as suas próprias sementes, ou as sementes do vizinho, pode propiciar a
mistura mecânica e a ocorrência de cruzamentos naturais entre os indivíduos que
são semeados anualmente. Fato esse que gera uma ampla variabilidade genética
em poder dos pequenos agricultores, e que poderia ser usada pelos programas de
melhoramento uma vez que, segundo CABRAL et al., (2010), a variabilidade
genética é essencial para o sucesso de programas de melhoramento de
praticamente todos os caracteres de importância econômica do feijão.
A mesorregião do Vale do Juruá (AC) compreende os municípios de Cruzeiro
do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Porto Walter e Marechal Taumaturgo, Feijó,
Tarauacá e Jordão. A região, localizada no extremo ocidental da Amazônia
Brasileira, possui como características: isolamento geográfico, alta incidência de
agricultores familiares e alto número de unidades de conservação, assentamentos
da reforma agrária e terras indígenas. As populações da zona rural residem
principalmente em comunidades e pequenos vilarejos, distantes dos centros de
comercialização. Neste contexto, tais agricultores obtêm o sustento familiar da
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agricultura, que é praticada sem o uso de insumos externos e sob pouca influência
de projetos de assistência técnica e extensão rural (GOMES et al., 2012).
Na referida região existe uma grande diversidade de feijões, divididos
principalmente, em dois gêneros: Phaseolus vulgaris L. e Vigna unguiculata (L.)
Walp. São todos cultivares crioulos, armazenados de um ano para o outro pelos
próprios agricultores que, através desta atividade, selecionam as sementes mais
vigorosas e resistentes para o plantio (GOMES et al., 2012).
A cultura do feijoeiro é cultivada basicamente em barrancas e nas margens
dos rios de água branca e em áreas de terra firme recém-abertas. Os cultivares
apresentam uma alta adaptabilidade aos diferentes agroecossistemas, produzidos
sobre as mais variadas condições de clima, solo e sistemas de cultivo. Sua
comercialização é feita em pequenas feiras e mercados, sendo utilizada ainda como
“moeda de troca” (GOMES et al., 2012).
O feijão comum, Phaseolus vulgaris L., é uma leguminosa originária, segundo
KAPLAN (1965), de regiões da antiga cultura inca, apresentando um alto teor
protéico na composição centesimal. RIBEIRO et al., (2007), analisando a proteína
bruta, afirmaram que as fontes de proteína de origem vegetal têm sido amplamente
utilizadas para a alimentação humana, em razão do baixo custo e ao menor teor de
gordura, quando comparadas aos alimentos de origem animal. Neste contexto, o
feijão (Phaseolus vulgaris L.) apresenta cerca da metade do teor de proteína em
relação à soja, porém com maior digestibilidade protéica. De acordo com
MESQUITA et al., (2007), o gênero Phaseolus compreende todas as espécies
conhecidas como feijão, sendo a Phaseolus vulgaris L. a mais conhecida e a que
possui o maior número de variedades.
STELEE & MEHRA (1980) esclareceram que o centro primário de diversidade
da espécie Vigna unguiculata (L.) Walp., situa-se no oeste da África, mais
precisamente na Nigéria. Já PADULOSI & NG (1997), sugerem que a região de
especiação encontra-se em Transvaal, na República da África do Sul. Segundo
FREIRE FILHO (1988a), este feijão foi introduzido na América Latina, no século XVI,
pelos colonizadores espanhóis e portugueses, primeiramente nas colônias
espanholas e em seguida no Brasil, provavelmente no estado da Bahia. A partir da
Bahia, foi levado pelos colonizadores para outras áreas da região Nordeste, daí,
para as demais regiões do país.
O feijão comum constitui importante fonte protéica na dieta de enorme parcela
da população mundial, em especial nos países onde o consumo de proteína animal
é limitado, por razões econômicas ou religiosas e culturais. No Brasil, é a principal
leguminosa fornecedora de proteínas, fazendo parte da dieta diária das classes
sócio-econômicas menos favorecidas. Mesmo sendo um produto de grande
consumo, a contribuição nutricional dos feijões deixa muito a desejar, pois suas
proteínas têm baixa digestibilidade e inadequado balanço de aminoácidos
essenciais, bem como substâncias tóxicas e antinutricionais, especialmente quando
cru ou mal processado. Muitos estudos têm procurado entender o significado desses
agentes prejudiciais à qualidade nutricional das espécies de feijões, resultando no
isolamento de alguns deles, enquanto outros continuam desconhecidos (ANTUNES
et al., 1995).
O objetivo deste trabalho foi avaliar os aspectos bromatológicos e
antinutricionais de nove cultivares de feijões (Phaseolus vulgaris, L. e Vigna
unguiculata (L.) Walp.) produzidos e consumidos no Vale do Juruá – AC.
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MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Bioquímica de Alimentos da
Universidade Federal do Acre – UFAC, Campus Floresta, no período de novembro
de 2012 a julho de 2013. Conforme classificação de Köppen (PEREIRA et al., 2002),
o clima da região é classificado como tropical úmido Af com chuvas bem distribuídas
ao longo do ano e ausência de estação seca. A altitude média é de 170 metros com
precipitação média anual de 2074 mm.
Para este estudo foram utilizadas sementes obtidas em mercados locais
situados no município de Cruzeiro do Sul, maior cidade da Mesorregião do Vale do
Juruá. Nestes mercados são comercializados produtos regionais, como: subprodutos
da mandioca, feijões, frutas, açúcar mascavo, arroz, pimenta do reino seca e frango
caipira. Durante a coleta das sementes foram visitados: Centro de Comercialização
Minhocão, Centro de Comercialização Samambaia (também conhecido por Mercado
do Agricultor) e o Centro de Comercialização Beira Rio.
Na realização do experimento foram avaliados os aspectos bromatológicos e
antinutricionais de nove cultivares de feijões (Figuras 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9)
produzidos, comercializados e consumidos tradicionalmente no Vale do Juruá - AC,
sendo conhecidos popularmente: Vigna unguiculata (L.) Walp. – “Corujinha”, “Arigó”,
“Manteiguinha Roxo”, “Roxinho de Praia” e Phaseolus vulgaris L. – “Peruano
Branco”, “Preto de Arranque”, “Carioca (produzido localmente)”, “Enxofre” e
“Rosinha”.
FIGURA 1. “Corujinha”
(Vigna unguiculata (L.) Walp.)
FIGURA 2. “Arigó”
(Vigna unguiculata (L.) Walp.)
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FIGURA 3. “Manteiguinha Roxo”
(Vigna unguiculata (L.) Walp.)
FIGURA 5. “Peruano Branco”
(Phaseolus vulgaris L.)
FIGURA 4. “Roxinho de Praia”
(Vigna unguiculata (L.) Walp.)
FIGURA 6. “Preto de Arranque”
(Phaseolus vulgaris L.)
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FIGURA 7. “Carioca (local)”
(Phaseolus vulgaris L.)
FIGURA 8. “Enxofre”
(Phaseolus vulgaris L.)
FIGURA 6. “Rosinha” (Phaseolus vulgaris L.)
Nas avaliações bromatológicas e antinutricionais dos feijões, foram
quantificados as seguintes variáveis: Umidade, Resíduo Mineral Fixo, Extrato
Etéreo, Proteína bruta, Fibra Bruta e Nitrogênio Não Protéico, sendo as análises
realizadas segundo métodos descritos por SILVA & QUEIROZ (2002).
Avaliou-se também: Digestibilidade “in vitro” da Proteína, segundo
metodologia proposta por AKESON & STAHMANN (1964), utilizando a hidrólise
ácida com pepsina e a hidrólise alcalina com pancreatina; Atividade da Antitripsina:
realizada pelo método de KAKADE et al. (1969), empregando caseína como
substrato e leitura a 280nm dos aminoácidos liberados na hidrólise. A unidade de
tripsina (UT) é definida como o aumento de 0,01 unidades de absorbância a 280 nm
e a tripsina inibida (UTI) pela diferença entre as unidades da atividade máxima e as
da amostra contendo o inibidor; e Atividade da Lectina: realizada segundo o método
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de LIENER (1955). Para análise dos dados foi utilizado o programa SISVAR
(FERREIRA, 2011) ao nível de significância de probabilidade P<0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados referentes à quantificação bromatológica de diferentes feijões
cultivados no Vale do Juruá - AC estão apresentados nas Tabelas 1 e 2.
TABELA
Matéria seca (MS), Umidade (UM) e Matéria Mineral (MM) de
1.
diferentes feijões cultivados no Vale do Juruá – AC, com base na
matéria seca.
Amostra
(nome comum)
Corujinha (1)
Arigó (1)
Manteiguinha Roxo (1)
Roxinho de Praia (1)
Peruano Branco (2)
Preto de Arranque (2)
Carioca (2)
Enxofre (2)
Rosinha (2)
CV%
MS (%)
UM (%)
MM (%)
88,93ab
87,12c
88,40abc
84,61d
87,50bc
88,16abc
84,49d
87,36cd
89,71a
0,98
11,07de
12,88b
11,60cd
15,39a
12,50bc
11,84cd
15,51a
11,40d
10,29e
3,78
3,34ab
2,87c
3,46a
2,98bc
3,45a
3,37ab
3,18abc
3,25abc
3,25abc
6,71
(1) Vigna unguiculata
(2) Phaseolus vulgaris L
De acordo com os dados apresentados na Tabela 1 (p<0,05), observou-se
uma diferença entre oss cultivares analisadas. Os valores percentuais de matéria
seca variaram de 84,49% a 89,7%, respectivamente, para os cultivares carioca e
rosinha. GOUVEIA (2011), avaliando a qualidade nutricional de 20 variedades
regionais de Phaseolus vulgaris L., encontrou valores de matéria seca entre 89,19 a
93,55% e relatou que esses valores apresentam bom armazenamento. RODIÑO et
al. (2003), em estudo com feijão comum português encontraram teor de matéria
seca que variou de 86 a 90%, mostrando-se bem próximos aos valores registrados
neste trabalho.
Com relação aos níveis de minerais totais (p<0,05), notou-se uma variação de
17,05% entre o cultivar com maior nível (manteiguinha roxo – 3,46%) e o cultivar
com menor nível (arigó – 2,87%). KAUR et al. (2009), analisando as propriedades
estruturais e físico-químicas de 50 tipos de feijões obtiveram uma variação de 3,0 a
6,0% de minerais totais. FROTA et al. (2008) estudando a composição química do
feijão caupi cultivar BRS – Milênio encontraram um valor médio de 2,6% de MM, os
valores encontrados nesse trabalho estão de acordo com os observados pelos
autores acima citados.
A qualidade do produto agrícola, de acordo com STELEE & MEHRA (1980),
pode ser definida como sendo o conjunto de características que aumenta o seu valor
nutritivo para o homem ou animal ou que acentua suas propriedades organolépticas,
que aumenta o seu valor comercial ou industrial, resistência ao transporte, doenças
e armazenamento.
Em relação aos nutrientes minerais, os grãos de feijão são ricos,
principalmente em potássio (25 - 30% do conteúdo total de minerais), fósforo (cerca
de 0,4%), ferro (cerca de 0,007%), cálcio, zinco e magnésio. As análises de matéria
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mineral realizadas neste experimento quantificaram os valores totais de minerais,
não sendo possível nesta metodologia a quantificação isolada dos mesmos.
TABELA 2.
Extrato Etéreo (EE), Proteína Bruta (PB), Fibra Bruta (FB) e
Nitrogênio Não Protéico (NNP) de diferentes feijões cultivados no
Vale do Juruá – AC, com base na matéria seca.
Amostra
(nome comum)
Corujinha (1)
Arigó (1)
Manteiguinha Roxo (1)
Roxinho de Praia (1)
Peruano Branco (2)
Preto de Arranque (2)
Carioca (2)
Enxofre (2)
Rosinha (2)
CV
EE (%)
1,96c
2,21a
1,84de
1,95c
2,06b
2,18a
1,90cd
2,17a
1,82e
1,77
PB (%)
FB (%)
NNP (%)
22,65b
21,38b
21,56b
22,61b
26,13a
18,02c
22,29b
21,78b
18,64c
5,38
5,21b
5,21b
5,28a
5,09cd
4,27f
5,13c
4,21g
4,37e
5,06d
0,45
4,07ab
4,03bc
3,91cde
3,84de
3,79e
4,19a
4,04abc
4,11ab
3,96bcd
1,94
(1) Vigna unguiculata
(2) Phaseolus vulgaris L.
Conforme os dados apresentados na Tabela 2, os níveis de extrato etéreo
(p<0,05) apresentaram-se dentro da normalidade, visto tratar-se de leguminosas
com aptidão proteica natural, com destaque para a cultivar rosinha (1,82%),
apresentando menor teor de extrato etéreo. MESQUITA et al. (2007), estudando a
composição química e digestibilidade protéica de 21 cultivares de feijão (Phaseolus
Vulgaris L.), encontraram valores de extrato etéreo que variaram de 0,53 a 2,55%.
PREET & PUNIA (2000), estudando a composição centesimal, ácido fítico, polifenóis
e digestibilidade (in vitro) de quatro variedades de feijão-caupi marrom, encontraram
valores médios de extrato etéreo que variaram de 1,8 a 2,0%, segundo ALMEIDA
COSTA et al. (2006), essa variação é tipica das leguminosas.
Avaliando a porcentagem de proteína bruta, observou-se que houveram
diferenças significativas (p<0,05) entre oss cultivares aqui analisados, os quais
apresentaram uma variação de 31,04% entre o cultivar com maior nível (peruano
branco – 26,13%) e o cultivar com menor nível (preto de arranque – 18,02%).
SHIMELIS et al. (2006), em estudo com variedades de feijões africanos encontraram
valores médios situados entre 17,96 a 22,07% de proteína bruta. GOUVEIA (2011),
avaliando a qualidade nutricional de 20 variedades regionais de Phaseolus vulgaris
L. encontrou uma variação proteica de 18,55 a 29,69% entre os cultivares. De
acordo com BALARDIN & KELLY (1998), os feijões de forma geral apresentam
conteúdo relativamente elevado de proteína, em média entre 22% e 26%, e as
principais frações solúveis (globulinas e albuminas) representam em torno de 75%
do total. PANT & TULSIANI (1969), em estudo com 19 leguminosas silvestres,
encontraram uma variação protéica de 18 a 47% entre os cultivares. SILVA &
LACHAN (1975), em estudos com 17 cultivares brasileiros de feijão, encontraram
uma variação protéica entre 22 e 32%. Por tratar-se, neste experimento, de
cultivares pouco conhecidos, os resultados encontrados para esta variável são
satisfatórios e dentro dos descritos pelos autores supramencionados.
Com relação a fibra bruta, o maior resultado foi para o cultivar manteiguinha
roxo (5,28%) havendo diferenças significativas (p>0,05) em relação aos outros
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cultivares. A variação percentual entre o cultivar com maior nível (manteiguinha roxo
– 5,28%) e menor nível (carioca – 4,21%) foi de 20,27%. ANTUNES et al. (1995) e
LONDERO et al. (2005), encontraram em seus trabalhos, a variabilidade genética e
o valor nutricional do feijão, respectivamente, valores de fibra bruta que variaram de
3,42 a 5,67%. Esta variável tem grande importância do ponto de vista nutricional,
visto que o aumento no teor de fibra bruta está diretamente relacionado,
especialmente, na otimização regulatória da velocidade de passagem do alimento no
trato gastrointestinal, aumento este devendo obedecer a um limite estabelecido de
no máximo 8%, pois valores muito elevados de fibra bruta também podem interferir
no tempo de cozimento do feijão.
Considerando o nitrogênio não proteico (p<0,05), os cultivares preto de
arranque e peruano branco apresentaram os valores mais (4,19%) e menos
elevados (3,79%), respectivamente, sendo ambos Phaseolus vulgaris L. ANTUNES
et al. (1995), estudaram o valor nutricional de feijão (Phaseolus vulgaris, L.),
cultivares rico 23, carioca, pirata-1 e rosinha-G2, encontraram uma variação de 3,38
a 4,88% NNP.
Os resultados referentes a digestibilidade e aos fatores antinutricionais de
diferentes feijões cultivados no Vale do Juruá – AC, estão apresentados nas Tabelas
3 e 4.
Digestibilidade “in vitro” da proteína de diferentes feijões (cru e
cozido) cultivados no Vale do Juruá – AC.
Digestibilidade “in
Digestibilidade “in
Amostra
vitro” da proteína vitro” da proteína (nome comum)
cru (%)
cozido (%)*
Corujinha (1)
40,23f
64,01e
Arigó (1)
39,61h
63,71g
Manteiguinha Roxo (1)
40,44e
63,99f
Roxinho de Praia (1)
41,85d
64,12d
Peruano Branco (2)
45,72a
65,78c
Preto de Arranque (2)
39,82g
62,97h
Carioca (2)
45,32b
66,12a
Enxofre (2)
44,29c
65,98b
Rosinha (2)
38,28i
60,23i
CV
0,93
1,23
TABELA 3
(1) Vigna unguiculata
(2) Phaseolus vulgaris L.
* Feijão macerado e cozido por 1 hora sob pressão normal.
Observou-se na variável digestibilidade “in vitro” da proteína (Tabela 3)
medida no feijão cru (p<0,05), melhor nível de digestibilidade para o cultivar Peruano
Branco (45,72%). A variação percentual entre o cultivar com maior nível (Peruano
Branco – 45,72%) e menor nível (Rosinha – 38,28%) foi de 16,27%. Quando
realizou-se o cozimento dos cultivares para determinação da digestibilidade “in vitro”
da proteína (Tabela 3), observou-se que o comportamento anterior mudou: O cultivar
carioca apresentou maior percentual (66,12%) diferindo significativamente (p<0,05)
de todas as outras, ocorrendo uma variação máxima de 8,91% entre os cultivares
com maior e menor valor, sendo que o cultivar Rosinha apresentou menor
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digestibilidade tanto cru quanto cozido, e o Roxinho de Praia manteve uma
constância nos valores dessas duas variáveis avaliadas.
Estudando a composição química e digestibilidade proteica de 21 linhagens
de feijão (phaseolus Vulgaris L.), MESQUITA et al., (2007), encontraram uma
variação de 18,03 menor média a 48,32% maior média de digestibilidade. A melhora
na digestibilidade dos feijões após cozimento, refletem a atuação da temperatura e
pressão nas ligações peptídicas existentes nas moléculas proteicas, aumentando a
eficiência de atuação das enzimas (proteases) na quebra das proteínas.
Segundo ANTUNES et al. (1995), a digestibilidade entre 50 e 69,5% é baixa
para os cultivares de feijão, quando comparada com a de outras leguminosas, que
podem apresentar valores de até 90%. De acordo com o mesmo autor, a baixa
digestibilidade no feijão cru é atribuída à atividade dos inibidores de proteases
(Tabela 4), que diminuem a atividade das enzimas digestivas. O tratamento térmico
do feijão, no processo de cozimento, inativa os inibidores de proteases, promovendo
um efeito benéfico à digestão. Mesmo assim, no presente experimento, a
digestibilidade das proteínas do feijão não superaram a casa de 69,5%, após o
cozimento. Salienta-se que este é um parâmetro inicial indicativo de quebra e
disponibilização para futura absorção e metabolização, devendo estes últimos serem
avaliados através de ensaios específicos.
TABELA 4.
Inibidor de tripsina e atividade de lectina de diferentes feijões
cultivados no Vale do Juruá – AC.
Inibidor de tripsina
Atividade da
Amostra
- cru (UTI/mg prot)*
lectina - cru (µg
(nome comum)
prot/ml) **
Corujinha (1)
145,32e
0,45e
Arigó (1)
169,45c
0,59c
Manteiguinha Roxo (1)
139,64f
0,46d
Roxinho de Praia (1)
148,31d
0,44f
Peruano Branco (2)
132,55h
0,37i
Preto de Arranque (2)
170,23b
0,61b
Carioca (2)
134,64g
0,39h
Enxofre (2)
132,37i
0,41g
Rosinha (2)
172,37a
0,67a
CV%
1,72
0,89
(1) Vigna unguiculata
(2) Phaseolus vulgaris L.
* Unidades de tripsina inibida por mg de proteínas.
** Concentração mínima de proteínas na mistura de reação capaz de provocar aglutinação dos
eritrócitos tripsinizados de coelhos.
Conforme observado na Tabela 4, as variáveis inibidores de tripsina e
atividade da lectina apresentaram diferenças significativas (p<0,05). Ambos
relacionados a fatores antinutricionais dos feijões, foram menos ativos no cultivar
enxofre 132,37 (UTI/mg prot) e peruano branco 132,55 (UTI/mg prot),
respectivamente, e apresentaram maiores valores no cultivar rosinha, o qual está
relacionado com a baixa digestibilidade do mesmo. MESQUITA et al. (2007),
encontraram valores de inibidor de tripsina de 59,93 a 151,07 UTI/mg prot.
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Estudando o valor nutricional de feijão (Phaseolus vulgaris, L.), cultivares rico 23,
carioca, pirata-1 e rosinha-G2, ANTUNES et al. (1995), encontraram valores de
inibidores de tripsina, em UTI, variando de 136,80 a 183,60.
Ainda de acordo com ANTUNES et al. (1995), apesar do conhecimento de
que o feijão cru causava morte de animais de laboratório, somente em 1944 foi
detectado a presença de antitripsina em feijão comum. Tal substância apresentava
efeito retardatário sobre o crescimento de ratos, tornando-se inativa pelo tratamento
térmico. WAGNER & RIEHM (1967) purificaram e caracterizam parcialmente o
inibidor da tripsina em feijão comum, com 23.000u de peso molecular, sendo que a
reação estequiométrica com a tripsina é instantânea e irreversível, formando um
composto estável.
A presença de fito-hemaglutinina ou lectinas em feijão comum foi detectada
em 1908 pela observação do efeito aglutinante dessa substância sobre os glóbulos
vermelhos do sangue de vários animais. Reforçando essas observações, KAKADE &
EVANS (1965), mostraram um efeito inibitório do crescimento de ratos alimentados
com dietas contendo proporções de lectinas de feijão comum. De acordo com
JAFFÉ (1968) citado por ANTUNES et al. (1995), a ação das lectinas deve ser a de
combinar-se com as células da parede intestinal e, assim, interferir com a absorção
dos nutrientes. Para SHARON & LISS (1972) citado por ANTUNES et al. (1995),
embora as propriedades físico-químicas e biológicas da antitripsina e das lectinas
sejam diferentes, essas substâncias mostram o efeito comum de diminuir o
crescimento de animais jovens, influenciando a digestibilidade e a utilização
metabólica dos nutrientes.
CONCLUSÕES
Nas condições em que o experimento foi conduzido os cultivares
pertencentes ao gênero Phaseolus vulgaris L apresentaram os melhores resultados
em todas as variáveis avaliadas exceto na variável do Resíduo Mineral Fixo no qual
o cultivar Manteiguinha Roxo Vigna unguiculata apresentou melhor resultado.
Ensaios “in vivo” de digestibilidade e toxidez biológica nos feijões crus são
recomendados para visualização do comportamento endógeno dos mesmos.
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