CARTA REGIONAL
DE COMPETITIVIDADE
TÂMEGA
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1. TERRITÓRIO
Com uma área geográfica de 2.620 km2, o correspondente a 12.3% da região Norte, o Tâmega
é um território muito heterogéneo e de transição entre a Área Metropolitana do Porto (AMP) e o
interior daquela região.
FIGURA 1 – SUB-REGIÃO TÂMEGA
É possível dividir a sub-região do Tâmega em dois agrupamentos de municípios (Vale do Sousa e
Baixo Tâmega).
O Vale do Sousa é constituído pelos municípios de Penafiel, Paredes, Felgueiras, Lousada, Paços
de Ferreira e Castelo de Paiva. Este território confina a Norte com o Vale do Ave, a Sul com o Entre
Douro e Vouga, a Oeste com a AMP e a Este com o Baixo Tâmega.
A estrutura paisagística do Vale do Sousa comporta, em função do seu carácter ambiental, ecológico
e de ocupação humana, três tipos de espaços essenciais:
• Eixo central (Oeste/Leste), marcado pelo acentuado crescimento de pólos de concentração
demográfica e económica (Paredes e Penafiel). O desenvolvimento deste eixo urbano e
industrial levou à fixação de quase metade da população do Vale do Sousa e combina-se
com o crescimento dos centros urbanos a Norte: Paços de Ferreira e Lousada. Trata-se
de um território que ainda conserva vários trechos de paisagens tradicionais mas que é
fortemente marcado por uma modelação derivada da expansão urbana local.
• Os espaços rurais tradicionais que ainda persistem, fundamentalmente na parte Norte do
Vale do Sousa e no eixo entre Douro e Paiva, que conservam ainda paisagens com traços
fortes do Baixo Minho, marcadas pelos campos agrícolas muito recortados, associados a
uma policultura de base familiar, às vinhas e pomares e aos trechos de floresta que cobrem
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as áreas mais altas e com solos menos produtivos. Este “mosaico” de paisagens difere,
contudo, entre as Terras do Sousa e as do Paiva, na medida em que estas últimas estão
combinadas com um referencial ambiental influenciado pelo Vale do Douro e as primeiras
detêm um povoamento mais denso.
• Os territórios com paisagem natural dominante, correspondentes aos vales dos principais
cursos de água (Douro, Sousa, Paiva, Tâmega e Ferreira).
O Baixo Tâmega agrupa 7 municípios (Celorico de Basto, Mondim de Basto; Cinfães, Resende,
Amarante, Baião e Marco de Canaveses) que integram uma “Comunidade Urbana”, marcadamente
de cariz rural.
Em termos demográficos, geográficos e históricos, o Baixo Tâmega apresenta duas realidades
distintas: as Terras de Basto, zona de transição entre o litoral minhoto e as terras transmontanas,
englobando os três municípios mais a Norte; o território marcado pelos rios Douro e Tâmega, que
integram os três municípios mais a Sul. Estas duas realidades territoriais são ainda marcadas pelos
vales encaixados ao longo do complexo montanhoso Alvão/ Marão.
O Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) insere o Tâmega no “Arco
Metropolitano do Porto”, onde o Porto emerge como capital e como núcleo de um novo modelo de
ordenamento da conurbação do Norte Litoral.
No âmbito do Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte, o Tâmega também se
enquadra no espaço sub-regional “Arco Metropolitano”, que engloba as NUTS III do Grande Porto,
Cávado, Ave, Tâmega e Entre Douro e Vouga.
Um dos traços territoriais mais marcantes desta sub-região prende-se com a clara manifestação
de processos difusos de urbanização: os principais centros urbanos, bem como outros espaços
de especialização produtiva, organizam um território dinâmico, em transformação, apesar da
manutenção de algumas características de ruralidade.
Todavia, a rede urbana do Tâmega é muito frágil: no Baixo Tâmega, apenas Amarante representa
um centro urbano com alguma relevância; o Vale do Sousa apresenta uma rede urbana mais densa,
com vários centros urbanos de pequena dimensão relativamente próximos (Felgueiras, Paços de
Ferreira, Paredes e Penafiel).
A inserção na região Norte e a proximidade da AMP conferem ao Tâmega um posicionamento
privilegiado na rede de acessibilidades regional e de ligação ao restante País.
A rede de acessibilidades encontra-se estruturada em torno de um corredor bimodal, orientado no
sentido Este-Oeste, formado pela A4/IP4 e pela Linha do Douro. Este eixo rodoviário é a principal via
de comunicação inter-regional: a Oeste, permite a ligação ao Porto, respectiva área metropolitana e
à Auto-Estrada do Norte; a Este, possibilita a conexão ao interior Norte e à fronteira.
Para além deste corredor bimodal, importa relevar a A42/IC25 (ligação à A3, no nó de Ermesinde)
e a A11/IP9 (ligação à A7/IC5, no sentido de Felgueiras), ambas conectadas à A4/IP4.
De referir que, no contexto das ligações rodoviárias intra-regionais, e mesmo após os investimentos
realizados na requalificação das principais estradas regionais, mantêm-se alguns constrangimentos
relacionados com a conexão entre as sedes de município e as freguesias rurais, bem como com a
articulação entre a rede regional e a rede municipal estruturante.
No domínio da ferrovia, de referir a existência da Linha do Tâmega, que efectua a conexão a
Amarante, a partir da Linha do Douro. Todavia, a circulação nesta Linha foi suspensa em Março de
2009, por motivos de segurança.
Com a melhoria das acessibilidades rodoviárias, a Linha do Douro tem vindo a perder a sua relevância
na conexão do Tâmega com o exterior. Não obstante, esta Linha tem beneficiado de diversas
intervenções de modernização (electrificação e instalação de sistemas de sinalização electrónica
e de controlo da velocidade), o que lhe permite manter-se como uma ligação complementar com o
Porto (sentido Oeste) e com o interior do Norte (sentido Este).
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2. DEMOGRAFIA
Em 2009, residiam no Tâmega cerca de 560 mil indivíduos. O Vale do Sousa destaca-se pelo
marcado crescimento da sua população e pelos mais elevados efectivos populacionais. A forte
expansão demográfica, sentida desde a década de 1940, permanece no presente, tendo-se assistido
a variações de população residente de 8.7% entre 1991 e 2009. É de salientar que o conjunto
Penafiel-Paredes representa quase metade da população total do Agrupamento de Municípios do
Vale do Sousa (47%) e tem vindo a assumir um papel de centralidade urbana no Tâmega.
FIGURA 2 - POPULAÇÃO RESIDENTE - 2009
Fonte: INE.
FIGURA 3 - TAXA DE CRESCIMENTO EFECTIVO DA POPULAÇÃO - 2009
Fonte: INE.
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Celorico de Basto, Baião, Resende, Cinfães e Castelo de Paiva são os municípios periféricos e
integram a área de transição entre o norte litoral e o interior. Nestes municípios, as tendências
repulsivas e de perda de população manifestam-se claramente; em oposição, os municípios
de Paços de Ferreira e da Lousada registaram um crescimento demográfico superior à média
nacional.
No seu conjunto, o Tâmega apresenta uma densidade populacional relativamente elevada (214
hab/km2), quando comparada com o Norte e o País (valores respectivos de 176 hab/km2 e 115.4
hab/km2). Os valores mais elevados de densidade populacional registam-se nos municípios de
Paredes (557.6 hab/km2), Felgueiras (509.7 hab/km2) e Lousada (500.0 hab/km2).
Deve-se notar que as elevadas densidades populacionais registadas em alguns municípios não se
consubstanciam na existência de núcleos urbanos com dimensão suficiente para exercerem uma
clara capacidade polarizadora ao nível do Vale do Sousa e do Baixo Tâmega, predominando, como
se fez referência, a dispersão do povoamento e das actividades económicas.
Mesmo considerando a tendência para a concentração populacional, prevalece como característica
do sistema de povoamento do Tâmega a sua dimensão rural, traduzida no significativo peso da
população a residir em lugares com menos de 2.000 habitantes (76.8%, em 2001), valor claramente
superior ao do Norte (49.9%) e ao do Continente (44.7%).
Os efeitos polarizadores são exercidos sobretudo pelas “capitais” de municípios sobre as respectivas
freguesias e pela AMP, principalmente sobre o eixo Paredes-Penafiel.
A população residente em pequenos lugares (com menos de 500 habitantes) representava cerca
de 65% da população total.
O índice de envelhecimento da população residente no Tâmega era, em 2009, de 73%, valor
inferior ao registado no Norte (102%) e no País (118%). Todavia, as disparidades inter-concelhias
deste indicador demográfico são muito evidentes: os municípios de Lousada e Paços de Ferreira
(com os mais baixos valores do índice de envelhecimento demográfico – 56%) contrastam com os
municípios Ribeira de Pena (187%) e Resende (137%).
3. ACTIVIDADES ECONÓMICAS,
POLOS INDUSTRIAIS E CLUSTERS
Em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) a preços correntes da sub-região Tâmega rondava os 4.9
mil milhões de euros (o equivalente a 2.9% do total nacional e a 10.3% do total da região Norte).
Em termos de Valor Acrescentado Bruto (VAB), a relevância nacional e regional da sub-região
ronda os mesmos valores. As actividades industriais representam cerca de 31% do total do VAB do
Tâmega (correspondendo a cerca de 5% do VAB industrial do país).
Em 2009, o PIB per capita a preços correntes do Tâmega era de 8.7 milhares de euros (valor muito
abaixo da média nacional, de 15.8 milhares de euros, e da média da região Norte, de 12.8 milhares
de euros). O índice de disparidade do PIB per capita em relação à média nacional permite aferir que
o Tâmega apresenta um PIB per capita cerca de 45% abaixo do valor médio nacional.
De referir que o Tâmega regista índices de poder de compra da população muito reduzidos, apesar
de se observarem diferenças intra-regionais consideráveis. A situação mais desfavorável deste
indicador económico regista-se no Baixo Tâmega, onde se encontram três dos municípios mais
pobres do País, com índices de poder de compra per capita inferiores a 40% da média nacional:
Celorico de Basto, Cinfães e Ribeira de Pena. Os municípios Resende (41.8%), Baião (43.4%),
Mondim de Basto (44.8%) e Cabeceiras de Basto (44.9%) completam o quadro de um nível de
vida muito baixo, apenas ligeiramente excedido pelos municípios Marco de Canaveses (56.7%) e
Amarante (58), este já um município de transição, mais próximo da AMP.
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A sub-região representava, em 2010, cerca de 3.3% dos fluxos do comércio internacional em
Portugal. Em 2009, a taxa de cobertura das entradas pelas saídas na sub-região foi de 224% (muito
acima da média regional de 114% e da média nacional de 62%).
Numa aferição à intensidade exportadora do Tâmega, conclui-se que as exportações representam
cerca de 19% do PIB da sub-região.
O Tâmega faz já parte da coroa menos exportadora, menos industrializada e menos diversificada
do Norte e Centro Litoral do País.
Em 2009, cerca de 156 mil indivíduos desenvolviam a sua actividade económica no Tâmega, o
equivalente a 4.2% do emprego total do País. A actividade económica mais representativa em
termos de emprego é a indústria transformadora (cerca de 37% do emprego total), seguindo-se a
agricultura, produção animal e silvicultura (14%), a construção civil (12%) e o comércio por grosso
e a retalho (11%).
De referir que a indústria têxtil e a indústria do couro e dos produtos de couro (calçado) representam
20% do emprego total da sub-região.
Os municípios Paços de Ferreira, Paredes e Felgueiras, em virtude do maior dinamismo económico,
concentram parte substantiva do emprego do Tâmega. É evidente a heterogeneidade interna
da sub-região em termos de actividade económica e emprego: de um lado, os municípios mais
dinâmicos e mais industriais (Paços de Ferreira, Lousada, Felgueiras, Paredes, Penafiel, Marco de
Canavezes, Amarante e Castelo de Paiva); do outro, os municípios mais rurais, na fronteira com
o Douro e com Alto Trás-os-Montes (Baião, Cinfães, Resende, Cabeceiras de Basto, Celorico de
Basto, Mondim de Basto e Ribeira de Pena).
Apesar desta dualidade, o Tâmega é essencialmente um espaço industrial, ainda que o padrão
territorial difuso, sem uma zonagem clara e diferenciada entre áreas urbanas, rurais ou industriais,
apresente cenários e paisagens marcados pela ruralidade.
Em 2009, cerca de 40 mil empresas tinham sede nos municípios do Tâmega, 42% das quais no
eixo Paços de Ferreira-Paredes-Penafiel. Felgueiras concentra 12% das empresas com sede no
Tâmega.
Os sectores de actividade económica mais representativos em termos empresariais são, por
ordem decrescente de importância, o comércio por grosso e a retalho (32% do total de empresas
sedeadas na sub-região), a indústria transformadora (17%), a construção civil (14%) e as actividades
imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas (11%).
No contexto da indústria, destaque para os seguintes sectores: indústria têxtil (20% do total de
empresas com sede na sub-região); indústrias do couro e de produtos do couro (11%); indústrias
metalúrgicas de base e de produtos metálicos (10%) e a indústria da madeira, cortiça e suas obras
(7%).
A taxa de natalidade de empresas no Tâmega foi, em 2008, inferior à média nacional (12.7% contra
14.2%). Por seu turno, a taxa de mortalidade de empresas foi, em 2007, de 13.9% (inferior à
registada a nível nacional – 16.1%).
No que respeita à estrutura dimensional das empresas com sede nos municípios da sub-região,
cerca de 92% das empresas são micro-empresas (sobretudo de base familiar e artesanal); as
pequenas e médias empresas representam cerca de 7% do total de empresas.
Cerca de 27% dos Trabalhadores por Conta de Outrem (TCO) desenvolviam, em 2008, a sua
actividade em empresas com menos de 10 trabalhadores. Nos municípios Mondim de Basto e
Resende, esta proporção ronda os 50%. Apenas 9% dos TCO estão integrados em empresas
com mais de 250 trabalhadores. Penafiel e Paços de Ferreira são os municípios que apresentam
maior importância relativa destas empresas de maior dimensão no emprego dos TCO (valores
respectivos de 16% e 13%).
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Apesar de o tecido industrial do Tâmega ser dominado por PME, existem unidades industriais de
grande dimensão associadas a investimentos estrangeiros em sectores intensivos em mão-deobra.
Em 2009, as empresas do Tâmega atingiram um volume de negócio de 7.6 mil milhões de euros.
Os sectores mais representativos em termos de volume de negócios foram, por ordem decrescente
de importância: comércio a retalho, excepto de veículos automóveis e motociclos (17% do volume
de negócios total); comércio por grosso, excepto de veículos automóveis e motociclos (15%);
promoção imobiliária (desenvolvimento de projectos de edifícios) e construção de edifícios (10%);
indústria do couro e dos produtos do couro (8%); fabrico de mobiliário e de colchões (6%).
FIGURA 4 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MENOS DE 10 TRABALHADORES - 2008
Fonte: INE
FIGURA 5 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MAIS DE 250 TRABALHADORES - 2008
Fonte: INE
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Especialização da base produtiva
O Tâmega engloba territórios com uma estrutura económica muito distinta. Por um lado, os
municípios que integram o Vale do Sousa inserem-se, ainda que com diferentes cambiantes, no
grupo de territórios com um nível de industrialização elevado, decorrente da presença de clusters
em actividades trabalho-intensivas e de pequenas e médias empresas. Por outro lado, os municípios
do Baixo Tâmega apresentam níveis de industrialização muito menos expressivos, constituindo
Amarante uma zona de transição.
As actividades designadas por “actividades instaladas” no documento estratégico “Norte 2015” –
isto é, as indústrias tradicionais dos sectores têxtil, vestuário, calçado e madeira e mobiliário -,
intensivas em mão-de-obra e pouco tecnológicas, encontram no Tâmega alguns dos seus clusters
territoriais mais densos, com um grande número de empresas industriais.
Assim, em termos de clusters o que especifica esta sub-região são as seguintes características:
O cluster têxtil, em que têm expressão algumas empresas de confecções, como por
exemplo a Petratex – Confecções, a Calvelex – Indústria de Confecções, a Crialme –
Fabricação, Exportação e Importação de Confecções, a Profato – Empresa de Confecções,
etc. São ainda de destacar duas empresas especializadas no segmento muito exigente dos
têxteis para uso médico e hospitalar – a Fapomed – Indústria de Confecção de Produtos
Médico-Cirúrgicos e a Bastos Viegas (vd. Caixas).
O cluster calçado que tem na sub-região um importante pólo (concentrado em Felgueiras),
embora enfraquecido com o encerramento da multinacional C&J Clark – Fábrica de Calçado.
Referência para a presença das empresas Classic & Casual - Indústria de Calçado, Sioux
Portuguesa - Fábrica de Calçado, Codizo - Empresa de Calçado da Longra, Carité Calçados,
Fábrica de Calçados Kiarte (vd. caixa), Ecoway, Jóia Calçados e várias outras empresas
exportadoras.
O cluster Madeira/Papel, na sua vertente madeira, tem na sub-região (sobretudo no Vale
do Sousa) uma forte concentração de indústrias de mobiliário (exemplo da Móvelpartes, do
Grupo Sonae Indústria, ou da Cerne – Indústria de Mobiliário, vd. Caixas). A indústria de
mobiliário do Vale do Sousa tem estado virada fundamentalmente para o mercado interno.
No entanto, parece estar a surgir competitividade em alguns ramos da indústria no sentido
da exportação de móveis standard para certos sectores, como a hotelaria (exemplo da
empresa Móveis Viriato – vd. Caixa).
Para além destes clusters existem no Tâmega presenças isoladas de empresa de outros sectores,
como a Gewiss Portugal - Indústria de Material Eléctrico, especializada em equipamentos eléctricos
de baixa tensão, ou a Vincke - Tubos Flexíveis.
Por outro lado, a extracção de granito assume alguma importância e tradição no Vale do Sousa, em
particular no município de Penafiel.
Por último, de referir que o Tâmega concentra cerca de 20% da área total de vinha da Região
Demarcada dos Vinhos Verdes. O Vale do Sousa é um território produtor de vinhos verdes por
excelência, beneficiando da presença de algumas das mais importantes, reconhecidas e premiadas,
casas vinícolas produtoras de vinho verde.
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CAIXA 1 - FAPOMED – INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO
DE PRODUTOS MÉDICO-CIRÚRGICOS
A Fapomed foi criada há cerca de 2 décadas, no município de Felgueiras, por um antigo administrador hospitalar e empresário têxtil.
Esta empresa afirmou-se no mercado com o objectivo inicial de fornecer uma multinacional ligada à produção e comercialização
artigos de health care e de dispositivos médicos. Este facto permitiu-lhe especializar-se na produção de batas cirúrgicas e
campos operatórios descartáveis à base de não-tecidos.
A Fapomed dispõe de uma equipa de profissionais qualificados para o aconselhamento sobre as melhores soluções na área
da cobertura cirúrgica, incluindo kits operatórios e batas cirúrgicas destinados a operações de pequenas e grandes cirurgias,
constituindo as soluções mais avançadas no controlo de infecções.
Fontes: Fapomed.
CAIXA 2 – BASTOS VIEGAS
Com um século de existência, a Bastos Viegas localiza-se em Penafiel e é o principal produtor e fornecedor português de
dispositivos médicos não activos. A empresa desenvolveu uma imagem corporativa para os seus produtos, criando uma marca
internacional, exportada regularmente para cerca de 80 países. A empresa começou por produzir algodão em rama e pensos
cirúrgicos para o mercado nacional e colónias portuguesas.
Hoje, com cerca de 350 colaboradores, a empresa representa em Portugal muitas das grandes marcas internacionais de
descartáveis de uso médico, que distribui no mercado nacional através da sua empresa associada Nieto Guimarães.
Criou em 1995 o primeiro sistema português de vendas por correio, sob a marca registada Medical Express, que representa um
auxiliar diário das múltiplas actividades directa ou indirectamente relacionadas com o sector da saúde.
Fontes: Bastos Viegas
CAIXA 3 – KIARTE - FÁBRICA DE CALÇADO DE MANUEL LEITE DE MELO
A Kiarte é uma empresa integralmente constituída por capitais nacionais que teve o seu início de actividade em 1987. Dedica-se
exclusivamente à produção de calçado conforto para senhora, para uma faixa etária acima dos 45 anos. Em 1987 já existia o
sapato “conforto” na empresa. Contudo, dada a procura crescente deste tipo de produto, a Kiarte intensificou a sua produção e
dedicou-se, em exclusivo, a este nicho de mercado. A sua facturação ultrapassa os 6 milhões de euros. Toda a sua produção é
destinada ao mercado externo, sendo os mercados mais importantes a França, os EUA e a Inglaterra. Contudo, também exporta
para outros mercados, como a Espanha, Austrália, Noruega, Hungria, Grécia, entre outros.
Fontes: Kiarte.
CAIXA 4 – MOVELPARTES
A Movelpartes é uma unidade industrial da Sonae Industria SGPS. Constituída em 1989, a sua principal actividade consiste
na transformação de painéis e produção de componentes e “mobiliário em kit”, utilizando painéis de aglomerado de madeira
revestido a papeis melamínicos. Produz mobiliário para as principais cadeias de bricolage nacionais.
Em 2005 lançou no mercado ibérico a linha “Make it”, que propõe produtos inovadores, intemporais e de qualidade, a preços
acessíveis e disponíveis em grandes superfícies comerciais.
Fontes: Móvelpartes.
CAIXA 5 – MÓVEIS VIRIATO
A Móveis Viriato é uma empresa familiar, fundada em 1952, que exerce a sua actividade no fabrico de mobiliário doméstico de
madeira, de estilo contemporâneo, de gama de fabrico média/alta, com desenho próprio.
No início da década de 90 a empresa detectou um nicho de mercado com oportunidades de negócio nos mercados externos:
o mobiliário hoteleiro. Esta aposta permitiu o seu rápido crescimento e reorientação para esses mercados. Exporta cerca de
metade da sua produção. A última aposta da empresa está relacionada com o mercado infantil, através da marca DADA. A
empresa é detentora da Trienal, empresa de comércio e distribuição.
A Móveis Viriato conta com um volume de negócios superior a 20 milhões de euros e com cerca de 120 colaboradores, exportando
54% dos seus produtos para o mercado mundial.
Destaque para os mercados da Suécia, França, Espanha, Arábia Saudita, Cabo Verde, Tahiti, entre outros.
Fontes: Móveis Viriato.
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CAIXA 6 – CERNE - INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO
Criada em 1990, no município Castelo de Paiva, a empresa Cerne é das poucas empresas em Portugal que fabrica mobiliário em
madeira maciça (100% maciço). No inicio da sua actividade, tinha como principal mercado alvo a exportação, mas posteriormente
virou-se para o mercado nacional. Na Export Home de 1992 (Feira nacional do Porto), a empresa lançou um inovador projecto
de mobiliário, com design próprio, que alcançou um enorme sucesso junto dos profissionais do sector do mobiliário. Este projecto
baseava-se na modularidade, na flexibilidade de soluções e na resposta integral para as casas dos clientes.
Assim, apostando em sistemas modulares ou de componentes, a Cerne dá a possibilidade a cada cliente de criar o móvel mais
adequado às suas necessidades, divisões e gosto.
Esta empresa destaca-se também por disponibilizar, em todos os seus pontos de venda de franchising, por todo o País e pela
região da Galiza, um software que possibilita a simulação de várias implantações para um determinado espaço que se pretenda
mobilar.
Fontes: Cerne.
CAIXA 7 – COLUNEX PORTUGUESA
Fundada em 1986, a Colunex é uma das mais tradicionais e conhecidas empresas de sistemas de descanso do País. Actuando,
inicialmente, apenas com uma modesta e artesanal unidade fabril, conquistou o conceito de qualidade de produtos e serviços
que se estende por uma rede de 18 lojas próprias e cerca de 2000 Farmácias e Ortopedias.
Na segunda metade da década de 90, já na segunda geração familiar, iniciou-se uma nova era, voltada para a inovação,
transformando-se em Sociedade Anónima. Marcada pela criatividade e pela inovação tecnológica, foram lançados nesta fase
produtos que causaram grande impacto no mercado pelo seu design avançado, funcionalidade e inovação.
Mais tarde, a empresa passou a operar também nas áreas profissionais de hotelaria, alta decoração e saúde e, em 2000, de
Sociedade Anónima passa a SGPS, de forma a garantir a estabilidade do seu futuro. Como exemplos mais significativos do
seu sucesso destacam-se o facto de ser a única empresa de sistemas de descanso home care e o projecto Sheraton Porto e
SPA, no qual a Colunex, concorrendo com multinacionais do sector, foi a escolhida para equipar com colchões e sommiers esta
prestigiada unidade hoteleira e respectivo SPA.
Fontes: Colunex.
4. RECURSOS HUMANOS - EDUCAÇÃO BÁSICA E SECUNDÁRIA
No Tâmega, em cada 100 indivíduos com idades entre os 18 e os 24 anos cerca de metade não
concluíram a escolaridade obrigatória, nem se encontram a frequentar qualquer estabelecimento
de ensino.
O nível de escolaridade da população revela uma situação gravosa para todos os municípios da
sub-região. O nível de instrução de cerca de 84% dos TCO não ultrapassa o 3º Ciclo do ensino
básico.
A representatividade do nível mais elevado de escolaridade (ensino superior) é muito reduzida: a
taxa de escolarização do ensino superior é de apenas 5.5%, valor muito inferior ao observado na
região Norte (24.7%) e no País (28.1%).
No que respeita ao ensino básico, as taxas de escolarização em 2008/2009 são inferiores à média
da região Norte e do País: 129.4% contra 131.8% e 130.6%, respectivamente.
No mesmo ano lectivo, a taxa de retenção e desistência no ensino básico atingia níveis globalmente
próximos (embora ligeiramente superiores) da média do Norte e do País (na ordem dos 6%), embora
muito mais elevados nos seguintes municípios: Baião (9.5%), Cabeceiras de Basto (8.5%), Paredes
(8.1%).
É no 3º Ciclo do ensino básico que se evidenciam as mais elevadas taxas de abandono escolar (na
ordem dos 13%, valor mais elevado que a região Norte, com um valor respectivo de 12%, e o País,
de 14%). Em Celorico de Basto, este indicador atinge os 19%, seguindo-se os municípios Baião
(18%) e Paredes (17%). O ensino profissional não é oferecido em todos os municípios do Tâmega
e assume uma importância diferenciada nos vários municípios que dispõem de estabelecimentos
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deste nível de ensino. As áreas dominantes em que o ensino profissional de nível 3 é oferecido
referem-se a áreas de especialização da base económica local e a áreas de futuro desenvolvimento.
Existem cursos ligados à indústria do calçado, do trabalho da pedra, do mobiliário e de outros
domínios de carácter técnico e tecnológico e de gestão de actividades económicas diversas (de
salientar a viticultura e enologia), assim como no âmbito do apoio ao turismo, hotelaria e restauração
e formações de arqueologia, património, animação cultural e outras.
De referir a importância local dos seguintes estabelecimentos de ensino profissional: a Profisousa,
Associação de Ensino Profissional do Vale do Sousa (em Paços de Ferreira); a Escola de Ensino
Profissional de Felgueiras; a Escola Profissional CENATEX (pólo de Felgueiras) e o Centro de
Formação Profissional da Industria de Mobiliário e Madeira (em Paredes).
Desde 2008 que o Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica
(CENFIM) lecciona, em Amarante, cursos relevantes para os sectores metalúrgico, metalomecânico
e electromecânico.
No ano lectivo 2008/2009 estavam inscritos cerca de 3000 alunos nos cursos profissionais
leccionados no Tâmega, a esmagadora maioria em cursos profissionais de nível 3.
Em paralelo com o ensino profissional são oferecidos cursos de formação pós-secundária não
superior (Cursos de Especialização Tecnológica - CET) na Escola Superior de Tecnologia e Gestão
de Felgueiras, pólo do Instituto Politécnico do Porto. No ano lectivo 2008/2009 estavam inscritos nos
Cursos de Especialização Tecnológica leccionados no Tâmega cerca de mil alunos, concentrados
sobretudos nas áreas da administração, acção social e informática.
FIGURA 6 - ALUNOS INSCRITOS EM CURSOS TECNOLÓGICOS POR ÁREA CIENTÍFICA
(% TOTAL INSCRITOS NESTE TIPO DE CURSOS)
ANO LECTIVO 2008/2009
Fonte: Ministério da Educação.
QUADRO 1 - CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO TECNOLÓGICA – ANO LECTIVO 2009/2010
Instituição Promotora
Instituto Politécnico do Porto
Estabelecimento
Escola Superior de Tecnologia e Gestão de
Felgueiras
Designação do CET
Aplicações Informáticas de Gestão
Desenvolvimento de Produtos Multimédia
Instalação e Manutenção de Redes e
Sistemas Informáticos
Fonte: Direcção Geral do Ensino Superior.
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5. RECURSOS HUMANOS - ENSINO SUPERIOR
E INVESTIGAÇÃO
5.1. Diplomados do ensino superior
Como se fez referência, apenas cerca de 5.5% dos residentes no Tâmega concluíram o ensino
superior, valor muito aquém da média registada no Norte e no País.
A sub-região conta com a presença das seguintes instituições de ensino superior:
Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU), localizada no
município de Paredes – é uma cooperativa de ensino superior nas ciências da saúde e
dinamizadora da investigação científica e universitária nesta área. Iniciou a sua actividade,
em 1997, com a licenciatura em medicina dentária, mas alargou o seu leque de oferta
através de duas escolas superiores de saúde do Instituto Politécnico de Saúde do Norte - a
Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa (ESSVS), no município de Paredes, e a Escola
Superior de Saúde do Vale do Ave (ESSVA), em Vila Nova de Famalicão. A CESPU integra
ainda o Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte.
Além da CESPU; existem em Felgueiras a Escola Superior de Tecnologia e Gestão (escola
de ensino superior público, integrada no Instituto Politécnico do Porto) e o Instituto Superior
de Ciências Educativas (ISCE).
É evidente a especialização dos estabelecimentos de ensino superior do Tâmega nas áreas
científicas relacionadas com as ciências da saúde. No ano lectivo 2008/2009, cerca de 40% dos
alunos concluíram os seus estudos no domínio da saúde – cuidados pessoais (enfermagem,
psicologia, fisioterapia, podologia e prótese dentária); 36% diplomaram-se em cursos no domínio das
ciências da vida (medicina dentária, cirurgia oral, anatomia patológica, citológica e tanatológica).
FIGURA 7 - DIPLOMADOS POR ÁREA CIENTÍFICA
ANO LECTIVO 2008/2009 (% TOTAL)
Fonte: Direcção-Geral do Ensino Superior.
5.2. Investigação
Em 2008, apenas 280 indivíduos desenvolviam actividades de I&D na sub-região Tâmega, sobretudo
em empresas e instituições de ensino superior. As despesas em I&D foram, naquele ano, de cerca
de 9.8 mil milhares de euros.
A CESPU tem desenvolvido actividades de investigação científica no contexto dos seus
estabelecimentos de ensino superior (sobretudo do Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte),
através de unidades de I&D. Entres estas unidades destacam-se a Hemopat (com actividades no
domínio da hemopatia) e o Laboratório de Microbiologia Oral.
82
6. A INOVAÇÃO EMPRESARIAL NA REGIÃO
O Tâmega não se destaca ainda, no contexto da região Norte e do País, pelas actividades de
inovação empresarial. No entanto, têm surgido algumas infra-estruturas de apoio à actividade
empresarial que poderão ser indutoras da inovação na sub-região. Entre estas infra-estruturas
destacam-se:
•
Centro de Incubação de Empresas de Novas Tecnológicas do Vale do Sousa (TecVal) incubadora de empresas de base tecnológica, desenvolvida numa parceria entre a Câmara
Municipal de Paços de Ferreira, a Associação Empresarial de Paços de Ferreira e a
Profisousa, que se destina a albergar projectos empresariais inovadores.
• TecTâmega – Associação para o Desenvolvimento Tecnológico do Tâmega – criada em
2007 e com sede em Felgueiras, na Zona de Acolhimento Empresarial da Várzea, tem
como objectivos promover e apoiar o desenvolvimento tecnológico da sub-região Tâmega,
através da criação de infra-estruturas de apoio tecnológico à indústria e da elaboração de
projectos e lançamento de acções que contribuam para a modernização do sector industrial,
em particular as PMEs.
• Incubadora do Vale do Sousa Associação (IVSA) – inaugurada em 2008, tem a sua sede no
Centro de Empresas e Inovação, sito na Zona Industrial nº2 de Penafiel. Pretende instituirse como um pólo aglutinador e moderador de uma forte relação entre profissionais, os
projectos incubados e a investigação, promovendo parcerias com pólos universitários,
principalmente nas áreas da saúde, ambiente e novas tecnologias.
No contexto das empresas inovadoras, merecem destaque as seguintes empresas:
CAIXA 8 – AJP MOTOS
Criada em 1987, a AJP Motos é uma empresa portuguesa, com sede em Galegos (Penafiel), que se dedica ao desenvolvimento,
produção e comercialização de motociclos. Começou como uma oficina de preparações de motos mas constitui actualmente a
única unidade produtiva nacional de motociclos.
Muito embora se trate de uma empresa de pequena dimensão, ao longo dos anos a AJP foi introduzindo conceitos inovadores, de
nível mundial, em particular no segmento de enduro-lazer, que hoje são imagem de marca da AJP. De salientar o braço oscilante
em alumínio fundido numa só peça, o depósito de combustível situado debaixo do banco, a afinação desportiva do motociclo, com
suspensões e travões testados directamente na competição e o design agressivo e moderno.
Reconhecendo o know-how da AJP Motos na concepção de motociclos de competição e o seu conhecimento dos mercados, a
AICEP Capital Global assumiu, em Março de 2009, uma participação relevante no capital da AJP Motos.
Este reforço de capital visa dotar a empresa dos meios necessários ao desenvolvimento de um plano de expansão da sua
actividade, que lhe permita, num espaço temporal de 5 anos, alcançar a meta mínima de produção de 3.000 unidades/ano.
Pretende-se assim potenciar a capacidade de desenvolvimento e know-how de base nacional, de uma empresa fortemente
apostada na exportação, num mercado de grande visibilidade internacional e no qual Portugal já teve presença, através de outras
marcas nacionais entretanto desaparecidas.
Fontes: AJP Motos; Imprensa.
CAIXA 9 – PETRATEX
A Petratex é uma empresa de confecções localizada em Paços de Ferreira e constituída em 1990, que desenvolve, fabrica e
fornece produtos para diversas marcas de vestuário que integram um conceito de inovação e prestigio, tendo desenvolvido o
conceito NOSEW de “peças inteiramente coladas” prescindindo das costuras e das linhas. Tem vindo também a especializar-se
em tipos especiais de vestuário quer para práticas desportivas – deve-se-lhe a concepção e fabrico do fato de banho utilizado pelo
campeão olímpico Michael Phelps nas Olimpíadas de Pequim (o LZR RACER) quer para finalidades clínicas.
Recentemente liderou a concepção e fabrico de um tecido elástico, anti transpiração e sem costuras a integrar no VITAL JACKET
um conceito revolucionário de vestuário desenvolvido com o IEETA - Instituto de Electrónica e Telemática de Aveiro e a empresa
BIODEVICES – uma camisola que realiza electrocardiogramas graças à incorporação de três eléctrodos e à ajuda de um placa
de hardware que grava os dados recolhidos
Também desenvolveu o Kinetic Energy Wear uma peça de vestuário associada ao IPod assegurando uma conectividade
multimédia.
Fontes: PETRATEX; Imprensa.
83
7. OS NOVOS PROJECTOS E ACTIVIDADES
Actividades emergentes
São duas as actividades com potencialidades de desenvolvimento futuro no Tâmega:
Ciências da Saúde – a localização de instituições de ensino superior especializadas na
área da saúde e a proximidade à AMP, onde actualmente se desenvolvem vários projectos
inovadores neste domínio, poderão ser aproveitadas de forma eficiente pelas empresas e
instituições de apoio ao I&D localizadas no Tâmega. Existem já na sub-região empresas
especializadas na área dos dispositivos médicos (Bastos Viegas e Fapomed) que poderão
funcionar como alicerces de desenvolvimento das competências no domínio das ciências
da vida. De referir que estas empresas integram o Pólo de Competitividade e Tecnologia
Health Cluster Portugal (Associação do Pólo de Competitividade da Saúde), reconhecido
formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva e que integra os líderes nacionais
na área da saúde (exemplo de empresas como Bial, Alfama, Bluepharma, Biotecnol,
Crioestaminal, entre muitas outras).
Criatividade e Design – alguns sectores de especialização da base produtiva do Tâmega
poderão ascender na cadeia de valor através da aposta no design e criatividade. Relevância
para a sua aplicação nos sectores do vestuário, do calçado e do mobiliário. A participação
de algumas empresas da sub-região no Pólo de Competitividade da Moda alavanca esta
possibilidade de reforço da competitividade dos sectores do vestuário e calçado (apenas
uma empresa do Tâmega - a Jóia Calçados – integra desde o início este Pólo, mas muitas
outras poderão vir a ser integradas num futuro próximo).
No domínio do mobiliário, são vários os actores do Tâmega que integram a Estratégia de
Eficiência Colectiva promovida pela Associação para o Pólo de Excelência e Inovação das
Empresas de Mobiliário em Portugal (reconhecida como Cluster). De referir a presença
das Associações Empresariais de Paredes e Paços de Ferreira nesta Associação e o
interesse na integração de actores empresariais. Alguns dos projectos previstos (ver ponto
seguinte) permitirão incrementar a inovação e o design no sector do mobiliário. O principal
objectivo deste pólo de excelência é criar uma estrutura de apoio ao cluster do mobiliário
que facilite e promova o desenvolvimento das empresas do sector, nomeadamente através
da internacionalização.
Ainda no domínio da promoção das actividades ligadas à criatividade e ao design, de
referir que a Câmara Municipal de Paredes pretende apostar na participação de designers
e arquitectos na regeneração urbana. Este município integra a Rede Internacional de
Cidades Criativas e está a desenvolver o projecto “Paredes: Cidade Criativa para o Design”,
destinado a atrair profissionais criativos na área do design e da arquitectura, transformando
Paredes num pólo criativo do design. Por outro lado, aquela Autarquia integra a Agência
para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas, também um Cluster reconhecido como
Estratégia de Eficiência Colectiva e que visa funcionar como um pólo de articulação entre
os agentes públicos e privados ligados às indústrias criativas da região Norte.
Novos Projectos
Planit Valley - este projecto, apresentado em Junho de 2009, pretende desenvolver um
Silicon Valley europeu em Paredes, através do investimento da empresa australiana Living
PlanIT, especialista em “project managment”. Este projecto, que tem como objectivo a
criação de uma “cidade inteligente” ou “laboratório vivo à escala urbana”, com actuação
ao nível dos edifícios inteligentes, soluções avançadas de mobilidade, transportes e
84
comunicações, contará com o envolvimento da Cisco Systems e da McLaren.
Instituto de Investigação em Ciências e Tecnologias da Saúde - é um projecto da
responsabilidade da CESPU e da Universidade de Barcelona, que contempla a criação de
dois centros, um de formação e outro de investigação, na área das tecnologias da saúde. O
primeiro ficará localizado em Barcelona, enquanto o centro de investigação será edificado
no Vale do Sousa ou no Baixo Tâmega.
SwedWood – em Maio de 2008, foi inaugurada a fábrica de mobiliário Swedwood Portugal,
pertencente ao grupo industrial Ikea. Constituído por 3 unidades fabris de produtos de
madeira e derivados, este projecto representa um investimento de 135 milhões de euros
(num total de investimento de 660 milhões de euros do grupo Ikea em Portugal) e é
responsável por mais de 2 mil empregos directos. Cerca de 90% da produção destas fábricas
será exportada para as lojas do Ikea da Europa e dos EUA. A matéria-prima (madeira e
derivados de madeira) é em 60% proveniente de Portugal.
Centro Avançado de Design do Mobiliário (CADM) – a localizar em Paços de Ferreira, o
objectivo deste projecto, integrado no Cluster do Mobiliário, é criar um centro criativo em
design de mobiliário que promova a inovação e a I&D, apostando na criação de tendências,
no desenvolvimento de materiais, na criação de protótipos e na inovação das técnicas
produtivas.
Centro de Inovação do Mobiliário (CIM) – também integrado no Cluster do Mobiliário, este
Centro ficará localizado nas instalações do antigo Centro Tecnológico para as Indústrias
da Madeira e Mobiliário (CTIMM), em Paredes, e terá como objectivo testar produtos e
materiais bem como a investigação e desenvolvimento de novas tecnologias e novos
processos de fabrico.
Plataforma logística de Paços de Ferreira – projecto do consórcio In Chain Logistics, que
integra o grupo belga K Puur Logistics e a empresa portuguesa Cimaport. É objectivo
deste projecto tornar Paços de Ferreira uma extensão (o “porto seco”) do porto de Leixões
para toda a região Norte e mesmo para o mercado ibérico e internacional. Esta plataforma
permitirá a importação, exportação e desalfandegamento de toda a espécie de produtos e
funcionará como entreposto aduaneiro.
CAIXA 10 – INICIATIVAS PROVERE LOCALIZADAS NO TÂMEGA
O PROVERE (Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos) é uma tipologia de Estratégias de Eficiência
Colectiva (EEC), previstas pelo QREN, destinada a estimular as iniciativas dos agentes económicos orientados para a melhoria da
competitividade territorial das áreas de baixa densidade, com o objectivo de acrescentar valor económico aos recursos endógenos.
Os projectos integrados em EEC beneficiam de majorações previstas nos diversos sistemas de incentivo e outros programas de
apoio ao investimento no âmbito do QREN.
Entre Outubro de 2008 e Julho de 2009 realizou-se o processo de reconhecimento de candidaturas apresentadas no primeiro
concurso de reconhecimento formal de EEC-PROVERE. Duas das candidaturas aprovadas e reconhecidas como EEC (num total
de 30 candidaturas apresentadas e de 25 candidaturas aprovadas) têm incidência no território do Tâmega: Rota do Românico do
Vale do Sousa e Paisagens Milenares do Douro Verde.
A primeira, é liderada pela Comunidade Urbana do Vale do Sousa e tem como objectivo a salvaguarda e valorização do património
românico do Vale do Sousa, constituído por mosteiros, igrejas, memoriais, pontes e torres erguidos em pedra dura num estilo
rural. Pretende interligar o roteiro do património histórico com a gastronomia, o artesanato, o turismo de habitação e propostas de
animação cultural e religioso.
A segunda, é liderada pela Dolmen - Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega e conta com o
envolvimento directo dos municípios de Baião, Amarante, Marco de Canaveses, Cinfães, Resende, Penafiel e Celorico de Basto,
além de várias entidades privadas.
Entre os projectos desta EEC, contam-se intervenções na antiga cidade romana de Tongobriga, em Marco de Canaveses, a
valorização da Serra da Aboboreira, onde existe um importante campo arqueológico, e uma ecopista a ligar Celorico de Basto a
Amarante. Prevê também uma unidade hoteleira de cinco estrelas na Pala, Baião, a complementaridade com a Rota do Românico
e um projecto de turismo de aldeia, em Baião, além de acções de interligação com o Douro Vinhateiro.
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8. DESAFIOS, RISCOS E OPORTUNIDADES NO MÉDIO PRAZO
O Tâmega constitui um território densamente povoado, com um modelo difuso de desenvolvimento
urbano, demograficamente muito dinâmico e jovem, mas socialmente pouco escolarizado e qualificado,
com graves problemas sociais decorrentes da perda de competitividade dos sectores de especialização
regional e da consequente destruição de emprego. Caracteriza-se por um tecido industrial tradicional,
dominado sobretudo pelas indústrias do mobiliário e do calçado e pouco ancorado nos serviços locais,
e por uma estrutura de serviços e de comércio frágil, pouco diversificada e polarizada.
Na sua estrutura urbana e económica, sobressai uma malha de centros urbanos sub-regionais (como
Paços de Ferreira, Lousada, Felgueiras, Amarante e Marco de Canaveses) e um conjunto de centros
urbanos “estruturantes municipais” (como Castelo de Paiva, Cinfães, Resende, Baião, Celorico de
Basto e Cabeceiras de Basto). Todavia, é evidente a forte dependência do emprego e dos serviços
localizados na Aglomeração Metropolitana do Porto.
Um dos principais riscos que se apresenta ao Tâmega é a incapacidade de fortalecimento da sua
base económica, em torno de actividades mais intensivas em conhecimento, design e criatividade
(seja na indústria de especialização – mobiliário de madeira, calçado e mesmo o têxtil/vestuário -, seja
em novas actividades como as indústrias criativas ou as ciências da saúde).
O calçado e os têxteis são actividades muito orientadas para a exportação e muito expostas à
concorrência internacional. Por seu turno, o mobiliário de madeira tem uma maior orientação
para o mercado interno, mas passarão também pelos mercados externos as possibilidades de
desenvolvimento futuro desta actividade. Nos domínios das actividades de especialização e das
actividades emergentes, a muito fraca presença de entidades de apoio à inovação empresarial, o
ainda muito necessário reforço de empresas inovadoras e de ligação da oferta de ensino superior da
sub-região ao tecido produtivo local surgem como principais elementos inibidores do fortalecimento
da base produtiva deste território. Quer no calçado, quer no mobiliário de madeira, o Tâmega poderá
legitimamente apostar numa posição de liderança nacional nestas indústrias.
Por outro lado, um outro risco a atentar consiste na crescente dependência do Tâmega relativamente
a territórios adjacentes, em particular a Área Metropolitana do Porto, que tendencialmente o
esvaziariam de forma irreversível de funções importantes para o bem-estar e adequado nível de vida
da população residente (serviços de saúde, educação, comércio, funções imprescindíveis para a
coesão em territórios densamente povoados).
Assim, um dos principais desafios futuros para o Tâmega reside na capacidade de aproveitamento
de bases de competências existentes nos sectores industriais de especialização acima identificados
e de captação de investimentos, projectos e talentos em áreas potenciais de desenvolvimento. Neste
âmbito, merece referência o facto de o Tâmega contar com um dos activos ou factores-críticos de
sucesso mais importantes em qualquer estratégia de desenvolvimento sustentado – uma dinâmica
populacional muito positiva e a disponibilidade de jovens que, apostando numa efectiva política de
educação e qualificação (contrariando os elevados níveis de abandono escolar e, portanto, a fraca
escolarização), poderá constituir a maior oportunidade no desenvolvimento futuro da sub-região.
A par do potencial demográfico existente, a continuidade geográfica e a referida interdependência
funcional de Paredes, Paços de Ferreira e Penafiel potenciam a construção de um centro urbano de
dimensão regional, capaz de alavancar a integração activa do Tâmega no processo de desenvolvimento
de territórios adjacentes mais dinâmicos no presente (seja o Grande Porto ou o eixo Ave-Cávado).
Neste domínio, e além do reforço e consolidação da malha urbana, o grande desafio que se apresenta
ao Tâmega é o de conceber espaços de urbanidade que constituam uma oportunidade para construir
uma conurbação dinâmica e que contrarie a excessiva dependência deste território face ao Porto (e
os consequentes efeitos perversos da suburbanização, em contexto de crescimento demográfico e
de acentuadas debilidades sociais e económicas) e/ou o seu “fechamento” na esfera municipal (com
a persistência de dinâmicas de afastamento dos principais pólos económicos da região Norte).
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FICHA TÉCNICA
Coordenação Científica
Professor Doutor José Veiga Simão
José Félix Ribeiro
Execução: Dr. José Félix Ribeiro
e Mestre Joana Chorincas
NOTA: As Cartas Regionais de Competitividade que agora se apresentam foram elaboradas
durante os anos 2008 e 2009, tendo a informação estatística sido actualizadas em 2011. A
informação sobre Empresas e Centros de Investigação deverá ser periodicamente actualizada
dada a dinâmica do mundo empresarial e a evolução das actividades de I&D no País.
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