Letras Álbum “Amanhecer”
© João da Ilha (2011)
«Tesouro Escondido»
Já sei que estás para chegar
Espero por ti na ponta do cais
O teu navio vem devagar
A espera é longa demais
Já sei que és buliçoso
Trazes mar e sal no olhar
Apresentas algo novo
Nesse mundo quero morar
Nas profundezas do oceano
As incertezas de um mundo perdido
Quero navegar o lado sobre-humano
Para encontrar o meu Tesouro Escondido
Agora sei, és especial
E nada tens de temeroso
O teu segredo afinal
O horizonte fabuloso
Já sei o que me vens dizer
Que a travessia é abissal
Do sol se pôr ao sol nascer
Entro num rumo ancestral
[Música & Letra: João da Ilha]
«Paraíso Insular»
Como quem passa devagarinho
Por caminho estreito
Delicada e de mansinho
Chegaste à minha vida
E eu esperava por ti
Tocado em maravilha
Por teu olhar que me conforta
Por tua boca que me transporta
Para outros mundos
Para outros sonhos
Para o deserto, que na verdade
De deserto nada tem, e tudo nele
Representa a imensidão
Do que tens para oferecer
Como uma ave que voa, voa
Avista a terra e o mar
Como o oásis, que na verdade
É paraíso insular
Como quem chama por carinho
Com o olhar desperto
Como quem ama devagarinho
Entraste no meu mundo
E eu esperava por ti
Em meu sonho profundo
Com teu olhar que me conforta
Com o teu toque que me transporta
São os nossos sonhos
São os nossos mundos
[Música: João da Ilha; Letra: João da Ilha / Sara Pinto]
«Tempo I»
Há quanto tempo que o tempo parado
Se arrasta
Na hora em que tu não estás,
Há quanto tempo que o tempo parado
Se atrasa
Na hora em que eu te espero
E desespero,
Olhando o tempo
E desespero,
Parado a teu lado
Olhando o tempo
Parado a teu lado,
Que te prende
Te retém
E se detém
Olha o tempo parado
Que se atrasa
Se arrasta
E se demora
(Há quanto tempo que o tempo se arrasta
E se demora p’ra mostrar que a vida é devagar
Há quanto tempo que o tempo nos mostra
Que é preciso abrandar para viver)
[Música: João da Ilha / J. Ornelas; Letra: Encandescente]
«Ruína (Este País)»
Campos vazios
Tanga na mão
Um dos conceitos desta Nação
A culpa é do Centro
A culpa é do lado
São só mistérios e ilusão
A culpa é da treta
Que ninguém se meta
Eu vou sair desta Ruína
Eu estou arruinado
Neste país da treta
Lojas vazias
O fim dos dias
Um dos destinos desta Nação
A culpa é do Norte
A culpa é do Sul
São só mistérios e confusão
A culpa é da treta
Que ninguém se meta
Eu vou sair desta Ruína
E esta Ruína, tão superfina
Anda cheia de peculatos
E esta Ruína, é uma mina
Lá no mundo dos fatos
[Música: S. Maduro / João da Ilha / N. Carpinteiro / R. Rosado; Letra: João da Ilha]
«Jogo das Cinco Pedras»
Cinco pedras tenho eu
Para jogar ao tabuleiro
Da sorte que Deus me deu
Hei-de ter um pão inteiro
Jogo das cinco pedras
É jogo de diversão
Jogo das cinco pedras
É perder ou ganhar ao pão
Pão inteiro se partiu
Porque alguém o precisou
Quem assim o dividiu
Da sua alma partilhou
Que raio de jogo é este
Que se joga ao alimento
Que raio de jogo é este
Que se luta pelo sustento
Jogo das cinco pedras
É jogo de tabuleiro
Jogo das cinco pedras
Não se fala em dinheiro
Pedra para o pão
Pedra para o fado
Pedra para os céus
Que a Deus agrado
Pedra para o chão
Outra para o Sado
Cinco pedras já se foram
O jogo está acabado.
[Música & Letra: João da Ilha]
«Homem das Cantigas»
Homem das cantigas
Dos tempos modernos
Ainda fazes rimas
Contra os teus governos
Rimas de verdade
E de revolução
Mostram sem piedade
O mal desta nação
Mal dos que têm poder
Sem o saber usar
Dos que mais querem ter
Para do povo abusar
Homem das cavernas
Dos tempos antigos
Aguenta-te nas pernas
Lá nos teus abrigos
Homem das cantigas
Dos tempos modernos
Ainda fazes rimas
Contra os teus governos
Homem das cantigas
O povo é tua gente
Assim que tu o digas
Cantemos em frente
[Música & Letra: João da Ilha]
«Oh Meu Velho!»
Muito velho fica velho
Porque lhe custa a acreditar
Que alguém muito mais novo
Possa algo lhe ensinar
Lhe ensinar sobre a vida
Até mesmo sobre a morte
Que isto de gente sabida
Não é caso de se ter sorte
Oh meu velho ficas velho
De ser tanto sabichão
Ouve o novo
Abre os olhos
Abre também o coração
Muito velho fica velho
De tanto resmungar
De não ter feito em novo
O que agora quer ensinar
Ensinar o que não
Viveu nem viverá
Porque se assim continuar
Sem ter feito morrerá
Oh meu velho ficas velho
De ser tanto resmungão
Fecha a boca
Abre a mente
Abre também o coração
[Música & Letra: João da Ilha]
«Sombra Parte de Mim»
Levaste contigo um bocado do meu peito
Lá dentro ia todo o meu respeito
Levaste contigo todo o meu sentir
Agora já não sei o que te pedir
Levaste contigo grande parte do meu ser
Tudo o que um dia eu viria a pretender
Levaste contigo uma parte do meu sonho
Por ti já nem as mãos no fogo eu ponho
És sombra de mim
És parte de mim
Quero ter-te aqui
Só para sorrir
És parte de mim
És sombra de mim
Quero ter-te aqui
Só para sorrir, e nada mais
Levaste contigo uma parte da minh’ alma
Tudo o resto e toda a minha calma
Levaste contigo o que eu tinha p’ra dizer
Já não vou atrás de ti a correr
Levaste contigo parte do meu coração
Se penso em ti o sangue escorre para o chão
Levaste contigo o meu livro de histórias
E agora já nem tenho as tuas memórias
Levaste contigo todo o meu amor
Tudo o que eu tinha p’ra te dar de melhor
Levaste contigo o meu sorriso
E essa é a parte de que eu mais preciso.
[Música & Letra: João da Ilha]
«Descobrir (Floresta Encantada)»
Na floresta encantada acordei
Num raio de azul
Nobre madrugada, passei
Em cor e luz
Esse foi o prenúncio
De um novo mundo
Que aguçou meu desejo
De partir
E foi então que fui viver, viver, viver
Num outro mundo a sorrir, sorrir, sorrir
P’ró outro lado a correr, correr, correr/ a correr e a dizer
Por entre a luz, descobrir/ o que fui descobrir
Na estrada percorrida tropecei
Num tesouro
Que trazia magia
De oricalco
E foi esse o anúncio
Do caminho trilhado
Confirmou o tal desejo
De partir
[Música & Letra: João da Ilha]
«Amanhecer (O Lado Bom)»
Esse lado bom
Que preenche a vida ao nascer
Só muda de tom
Se hesitarmos a escolher
Esse teu olhar
Que brilha ao longe mais que o sol
É o inspirar
Das nuvens de arrebol
Esse lado bom da vida
Que acompanha o viver
É o sonho à deriva
Desejando o amanhecer
Eu sei de cor, o meu sonhar
E sei de cor, o alvorar
Sei de cor… ai sei de cor…
Este lado bom
Que tens no mundo ao acordar
É o nosso dom
E de aconchego vem chamar
Esse teu sorrir
Que vem no sopro do coração
É o consentir
Das ondas de emoção
[Música & Letra: João da Ilha]
“Chamateia”
No berço que a Ilha encerra
Bebo as rimas deste canto
No mar alto desta terra
Nada a razão do meu pranto
Mas no terreiro da Vida
O Jantar serve de ceia
E mesmo a dor mais sentida
Dá lugar à Sapateia
Oh! Meu bem oh Chamarrita
Meu alento e vai e vem
Vou embarcar nesta dança
Sapateia, oh meu bem.
Se a Sapateia não der
P’ra acalmar minha alma inquieta
Estou p'ro que der e vier
Nas voltas da Chamarrita
Chamarrita, Sapateia
Eu quero é contradizer
O alento desta Bruma
Que às vezes me quer vencer
[Música: Luís Alberto Bettencourt; Letra: António Melo Sousa]
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«Tesouro Escondido» Já sei que estás para chegar