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UM LONGO CAMINHO PARA CHEGAR A BOM PORTO
Teresa Braga & Cecília Galvão
A elaboração do relatório, enquanto documento físico, está prevista para o
último semestre do Mestrado em Ensino de Biologia e de Geologia. No entanto,
e sem que nos apercebamos, assim que iniciamos o ciclo de estudo, no
decorrer das várias unidades curriculares adquirimos uma série de
conhecimentos e competências que se tornarão extremamente importantes na
concretização do relatório. No último ano do mestrado, o relatório passa a ser
um tema presente no quotidiano de todas as aulas. Nesta altura, o contacto
com a escola e com a turma onde decorrerão as intervenções corresponde ao
primeiro passo para a construção do relatório. Torna-se, então, importante
decidir qual a unidade que se vai lecionar no último semestre, como arquitetar
as nossas aulas e traçar as questões problemas a focar na nossa investigação,
assim como caracterizar a turma e a escola. Esta última tarefa torna-se mais
simples de concretizar à medida que aumenta o grau de entrosamento na
comunidade escolar, uma vez que aumenta, também, a nossa percepção sobre
a mesma. No final do primeiro semestre, deste último ano, chega o momento
em que é necessário registar o tema do relatório. Por esta altura, o chamado
“Plano de Cariz Investigativo”, correspondente a um primeiro esboço do
relatório deverá estar pronto. Este contém, entre outros, as questões
orientadoras do estudo, o enquadramento teórico, a proposta didática, e os
métodos e procedimentos para a recolha de dados. Para a sua elaboração são
fundamentais os conhecimentos e competências adquiridos nas diferentes
unidades curriculares já frequentadas, tal como já foi referido. No decorrer do
segundo semestre, deste último ano, e consequentemente último semestre do
mestrado, torna-se pertinente conciliar o trabalho diário na escola com a
escrita regular do restante relatório. Manter os registos (descrição e reflexão)
de cada aula atualizados, tratar e analisar os dados recolhidos pelos diferentes
instrumentos utilizados, preparar a fundamentação científica do relatório, são
algumas das tarefas que concretizadas atempadamente permitem ter um final
de semestre mais tranquilo. No entanto, conjugar o trabalho letivo com a
escrita do relatório pode constituir uma das dificuldades na elaboração do
mesmo, mas outras se podem enumerar.
A primeira dificuldade prende-se com a escolha da unidade que se vai lecionar.
É uma escolha condicionada, pois a unidade deve ser lecionada no segundo
período escolar, de preferência a meio ou no final do mesmo, o que, por vezes,
torna esta tarefa mais complicada. Depois de escolhida a unidade, surge a
dificuldade de como trabalhá-la e que questões investigativas avaliar no
decorrer da mesma. Ultrapassadas estas dificuldades, surgem outros
obstáculos como a preparação da unidade em si, o delinear dos planos de
aulas, que atividades práticas realizar e como as elaborar. A criação, e
posterior aplicação, dos critérios de avaliação a utilizar no decorrer da unidade
a lecionar, representa outra das dificuldades na elaboração do relatório.
Apesar de todas as dificuldades, felizmente superáveis, este percurso permite
adquirir uma série de aprendizagens que enriquecerão as futuras práticas
letivas de quem o faz.
Durante o processo de elaboração do relatório, confrontamo-nos diversas
vezes com as nossas ideias, pensamentos, angústias e, também, com as nossas
ações na sala de aula. Todos estes confrontos se traduzem em aprendizagens,
em especial em saber olhar criticamente para o nosso trabalho, para a nossa
postura enquanto professor e também enquanto mestrando. Parar, pensar,
refletir e agir de acordo com essa reflexão e autocrítica, são sem sombra de
dúvidas as maiores aprendizagens a retirar, não só da elaboração do relatório,
mas também de todo o mestrado. Outra aprendizagem que vale a pena
destacar, é a planificação da unidade a lecionar, que implica a planificação das
aulas, das tarefas a implementar em sala de aula e, consequentemente, da
gestão de tempo. O contacto com as teorias construtivistas de ensino e
aprendizagem, não apenas na elaboração do relatório, mas no decorrer de todo
o mestrado, representa outras das aprendizagens significativas feitas ao longo
deste percurso.
Importa, ainda, destacar duas figuras fundamentais para o sucesso de todo
este percurso, a saber a supervisora e o professor cooperante. No primeiro
caso, ajudando a estruturar o relatório, a melhorar o seu conteúdo, através das
diversas leituras efetuadas e respetivos feedbacks, incentivando e orientando o
processo reflexivo sobre as aulas lecionadas e sobre os dados recolhidos e
analisados. O professor cooperante foi, sem dúvida, uma grande ajuda em todo
o processo de integração na escola e na turma, e de preparação da unidade a
lecionar, para além de ter promovido a reflexão contínua sobre os
acontecimentos em sala de aula. Quer a supervisora, quer o professor
cooperante, demonstraram sempre grande disponibilidade para ajudar a
superar todas as dificuldades sentidas ao longo da realização do relatório. Para
além disso, contribuíram, em grande escala, para as aprendizagens acima
mencionadas e para o culminar deste percurso com sucesso.
Para concluir, gostaria de deixar uma palavra de ânimo a todos aqueles que,
mais cedo ou mais tarde, terão que elaborar o relatório de prática de ensino
supervisionada. É um projeto que requer muita disponibilidade de tempo e
muita dedicação, tem as suas dificuldades, mas, como já foi referido, todas
elas superáveis. No final, o sentimento de missão cumprida e as aprendizagens
realizadas vão fazer o vosso esforço ter valido a pena. Um conselho para um
final feliz, mantenham os vossos registos de aulas atualizados, aproveitem os
tempos não letivos para adiantar trabalho, planifiquem bem as vossas aulas,
mas sejam flexíveis o suficiente para acidentes de percurso. Acrescento ainda,
que como qualquer outro projeto, a elaboração do relatório apresenta aspetos
que podem ser melhorados, como por exemplo aumentar o espaço de tempo
em que decorre o processo investigativo.
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