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4 • Superesportes • Brasília, segunda-feira, 5 de maio de 2014 • CORREIO BRAZILIENSE
Dilma lamenta a morte de torcedor no Recife e defende novamente a instalação de delegacias especializadas,
mas a capital pernambucana conta com uma unidade, a 2,9km do estádio, desde o meio do ano
TRAGÉDIA
NO ARRUDA
PRESIDENTEPEDE
OQUEJÁEXISTE
Bernardo Dantas/DP/D.A Press
presidente Dilma Rousseff
usou a rede social para lamentar a morte do torcedor Paulo Ricardo Gomes
da Silva no Recife, na sexta-feira, e
defendeu a instalação de delegacias especializadas nos estádios,
assim como fez após as cenas de
selvageria na Arena Joinville, no
Brasileirão de 2013, quando organizadas deVasco e Atlético-PR entraram em confronto.
“O país que ama o futebol não
pode ser tolerante com a violência nos estádios. A morte do torcedor Paulo Ricardo Silva, depois
de uma partida de futebol no Recife, é mais um triste exemplo da
urgência de se instalar delegacias
especializadas nos estádios”, escreveu a presidente. “A violência
nos estádios precisa ser coibida
com rigor pelas polícias locais.
Os criminosos devem ser processados e julgados. Estádios de futebol são palco da alegria e da
paixão. Devemos todos nos unir
pela #PazNosEstádios.”
Pernambuco, no entanto, já
conta com uma unidade especializada em delitos praticados
por torcedores. A Delegacia de
Repressão à Intolerância Esportiva foi oficializada em 21 de junho
de 2013, por meio do Diário Oficial do Estado. Ela está localizada
no bairro de São José, na sede da
Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core), que fica a
2,9km (ou oito minutos de carro)
do estádio. Ou seja, atende à determinação feita em dezembro
pelo governo federal, quando da
violência em Joinville, de instalação de unidades num raio de até
5km dos estádios.
Nem isso, porém, impediu que
fosse registrada mais uma morte
em evento esportivo. Paulo Ricardo Gomes da Silva foi atingido
por um vaso sanitário depois do
jogo entre Santa Cruz e Paraná no
Estádio do Arruda, válido pela
terceira rodada da Série B do
Campeonato Brasileiro.
A
Recompensa
À parte o inquérito policial, a
Federação Pernambucana de Futebol (FPF) resolveu ajudar na
busca pelos assassinos. Em parceria com o Disque-Denúncia
Pernambuco, a entidade oferece
recompensa de até R$ 5 mil para
quem colaborar com algum tipo
Na torcida do rival
Simpatizante do Sport,
Paulo Ricardo estava na
torcida do Paraná durante
o jogo. Na saída, acabou
atingido pelo vaso atirado
da arquibancada onde
estavam torcedores
do Santa Cruz.
de informação que possa identificar os suspeitos.
Enquanto isso, a Polícia Civil
pode ter conseguido uma importante contribuição para encontrar os autores da barbárie. Ontem, a delegada Gleide Ângelo,
responsável pelo caso, foi à sede
do Santa Cruz e recebeu os vídeos das câmeras de segurança
do local. “Recolhemos todas as
imagens e elas foram entregues.
Não chegamos a vê-las, mas todas estão de posse da polícia”, explicou o vice-presidente jurídico
do Santa Cruz, Eduardo Lopes.
Ainda segundo ele, o serviço de
monitoramento no Arruda é feito
por uma empresa terceirizada.
Por meio de uma nota oficial
no site do clube, o presidente do
Santa Cruz, Antônio Luiz Neto,
lamentou a morte de Paulo Ricardo. No comunicado, o dirigente
se solidarizou com a família do
torcedor e ratificou o esforço do
clube na luta contra a violência
no futebol.
Feridos
Além da morte de Paulo Ricardo, três torcedores ficaram feridos na tragédia. Eles foram encaminhados a hospitais do Recife,
mas ontem apenas um permanecia internado. José Adryan Ferreira Lima, de 20 anos, passou por
cirurgia. O hospital não informou
a previsão de alta. Já Tarkini Cauã
Gonçalves de Araújo entrou com
pedido de alta às 6h de domingo
e foi liberado. No sábado, Wanderson Widerlam Gomes Alves,
22 anos, também deixou a UPA.
Jogos com
portões fechados
O Superior Tribunal de Justiça
Desportiva (STJD) manteve ontem a
interdição do Arruda definida no sábado
pela CBF e foi além. De forma
preventiva, determinou que os jogos do
Santa Cruz contra o Lagarto-SE, na
quarta-feira pela Copa do Brasil, e o
Luverdense, sábado, pela Série B, sejam
com portões fechados. Por fim, proibiu
a entrada das torcidas organizadas do
clube em qualquer estádio do país até
que os assassinos do torcedor Paulo
Ricardo sejam identificados.
Repercussão
internacional
A morte de Paulo Ricardo Gomes da
Silva repercutiu fora do Brasil. Como
o país será sede da Copa do Mundo,
vários jornais internacionais deram
destaque à tragédia, como o inglês
Mail Online, os espanhóis Marca e
Sport e o italiano La Gazzetta dello
Sport. Na maioria das reportagens,
o tom era de preocupação e de
indignação com o ocorrido.
Mãe de Paulo Ricardo, Joelma Valdevino chegou a desmaiar durante o velório e não queria se separar do filho
A dor de uma mãe
Recife — “Não deixa ele ir embora. Fica, Paulinho, fica.Volta pra
casa.” A dor de Joelma Valdevino,
mãe do torcedor Paulo Ricardo
Gomes da Silva, não se mede. Às
14h40, quando o caixão foi colocado em uma das sepulturas do
Cemitério de Santo Amaro, ela,
que chegou a desmaiar durante o
velório, continuava a pedir o impossível. “Volta, Paulinho, volta.”
Ele não vai voltar. Foi tirado da
mãe de forma estúpida. Tendo o
futebol como pano de fundo.
Na última despedida, o choro
de dona Joelma foi dividido com o
de muitos familiares e amigos.
Torcedores também estiveram
presentes. Muitos da uniformizada do Sport à qual Paulo fazia parte. No momento em que o caixão
foi colocado na sepultura, gritos
de guerra do clube e da organizada foram entoados. Mas a dor de
Não deixa ele ir embora.
Fica, Paulinho, fica. Volta pra casa”
Joelma Valdevino, mãe do torcedor Paulo Ricardo, no enterro do filho
dona Joelma não é a de quem perde um jogo, um título, um torcedor. Era a dor de quem perdia um
filho. Gritos de “justiça” também
surgiram na cerimônia.
Padrasto de Paulo Ricardo,
Maurício Francisco de Oliveira
direcionou a revolta para o presidente do Santa Cruz, Antônio
Luiz Neto. “A gente continua indignado. E ainda por cima o presidente do Santa Cruz fala que
não tinha ninguém dentro do estádio na hora do acidente? Como
pode falar isso? Ele tinha que ser
punido também. Isso é um absurdo. Não era nem para ser presidente de um clube”, desabafou.
Maurício declarou que vai lançar mão de todas as medidas judiciais possíveis. E o Santa Cruz
também deve ser processado. “A
gente está querendo justiça, principalmente com quem fez isso.
Mas com o clube também.”
Amparada pelos familiares,
dona Joelma deixou o cemitério.
A contragosto. Não queria se separar do filho. “Me deixem aqui.
Quero ficar aqui.”
Ed Alves/CB/D.A Press
CAMPEONATO CANDANGO
Vaga nos acréscimos
e muita confusão
Com a vantagem a seu lado, o
Brasília entrou em campo no Serejão, ontem, dependendo apenas do empate para se classificar
à decisão do campeonato candango. Já o Brasiliense estava disposto ao tudo ou nada. E o Jacaré
chegou a sentir o gostinho da vaga. Ganhava por 2 x 1 até que, nos
acréscimos da partida, aos 49 minutos, o árbitro Rodrigo Raposo
marcou um pênalti a favor do colorado. Clécio bateu, aos 52, e garantiu o 2 x 2, suficiente para levar o Brasília à final contra o Luziânia na próxima semana.
Após o gol, a torcida do Jacaré
tentou invadir o campo. Sem
conseguir, jogou pedras contra a
arbitragem. A polícia usou bombas de efeito moral para conter o
tumulto. O policiamento seguiu
para o lado de fora do estádio e
mais agentes foram acionados
com o objetivo de proteger os jogadores no vestiário.
Revolta
Em campo também houve
confusão. Os jogadores do Brasiliense partiram para cima da
arbitragem, que foi protegida
por policiais. Os atletas estavam
revoltados porque, na visão deles, o juiz deveria ter encerrado
o duelo antes do lance capital.
Luquinhas, autor de um dos
gols do Jacaré, estava inconformado. “O jogo já tinha acabado.
Isso prejudica muito o nosso
trabalho”, lamentou. O técnico
Marcos Soares tentou manter a
calma, elogiou a atuação do
elenco, mas também criticou a
marcação do árbitro: “Tínhamos tudo para ganhar, mas o
Raposo foi infeliz”.
Do lado colorado, no entanto,
só havia alegria. “Não era para esse grupo ficar fora da final. Ainda
temos muito o que corrigir, mas
eles têm mostrado um futebol de
qualidade”, elogiou o técnico Luís
Carlos Carioca.
Com o resultado, o Brasília enfrenta o Luziânia no próximo sábado, na primeira partida da final
do campeonato candango, em
local ainda não definido pela Federação Brasiliense de Futebol. O
Brasiliense, por sua vez, ficará
dois meses e meio parado e voltará a jogar em 19 de julho, pela Série D do Campeonato Brasileiro.
Os gols da partida saíram no
segundo tempo. Luquinhas abriu
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THAÍS CUNHA
Policiais protegem a arbitragem da fúria dos jogadores do Brasiliense no Serejão: pênalti da discórdia
o placar aos 23 minutos, aproveitando falha da zaga. Sete minutos
depois, Matheuzinho deixou tudo
igual. Os donos da casa ficaram à
frente novamente aos 40, em pênalti sofrido por Luquinhas e convertido por Ramón. A vitória controversa do colorado foi decretada
aos 49, quando Kaká foi derrubado pelo volante Everton dentro da
área. Clécio bateu e converteu.
BRASILIENSE
2
Welder; Dedê, Cauê, André Luiz e Jorge Henrique;
Everton, Ederson, Baiano (Ramón) e Zé Roberto
(Romarinho); Daniel (Luquinhas) e Luiz Carlos
Técnicco: Marcos Soares
2
BRASÍLIA
Artur; Fernando, André Nunes, Márcio Santos e
Kaká; Pedro Ayub (Bryan), Clécio, Matheuzinho
(Daniel) e Índio; Alekito e Claudecir
Técnicco: Luís Carlos Carioca
Gols: Luquinhas aos 23; Matheuzinho aos 30; Ramón, aos 40; e Clécio, aos 52 minutos do segundo tempo
■ Cartões amarelos: Welder, Dedê, Cauê, Éderson, Ramon, Romarinho, Luquinhas e Matheuzinho
■ Cartões vermelhos: Índio, Éverton e Luiz Carlos
Público: 1.264 pagantes Renda: R$ 3.364 Árbitro: Rodrigo Raposo
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