2010
A TRILHA ECOLÓGICA COMO SETTING TERAPÊUTICO,
MORRO AZUL, ENGENHEIRO PAULO DE FRONTIN, RJ
Santos, M. C. R. M. ¹ ²
¹UERJ
²Instituto Zoobotânico de Morro Azul – IZMA
[email protected]
Palavra chave: Trilha ecológica
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MATERIAL E MÉTODOS
O comportamento sensorial dos alunos e alunas de escolas regulares, durante a
caminhada pela trilha ecológica de 2.220m de extensão, foi monitorado por graduandos
do Curso de Ciências Biológicas da USS. Foi aplicada a Metodologia de Sensibilização
para o despertar das percepções, baseado no modelo de arteterapia (SOUZA 2002). A
duração da atividade foi de 2 horas, os grupos de 15 a 20 integrantes foram separados
por idades e estágios de desenvolvimento intelectual (DE LA TAILLE et al 2002). Os
procedimentos aplicados foram técnicas de recepção para grupos, concentração e
exercícios de alongamento; observação dos pontos relevantes da trilha interpretada;
contemplação da fauna e flora, técnica do impacto da beleza cênica, descanso e
relaxamento. Todas as perguntas dos participantes foram respondidas integralmente a
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INTRODUÇÃO
Atividades de Arteterapia em ambiente natural como setting terapêutico, podem
potencializar o uso das faculdades psicológicas necessárias para o desenvolvimento
perceptivo sensorial de crianças e adolescentes que apresentam dificuldades escolares
para a concentração, a criatividade e a sensibilidade artística. Segundo URRUTIGAY
(2002), setting terapêutico é o espaço que viabiliza a criação e expansão de
potencialidades adormecidas sendo identificado como um local sagrado, pois
desenvolve sentimentos para questões antes inconscientes. Este trabalho é o resultado
de uma pesquisa de campo em arteterapia para atividade escolar em ambiente natural,
exercido em trilha ecológica em fragmento de Mata atlântica no Instituto Zoobotânico
de Morro Azul, IZMA, em Engenheiro Paulo de Frontin, RJ, no período de março de
2000 a julho de 2003, onde foram conduzidos grupos de alunos de educação básica de
escolas públicas e particulares com idade entre 10 e 18 anos, acompanhados de seus
professores, responsáveis e funcionários das escolas oriundas dos municípios do Rio de
Janeiro, Miguel Pereira, Paty do Alferes, Vassouras, Mendes, Paraíba do Sul, Eng.
Paulo de Frontin, Volta Redonda, Barra Mansa e Nova Iguaçu, RJ. O objetivo da
Caminhada Sensibilizadora é despertar o campo visual para a observação da flora e
fauna; a percepção auditiva para os sons da floresta; pios, silvos, chiados, guinchos,
zumbidos, chilros e arrulhos de aves, insetos e mamíferos; sopro do vento nas árvores,
ranger e estalar de galhos, a percepção tátil para perceber as texturas diferentes de
troncos, musgos, folhas, pedras, sementes e frutos; chamar a atenção para a percepção
olfativa, onde os odores da floresta são mais fortes (cheiro de animais, perfume de
flores) e para as variações de temperatura e clima. Estas atividades fizeram parte de
projetos pedagógicos multidisciplinares (Arte, Geografia, História, Ed. Física, Ciências
e Biologia) para a aplicação de Temas transversais como a Educação Ambiental, Saúde,
Ética e Cidadania.
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qualquer momento da atividade. Foram analisados 87 questionários preenchidos pelos
alunos e professores, relatórios escritos e desenhos, entrevistas e depoimentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A proposta do setting terapêutico natural específico, como a Trilha ecológica,
previamente, interpretada por meio de metodologias pedagógicas, atende à necessidade
do contato direto do educando com o espaço terapêutico para a vivência e prática de
exercícios para estímulos sensoriais. Verificou-se que as respostas imediatas dos
participantes aos questionários, resultaram acima de 50% positivas para os estímulos no
despertar das percepções sensoriais, à interação com o meio ambiente e à sensibilização
para o desenvolvimento do potencial criativo.
A sensibilização positiva através do contato direto com a natureza estabelece um
parâmetro de equilíbrio para a construção do autoconhecimento do indivíduo em idade
escolar. Essa construção requer dados freqüentes de emoções canalizadas para o
aumento da auto-estima, o que propicia condições favoráveis ao desenvolvimento
cognitivo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DE LA TAILLE, OLIVEIRA, DANAS. Piaget, Vygotsky e Wallon, Teorias
Psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. In Orientações Pedagógicas
para o Ensino Médio. Positivo Educacional. Curitiba: Editora Posigraf, 2002.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro, 5ª ed. São Paulo:
Cortez, Brasília: UNESCO, 2002.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Ensino Médio. MEC, Secretaria de
Educação Média e Tecnológica: Brasília, 1999.
SOUZA, V. C. R. de. Oficina de Artes: Conceitos, UCAM, RJ, 2002.
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CONCLUSÃO
Pelos princípios do conhecimento pertinente, o enfraquecimento da percepção do todo
conduz ao enfraquecimento da responsabilidade assim como o enfraquecimento da
solidariedade, onde não há vínculos entre os concidadãos (MORIN 2002). Ele afirma
que a especialização fechada impede a percepção do global que se fragmenta em
parcelas. A disjunção homem natureza como paradigma efetua a seleção e a
determinação de conceptualização das operações lógicas.
A proposta de mudança de paradigma na concepção de educação para o
desenvolvimento de habilidades e capacidades, PCNs, MEC ( 1999), é o olhar a relação
homem natureza onde o discurso é o reconhecimento do homem como ser natural e
pertencente ao meio ambiente natural.
Portanto, a atividade de arteterapia exercida na trilha ecológica proporciona aos
participantes condições para reverter o processo de dessensiblização ao qual foram
expostos na sociedade, despertando a curiosidade inata em relação a si próprios e ao
meio ambiente. A atividade também é estimuladora para que os professores
acompanhantes dos grupos produzam trabalhos interdisciplinares nos projetos
pedagógicos de suas instituições de ensino, iniciem ou continuem o processo de
mudança de paradigma nas questões relacionadas ao ser humano e sua relação com o
ambiente natural.
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URRUTIGAY, M. C. F. El proceso Educativo como Individuación, Cuba: Tese de
mestrado apresentada à Universidad de La Habana, 2000. In A Arteterapia: um
instrumento do desenvolvimento pessoal II, 2002, UCAM, RJ.
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