V DOMINGO da PÁSCOA – Ano A
Evangelho: Jo 14, 1-12
Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ir. Florinda Dias Nunes, sjbp.
O período pascal está chegando ao fim. A insistência dos textos bíblicos deste tempo é sobre a
fé. Jesus ressuscitado só é reconhecido numa comunidade que crê. O texto que a liturgia nos
apresenta é Jo 14,1-12. Este texto está dentro do discurso de despedida de Jesus (capítulos 1317 de João). No texto deste domingo, o tema principal é sobre o Caminho, a Verdade e a Vida (v.
6); e a declaração de Jesus sobre as muitas moradas que existem na casa do Pai (v. 2a). Jesus
se declara o Caminho. As pessoas que caminham seguindo os seus passos conseguem chegar
ao Pai.
Os discípulos sentem-se perturbados. Este estado de ânimo não revela somente a situação
dos discípulos, mas também o da comunidade no tempo em que nasceu o evangelho, bem como
o das comunidades de todos os tempos: perplexidade, desânimo, falta de clareza no caminho a
seguir. Pouco antes, no capítulo 13, Jesus tinha anunciado a traição de Judas (13,18-30) e a
negação de Pedro (13,36-38). E também, que Ele, o Mestre vai partir, sem que alguém o possa
seguir por ora (13,36). A comunidade conseguirá manter-se fiel sabendo que arrisca trair e negar
seu Senhor? A resposta de Jesus, “não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus, tende fé
em mim também”, tem por objetivo encorajar. A fé em Deus e em Jesus é garantia de êxito (v. 1).
O importante é conservar-se firme na adesão a Jesus. Ele não se afasta da comunidade. O
próprio Deus é íntimo dos discípulos, pois possui um Lar cheio de lugares para todos (v. 2). E
Jesus garante que irá preparar o lugar para os seus (v. 2b).
Os discípulos não conseguem entender as palavras de Jesus. É o jeito próprio do evangelista
colocar palavras com vários sentidos, provocando os discípulos a perguntarem. Desta forma
Jesus vai dando a conhecer a revelação definitiva.
Jesus convoca os discípulos a confiarem nele, a não se deixarem perturbar pela realidade
pouco propícia que estão vivendo. E anuncia que para onde ele vai os discípulos conhecem o
caminho (vv. 1-5). Tomé reage perguntando: Como podemos conhecer o caminho e não sabemos
para onde vais? (cf. v. 5). Jesus então revela: “Eu sou o caminho, a Verdade e a vida. Ninguém
vai ao Pai senão por mim” (v. 6). Esta auto definição de Jesus é a síntese deste evangelho.
Jesus, o único caminho para a vida.
Jesus é o Caminho para a vida, através da sua morte-ressurreição. Ele já passou por este
caminho abrindo espaço para todos os que se colocam no seu seguimento. Passando pela morteressurreição Jesus volta para o Pai. Seguindo o caminho que é Jesus, a comunidade realizará
integralmente o projeto do Pai que já mora na comunidade.
As autoridades religiosas afirmavam que para chegar até Deus era necessário cumprir toda a
lei. Jesus afirma que para chegar a Deus é necessário fazer como ele faz, assumindo a
humanidade no mais profundo dela. Ele vem do Pai, se faz um de nós. E todo aquele que se torna
humano pode ter a certeza de estar no Caminho que é Jesus.
Jesus é o caminho em dois sentidos: Ele vem do Pai e volta para o Pai (13,3). Vindo do Pai,
mostra com palavras e ações o rosto do Pai; voltando a Ele, abre o caminho de acesso para todo
ser humano.
Jesus é a Verdade plena. Só em Jesus poderemos chegar a conhecer a verdade sobre nós
mesmos e sobre o mundo. Sendo a Verdade, Jesus liberta todos os que estão oprimidos pelo jugo
das leis que ainda hoje massacram os pobres e pequenos.
Jesus é a Vida. Ele se faz alimento para que todos tenham vida plena. Quem se alimenta de
Jesus Eucaristia jamais poderá dizer que não tem nada a ver com a situação de miséria e não
vida em que vivem muitos de nossos irmãos.
A comunidade de Jesus tem que percorrer o caminho rumo ao Pai. A metáfora do caminho
expressa o dinamismo da vida, que é progressão. É um viver que vai levando o homem à
perfeição e acabamento de si. Jesus aponta a direção em que a pessoa se realiza: é o caminho
que ele próprio abriu e traçou, o caminho da solidariedade com o homem e da entrega, o caminho
do amor crescente. Com o Espírito, Jesus cria uma onda de solidariedade com o homem, de amor
desinteressado que segue em suas pegadas e leva a humanidade ao encontro final com o Pai.
Assim se constituirá o reino definitivo (3,3.5). Jesus acompanha sempre os seus neste caminho.
Não é somente individual, mas também comunitário.
Somos convidados a nos deixar conduzir por Jesus que foi coerente até às últimas
conseqüências quando assumiu a nossa humanidade. Estamos dispostos a nos tornarmos
seguidores de verdade deste Jesus que foi capaz de entregar-se à morte para que tenhamos vida
e vida plena? Só com a sua graça e a nossa adesão a Ele é que poderemos seguir firmes nosso
compromisso cristão.
Bibliografia
Bíblia do Peregrino, Paulus, 2002;
J. Mateos-J, Barreto, O Evangelho de São João, Ed. Paulinas, São Paulo 1989, p. 553.595-605;
Bortolini, José, Como ler o Evangelho de João. O caminho da vida. Paulos, São Paulo, 1994, 136139;
Léon-Dufour, Xavier, Leitura do Evangelho segundo João III, Loyola, São Paulo, 1996, 65-78;
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