III Encontro da ANPPAS
23 a 26 de maio de 2006
Brasília - DF
Educação Ambiental, formação profissional e sociedade:
perspectivas que se interconectam na formação e
consolidação do GEPEADS
Ana Maria Dantas Soaresi, Lia Maria Teixeira de Oliveiraii, Lilian Couto
Cordeiroiii, Samara Pires dos Santosiv, Lana Cláudia de Souza Fonsecav
RESUMO
Este objetiva trazer à discussão reflexões produzidas a partir da trajetória do Grupo de Estudo
e Pesquisas em Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável - GEPEADSvi,
localizado no Instituto de Educação/DTPE/UFRRJ. Criado em 2003, se fortaleceu buscando
superar a mentalidade de “denúncia” ambiental, devido aos desastres provocados pelo
processo civilizatório, para alçar novos caminhos analíticos sobre as questões das políticas
sócio-educacionais
e ambientais.
As perspectivas teórico-metodológicas,
Educação
Ambiental, Políticas Públicas e Desenvolvimento Local consolidam a nossa prática na
extensão, pesquisa e ensino. Pretende-se ressaltar as experiências passadas, os avanços,
retrocessos, dificuldades e possibilidades que se apresentaram nessa caminhada, destacando,
principalmente, a relevância desse processo na formação profissional dos estudantes
envolvidos, que passam a reelaborar conceitos e práticas ao investigarem os saberes e
identidades relacionadas às suas trajetórias acadêmicas. O marco conceitual adotado
reconhece que para qualquer proposta que se aventure no estudo ambiente-desenvolvimento
social, a mesma requer uma análise pautada no pressuposto da relação local-global e, como
esta relação desenha um novo tecido social movimentado por uma complexa teia de relações
objetivas-intersubjetivas nessa realidade social contemporaneidade (MOREIRA, 2002).
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III Encontro da ANPPAS
23 a 26 de maio de 2006
Brasília - DF
Educação Ambiental, formação profissional e sociedade:
perspectivas que se interconectam na formação e
consolidação do GEPEADS.
Introdução: formação do Grupo
Este trabalho tem como objetivo trazer à discussão a trajetória do Grupo de Estudo e
Pesquisas em Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável - GEPEADSvii, localizado
institucionalmente no Instituto de Educação/DTPE da UFRRJ. O Grupo, criado em agosto de
2003, ancora-se na necessidade da ultrapassagem de uma mentalidade de “denúncia” dos
desastres ambientais provocados pelo processo civilizatório, para alçar novos caminhos
analíticos sobre as questões das políticas sócio-educacionais e ambientais. Neste sentido, o
amadurecimento dos atores e sujeitos em relação às questões educacionais e ambientais nos
permitiu ao longo desses dois anos de existência profícua, alcançar um marco referencial que
sustenta conceitualmente a nossa prática integrada de estudo, pesquisa e extensão.
As perspectivas teórico-metodológicas, Educação Ambiental, Políticas Públicas e
Desenvolvimento Local vieram após uma reflexão profunda acerca dos trabalhos de extensão
e de ensino junto aos centros comunitários de municípios do entorno da UFRRJ. Após
analisar as experiências desenvolvidas, buscamos na dialogicidade teoria-empiria o
significado pedagógico da relação ensino-pesquisa-extensão e, desta forma, o Grupo passou a
redimensionar o seu papel e propor novas atividades, em outros municípios circunvizinhos à
universidade. Desde 2004 ao estreitarmos os laços com os grupos sociais e a rede de educação
ambiental tem sido possível congregar novos parceiros e demandas, bem como a participação
do Programa Nacional de Extensão – PROEXT, na perspectiva de integrar pesquisa-ensino e
extensão.
As experiências que passamos já nos permitem uma análise acerca dos avanços,
retrocessos, dificuldades e possibilidades que se apresentam nessa caminhada, destacando,
principalmente, a relevância que isso tem para a própria formação profissional e identitária
dos estudantes e professores envolvidos. Os estudantes que compartilham a criação, formação
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e consolidação do GEPEADS não têm apenas uma identidade de discípulo em relação a nós
professores, haja vista que adotamos pedagogicamente a idéia de educação ambiental
problematizadora, nos inspirando em Paulo Freire, o que permite aos estudantes entender a
ambigüidade, a dialética, o dual na diversidade da realidade sociocultural. Ao tomarmos a
dialogicidade teoria-empiria, aos poucos vamos descontruindo idéias pré-concebidas como
verdades e certezas universais, da crença da existência de uma única via de construção de
identidade sócio-profissional, consequentemente, reformulamos e ressignificamos os
conceitos, saberes e as práticas, inclusive passamos a investigar, em maior profundidade, as
questões e conhecimentos relacionados às nossas trajetórias acadêmicas e ao papel como
sujeito, profissional e cidadão que somos. Para esclarecer tal procedimento e entendimento do
Grupo, recorremos a Paulo Freire, quando analisa o campo político-semântico da palavra
Extensão, que naquela conjuntura a proposta do agrônomo de trabalhar com o camponês
ignorava o que-fazer (o pedagógico) educativo libertador:
“Educar e educar-se na prática da liberdade, não é estender
algo desde a ‘sede do saber’, até a ‘sede da ignorância’ para
‘salvar’, com este saber, os que habitam nesta. Ao contrário,
educar e educar-se, na prática da liberdade, é tarefa daqueles
que sabem que pouco sabem – por isto sabem que sabem algo e
podem assim chegar a saber mais – em diálogo com aqueles
que, transformando seu pensar que nada sabem em saber que
pouco sabem, possam igualmente saber mais. (...) Conhecer é
tarefa de sujeitos, não de objetos. E como sujeito e somente
enquanto sujeito, que o Homem pode realmente conhecer
(1986: pp 26-27).
Formação e Identidades: perspectivas teóricas e experiências em interconexão.
O marco conceitual comum nos trabalhos dos membros do GEPEADS reconhece que
para qualquer proposta que se aventure na relação ambiente-desenvolvimento social, isso
implica uma análise que considera como pressuposto o estreitamento entre local-global,
tecido por uma complexa teia de novas relações objetivas e intersubjetivas em redes
socioculturais e políticas da realidade social na contemporaneidade (MOREIRA, 2002).
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Os estudos e análises e as práticas de pesquisa e extensão que vimos desenvolvendo
junto a Prefeituras, centros comunitários e escolas do município de Seropédica, e
anteriormente em Paracambi, trazem esse pressuposto, na medida em que nos permite o
estranhamento, como se tais espaços sociais ao olhar do estranho parecesse estar em
descompasso com o mundo em que se vive o tempo presente. Esse que muitas vezes nos
pareceu estranho, descompassado, o mundo local, comunitário, e mesmo regional, luta para
conservar identidades herdadas, familiares, nacionalizadas, mas também luta sob condições
desiguais por identidades socioculturais que são engendradas a partir de uma tensão com o
mundo global, que tem o domínio das condições políticas e culturais e quer se fazer
representar nessas novas identidades locais globalizadas. Nesse contexto, é que se formou e
vem se consolidando o GEPADS. Teorizamos sobre a Educação Ambiental, Políticas
Públicas e Desenvolvimento Local a partir do que experimentamos em outros espaços sociais
marcados por identidades sociais e outros corpos e energias, ainda, estranhos a nós. Talvez
esse campo de possibilidades tenha e tem sido o que mais nos agrega para seguir a nossa
trajetória de Grupo junto à locais que demandam uma leitura crítica e criativa para se chegar
aos resultados idealizados.
Assim, o que percebemos, em termos analíticos, é que na dinâmica interna dos
trabalhos a que estamos afetos, os mesmos têm evidenciado um forte apelo à interconexão da
perspectiva teoria-prática, como sendo portadora do caminho que nos orienta para processos e
resultados que revelam descontinuidades, interdependências, assimetrias, contradições e,
portanto, processos e resultados que nos vêm demandando novas conceituações e novas
práticas sócio-educativas.
Buscamos as experiências nas comunidades como aprendizado sócio-ambiental,
centrando a discussão com os nossos pares, na ressignificação dos conhecimentos científico,
tecnológico, produtivo, artístico, humano... e como esses se integram nas práticas sociais
ligadas a escola e a comunidade. Desde que iniciamos a nossa trajetória perseguimos a
coerência e a participação como critérios e posturas fundantes da nossa prática de pesquisa e
extensão. Esses nos permitiram redimensionar e propor novos caminhos para lidar com a
diversidade de conhecimentos e valores culturais demandada pelos indivíduos, grupos sociais
e atores partícipes do projeto de desenvolvimento local e de construção do próprio
GEPEADS. Também nos permitiram entender que a universidade muitas vezes deve se
colocar como mediadora frente das adversidades políticas que envolvem os indivíduos em
processos de disputas de projetos de sociedade, bem como nos permitiram entender que a
formação acadêmica necessita ser cotidianamente revisada, pois as estruturas curriculares, os
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métodos e as experimentações só são arejados quando nos apropriamos e nos integramos ao
real dos Homens e da Natureza. Podemos constatar ao longo de nossa trajetória que as
questões ambientais mais urgentes da contemporaneidade têm se apresentado pelo apelo e na
imagem dos processos e produtos sociais. Segundo Leff,
“a resolução da problemática ambiental e a construção de uma
nova racionalidade produtiva propõem a intervenção de um
conjunto de processos sociais: a formação de uma consciência
ecológica ou ambiental, a transformação democrática do
Estado que permita e apóie a participação direta da sociedade
e das comunidades na co-gestão e gestão de seu patrimônio de
recursos, a reorganização transetorial da administração
pública e a reelaboração interdisciplinar do saber (...) a
racionalidade ambiental não é expressão de uma lógica (do
mercado, da natureza) ou de uma lei (do valor, do equilíbrio
ecológico); é a resultante de um conjunto de normas,
interesses, valores, significações e ações que não se dão fora
das leis da natureza e da sociedade, mas que não as imitam
simplesmente. Trata-se de uma racionalidade conformada por
processos sociais que ultrapassam suas atuais estruturas (Leff,
2001:p. 126).
O processo de construção das identidades está vinculado e sempre é um produto da
socialização de indivíduos no âmbito das instituições sociais, especializadas ou não, mais
especificamente é um produto das relações sociais desses indivíduos. Então, é através da
análise dos ”mundos” construídos objetiva/subjetivamente pelos profissionais, agricultores
dos centros comunitários, pelos estudantes, pela comunidade escolar e parceiros que temos
nos identificado nas experiências vividas pelo Grupo. No início, as nossas reuniões do
GEPADS se davam apenas pela discussão teórica ou, ainda, pela análise de mundos distantes
de cada um, porque agíamos individualizados. Conforme o caminhamos, o nosso trabalho de
estudo e pesquisa vai enredando-se no sentido de verificar as identidades deste grupo social,
estruturado pelas ações especializadas e nas relações com o todo estruturado/estruturante da
sociedade.
Dada à nossa especificidade de grupo, criado em meio ao aparato institucional, o
mesmo não se fixa no academicismo, pois se ampara na diversidade de relações, experiências,
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contextos políticos, sociais e culturais que têm sido descobertos não como objetos de estudo,
mas como fundamentos para formação e consolidação do Grupo. Existe um “mundo” em
pleno estado de construção e desconstrução que precisa ser desvelado, a partir da complexa e
interrelacionada rede de significados, representações, simbolismos, percepções, fracassos,
conquistas, saberes, racionalidade técnica, ou seja, pensamentos, sentimentos e ações que de
fato evidenciam mudanças nos propósitos do GEPADS.
O lugar da experiência na construção do conhecimento e perspectivas de intervenção
contribuiu para associar teoria-prática na nossa formação. Temos verificado que as diversas
experiências em curso nas universidades e nos movimentos sociais no país apontam para a
capacidade auto-gestionária e co-gestionária dos professores, formadores de professores,
estudantes e atores para o enfrentamento das demandas sócio-profissionais, no contexto das
sociedades contemporâneas que passam por profundas mudanças culturais e institucionais.
Essas propostas de formação amparam-se na diversidade de relações, experiências, contextos
políticos, sociais e culturais instituídos e instituintes, gerando e sendo geradas por uma
complexa e interrelacionada rede de significados.
Desta forma, assim como nos posicionamos, fica notório, que a elaboração deste
trabalho explicita a nossa opção teórica, baseada em referenciais teórico-discurssivos que
entendem a educação ambiental e a formação profissional como um processo contínuo, de
elaboração e reelaboração de conhecimentos em constantes diálogos epistemológicos e
sociais. Essa opção teórica se sustenta em bases pedagógico-sociológicas e ambientais que
aceitam a revisão de posturas em permanente reflexividade sobre o ser-fazer e o que-fazer que
almeja uma perspectiva identitária crítica acerca da realidade social que circunscreve e
medeia as ações e discussões do GEPEADS.
O campo específico de formação profissional comporta uma multiplicidade de
relações emancipatórias, pois há um permanente movimento contra-hegemônico de interação
dialógica, ainda que pese nos indivíduos, sujeitos e atores coletivos a esfera das objetivações.
Um exemplo desse movimento são as ações coletivas no interior não só dos fóruns nacionalmundiais, mas na rede de educação ambiental que vem sendo tecida pelos atores imbuídos em
princípios político-pedagógicos e culturais.
Essa rede penetra nas universidades
impulsionando o movimento em prol de políticas emancipatórias e solidárias. O que muitas
vezes situamos como o surgimento de novas identidades refere-se justamente ao peso que o
ultrapassado/hegemônico não tem mais quando se trata de uma necessária transformação ou
mudança social. A sociedade já cansada de políticas voltadas ao coletivo, mas estruturadas
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fora da experiência e da participação do coletivo comunitário/grupo, nega lutando para se
colocar como sujeito da mudança.
Há algum tempo na sociedade contemporânea, as transformações socioculturais
produtoras de novas formas de comunicação tem permitido trabalhar coletivamente,
fomentando diálogos solidários e críticos que apontam para um campo de possibilidades de
relações intersubjetivas não socializadas pelas políticas regulatórias em curso. Essas relações,
conectadas na multiplicidade de projetos formativos e de ser humano, agem no sentido de
firmar novas configurações sócio-profissionais e culturais no interior das universidades.
Portanto, podemos aferir que as categorias de emancipação, ação coletiva, multiplicidade
cultural e tantas outras emblemáticas dos movimentos docentes, correspondem a um aporte de
princípios epistemológicos e não somente aos discursos de bravata que o governo quer fazer
crer quando menospreza a nossa capacidade de mobilização e organização social para
apresentar e reivindicar projetos ambientais de contra-sensos a lógica de ordem políticoeconômica e instrumental.
O Contexto: enlaces, ações...E alguns resultados.
O Grupo partiu das discussões eminentemente teóricas para a necessidade de vivências
com experiências mais concretas do “fazer educação ambiental”.
Já havíamos percebido que para esse que-fazer necessitávamos sempre da
internalização consciente e crítica das teorias até então discutidas, partimos, então, para a
consolidação do grupo, que se deu com o envolvimento coletivo dos diversos sujeitos para
elaboração do projeto encaminhado ao Programa Nacional de Extensão – PROEXT.
Elaboramos um Projeto voltado para a Educação Ambiental, como parte integrante do
Programa RIEP – Redes Interdisciplinares em Espaços Populares. Mesmo aqueles que não
estiveram ligados diretamente com as atividades propostas pelo projeto, trouxeram
importantes contribuições à discussão e elaboração do mesmo.
O Projeto, em princípio, foi proposto para atuação nos municípios de Seropédica e
Itaguaí, a partir de um comprometimento dos poderes públicos locais em se envolverem junto
ao mesmo.
No entanto, o momento político no qual se deu o início da implementação do projeto
não foi favorável, face à mudança no governo local no município de Itaguaí e ao atraso
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substantivo na liberação dos recursos, o que inviabilizou o desenvolvimento das ações
naquele município.
Com relação à Prefeitura Municipal de Seropédica o diálogo foi fortalecido a partir da
assinatura de um protocolo de intenções com a UFRRJ, que abriu espaço para uma atuação
mais efetiva. Daí percebeu-se a necessidade atuar apenas neste município, principalmente por
questões operacionais: o projeto tinha um prazo de oito meses para ser executado com os
recursos alocados pelo PROEXT. Por outro lado, as demandas locais em si mesmas
justificavam a opção por atuar nesse contexto.
O Projeto consistiu na criação de uma rede que tinha como fio condutor a dimensão
ambiental em seus mais diferentes aspectos, objetivando a superação da fragmentação do
conhecimento. (GUIMARÃES, 1998: p.59).
Através da capacitação dos sujeitos – estudantes envolvidos no projeto, docentes da
rede municipal de educação e coordenadores pedagógicos da Secretaria Municipal de
Educação, buscou-se uma atuação que partia de um planejamento participativo e,
conseqüentemente, pretendia a inclusão da dimensão ambiental nos objetivos gerais dos
projetos políticos pedagógicos – PPP´s. A importância da inclusão desta dimensão nos PPP`s
está na inserção da mesma no cotidiano escolar, percebida e referenciada pelo coletivo
escolar.
Foram realizadas atividades em diferentes unidades escolares, nas quais estavam
acontecendo outras atividades do Programa RIEP, com temas que abrangiam os conceitos de
sustentabilidade, saúde e diversidade e que primavam pelo debate, numa perspectiva em que
se buscou: mais do que “transmitir” conhecimentos, mas sim trazer à tona uma mudança de
postura em relação a questões do dia-a-dia.
A retroalimentação das atividades e das mudanças de hábitos, posturas e atitudes se
percebeu nas próprias reuniões do GEPEADS, que, com essas experiências, enriqueceu não só
as suas discussões, como passou a perceber que a dificuldade do “fazer Educação Ambiental”
não está apenas no discurso, mas também, e, principalmente, na prática pedagógica cotidiana.
Nessa perspectiva, reconhecemos como nos aponta Mauro Guimarães que para a
formação de educadores ambientais:
“É fundamental um esforço de ruptura com a armadilha
paradigmática que produz a limitação compreensiva e a
incapacidade discursiva, gerando práticas conservadoras”.
(GUIMARÃES, 200: p. 127).
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Embora com a finalização do programa RIEP, no que estava previsto pelo PROEXT,
entendemos que o trabalho no município de Seropédica apenas começou. Muito ainda há que
contribuir para o desenvolvimento do município no qual o campus-sede da UFRRJ se situa.
No momento atual o elo entre universidade-comunidade tem como um de seus pontos
de união as atividades que o GEPEADS vem desenvolvendo no CAIC Paulo Dacorso Filho,
uma escola, que oferece educação infantil e do primeiro segmento do Ensino Fundamental,
singular, pela co-gestão entre os governos federal, estadual e municipal e que se situa no
campus da UFRRJ, em Seropédica. Nesse estabelecimento, pode-se perceber o quão efetivas
têm sido as ações desenvolvidas, com a opção por parte da comunidade docente da Educação
Ambiental como eixo central do seu Projeto Político Pedagógico.
Com relação à construção da identidade dos profissionais de nível superior da UFRRJ,
particularmente os envolvidos no GEPEADS, vislumbra-se um comprometimento maior
desses futuros profissionais com a causa ambiental e com o entendimento maior de suas
dimensões políticas, culturais, econômicas e sociais, na medida em que uma experiência, que,
mesmo que não tenha sido tão longa, mas bastante intensa, permite uma percepção de que as
posturas conservadoras algumas vezes distorcem a realidade e de que, para superar as
dificuldades, faz-se necessário adotar uma postura crítica, não no sentido da negação, mas,
consoante Guimarães (op. cit, 2004), no sentido dialetizador, do entendimento de que a
complexidade pode ser transformadora.
Muitas vezes o processo formativo que ocorre em sala de aula nos cursos de graduação
passa ao largo de questões cotidianas, e nesse sentido, as questões ambientais deixam de ser
abordadas/ realçadas, daí a busca pela problematização no GEPEADS, que para além da
teorização, mas não negando-a, busca uma interação concreta com a realidade que nos cerca e
da qual fazemos parte. A construção do entendimento e da importância de uma formação
profissional e cidadã, onde a multiplicidade dos aspectos que configuram ambientesociedade-indivíduo deve ser analisada em sua complexidade, é o que tem animado a nossa
trajetória e nos abre um amplo leque de possibilidades de atuação e de permanente
aprendizado.
Referências bibliográficas:
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DUBAR, C. A Socialização: construção das identidades sociais e profissionais.
Lisboa/Portugal: Porto Ed. 2000.
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FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
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GUIMARÃES, M. A Formação de Educadores Ambientais. Campinas, SP: Papirus, 2004.
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LOPES, A. O. Repensando a didática, in: GUIMARÃES, Mauro. A Dimensão ambiental na
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MACHADO, C (et al.). Educação Ambiental consciente. Rio de Janeiro: Wak, 2003.
MOREIRA, R. Ruralidades e Globalização: ensaiando uma interpretação. Série
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OLIVEIRA, L.M.T. Rumos teóricos para novas leituras e reflexões sobre os processos
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SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: O social e político na pós-modernidade. São Paulo:
Cortez. 1999.
SANTOS, B. de S. A globalização e as ciências sociais. São Paulo: Cortez, 2002.
i
Doutora em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, Professora do DTPE/IE/UFRRJ, Coordenadora do
GEPEADS /UFRRJ. [email protected];
ii
Doutoranda e Mestre em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade/CPDA, Professora do DTPE/IE/UFRRJ.
[email protected]
iii
Licencianda em Educação Física, da UFRRJ, Bolsista PIBIC/CNPq/UFRRJ. [email protected];
iv
Licencianda em Educação Física, da UFRRJ, Bolsista PIBIC/CNPq/UFRRJ. [email protected];
v
Doutora em Educação, professora do DTPE/IE/UFRRJ. [email protected]
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vi
Participam muito ativamente do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável os estudantes dos seguintes Cursos da UFRRJ: Agronomia - Eva Adriana G. de Oliveira; Ciências
Agrícolas – Andréia Maria da C. Santos, Anelise de Souza Muller, Gilvanete Lisboa dos Santos e Vanessa
Pereira de Jesus; Ciências Biológicas – Clarice Tavares Siqueira, Elisa Soares de Lima Caetano, Elizabeth C.
Lourenço e Raffaella Araújo D’Angelo; Engenharia Florestal – Renata Alves Aguillar; Matemática –
Guilherme Fartes Nascimento.
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