Mirante do Inferno, vista divina na Serra dos
- Apenas caminhada até o melhor local para se admirar a Agulha do Diabo
Fonte: O Diário de Teresópolis
Foto: Marcello Medeiros - O DIÁRIO
Dedo de Deus e Cabeça de Peixe, vistos do
Caminho das Orquídeas
Marcelo Medeiros - Mochileiro
Mirante do Inferno, com excelente vista para a Agulha do Diabo. Quem não conhece, pode
achar que é uma coincidência muito estranha ou que se trata de um lugar ruim. Mas, ao
contrário do nome, a vista desse ponto é divina. Além de vislumbrar e acompanhar bem de
perto escaladas na montanha mais imponente da Serra dos Órgãos, a Agulha, é possível ver
de diferentes ângulos outros cumes. Para chegar ao mirante, caminhada de aproximadamente
10 quilômetros, passando por uma das trilhas mais interessantes da região, cortada pela
nascente do rio Paquequer.
Cerca de 90% do acesso ao mirante é feito pela trilha da Pedra do Sino, até local conhecido
como “Cota 2000”. Ali, descida em direção a Pedra da Cruz, entrando à direita poucos metros
abaixo, ao lado de uma pedra no meio da passagem. Entre a “Cota” e a pequena montanha
está o Caminho das Orquídeas, trilha aberta em 1965 para facilitar o acesso a Agulha do
Diabo. O trecho tem aproximadamente um quilômetro, mas não é fácil de ser percorrido pelo
desnível do terreno, também úmido por causa de várias quedas d´água, que mais abaixo se
juntam para formar o nosso principal rio.
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A caminhada de cerca de 10 quilômetros foi percorrida por mim e pelo redator de O DIÁRIO,
Wanderley Peres, no último final de semana. Nossa intenção era chegar até bem próximo a
nascente do Paquequer (box abaixo), mas não dava para ir até o Caminho das Orquídeas e
não “dar uma chegadinha” no Mirante do Inferno, ficando nada menos do que de frente para a
Agulha do Diabo e o seu impressionante vale.
Além de contemplar o visual, tivemos o privilégio de assinar o recém-colocado livro de cume
colocado no local, naquele dia, pelo pessoal do Unicerj, do Rio de Janeiro. No caderninho,
protegido por uma urna de alumínio, relatamos as nossas impressões daquele sábado, onde as
nuvens insistiam em querer esconder a Agulha, mas acabaram proporcionando um espetáculo
natural. À esquerda do mirante, o São João (2.020 metros de altitude) e a sua “Cara de
Macaco”. Do outro lado, a Pedra São Pedro, destacando-se a chaminé Ricardo Cassin,
conquistada pelos mesmos desbravadores do Caminho das Orquídeas. Olhando para trás,
depois do vale onde desce o Paquequer, Pedra da Cruz, Queixo, Nariz, Verruga e Capucho do
Frade.
“O interessante desse local é escutar os dois rios seguindo seus rumos montanha abaixo. De
um lado, o Paquequer. Do outro, bem depois da Agulha, o Soberbo. Essa é a nossa fantástica
Serra dos Órgãos”, exalta Wanderley.
Agulha e Fantasma
Muito se fala no Dedo de Deus, por este ser o marco do montanhismo nacional e que divulga o
esporte e o nosso município. Mas quando chegamos ao Mirante do Inferno, após quatro horas
de caminhada, constatamos que outra pedra da Serra dos Órgãos merece melhor destaque: A
Agulha do Diabo (2.050m de altitude). O seu formato "fino" e o pequeno cume, sem
contar a difícil escalada até lá, assusta quem não é do meio. Tanto que antes da conquista, em
1941, se chamava Penhasco Fantasma. E do seu mirante, a vista para a pedra é sensacional.
No Inferno, também pode-se ver de ângulo interessante a Pedra do Garrafão e alguns trechos
da travessia Petrópolis-Teresópolis, além do Papudo e outros citados acima. O mirante fica
entre as pedras São João e São Pedro, existindo acesso pela segunda até lá. E dali, segue a
trilha para a primeira, passando por local conhecido como "geladeira".
História
O último trecho da trilha que leva até o Mirante do Inferno, o Caminho das Orquídeas, foi
desbravado em meados dos anos 60 com a intenção de melhorar o acesso até a Agulha do
Diabo. Participaram Salomyth Fernandes, Raimundo Minchetti, Thiers Fernandes e Henry
Ochioni. “Em direção ao mirante e, contornando a base do São Pedro, começamos abrindo a
picada (pelo taquaral - verdadeira praga), até alcançarmos o riacho que vai formar mais adiante
o famoso Rio Paquequer, desbravamos um pouco mais além, encontramos uma parte plano,
que limpamos e demos o nome de Acampamento Paquequer. No dia seguinte dormimos no
abrigo 3, e descemos a cota 2.000, atravessamos o riacho Açú e, entramos novamente no
taquaral (agora no sentido inverso - cota 2.000 - São Pedro (em curva de nível) em direção ao
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Mirante do Inferno. Passamos pela Pedra do Tapete, onde encontramos as orquídeas e, daí
para o encontro do riacho Paquequer. Em 05 de setembro de 1965, finalmente a conclusão do
Caminho das Orquídeas”, relata Salomyth. Antes de tal trajeto, o acesso a Agulha era feito
entre os vales do São João e Santo Antônio, uma verdadeira empreitada.
O rio
Nossa missão no sábado foi coletar água bem próximo a nascente do nosso principal rio,
dentro do projeto “S.O.S. Paquequer”. Ela será analisada pelo laboratório Broinsten junto com
água recolhida em outros dez pontos, sendo os outros nove já com a interferência do homem:
Esgoto, lixo... Devido a mata fechada, não pudemos chegar onde realmente o rio nasce, mas
estivemos bem próximo, em local onde poucos pisaram até hoje.
Neste sábado, 29, acontece a segunda etapa do projeto, quando oito barcos vão navegar no
Paquequer, da Ilha do Caxangá até o Golf, próximo a entrada da Cascata do Imbuí. A
“aventura”, na verdade, é um protesto, um alerta para o estado que o rio que se encontra. Os
barcos vão começar a descer às 9h, estando previsto passar pela Várzea por volta das 11h.
Mais informações através do telefone 9741-0741, com Zico.
Agora, se você tem vontade de escalar ou caminhar, vá a uma das reuniões sociais do Centro
Excursionista Teresopolitano. Todas as terças-feiras, a partir das 20h, na loja da Sociedade
Pró-Lactário, número 555 da Avenida Lúcio Meira, na Várzea. O e-mail do clube é o
[email protected]
Fonte: O Diário de Teresópolis
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