BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR ASSOCIADO A FATORES PSICOSSOCIAIS: ESTUDO
DE CASO
(Low pertaining to school income associate factors psicossociais: case study)
Aparecida Pires Guiroto
março/2007
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RESUMO: O objetivo do presente trabalho tem por finalidade procurar meios para sanar as dificuldades de
aprendizagem da criança. Encontrar uma definição clara e abrangente para designar ‘problema de
aprendizagem’ não é fácil, por muito tempo o enfoque orgânico orientou a reflexão dos educadores
e terapeutas que lidavam com essa questão, especialmente o psiquiatra. As crianças que não
acompanhavam seus colegas na aprendizagem passaram a ser designadas como “anormais
escolares’’, já que seus fracassos eram atribuídos a alguma anormalidade orgânica. Com o passar
dos anos os psicanalíticos mudaram seus conceitos modificando não só a visão dominante de
doença mental, como também as concepções correntes sobre as causas das dificuldades de
aprendizagem. Passaram a ser enfatizadas a influência ambiental sobre o desenvolvimento da
personalidade nos primeiros anos de vida e a dimensão afetivo-emocional na determinação do
comportamento e de seus desvios.
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UNITERMOS: Baixo rendimento escolar, criança e dificuldades de aprendizagem.
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SUMMARY:
The objective of the present work has for purpose to look ways to cure the difficulties of learning of
the child. To find clear and including a definition to assign `problem of learning ´ is not easy, for
much time the organic approach guided the reflection of the educators and therapists whom they
dealt with this question, especially the psychiatrist. The Children who did not follow its colleagues
in the learning had passed to be assigned as “abnormal pertaining to school”, since its failures were
attributed to the some organic abnormality. With passing of the years the psychoanalysts had not
only changed its concepts modifying the dominant vision of insanity, as well as the current
conceptions on the causes of the learning difficulty. They had passed to be emphasized the ambient
influence on the development of the personality in the first years of life and the cash-emotional
dimension in the determination of the behavior and of its shunting lines. !
KEW WORDS: Low pertaining to school income, child and difficulties of learning.
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INTRODUÇÃO
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Houve uma mudança terminológica para designar as crianças que apresentavam problemas de
ajustamento ou de aprendizagem escolar em vez de “criança anormal”, “criança problema”. O
instrumento da medicina apoiado até então em anomalias genéticas e orgânicas, foram substituídos
por instrumentos da psicologia clínica, de inspiração psicanalítica, que buscava no ambiente sóciofamiliar as causas dos desajustes infantis. No Brasil a corrente psicanalítica foi divulgada por Artur
Ramos, médico que estudou os problemas de aprendizagem escolar. Por muito tempo suas obras
foram o único trabalho empírico publicado no Brasil a respeito do assunto. Ramo, ao divulgar suas
idéias psicanalíticas, chamou a atenção para a relação adulto-criança numa época em que
predominavam explicações hereditárias do desenvolvimento humano. Apesar das contribuições de
Ramos, a importância atribuída à dimensão orgânica e aos seus desvios como responsável pelos
problemas de aprendizagem era ainda muito grande. Na década de sessenta foi reforçada a
medicalização generalizada do fracasso escolar quando os médicos introduziram no Brasil a
abordagem psiconeurológica de desenvolvimento humano, que trouxe consigo as designações de
disfunção cerebral mínima e dislexia; muito enfatizadas por neuropediatras, psicólogos e
psicopedagogos.
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Alguns autores que tomam a psicopedagogia como campo principal de seus estudos entre os
quais Visca, (1987 / 1991) e Pain (1985 / 1986), também têm oferecido valiosas contribuições para
o avanço desse campo, na tentativa de elaborar uma teoria da prática psicológica.
Preocupados com um modelo teórico que dê unidade ao processo de aprendizagem e aos
problemas dele decorrentes, esses autores ocupam-se particularmente das relações entre inteligência
e afetividade, considerando ainda, as contribuições do materialismo histórico. Ao dimensionarem o
processo de aprendizagem, levam em conta a interferência de aspectos biológicos, cognitivos,
emocionais e sociais.
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Visca (1991) concebe a aprendizagem como uma construção intrapsíquica, com
continuidade genética e diferenças evolutivas, resultantes das pré-condições energético-estruturais
do sujeito e das circunstâncias do meio.
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Para ele, existem quatro níveis de aprendizagem que se estendem desde o nascimento até a
morte. O primeiro nível denomina-se proto-aprendizagem e caracteriza-se pelas primeiras
interações da criança com a mãe. O segundo nível, a dêutero-aprendizagem, refere-se a um
interjogo de relações entre a criança, os objetos que a rodeiam e o ambiente mais próximo. O
terceiro nível, denominado aprendizagem assistemática, e o quarto, aprendizagem sistemática, são
representados respectivamente pelas interações do indivíduo com a comunidade em geral e com as
instituições educativas.
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O autor propõe, também, um modelo classificatório dos estados patológicos da
aprendizagem considerando os níveis: semiológico (sintomas objetivos e subjetivos), patogênico
(estruturas e mecanismos que provocam e mantêm os sintomas) e etiológico (causas históricas).
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Na análise do nível patogênico, Visca considera três grandes classes de obstáculo à
aprendizagem, que podem combinar-se entre si: obstáculo epistêmico (com base nos pressupostos
Piagetianos), representado pelo nível de construção da estrutura cognitiva para a apreensão da
realidade. Obstáculo epistemofílico (com base nos pressupostos psicanalíticos), expressa o vínculo
afetivo que o sujeito estabelece com objetos e situações de aprendizagem. Obstáculo funcional
utilizado como hipótese auxiliar para complementar a análise do problema, quando são detectados
obstáculos que não podem ser enquadrados nos itens anteriores.
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O nível etiológico refere-se às causas de ordem biológica e psicológica mais remotas, cujos
efeitos perduram até o momento presente. Portanto, a
aprendizagem tem três funções: uma
socializadora porque, à medida que o indivíduo aprende ele submete a um conjunto de normas,
identificando-se com o grupo ao qual pertence transformando-se em um ser social. Uma função
repressiva, porque pode significar uma forma de controle, com o objetivo de garantir a
sobrevivência específica do sistema que rege a sociedade. Uma função transformadora, que deve
direcionar a atuação dos psicopedagogos, permitindo ao sujeito uma participação na sociedade, não
na perspectiva de reproduzi-la, mas de transformá-la.
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Os problemas de aprendizagem são considerados, pela autora, não como o contrário de
aprender, mas como um processo diferente deste, um estado particular de sistema que para
equilibrar-se, precisou adotar um determinado tipo de comportamento que determina ou não
aprender e que cumpre assim uma função positiva.
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Nesse sentido, a autora oferece duas valiosas contribuições à psicopedagogia: a necessidade
de se observar a maneira peculiar e singular com que cada sujeito se mantém ignorando a
necessidade de se mudar a concepção de problema de aprendizagem, adotando-se uma visão sem
preconceitos (e não “patologizante”) daqueles que fazem algo diferente da norma.
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Nesta mesma direção podem-se encontrar as idéias de Alicia Fernandez, sobre as
dificuldades de aprendizagem, onde a autora mostra a importância da prevenção, diagnóstico
precoce e também para a intervenção psicopedagógica. Para Alícia Fernandez, aprendizagem,
processo cuja matriz é vincular (vínculo familiar e instituição educativa) e lúdica .Fernandez 1990,
aponta que não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e o
direito de ensinar. O ser humano pode transformar o ensino em conhecimento. Este por sua vez é
construído pelo ensinante através de quatro níveis de elaboração: orgânico, corporal, intelectual e
semiótica ou desejante. Para entender seu significado; deveremos descobrir a funcionalidade do sintoma dentro da estrutura
familiar e aproximar-se da história individual do sujeito e da observação de tais níveis operando.
Para procurar a remissão desta problemática, deveremos apelar a um tratamento psicopedagógico
clínico que busque liberar a inteligência e mobilizar a circulação patológica do conhecimento em
seu grupo familiar.
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Sendo assim, o objetivo específico para esta monografia é proporcionar a nós alunos, uma visão
mais aprofundada sobre o trabalho psicopedagógico clínico, sistematizando todos os conhecimentos
adquiridos durante o curso.
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INFORMAÇÕES SOBRE A CRIANÇA COLHIDA ATRAVÉS DE ENTREVISTAS COM OS PAIS E INFORMAÇÕES OBTIDAS NA ESCOLA
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M.G.O. é uma criança de nove anos, sexo feminino, cútis branca, nascida a 10 de outubro de 1.990,
em Ivinhema-MS. Iniciou sua vida escolar na Pré-Escola com a idade de seis anos, e aos sete
adentrou a 1ª série do Ensino Fundamental; atualmente cursa a 2ª série “D” no período vespertino
na Escola Municipal Sideney Carlos Costa, sendo que a mesma é repetente.
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Esta criança é órfã de mãe, tem pai, mas não tem contato com o mesmo, sendo criada pelos
avós maternos; sua avó tem 60 anos de idade, cursou até a 2ª série e é do lar, quanto ao avô tem 65
anos, é empregado de uma fazenda de gado e possui o 1º grau incompleto; a religião adotada pelos
mesmos é a católica, compondo assim uma estrutura familiar de 7 pessoas.
A avó relata que os pais de M., já haviam se separado e a mãe estava residindo com uma irmã, ou
seja, tia de M., que também era separada do marido; este certo dia chegou bêbado e descontrolado
na casa da ex-mulher começando a discutir e brigar, puxando um canivete do bolso, dirigiu-se para
atentar contra a vida da ex-mulher; nisso a mãe de M., numa tentativa de separar a intriga pôs-se à
frente do cunhado e este a puxou pelo braço desferindo-lhe um golpe fatal à altura do pescoço; toda
esta cena assistida por M. !
Após o ocorrido a avó trouxe M. e sua irmã para morar com ela e a partir daí a criança
chorava muito, sentia muito a falta da mãe, ficando muito assustada e calou-se; a avó demonstrou
muita tristeza ao comentar o fato, não se conformando até hoje com a morte de sua filha .
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A irmã de M. comentou que a menina tem dificuldades em matemática no tocante à
resolução de contas e seu raciocínio mental é lento. A professora falou que a criança é distraída, não
gosta de se envolver em atividades de grupo, tem dificuldades nas sílabas complexas, que seu
raciocínio é lento e que ultimamente vem apresentando um melhor desenvolvimento nas atividades
propostas demonstrando mais interesse e realizando-os com eficácia.
Segundo a avó a criança iniciou sua vida escolar aos 6 anos de idade freqüentando uma escola
municipal de educação infantil Orliene Marcon; neste período não demonstrou dificuldades em
realizar as atividades propostas, mas sempre se mostrou uma criança quieta e pouco participativa
nas atividades de grupo sendo muito dependente e indecisa precisando sempre da ajuda da avó e de
sua irmã para realizar suas tarefas.
Atualmente estuda em uma escola municipal de primeiro grau onde cursa a 2ª série primária,
reprovou no ano de 1999 e segundo a avó a criança ia bem na escola só faltando às aulas por motivo
de doença. Hoje freqüenta as aulas no período vespertino e tem demonstrado muito interesse em
relação aos estudos.
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M. é uma criança que tem muito zelo com seus materiais escolares e faz sempre as tarefas
no período da manhã entre nove e dez horas. Quando necessita de ajuda, pede a sua irmã a qual
sempre a auxilia em tudo.
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Segundo o relato da avó, a criança tem um temperamento bom, é carinhosa, dedicada nas
tarefas escolares e de casa como: ex. “varrer a casa”, tem muitos colegas tanto na escola quanto em
casa, se relaciona bem com os vizinhos, gosta de brincar sozinha e também com coleguinhas, sendo
suas brincadeiras preferidas: esconde-esconde, professora, atriz e brincar de boneca.
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A criança fica triste quando é contrariada, às vezes demonstra nervosismo brigando, grita e
xinga quando está brava.
A avó relatou que seu desejo é de que sua neta tenha uma boa educação, faça um curso superior e
tenha uma boa profissão que lhe garanta o sustento quando adulta.
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A família dispõe de alguns recursos materiais como: televisão, aparelho de som e revistas. A
criança lê livros que traz emprestado da escola, gosta de ouvir histórias contadas por sua irmã,
possui jogos de quebra-cabeça e de memória, quando brinca fica empolgada, mas quando perde se
irrita somente naquele instante.
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A rotina da criança dá-se da seguinte maneira: levanta-se às 8 h, após sua higiene, toma café,
e vai averiguar os cadernos para fazer suas tarefas de casa ou assiste televisão. O almoço é sempre
servido às 11:00 h, antes toma banho e já fica pronta para ir à escola, permanecendo por lá das
12:30 h às 16:30 h, quando retorna vai brincar com as colegas no quintal. No final de semana
costuma ir à casa de sua tia onde encontra-se com seus primos e brincam muito de: jogar bola,
andar de bicicleta, boneca, etc. Há final de semana que vai com a irmã e sua avó para a fazenda
onde seu avô trabalha, gosta do campo e fica muito feliz quando está lá, segundo a avó.
O parto aconteceu no hospital, nasceu aos nove meses de cesariana, sendo que chorou logo ao
nascer, sua cor era vermelha sendo considerada pelos médicos um bebê normal; teve alta no terceiro
dia junto com a mãe. Foi amamentada no seio e também com auxílio de mamadeira por uns três
meses, sendo a causa do desmame de a mãe achar que seu leite não estava mais sustentando a
criança, pois a mesma não quis mais o peito.
Com relação ao desenvolvimento motor, a avó não se lembra com que idade a criança sustentou a
cabeça, sabe-se que aos três meses a criança já sorria, não se lembra com quantos meses a criança
sentou-se, falou que engatinhou no tempo normal e andou com 1 ano e 1 mês mais ou menos.
Declarou que sempre foi um bebê firme e muito esperto, não sabe dizer que idade teve controle de
esfíncteres. A criança utiliza a mão direita para desenvolver suas atividades, desde os 5 anos toma
banho sozinha, nunca apresentou problemas de coordenação motora na escola.
A avó não sabe dizer com que idade a criança começou a falar, porque morava longe, mas relatou
que aos três anos ela já falava muitas palavras. Não se lembra de ter tido na família algum caso de
dificuldade na fala. Atualmente a criança não apresenta dificuldades de fala.
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Quanto à alimentação a criança começou a tomar mamadeira aos dez dias de nascida,
começou com papinha de arroz, caldo de feijão, cenoura e batata, mas não se lembra de quantos
meses tinha quando começou a introduzir alimentação sólida. Atualmente gosta de verduras e de
todo tipo de carnes, o feijão come só o dia que é cozido e pouco, arroz, massa, doces e frutas sem
restrições.
Com relação ao sono da criança, quando bebê chorava a noite, mas quando era amamentada parava.
Atualmente dorme bem à noite em uma cama de solteiro com a luz apagada.
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A criança não apresenta nenhuma curiosidade, por isso ninguém ainda conversou sobre esse
assunto. Segundo a avó vai falar de sexo com a criança quando achar que é necessário.
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A avó relatou que a criança teve pneumonia e ficou internada por oito dias, a idade que a
mesma tinha na época ela não soube dizer, ela que ficou de companhia da neta, falou que a criança a
todo instante pedia para ir para casa. Atualmente vem tendo muitas gripes e problemas de garganta,
foi ao oftalmologista e foi detectado problema de visão começando a usar óculos no mês de agosto
de 2000, com 1 grau numa lente e meio na outra.
As responsabilidades em relação aos cuidados da casa e da educação da criança são da avó, quanto
ao avô durante a semana encontra-se ausente, devido ao seu trabalho que é na zona rural.
Quando a avó não pode comparecer às reuniões na escola, manda a irmã mais velha da criança para
reapresentá-la. A avó que orienta a criança quanto aos seus deveres e horários, tarefas de casa,
banho, ir à escola, dormir, brincar, etc.
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Entre os membros da família da criança há muito diálogo e compreensão, tanto por parte dos
avós como pela tia, irmã e primos que moram na mesma casa, sempre brincam e como estudam na
mesma escola, vão e voltam juntos.Demonstram muito respeito e carinho entre si, quase não
brigam. Vão à igreja juntos e também a festas e ao parque de diversão.
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Quanto ao seu relacionamento com o avô, é bom, sempre que tem um tempo conversa com a
neta com muito carinho; a criança demonstra gostar muito dele como se fosse seu pai, segundo a
avó ele faz sempre os gostos da neta.
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Atualmente a família reside em casa própria composta de seis cômodos, sendo: duas salas,
dois quartos, uma cozinha, um banheiro e uma varanda. Moram na casa sete pessoas: o avô, a avó,
duas primas, a tia e uma irmã. A renda familiar é proveniente do trabalho do avô e da filha que mora
com os pais. Utilizam-se de serviços públicos de saúde; mas quando o caso é grave pagam consulta
em médicos particulares. Os avós procuram dar as melhores condições possíveis para formação das
netas dentro de suas possibilidades.
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Segundo o relato da avó os pais da criança mudaram da cidade de Ivinhema onde hoje a avó
reside para a cidade de Araçatuba, com suas duas filhas, uma com 6 anos e 8 meses e M. com 4
meses de nascida; chegando lá foram morar em casa alugada, o pai estava trabalhando e alguns
meses depois perdeu o serviço e ficou desempregado por 3 meses.
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A família passou por muitas dificuldades financeiras, os pais da mãe os ajudaram, a família da
criança estava desestruturando-se, havia discussões, não se entendiam, tiveram que mudar de casa
na mesma cidade; passado alguns meses os pais de M. resolveram separar-se e a criança estava com
1 ano e 3 meses de idade.
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Após a separação, a mãe de M. voltou com as duas filhas para Ivinhema, indo morar com sua
irmã que também estava separada do marido. As duas irmãs se davam bem, dividiam as despesas da
casa e criavam os filhos. Havia apenas um problema, o ex-marido de sua irmã, com quem veio
morar não se conformava com a separação, e sempre nas discussões com sua irmã a ameaçava;
certo dia chegou na casa e começou a discutir com sua irmã e agredi-las puxando um canivete do
bolso, a mãe de M vendo isso entrou na frente do ex-cunhado para separar a briga, foi quando ele a
pegou pelo braço e a degolou saindo correndo depois, as crianças presenciaram a briga e M.
também viu quando sua mãe foi morta. A criança entrou em desespero e toda a família, os avós das
meninas as levaram para morar com eles numa fazenda. O pai das meninas já tinha 3 anos e alguns
meses que estava sumido sem dar notícias, apareceu quando soube da morte da ex-mulher e veio
ver como ficaria a situação das meninas, chegou e falou que não poderia ficar com as meninas
porque tinha se casado de novo de novo e tinha outros filhos, resolveu deixá-las com os avós e
pagar pensão para as duas, mas o dinheiro vem pelo banco e as meninas nunca tiveram contato com
o pai que não vem visitá-las, há anos não se tem notícias dele.
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A criança estava com 5 anos e desde então mora com os avós maternos, ela cresceu uma
criança transtornada e fala pouco, a família procura suprir suas necessidades afetivas dando-lhe
muito carinho e amor.
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AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA COM A CRIANÇA
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O objetivo da avaliação é situar os recursos de aprendizagem da criança através da avaliação
de aspectos cognitivos, afetivos e psicolingüísticos. Pretende-se assim obter uma compreensão
global da forma do aprender da criança, bem como, dos desvios que estão ocorrendo no processo de
aprendizagem e adaptação escolar.
M. é uma criança de 9 anos, cor branca, parece um pouco pálida sendo sua altura e peso
compatíveis a sua faixa etária. Não demonstra dificuldade em coordenação motora grossa, sua
postura, marcha, equilíbrio e tônus estão em harmonia, incorporados ao movimento do corpo.
Utiliza corretamente o lápis, demonstra destreza e manejo dos objetos, sua coordenação motora fina
é boa, tem algumas falhas ortográficas, o que é o esperado para sua faixa etária. Quando a criança
estava realizando uma atividade de recortes escolheu uma figura que retratava uma família unida
comemorando uma festa de aniversário de uma criança, ao fazer comentários sobre esta figura ficou
comovida. M. demonstra dificuldades na linguagem receptiva e expressiva, sua fala às vezes é silabada
demonstrando dificuldades nas verbalizações; quanto à sequencialização e raciocínio lógico, não
tem dificuldades. Apesar de ter demonstrado insegurança e ansiedade no início da sessão estava
bem humorada, se engajou com plasticidade nas situações, na maior parte da sessão permaneceu
quieta cortando e colando figuras, mas todas de forma organizada em seqüência lógica. Nas
atividades desenvolvidas por M. demonstra coerência e bom raciocínio lógico.
No desenho da “Dupla Educativa”, M. fez uma relação adequada, observa-se uma questão cognitiva
nessa construção lógica do pensamento e da ação. No desenho da “Família Educativa”, ela desenha
todos seus familiares que moram na casa, desenhou sua avó a seu lado, o que demonstra o vínculo
de afetividade maior para com ela, colocando sua irmã em segundo plano no desenho.
Durante a produção dos desenhos M. demonstrou muita calma, mas sempre tampava o que
desenhava com uma das mãos, demonstrando insegurança, os desenhos foram feitos na linha de
solo e com detalhes. Ela demonstra três etapas dos desenhos: preocupação com sua produção
intelectual, ou tendência à fantasia, ou ainda frustração quanto ao seu desempenho, tendência à
passividade, desajuste, inibição, esforçando-se para manter contato com a realidade, afetividade, é a
avó, a figura mais dominante e alguns sinais de agressividade (reprimida/latente), de tendência de
perfeccionismo ou desejo de controle e depressão de sentimento inferioridade, uma autocrítica,
parece sentir-se “perseguida”.
Do texto transcrito pela criança, foi através de um desenho dado que a criança detalhou o texto na
oralidade e na escrita, e descreveu utilizando-se exclusivamente da letra cursiva. Utilizou-se do
ponto final para cada frase, usou letra maiúscula e minúscula com distinção, apresenta trocas
auditivas, alterações ortográficas, omissão de letras demonstrando também confusão entre letras que
apresentam na escrita, sons semelhantes à fala (apoio na oralidade). Também apresenta em várias
palavras de segmentação inadequada e representações múltiplas. Produz apenas um conjunto de
frases, a própria escola levou-a a elaborar essa representação de escrita, ela coloca no papel aquilo
que normalmente vê em sala de aula e nos livros didáticos, limita-se à escrita de frases simples,
geralmente constituída de um sujeito, um verbo e seu complemento. Analisando o texto, parece que
a criança encontra-se na chave terciária no nível 5 – hipótese alfabética, mais ainda, encontra
resíduos da chave secundária e primária. Para avaliação das habilidades orais, foram realizadas as provas do teste de audibilização onde
foram aplicadas três etapas: primeira: discriminação fonemática, segunda: memória, e terceira:
conceituação. Nesta prova a criança obteve um bom desempenho classificando-se no grupo superior
nas três provas. Nos testes de “Detecção de rimas I,” a criança demonstrou dificuldades em alguns
momentos do teste e no teste de “Detecção de rimas II”, não teve dificuldades, também nesses dois
testes teve 100% de acertos. De modo geral, a criança apresentou-se mediante os testes que lhe
foram aplicados, boa habilidade no que se refere a: discriminação sintática, conceituação,
memorização, organização sintática, semântica e as rimas, a criança encontra-se no grupo de
classificação (superior), estando adequado a sua faixa etária, ou seja, a criança parece apresentar
prontidão para alfabetização no que se refere às habilidades de linguagem.
M. não demonstrou dificuldades nas áreas: esquema corporal, lateralidade, posição, direção, espaço,
quantidade, forma, discriminação visual, discriminação auditiva e verbalização de palavras. Em
análise e síntese, M. não demonstrou dificuldades em coordenação motora fina, suponho que a
criança teve um acerto de 100% no IAR. Nas provas da bateria de Zazzo, (esquema corporal, mão, olho, orelha), M. não demonstrou
dificuldades, obtendo nas provas um total de pontos considerado pela sua faixa etária, estar dentro
do padrão de normalidade; em alguns testes chegou a obter o máximo de pontos. Na orientação
espacial direita e esquerda Piaget, (Bateria de Zazzo), M. não demonstrou dificuldades em realizar
as provas, portanto considero a criança segundo Piaget bem sucedida nas provas. Em síntese parece
não apresentar problemas para estas habilidades.
Pode-se observar através do exame clínico com as provas Piagetianas que a criança apresentou um
bom nível de cooperação durante as atividades propostas. Demonstrou entendimento quanto às
instruções envolvendo-se com intimidade com o material, em algumas provas foi necessário repetir
as instruções. As provas aplicadas foram: conservação de quantidades discretas, conservação das
quantidades de líquidos, conservação da massa, classes: mudança de critério ou dicotomia, inclusão
de classes (frutas) e seriação de bastonetes. De modo geral a criança manteve seu julgamento
durante as contras argumentações, não demonstrando dúvidas quanto a sua autonomia para o
raciocínio (lógico), sempre respondia com segurança dando a resposta certa em relação às perguntas
sugeridas.
Em síntese pode se dizer que a criança encontra-se no Período Operacional Concreto, “tendo já
noção dos conceitos de conservação, classificação e seriação, a criança consegue realizar todas as
operações cognitivas, ela descentra suas percepções, acompanha as transformações e alcança a
reversibilidade das operações mentais com justificativas claras e objetivas, desta forma, com base
nestes indicativos, pode se dizer que o desenvolvimento cognitivo desta criança encontra-se de
acordo com sua faixa etária, visto que sua idade cronológica é de 9 anos”.
A criança não demonstrou sinais de oposição ou resistência e aceitou bem a tarefa.Verificou-se que
estava ansiosa na fase e assistência. Pode se observar que a criança compreendeu bem as instruções
da tarefa e também já possuía o conhecimento dos atributos (cor, forma e tamanho), pois os
identificou e os reconheceu corretamente.
Na fase de assistência não foi necessário o uso de adicionais concretos de memória (blocos lógicos;
não necessitou de grande quantidade de suporte instrucional).
Comparando as três fases (inicial, assistência e manutenção) constatou-se que não houve mudança
no desempenho de base em nenhuma das fases, é uma criança ativa, fez perguntas relevantes de
busca de informações apresentando tentativas corretas para a solução das tarefas, mas, em alguns
momentos apresentou perguntas incorretas e irrelevantes.
Analisando o comportamento desta criança observou-se que não foi necessário o uso dos blocos
lógicos como suporte de ajuda para melhorar seu desempenho na fase de assistência, a mesma
demonstrou raciocínio lógico chegando ao resultado correto da tarefa. Com relação à verbalização
houve êxito total nas tentativas, explicitando o raciocínio empregado.
Em síntese, pode-se concluir que a criança obteve um desempenho suficiente, mesmo sem a
utilização de suporte instrucional, mantendo um padrão ativo para a formulação de perguntas de
busca de informação, demonstrando facilidade de memorização. Desta forma, considero a
pontuação obtida, esta criança pode ser caracterizada como tendo um desempenho alto-escore, ou
seja, possui um raciocínio com boas estratégias cognitivas e com competência para a aprendizagem.
Utilizando-se das provas piagetianas e da avaliação assistida esta criança apresenta um nível de
funcionamento cognitivo no “Período Operacional Concreto”, possuindo noção de conceitos de
conservação, classificação e seriação, conseguindo realizar todas as operações cognitivas, descentra
suas percepções e acompanha as transformações alcançando a reversibilidades das operações
mentais, com justificativas claras e objetivas. Pode-se dizer que o desenvolvimento cognitivo desta
criança encontra-se de acordo com a faixa etária, visto que sua idade cronológica é de 9 anos.
Outra característica de seu funcionamento cognitivo, observado através da avaliação assistida é que
a criança obteve desempenho suficiente, e não precisando do suporte instrucional, manteve um
padrão ativo para a formulação de perguntas de busca de informação, demonstrando facilidade de
memorização, estratégia e exclusão. Desta forma, esta criança pode ser caracterizada como tendo
um desempenho de auto-escore, e estratégias cognitivas para boas aprendizagens.
Concluindo, tem-se uma criança com desenvolvimento cognitivo esperado para sua idade,
demonstrando um raciocínio lógico adequado e que seu baixo rendimento escolar não está
relacionado ao seu potencial cognitivo e sim a outros aspectos psicológicos.
Através do questionário de conners realizado com a avó, a criança apresentou uma pontuação geral
(47 pontos), que pode ser considerada abaixo da linha de comprometimento. Os aspectos
comportamentais preservados da criança estão relacionados a: área de ansiedade, problemas de
conduta, comportamento anti-social e comportamento perfeccionista. As áreas mais comprometidas
são:
tensão
muscular,
comportamento
psicossomático,
problemas
de
aprendizagem
e
comportamento impulsivo/hiper-ativo. Considerando que a pontuação total foi abaixo de (58
pontos), no caso não aparece à necessidade de ser encaminhada a outros profissionais.
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No questionário de conners respondido pela professora, os itens que medem cada área de
transtorno de comportamento da aluna o total de pontuação foi de (40 pontos), também abaixo da
linha de comprometimento, ou seja, não mostra problemas comportamentais acentuados.
Para o critério diagnóstico para Déficit com a avó, demonstrou que tem mais dificuldades na área
de: Hiperatividade e Impulsividade, considerando que é mais freqüente em indivíduos da mesma
idade de M. Demonstra através dos critérios e diagnósticos características para o Distúrbio de
Déficit (DDAH), sendo que ainda pelo (DSMIII-R), o (DDAH) pode com o grau de
comprometimento.
Pode-se dizer que a criança encontra-se com grau de comprometimento “Moderado” de
(Hiperatividade e Impulsividade), intermediário entre o grau leve e grave.
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Através da avaliação psicopedagógica percebeu-se que a criança em estudo, vem
vivenciando situações emocionais afetivas que influenciam em seu rendimento escolar, a mesma
citada acima tem nove anos, estuda a segunda série em uma escola pública sendo repetente; foi
encaminhada pela escola a pedido da coordenadora e professora, as queixas ou motivos da consulta
relatadas por ambas é que a criança tem pouca participação em grupo na sala de aula, dispersandose com facilidade, tem raciocínio lento, tem defasagem às sílabas complexas, omite letras na sua
grafia, lê de forma silabada demonstrando insegurança e não gostando de ler em voz alta.
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Diante do quadro apresentado, foi elaborado um plano de trabalho para estudar a criança que
possivelmente apresente dificuldade de aprendizagem.
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Os aspectos importantes a salientar neste contexto são os resultados das realizações das
técnicas utilizadas na avaliação com a criança. Na técnica aplicada da observação do funcionamento
cognitivo da criança frente a um jogo de raciocínio (Torre de Hanói), pode-se observar que o
estágio de pensamento dessa criança encontra-se no período de transição no estágio pré-operacional
e operações concretas devido à mesma demonstrar características fundamentais neste primeiro
estágio como: sua linguagem possibilitava certa distância da ação, dificuldade em expressar a ordem
do jogo, fazer relações e seguir regras. Compreende-se que a mesma encontra-se também no estágio
das operações concretas devido ter compreendido que a regra do jogo sendo que as peças maiores,
não poderiam ficar sobre as menores, e que deveria se formar uma pirâmide em ordem crescente.
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Na técnica realizada através da observação clínica da criança (EOCA), a mesma demonstrou
insegurança e ansiedade no início da sessão, mas estava bem humorada e se engajou com
plasticidade às situações, demonstrando coerência e um bom raciocínio lógico nas atividades
desenvolvidas.
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No que se refere à avaliação afetiva através das técnicas expressivas a criança expressou
através de desenhos as três etapas: “dupla educativa, família educativa e fazendo o que mais gosta”,
demonstrou através dos desenhos preocupação com a sua produção intelectual, tendência à fantasia,
frustração quanto ao seu desempenho, tendência à passividade, desajuste e inibição esforçando-se
para manter contato com a realidade; afetividade e alguns sinais de agressividade (reprimida
latente) de tendência de perfeccionismo ou desejo de controle e depressão de sentimento de
inferioridade, autocrítica, parece sentir-se “perseguida”. Esta entre outras foram as expressões de
seus desenhos.
!
Quanto à avaliação do desempenho na escrita, na leitura, na matemática e do material
escolar, conclui-se que a criança não apresenta grandes dificuldades, suponho que tenha algumas
falhas que geralmente acontecem nesta faixa etária e série que se encontra, sendo uma criança
observadora e criativa encontrando-se na fase alfabética; presumindo-se que a criança através de
uma participação ativa em eventos de leitura e escrita em diversos contextos sócio-culturais e na
matemática com jogos no concreto, venha desenvolver seu raciocínio lógico e com isso sanar suas
dificuldades.
!
No tocante a avaliação dos aspectos psicolingüísticos: sondagem da concepção da escrita e
da Smolka, teste de audibilização Claressa Golbert e avaliação da consciência fonológica (Rimas);
em referência a Smolka não foi necessária a sua utilização, já no teste de audibilização aplicou-se as
três etapas que são: 1ª discriminação fonemática, 2ª memória e 3ª conceituação; nestas etapas a
criança obteve um bom desempenho classificando-se no grupo superior; nos testes de “detecção de
Rimas I”, demonstrou dificuldades em alguns momentos do teste e no Rimas II, não teve
dificuldades, obtendo assim 100% de assertividade; de um modo geral a criança apresentou-se
mediante os testes que lhe foram aplicados uma boa habilidade no que se refere à discriminação
fonemática, conceituação, memorização, organização sintático-semântica e as rimas, encontrando
no grupo de classificação superior estando adequada a sua faixa etária, ou seja, a criança parece
apresentar prontidão para a alfabetização em referência às habilidades de linguagem. !
Avaliação de habilidades na área Psicomotora (IAR) – Bateria de Zazzo: M. não demonstrou
dificuldades nas áreas: esquema corporal, lateralidade, posição, direção, espaço, quantidade, forma,
discriminação visual, discriminação auditiva e verbalização de palavras. Sinteticamente, a criança
não apresentou dificuldades na coordenação motora fina, obtendo um índice de assertividade de
100% neste teste.
!
Em referência aos testes de Zazzo (esquema corporal, mão, olho e orelha), M. não
demonstrou dificuldades obtendo nas provas um total de pontos considerados pela sua faixa etária
estar dentro do padrão de normalidade.
!
Na orientação espacial direita esquerda, Piaget (Bateria de Zazzo), M. não demonstrou
dificuldades em realizar as provas, portanto considero a criança segundo Piaget bem sucedida nas
provas. Em síntese parece não apresentar problemas para estas habilidades.
!
Referindo-se ao método clínico de Piaget, pode-se dizer que M. encontra-se no período
operacional concreto, tendo a noção dos conceitos de conservação, classificação e seriação, a
criança consegue realizar todas as operações cognitivas; ela descentra suas percepções, acompanha
as transformações e alcança a reversibilidade das operações mentais com justificativas claras e
objetivas, podendo dizer que seu desenvolvimento cognitiva encontra-se de acordo com sua faixa
etária, visto que sua idade cronológica é de nove anos. !
Na avaliação assistida: sintetizando, pode-se concluir que a criança obteve um desempenho
suficiente, mesmo sem a utilização de suporte instrucional, mantendo um padrão ativo para a
formulação de perguntas de busca de informação, demonstrando facilidade de memorização.
Desta forma, considero a pontuação obtida, esta criança pode ser caracterizada como tendo um
desempenho alto-escore, ou seja, possui um raciocínio com boas estratégias cognitivas e com
competência para a aprendizagem.
Outra característica de seu funcionamento cognitivo, observado através da avaliação assistida é que
a criança obteve desempenho suficiente, e não precisando do suporte instrucional, manteve um
padrão ativo para a formulação de perguntas de busca de informação, demonstrando facilidade de
memorização, estratégia e exclusão. Concluindo, tem-se uma criança com desenvolvimento cognitivo esperado para sua idade,
demonstrando um raciocínio lógico adequado e que seu baixo rendimento escolar não está
relacionado ao seu potencial cognitivo e sim a outros aspectos psicológicos.
!
Através do questionário de conners realizado com a avó, a criança apresentou uma
pontuação geral, que pode ser considerada abaixo da linha de comprometimento. Os aspectos
comportamentais preservados da criança estão relacionados a: área de ansiedade, problemas de
conduta, comportamento anti-social e comportamento perfeccionista. As áreas mais comprometidas
são:
tensão
muscular,
comportamento
psicossomático,
problemas
de
aprendizagem
e
comportamento impulsivo/hiper-ativo. Considerando que a pontuação total foi de baixo rendimento
não apresenta a necessidade de ser encaminhada a outros profissionais
.
No questionário de conners respondido pela professora, os itens que medem cada área de
transtorno de comportamento da aluna apresentaram-se também abaixo da linha de
comprometimento, ou seja, não mostra problemas comportamentais acentuados.
Para o critério diagnóstico para Déficit com a avó, demonstrou que tem mais dificuldades na área
de: Hiperatividade e Impulsividade, considerando que é mais freqüente em indivíduos da mesma
idade de M., demonstrada através dos critérios e diagnósticos, características para o Distúrbio de
Déficit (DDAH), sendo que ainda pelo (DSMIII-R), o (DDAH) pode relacionar-se com o grau de
comprometimento.
Pode-se dizer que a criança encontra-se com grau de comprometimento “Moderado” de
(Hiperatividade e Impulsividade), intermediário entre o grau leve e grave.
!
Desenvolver-se-ão os aspectos relacionados à auto-estima, para que a criança se sinta mais
segura quanto às aprendizagens escolares, a família também deve estar sendo trabalhada através de
um processo de orientação psicopedagógica enquanto estiver intervindo com a criança, sendo que o
processo de intervenção psicopedagógico com a criança e orientação com os pais será objeto do
terceiro capítulo desta monografia.
!
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA COM A CRIANÇA E ORIENTAÇÃO PARA A
FAMÍLIA.
!
O objetivo desta será estabelecer procedimentos de intervenção e de auxílio à criança em seu
processo de aprendizagem.
!
Os aspectos abordados sobre a avaliação da criança, foram relatados à sua avó, pessoa
que está respondendo em lugar de seus pais; foi-lhe dito que durante o tempo de trabalho realizado
com a criança observou-se que M. é uma menina que não apresenta problemas quanto a sua
inteligência, sendo assim considerada uma criança normal, não demonstrando dificuldades em
relação ao seu desenvolvimento psicomotor e de pré-requisito para a alfabetização, sendo assim
uma criança capaz de tocar sua vida para frente.
!
Esclareceu-se para a avó o que está acontecendo com a criança é que ela não está
utilizando tudo o que ela tem, por certa imaturidade e essa imaturidade faz com que ela não se
envolva com a escola. Com isso ela tem pouca motivação, pouco prazer, e pouco envolvimento, se
ela estivesse mais envolvida estaria aprendendo melhor.
!
CONCLUSÃO
!
Este trabalho apresentado teve como objetivo avaliar e conhecer os problemas de aprendizagem de
uma criança e intervir de forma que ela possa sanar essas dificuldades. Sendo assim, o objetivo
específico desta monografia foi de proporcionar a nós alunos, uma visão mais aprofundada sobre o
trabalho psicopedagógico clínico, sistematizando todos os conhecimentos adquiridos durante o
curso. Além disso, o intuito desse trabalho teórico e prático, foi de uma avaliação e intervenção das
dificuldades da criança, para que esta resgatasse toda a sua capacidade de aprendizagem.
A experiência obtida através da avaliação e intervenção deste caso, possibilitou-me a percepção de
que muitos dos problemas de aprendizagem da criança, não estão relacionadas a dificuldades de
linguagem ou defasagens cognitivas, mas sim como diz Pain (1.958), são sintomas proveniente das
vivências da criança que acabam reduzindo suas potencialidades para as aprendizagens.Portanto
apenas com um trabalho psicopedagógico clínico estes sintomas podem ser detectados, e após uma
avaliação adequada, ser propostos planos de intervenção que venham atender as necessidades da
criança.
No caso desta criança observa-se que as intervenções necessárias não estiveram direcionadas apenas
para as questões pedagógicas, mas sim para aspectos afetivos e sociais que lhe possibilitaram maior
auto conhecimento e maturidade para o enfrentamento das situações de aprendizagens sociais e
escolares de uma forma mais segura.
Os aspectos trabalhados com a criança foram nas áreas: emocional, cognitiva e perceptivo-motora,
sendo que na área cognitiva a criança demonstrou através da avaliação das provas Piagetianas, entre
outras, que seu desenvolvimento cognitivo encontra-se de acordo com sua faixa etária, estando
dentro do padrão de normalidade. Quanto à área perceptivo-motora foram desenvolvidas várias
técnicas: avaliação de habilidades na área psicomotora (I.A.R), avaliação dos aspectos
psicolingüísticos, teste de audibilização, avaliação da consciência fonológica (EOCA), entre outras,
porém nesta área e mediante as estas técnicas aplicadas não foram detectada nenhum grau de
comprometimento, a criança encontra-se no grupo de classificação (superior), estando adequada a
sua faixa etária, ou seja, ela parece apresentar prontidão para alfabetização no que se refere às
habilidades de linguagem.
Na área emocional foram trabalhadas várias técnicas como: avaliação afetiva através das técnicas
expressivas, sondagem do comportamento da criança através do questionário de Conners, trabalho
desenvolvido com o livro “Abrindo Janelas”, livro “Quando eu comecei a crescer”, entre outros.
Considerando os aspectos relevantes desse trabalho, nesse caso, pode se dizer que o objetivo foi
atingido, sendo que a criança acompanhada nesse caso tinha algumas dificuldades de insegurança,
baixa auto estima, imaturidade e não teve uma família estruturada, mora com os avós, tinha algumas
dificuldades na escola, porém é uma criança receptiva e tem um bom potencial intelectual.
Sendo assim, foram realizadas dez sessões de intervenções onde através dos testes aplicados
conseguiu-se que a criança superasse grande parte das suas dificuldades, mas devido ser um
problema mais ligado aos aspectos emocionais, ainda a minha proposta é que ela continue mais
algum tempo na intervenção de modo extensivo, a cada quinze dias, para que ela venha adquirir
uma maior segurança, como objetivo de uma preparação para a sua alta, para que a criança fortaleça
os seus aspectos psicológicos.
Através de posturas terapêuticas, foi mostrado a ela que dá para relacionar de outra forma sem
perder o amor das pessoas e sem ter que pedir algo em troca.
Nas sessões de orientações com a família, desse caso, houve uma grande mudança da visão da avó
sobre a criança, deixou de vê-la como coitadinha, indefesa e de fazer sempre suas vontades. Hoje
tem outra visão percebeu-se que a neta está crescendo que não é mais uma criança e tem que ter
responsabilidades e tomar suas próprias decisões em determinada situações e que deve orientá-la
quando for preciso e deixa-la que faça as coisas por si, sem ter que mandar, só assim ela adquirirá
responsabilidades e autonomia.
Portanto ao final das intervenções realizadas com a criança neste ano demonstrou mudança no seu
comportamento, está mais confiante em si própria demonstrando mais segurança e
responsabilidades pelos seus atos, isso já foi uma grande conquista para mim, porém este caso me
proporcionou não só como conhecimento para a área, mas contribuiu para meu crescimento pessoal.
!
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