Meta 2: Enasp realiza diagnóstico da investigação de homicídios no Brasil
O relatório “Meta 2: A impunidade como alvo”, divulgado nesta quarta (13), traz o resultado da
mobilização nacional para conclusão de mais de 130 mil inquéritos antigos de homicídios e traça
diagnóstico inédito das maiores dificuldades para a elucidação desses crimes no Brasil. Em um ano,
o trabalho coordenado pelo Grupo de Persecução Penal da Estratégia Nacional de Justiça e
Segurança Pública (Enasp) resultou em mais de oito mil denúncias, cerca de 100 mil inquéritos
baixados para diligências e mais de 150 mil movimentações de procedimentos antigos.
Além do resultado da mobilização, o relatório traz pesquisa que identifica problemas
principalmente na estrutura de pessoal e de equipamentos das Polícias Civis, nas formas de
comunicação entre Ministério Público e Polícia, no fluxo da persecução penal e na capacitação dos
agentes. As análises foram feitas com base em questionário respondido pelos gestores do Ministério
Público e da Polícia Civil em cada estado.
De acordo com o levantamento, em 18 estados brasileiros há carência de pessoal nas delegacias de
Polícia especializadas em homicídios. Em 12, não houve aumento do quadro da Polícia Civil nos
últimos dez anos. Os concursos são feitos apenas para provimento de vagas já existentes e, em oito
estados, as seleções foram realizadas, mas não houve convocação dos aprovados.
São Paulo é o estado com maior efetivo da Polícia Civil: mais de 20 mil agentes e delegados. Minas
Gerais está em segundo lugar (cerca de 11 mil) e o Rio de Janeiro, em terceiro (com 8,4 mil). Na
distribuição de policiais por habitantes, o quadro é diferente: o Amapá está em primeiro lugar, com
185,5 policias para cada grupo de 100 mil habitantes, seguido pelo Distrito Federal com 177,9
policiais por 100 mil habitantes. Minas Gerais está na 9º posição (56,41 policiais por 100 mil
habitantes), São Paulo em 11º (50,09) e Rio Grande do Sul em 14° lugar (46,7). A última posição
fica com o Maranhão, com 29,22 policiais para cada grupo de 100 mil habitantes.
O Ministério da Justiça está na fase final de elaboração de um plano para redução da impunidade
dos crimes de homicídio. Em parceria com todos os estados e o DF, assim como Poder Judiciário,
Ministério Público e Defensoria Pública, o foco será no aperfeiçoamento da investigação, por meio
da aquisição de equipamentos, capacitação de peritos e criação de Departamentos de Homicídios e
Proteção à Pessoa (DHPPs), além do monitoramento constante do julgamento de processos de
homicídio pelo Poder Judiciário. “A situação do nosso país é alarmante: é muito baixa a elucidação
do crime de homicídio e, com isso, a impunidade se torna incentivo ao crime”, avalia o ministro
José Eduardo Cardozo.
Delegados e peritos
Na distribuição de delegados por habitantes, o Amapá lidera o ranking (19,72 por 100 mil
habitantes). São Paulo está em 7º (7,59), Minas em 10° (6,68) e Rio Grande do Sul em 17° (5,18).
Alagoas está na última posição (2,44 delegados para cada 100 mil habitantes).
No número de peritos por habitantes, Mato Grosso do Sul está em primeiro lugar (cerca de 18,37
para cada 100 mil). Os que possuem menos de dois peritos por 100 mil habitantes são Ceará, Pará,
Espírito Santo, Maranhão, Alagoas, Rio Grande do Norte e Piauí.
Procedimentos
No item relacionamento entre MP e Polícia, o estudo mostra que a tramitação direta de inquéritos
entre Polícia Civil e Ministério Público é feita em 15 estados brasileiros. Em 11 estados, ainda há
intermediação do Judiciário na tramitação do inquérito, mesmo para medidas simples, como pedido
de extensão prazo ou comunicado sobre inviabilidade de produção de prova. A situação “não raro,
resulta em paralisação da investigação por 20, 30 e até 90 dias”, diz o relatório.
Propostas de solução
A necessidade de nivelamento de conhecimentos e de troca de informações entre os diversos
agentes envolvidos na tarefa de elucidar os homicídio foi reconhecida no estudo como um dos
grandes desafios.
O Grupo de Persecução Penal da Enasp, que reúne promotores, delegados, juízes, defensores e
peritos, construiu programa e metodologia de curso de capacitação interinstitucional, que já
começou a ser reproduzido em alguns estados, como Espírito Santo e Sergipe. O curso permanente
é destinado a membros das instituições envolvidas na persecução penal e na ação penal de crime de
homicídio. Entre os diversos objetivos é possível destacar a necessidade de que as instituições se
conheçam nas suas competências, carências, demandas e potencialidades, que busquem atualização
permanente e que a comunicação seja simplificada e contínua, entre outras.
O relatório traz medidas de curto, médio e longo prazo para sanar os problemas identificados. Entre
as propostas, estão a implantação de meritocracia, a formação e a manutenção de forças-tarefas nos
estados, a padronização de laudos periciais e a otimização de quesitos, a implantação dos
departamentos de homicídio e proteção à pessoa nos estados que não contam com essa estrutura,
entre outras.
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