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ID: 29927446
29-04-2010 | Projectos Especiais
Tiragem: 24452
Pág: VI
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Ocasional
Área: 26,89 x 37,26 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 1
João Paulo Dias
De Janeiro a Março de 2010, verificou-se um crescimento da produção de 4% de energia
geotérmica nos Açores. A geotermia representa 18,5% da produção total da empresa
de electricidade dos Açores. Na ilha de São Miguel é superior: ronda os 39%.
Como chegar a um mercado
energético 100% renovável
Christine Lins,
Secretária Geral do Conselho Europeu
para a Energia Renovável (EREC)
A União Europeia
“tem de acelerar
a sua ambição
e criar um só
mercado energético
europeu baseado
em energias
renováveis”.
“O novo sistema
deverá ser
suportado por um
mercado interno
que funcione bem
e no qual sejam os
investidores, e não
os consumidores,
a estar expostos ao
risco do preço do
combustível.”
A TOTALIDADE ou a quase totalidade da electricidade, dos transportes poderá,
um dia, vir de fontes renováveis, diz um estudo apresentado no Parlamento Europeu.
Irina Marcelino
[email protected]
E se, em 2050, toda a energia for de origem renovável? Este foi o exercício feito pela European
Renewable Energy Council (EREC), que apresentou este mês no Parlamento Europeu o ‘paper’ “Rethinking 2050: A 100% Renewable
Energy for the European Union”. A ser feito
este investimento, dentro de 40 anos as emissões de gases com efeitos de estufa, como é o
caso do dióxido de carbono (CO2), terá diminuído qualquer coisa como 90% face a 1990.
Nessa altura, diz também o estudo, a indústria
das energias renováveis empregará na UE 2,7
milhões de pessoas em 2020 e 4,4 milhões em
2030, em comparação às 550 mil pessoas que
(já) empregava em 2009.
O estudo acredita também que a quota de electricidade proveniente de fontes renováveis será
de 41% em 2050”.
A forma como as energias renováveis irão ser
distribuídas, constituirá uma oportunidade de
transformar o nosso sistema económico e social num modelo mais rico e mais justo”, disse
Maria da Graça Carvalho, ex-ministra portuguesa, que apresentou o estudo no Parlamento
Europeu.
Christine Lins, secretária geral da EREC disse,
em entrevista ao Diário Económico, que ainda
hoje o sector energético europeu é como no passado: “centralizado, um sistema eléctrico nacional com tecnologias antigas e mercados energéticos pouco desenvolvidos.” E que para chegar
aos objectivos de 2020 a União Europeia “tem de
acelerar a sua ambição e criar um só mercado
energético europeu baseado em energias renováveis”, além de que deve apostar na conectivi-
dade entre fontes energéticas e na sua eficiência.
A responsável da EREC disse ainda que há muito investimento a fazer até 2020, nomeadamente na substituição de centrais térmicas de produção de eléctrica. “Aproximadamente 330 GW
de nova capacidade energética tem de ser construída até 2020, o que representa 42% da capacidade europeia actual”, refere. “O novo sistema
energético deverá ser suportado por um mercado interno eléctrico que funcione bem e no qual
sejam os investidores, e não os consumidores, a
estar expostos ao carbono e ao risco do preço
do combustível.”
Entre os conselhos de novas políticas energéticas dados pela EREC, está a liberalização total
do mercado e o fim dos subsídios a energias
fósseis e nucleares.
Mas até 2050 há muito, para não dizer imenso,
por fazer. Basicamente, são necessárias, diz a
EREC, quatro décadas para que se passe de um
panorama em que a maioria da produção energética ainda se baseia, na sua grande maioria,
nas energias não renováveis, como o petróleo
ou o carvão, para um panorama de 100% de
energias renováveis. Neste panorama, aliás, os
painéis fotovoltaicos serão os que mais capacidade eléctrica instalada terão (962 GW), seguidos, de longe, pela energia eólica (462 GW) e
ainda pelas hídricas (194 GW) - de onde se exclui a energia que estas guardarão, proveniente
de fontes renováveis.
A instituição crê ainda numa redução considerável do consumo energético da população europeia até 2050. Uma redução que parece não
estar a acontecer, com o consumo a subir nos
três primeiros meses do ano, pelo menos em
Portugal e em Espanha.
Quanto ao sector dos transportes, “não há nenhum outro com um tão elevado nível de dependência de uma só fonte de energia”, refere
Christine Lins, que defende: “Uma reforma dos
transportes é agora mais urgente do que nunca”. Os transportes da União Europeia dependem em 98% dos derivados do petróleo, apesar
de, a nível mundial, serem os maiores produtores e consumidores de biocombustíveis (não de
bioetanol, refira-se). Christine Lins defende que
são precisas “medidas que incrementem a eficiência, aumentem a utilização de biocombustíveis e de biogás, assim como a aposta em novas
tecnologias como os veículos eléctricos, o hidrogénio renovável e os carros híbridos” são algumas das apostas que contribuirão para o decréscimo da procura do petróleo.
Finalmente, no que respeita ao aquecimento/arrefecimento, a EREC acredita que a biomassa
terá uma palavra a dizer.
Para que tudo se concretize, diz Christine Lins,
tem de haver “vontade política”. Isto apesar da
receptividade positiva do Parlamento Europeu,
nomeadamente de sectores mais conservadores como os da portuguesa Maria da Graça Carvalho, que faz parte do grupo parlamentar PPE.
Chrstine Lins conclui, dizendo que “todas as
tecnologias existentes, da oceânica, eólica, painéis fotovoltaicos, energia solar concentrada,
solar termal, bioenergia, geotérmica e hídrica,
juntamente com as estratégias de eficiência
energética, precisam de ser adoptadas massivamente”, conclui. ■
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