PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS PARA LEVANTAMENTO DE
INFORMAÇÕES COM TÉCNICOS, GESTORES E PRODUTORES
ORGÂNICOS EM MUNICÍPIOS DA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ1
Lunéia Catiane de Souza
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
[email protected]
Luciano Zanetti Pessôa Candiotto
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
[email protected]
Débora Luzia Gomes
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
[email protected]
Maristela da Costa Leite
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
[email protected]
Talita Caroline Dambros
[email protected]
Resumo
Em contraposição ao Modelo de desenvolvimento agrícola convencional, oriundo da Revolução
Verde surgem formas alternativas de produção que compõem a chamada agricultura ecológica.
Neste texto, apresentamos a metodologia que está sendo utilizada para levantamento de
informações acerca de duas correntes da agricultura ecológica, a agricultura orgânica e a
agroecologia, em nove municípios do sudoeste do Paraná. A partir da aplicação de entrevistas
semi-estruturadas com técnicos da área, gestores municipais e agricultores em cada município,
estamos identificando as principais vantagens, dificuldades, carências e prioridades de ação no
trabalho com agricultura orgânica e agroecologia. De uma forma geral, avaliamos positivamente
os resultados parciais obtidos e acreditamos que a metodologia utilizada está adequada para o
alcance dos objetivos propostos pela pesquisa.
Palavras-chave: Agricultura orgânica. Agroecologia. Metodologia. Entrevistas.
Introdução
Os modelos de desenvolvimento da agricultura interferem diretamente na dinâmica do
espaço agrário, envolvendo as dimensões econômica, social, ambiental, política e
cultural. Desde a década de 1950, o modelo de desenvolvimento agrícola e agrário
predominante, é o da chamada agricultura convencional, ou seja, de uma agricultura
altamente especializada, tecnicizada e dependente de insumos externos. Esse modelo foi
oriundo da popularmente conhecida Revolução Verde (CANDIOTTO, CARRIJO e
OLIVEIRA, 2008), e foi responsável pela modernização da agricultura brasileira e
mundial.
A agricultura baseada na Revolução Verde fundamenta-se na mecanização, no uso de
fertilizantes, agroquímicos e outras técnicas, visando aumentar a produtividade agrícola
e pecuária na maior parte das áreas agricultáveis, atingindo também a região sudoeste
do Paraná, cuja estrutura fundiária é caracterizada pela predominância de pequenos
estabelecimentos rurais, com área entre 0 e 50 hectares (CANDIOTTO et al. 2009) e
com predomínio de estabelecimentos da agricultura familiar.
Como consequência dessa inserção de pequenos agricultores na agricultura
convencional, tornou-se comum nesses tipos de estabelecimentos rurais, o uso intensivo
de tecnologias vinculadas a sementes, maquinários, agroquímicos e outros insumos; a
perda de fertilidade e comprometimento físico dos solos; a contaminação dos recursos
hídricos; a redução da biodiversidade vegetal e animal através do desmatamento;
problemas de saúde nas famílias do campo, entre outras. Tais consequências
influenciam significativamente a dinâmica agrária brasileira, e desencadeiam diversas
alterações nas relações produtivas, sociais e ambientais.
Em contraposição a esta agricultura surgem formas alternativas de produção, mais
equilibradas com o meio ambiente e com a cultura camponesa, que se propõem a
reduzir a dependência de agrotóxicos e de outras técnicas dos setores agrícola, pecuário
e agroindustrial. Em geral, tais práticas inserem-se na chamada agricultura ecológica.
Entre as correntes da agricultura ecológica, nos propusemos a trabalhar com a
agricultura orgânica e a agroecologia.
Produção orgânica e agroecológica são formas de produzir com interesses e
posicionamentos diferenciados em relação à perspectiva tecnológica adotada pela
Revolução Verde (ALVES, 2008). Baseada em princípios ecológicos, a agricultura
orgânica não se utiliza de insumos químicos para a produção, respeitando assim a saúde
humana e a busca por um equilíbrio na relação entre agricultura e meio ambiente. Na
mesma perspectiva, a agroecologia também possui uma preocupação ambiental, mas,
além disso, uma preocupação social, considerando a qualidade de vida das famílias
rurais como um todo, sobretudo dos agricultores familiares/camponeses.
No sudoeste do Paraná, a agricultura orgânica e a agroecologia são modalidades de
agricultura bem desenvolvidas, se comparadas a outras regiões do Paraná e do Brasil. O
predomínio de pequenas unidades familiares, a tradição agrícola da região e a força
política e organizativa de entidades de classe, ONG´s e algumas instituições públicas,
vêm contribuindo na adoção da agricultura orgânica por parte de algumas famílias do
campo. No entanto, o desenvolvimento da agricultura orgânica e da agroecologia no
Sudoeste do Paraná parece estar passando por um período de dificuldades, haja vista a
falta de políticas públicas e de apoio técnico na área.
Assim, o GETERR (Grupo de Estudos Territoriais) tem procurado avançar no
conhecimento do “estado da arte” da agricultura orgânica e da agroecologia em
municípios do sudoeste paranaense, através de pesquisas realizadas com representantes
de instituições que apoiam o tema, mas principalmente no contato direto com
agricultores que adotaram a agricultura ecológica como alternativa de sobrevivência e
de desenvolvimento.
Destaca-se nesse contexto, o projeto de pesquisa apoiado pelo CNPq (Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), pelo edital MDA-SAF
n.58/2010 - Chamada 2 - Núcleos de Pesquisa e Extensão, intitulado “Conhecendo a
configuração da agricultura orgânica e da agroecologia em nove municípios do sudoeste
do Paraná”, o qual é desenvolvido na UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão, pelo
GETERR. O referido projeto tem dois grandes objetivos: 1) analisar a configuração da
agricultura orgânica e, especificamente da agroecologia em nove municípios do
Sudoeste do Paraná (Ampére, Enéas Marques, Flor da Serra do Sul, Francisco Beltrão,
Itapejara D´Oeste, Marmeleiro, Salto do Lontra, São Jorge d'Oeste e Verê); e 2)
implantar um Núcleo de Pesquisa e Extensão em Agroecologia na Unioeste, campus de
Francisco Beltrão, que pretende congregar outras pesquisas e atividades vinculadas ao
tema da agroecologia.
A pesquisa está sendo realizada através das seguintes atividades: leituras sobre temas
referentes à agricultura familiar, agricultura orgânica e agroecologia; colóquios e
reuniões com a equipe; levantamento, tabulação e análise de dados secundários sobre a
agricultura orgânica de cada município; resgate de informações já existentes sobre cada
município e cada estabelecimento rural, disponibilizadas pelas instituições parceiras
(escritórios locais da EMATER, Prefeituras Municipais, ASSESOAR, CAPA, Rede
ECOVIDA); elaboração de roteiros para a aplicação de entrevistas com técnicos,
gestores e agricultores; levantamento das ações de cada instituição no apoio à
agricultura orgânica e/ou agroecologia; registros de imagens (fotos) das UPVFs
(Unidades de Produção e Vida Familiares); diagnóstico de cada UPVF e de cada
município; identificação dos maiores problemas e ações de extensão rural; apresentação
dos resultados para técnicos e agricultores dos municípios através de um seminário; e
elaboração de uma cartilha possibilitando a divulgação dos resultados da pesquisa.
Considerando os objetivos e a metodologia de desenvolvimento da pesquisa, este texto
tem por objetivo apresentar os aspectos metodológicos para o levantamento de
informações com técnicos, gestores municipais e de instituições públicas, ONGs e
empresas privadas com alguma atuação na temática, assim como com os agricultores
envolvidos com a agricultura orgânica e com a agroecologia em cada um dos nove
municípios abrangidos pelo projeto. Tais etapas são fundamentais no desenvolvimento
da pesquisa e o método que está sendo utilizado é o da aplicação de questionários na
forma de entrevistas.
A partir das entrevistas com os técnicos e gestores nos municípios, estamos analisando
como vem ocorrendo o processo de atuação, bem como a percepção dos mesmos no
tocante à configuração atual e às perspectivas de desenvolvimento da agricultura
orgânica e da agroecologia. Também através destas entrevistas, estamos identificando
quem são os agricultores que produzem alimentos orgânicos, em cada município.
Com base nas entrevistas aplicadas aos agricultores será possível traçar o perfil de cada
UPVF através do levantamento de dados acerca das dimensões produtiva, econômica,
social, ambiental e política de cada uma delas. A partir disso poderemos obter também,
o diagnóstico da agricultura orgânica e da agroecologia em cada um dos municípios da
pesquisa.
Sabendo que estaríamos trabalhando com um universo de mais de 100 agricultores,
optamos por dividir o roteiro de entrevistas que será aplicado a eles, em duas etapas. Na
primeira etapa estamos aplicando as entrevistas a todos os agricultores com produção
orgânica, levantados. Após a aplicação e análise de cada entrevista, iremos diferenciar
os agricultores que desenvolvem apenas a agricultura orgânica, daqueles que trabalham
de forma agroecológica. Está análise será feita com a finalidade de focar a segunda
etapa das entrevistas apenas nos agricultores que trabalham na perspectiva da
agroecologia.
Entendemos, portanto, que a agroecologia é mais complexa que a agricultura orgânica,
pois além de objetivar uma produção livre de agrotóxicos preocupa-se com outros
elementos, ligados à manutenção das famílias no campo com qualidade de vida, às
formas de comercialização pautadas no comércio justo e na economia solidária, à uma
correta gestão ambiental das UPVF’s, entre outros fatores que não são necessariamente
preocupações da agricultura orgânica.
Levantamento de informações com os técnicos e gestores
A etapa metodológica de levantamento de informações com os técnicos e gestores
iniciou no segundo semestre do projeto, em julho de 2011. Através das entrevistas
aplicadas aos mesmos, buscamos identificar a concepção de agroecologia, as ações
desenvolvidas e a percepção sobre as dificuldades e perspectivas da agroecologia, de
acordo com a visão de cada instituição e de cada indivíduo. As entrevistas foram
realizadas de forma oral e gravadas para posterior transcrição e análise.
O roteiro de entrevistas para os técnicos é composto de duas partes, sendo que a
primeira busca identificar a visão e a atuação da instituição no âmbito da agroecologia
e, a segunda traz questões de cunho mais pessoal, relacionadas à visão e atuação do
técnico. Já o questionário aplicado aos Secretários da Agricultura, busca identificar se
existem políticas de apoio à produção orgânica e agroecológica nos municípios e quais
são elas. Os roteiros de entrevistas com os técnicos e gestores, constam nos Apêndices
A e B, respectivamente.
Essa etapa foi fundamental para verificarmos a relação dessas instituições com os
agricultores e, para iniciar o diagnóstico do “estado da arte” da agroecologia em cada
município. Nessa fase, também buscamos identificar os nomes e contatos dos
agricultores que têm iniciativas de agricultura orgânica ou agroecológica.
No início desta etapa foram realizadas ligações telefônicas para, no mínimo, uma
instituição em cada município, geralmente Prefeitura ou Sindicato dos Trabalhadores
Rurais. A partir desse primeiro contato, foi possível obter o contato de outras
instituições que trabalham com agricultura familiar e que, portanto, podem ter algum
tipo de envolvimento, direto ou indireto, com a agricultura orgânica.
Em seguida, foi realizado contato telefônico com estas instituições, a fim de identificar
um representante em cada uma delas, geralmente um técnico ou a pessoa com maior
envolvimento direto com os agricultores, além dos Secretários de Agricultura de cada
município.
Sabendo com quem iríamos dialogar, começamos a marcar as entrevistas e a realizá-las.
Esta fase encerrou-se em fevereiro de 2012. Na busca por reduzir os custos e por
otimizar o trabalho da equipe, procuramos concentrar as entrevistas em uma mesma
data em cada município.
As entrevistas foram gravadas e transcritas e já foram realizadas quatro reuniões com a
equipe para avaliação das informações levantadas e da metodologia utilizada.
Avaliamos que nas entrevistas com as instituições que não tinham atuação direta com a
agroecologia, como é o caso da Cresol (Cooperativas de Crédito Rural com Interação
Solidária), por exemplo, algumas questões se tornavam irrelevantes. Sendo assim, após
as primeiras entrevistas, readequamos o roteiro, grifando as perguntas que não precisam
ser realizadas para determinadas instituições. Também alternamos a ordem de algumas
questões, a fim de melhorar a aplicação das entrevistas.
Em alguns municípios onde o GETERR já havia desenvolvido algum tipo de
levantamento em pesquisas anteriores, como no caso de Salto do Lontra, Itapejara
D’Oeste e Verê, aproveitamos as informações já existentes e não repetimos
determinadas questões. Assim, as entrevistas nesses municípios foram mais curtas, pois
também procuramos não ser repetitivos e inconvenientes.
Pelo fato de não entenderem como se dá um processo de pesquisa, alguns entrevistados
acabam reclamando sobre a repetição de questões e a falta de aplicação de muitas
pesquisas. Ao ter contato com pesquisadores de uma universidade, costumam
questionar o que a pesquisa trará de benefício direto para eles.
Levantamento de informações com os agricultores
Durante a fase de entrevistas com técnicos e gestores dos municípios, a equipe levantou,
com os técnicos das instituições/entidades parceiras e com os secretários municipais de
agricultura, quantos e quais agricultores em cada município, desenvolvem práticas de
agricultura orgânica e/ou agroecologia.
A partir de março de 2012 iniciamos os contatos com os agricultores orgânicos, a fim de
agendar a primeira etapa das entrevistas. Este primeiro contato está sendo realizado de
forma coletiva em cada município, como em feiras da agricultura familiar ou reuniões
entre os agricultores, nas quais pedimos explicitamos os objetivos da pesquisa e a
importância da contribuição dos mesmos, e para iniciar o agendamento da primeira
etapa das entrevistas.
As primeiras entrevistas foram agendadas e a primeira etapa foi, então, iniciada em abril
de 2012. Essa fase está sendo fundamental para verificarmos a realidade de cada família
e a configuração de seus estabelecimentos rurais por meio do diagnóstico da trajetória
histórica na perspectiva da agricultura orgânica e agroecológica em cada município
pesquisado, dados de produção e comercialização, concepção de agroecologia, entre
outros elementos.
A segunda etapa será direcionada a um detalhamento das UPVFs consideradas
agroecológicas. Assim, será necessário definir do total dos agricultores orgânicos, quais
deles podem ser considerados agroecológicos. Nessa etapa estaremos verificando
informações adicionais, como benfeitorias e outros dados da UPVF e da família.
Através destas entrevistas, levantaremos dados sobre a dimensão produtiva, econômica,
social, ambiental e política de cada Unidade de Produção e Vida Familiar (UPVF).
Dos roteiros pré-estabelecidos, para aplicação dessas duas fases de entrevistas com os
agricultores, estamos disponibilizando no texto apenas as questões da primeira fase, em
virtude da falta de espaço no artigo para inserir os roteiros das duas fases. Sabemos que
as metodologias podem e devem ser aperfeiçoadas durante o processo da pesquisa,
portanto é possível que a metodologia esteja sujeita a modificações, mas isso vai
depender da realidade que iremos encontrar nas UPVFs.
Resultados
Os indicadores para avaliação dos resultados das etapas metodológicas apresentadas
nesse texto foram os seguintes:
- Êxito nos contatos com as instituições e com os agricultores, no agendamento das
entrevistas e na aplicação das mesmas;
- Ter as questões respondidas pelos técnicos, gestores e agricultores;
- Ter criado um ambiente de confiança entre a equipe e os agricultores.
Em relação aos contatos com as instituições obtivemos êxito, sendo que a receptividade,
de uma forma geral, foi boa. O contato com os agricultores se iniciou em março de 2012
e, embora essa etapa ainda encontre-se em andamento, não temos encontrado
dificuldades relevantes, pois o diálogo tem fluido de forma satisfatória. O único
inconveniente, em ambos os casos está no número de ligações que, às vezes, precisam
ser realizadas para encontrar alguns dos técnicos, gestores ou agricultores.
No agendamento das entrevistas, tendo em vista a tentativa de acumular várias na
mesma data em um mesmo município, estamos enfrentando certa dificuldade, pois os
dias disponíveis nem sempre são compatíveis entre as instituições ou entre os
agricultores do local. Além disso, devido a alguns imprevistos de nossa parte ou da
parte dos entrevistados, algumas visitas precisam ser desmarcadas e remarcadas várias
vezes. No entanto, no que se refere à aplicação das entrevistas, não encontramos
dificuldades relevantes.
As questões, de forma geral, foram respondidas pelos técnicos e gestores, e estão sendo
respondidas pelos agricultores, mas avaliamos que, em ambos os casos, nem sempre as
respostas têm sido satisfatórias. Acreditamos que isso ocorre, no caso dos técnicos e
gestores, principalmente, devido à falta de uma atuação direta com a agroecologia e
devido à falta de conhecimento sobre o assunto. No caso dos agricultores, as principais
dificuldades têm sido nas questões relacionadas à renda e aos dados quantitativos de
produção, pois, na maioria das vezes, eles não fazem cálculos de quanto vendem e
quanto consomem do total da produção, nem dos custos de produção.
Em relação ao terceiro indicador de avaliação, acreditamos que a criação de um
ambiente de confiança entre a equipe e os agricultores, é um dos requisitos mais
importantes para o bom andamento da pesquisa. Pensando nisso, procuramos, dentro do
possível, conduzir as entrevistas em forma de conversa, minimizando os aspectos
formais e acadêmicos e tentando fazer com que cada agricultor se sinta parte da
construção do conhecimento, frisando sempre a importância da colaboração de cada um
para o processo de pesquisa. Avaliando sob esse aspecto, acreditamos estar conseguindo
desenvolver um bom relacionamento com os agricultores que, na maior parte dos casos,
parecem à vontade com a nossa presença e não demonstram insegurança em responder
às questões.
As entrevistas com os técnicos e gestores já foram transcritas e estamos realizando a
análise das mesmas, para então estabelecer uma avaliação geral sobre a situação da
agricultura orgânica em cada município, a partir da percepção dos técnicos e gestores.
Nesse processo de análise, desenvolvemos um quadro síntese para cada entrevistado,
com o intuito de extrair as principais informações para a pesquisa. Após essa etapa,
estaremos produzindo um texto sobre a configuração da agricultura orgânica em cada
município, segundo a ótica dos técnicos e gestores. O modelo do quadro síntese consta
no Apêndice D.
As entrevistas com os agricultores ainda estão em fase de andamento. Conforme vamos
realizando as entrevistas, já estamos digitalizando e organizando as informações para
posterior análise. A metodologia de análise dessa fase ainda não foi definida, mas
provavelmente será desenvolvido um quadro síntese para levantamento das principais
informações, assim como na fase anterior, processo que certamente contará com a
participação da equipe do projeto.
Considerações finais
Avaliando brevemente a metodologia de coleta de informações através da aplicação de
entrevistas, concluímos ser um método bastante válido por possibilitar o levantamento
de dados objetivos e subjetivos, que denotam a opinião e os valores dos entrevistados,
os quais dificilmente seriam obtidos através de outros métodos. A técnica utilizada, de
entrevista semi-estruturada, é interessante porque favorece um direcionamento para o
tema proposto sem, no entanto, tirar a liberdade de resposta do entrevistado, deixando
vir à tona a visão pessoal dos indivíduos e fazendo surgir informações inesperadas que
podem ser de grande valia para a pesquisa.
A partir das informações obtidas no processo de pesquisa será possível traçar um amplo
diagnóstico da atuação das instituições, bem como da caracterização das UPVF´s,
através dos avanços, dificuldades e perspectivas da agroecologia levantados em cada
município pesquisado. Com base neste diagnóstico participativo, contendo a impressão
dos técnicos e agricultores, teremos subsídios para analisar de forma detalhada o estado
da arte da agroecologia nos municípios e definir ações prioritárias de extensão rural, que
atentem para os princípios da agroecologia.
Essa definição de ações prioritárias poderá, na medida do possível, ser desenvolvida
pela equipe do projeto ou repassada às instituições responsáveis por atividades de
extensão rural. Assim, acreditamos estar beneficiando diretamente os agricultores
envolvidos, bem como contribuindo para a expansão quantitativa e qualitativa da
agroecologia nos municípios.
As informações levantadas através da aplicação das entrevistas irão contribuir, ainda,
para a implantação do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Agroecologia na Unioeste,
campus de Francisco Beltrão, o qual comporá um banco de dados primários e
secundários sobre aspectos da agricultura orgânica e da agroecologia nos municípios da
pesquisa, ampliando o contato com técnicos e agricultores.
Notas
1
Esse artigo faz parte da pesquisa “Conhecendo a Configuração da Agricultura Orgânica e da
Agroecologia em nove municípios do Sudoeste do Paraná”, é coordenada pelo prof. Luciano Z. P.
Candiotto e possui financiamento do CNPq através do edital n. 52/2012.
Referências
ALVES, Adilson F.; CARRIJO, Beatriz R.; CADIOTTO, Luciano Z. P.
Desenvolvimento Territorial e agroecologia. Ed 1. São Paulo: Expressão Popular,
2008.
CANDIOTTO, Luciano Z. P.; CARRIJO, Beatriz R.; MEIRA, Suzana G. de; SANTOS,
Roselí Alves dos. REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA COMO INSTRUMENTO
DE ANÁLISE DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA NO SUDOESTE DO PARANÁ. In:
Anais do IV Seminário Estadual de Estudos Territoriais e II Seminário Nacional
sobre Múltiplas Territorialidades, 2009, Francisco Beltrão. Novos horizontes na
geografia: perspectivas de território e de territorialidade. Francisco Beltrão : GETERR UNIOESTE, 2009.
CANDIOTTO, Luciano Z. P.; CARRIJO, Beatriz R.; OLIVEIRA, Jackson A. Evolução
da agricultura e impactos socioambientais do modelo convencional. In: Anais do III
Encontro Sul Brasileiro de Geografia e XIII Encontro de Geografia da Unioeste,
2008, Francisco Beltrão. Francisco Beltrão - PR, 2008.
CANDIOTTO, Luciano Z. P. Projeto de pesquisa “Conhecendo a configuração da
agricultura orgânica e da agroecologia em nove municípios do sudoeste do
Paraná”. Projeto encaminhado ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico), para o edital MDA-SAF n.58/2010 - Chamada 2 - Núcleos de
Pesquisa e Extensão.
HESPANHOL, Antonio N. Desafios da geração de renda em pequenas propriedades e a
questão do Desenvolvimento Rural Sustentável no Brasil. In: ALVES, A. F.; CARRIJO,
B. R.; CANDIOTTO, L. Z. P. (Org.). Território e Desenvolvimento Sustentável. São
Paulo: Expressão Popular, 2009, p. 81-93.
APÊNDICE A
Questionário para aplicação das entrevistas com os técnicos da agricultura familiar nos
municípios da pesquisa.
QUESTIONÁRIO PARA TÉCNICOS
Entrevistado (a):___________________________Instituição:___________________
Função Desempenhada:_________________________________________________
Data:___________________Município: ____________________________________
Tel. ( )__________________Email_______________________________________
Questões referentes ao município e instituição
1. Qual a forma de atuação da instituição/entidade? Que atividades são desenvolvidas?
2. Desde quando a instituição/entidade atua com agricultura orgânica agroecologia?
3. Quais os objetivos e propósitos da instituição/entidade em relação à agricultura
orgânica/agroecologia?
4. A instituição/entidade presta assistência a quantas famílias que trabalham com
agricultura orgânica/agroecologia? Em quais comunidades?
5. Como se dá o processo de assistência aos agricultores (metodologia)? (Individual,
associativa, formação continuada, periodicidade do acompanhamento, etc.)
6. Além desta existem outras instituições/entidades parceiras que atuam com
agricultura orgânica/agroecologia dentro e fora do município:
Instituição
Referência (contato)
7. Qual o destino da produção orgânica/agroecológica da instituição/entidade?
8. Há cobrança de alguma taxa para os membros da instituição/entidade? ( ) S ( ) N
Qual?
10. 9. Existe organização dos agricultores orgânicos/agroecológicos no município? ( ) S (
) N Qual?
10. Como surgiu a organização dos agricultores orgânicos/agroecológicos no
município?
11. Quais os principais produtos orgânicos do município?
12. Quais os avanços e problemas na produção de alimentos orgânicos no município?
13. Quais os avanços e problemas na comercialização da produção orgânica do
município?
Questões ao técnico
1. Tempo de residência no município em que desenvolve o trabalho.
2. Qual é a sua formação profissional? Instituição?
3. O que entende por agricultura orgânica?
4. O que entende por agroecologia?
5. Quanto tempo atua com agricultura orgânica/agroecologia?
6. Além dessa função desenvolve outras atividades? ( ) S ( ) N
7. Consome produtos orgânicos/agroecológicos? ( ) S ( ) N
Quais?
Origem__________.
8. Como iniciou seu trabalho com agricultores orgânicos/agroecológicos?
9. Onde busca conhecimentos sobre agricultura orgânica/agroecologia?
10. Quais as principais dificuldades relatadas em relação à produção? (Em quais
produtos).
11. Quais as principais técnicas utilizadas para solução dos problemas? (insetos,
fungos, doenças, plantas invasoras).
12. Quais as principais dificuldades são relatadas em relação à comercialização?
13. Quando os problemas não são solucionados pela instituição a quem recorrem?
14. Como supera os problemas que surgem no trabalho com agricultura
orgânica/agroecologia?
15. Os agricultores aos quais você presta assistência possuem certificação? ( ) S ( ) N
Qual? Quantos?
16. Quais os problemas relacionados à certificação?
17. Como vê o futuro da agricultura orgânica/agroecologia no município?
(perspectivas, desafios).
18. Como vê o futuro da agricultura orgânica/agroecologia na região Sudoeste?
APÊNDICE B
Questionário para aplicação das entrevistas com os secretários da agricultura nos
municípios da pesquisa.
QUESTIONÁRIO PARA OS GESTORES
Entrevistado (a):_____________Instituição:_____________________________
Data:___________________ Município: ________________________________
Tel. ( )___________________ Email__________________________________
Questões a secretaria de agricultura
1. Existe uma política do município para apoio da agricultura orgânica/agroecologia?
( ) S ( ) N Quais as diretrizes?
2. Existe orçamento do município para apoio da agricultura orgânica/agroecologia?
( ) S ( ) N Quanto? (valor, porcentagem)
3. Qual a estrutura que o município disponibiliza para o trabalho com
agroecologia/AO? (física, pessoas).
4. O município adquire produtos orgânicos/agroecológicos para a merenda escolar?
( )S ( )N
Quais produtos?
5. Existe algum registro dos produtos e da quantidade adquirida?
6. Existe política de controle do uso de agrotóxicos no município? (permitidos e
proibidos) ( ) S ( ) N
Qual?
7. Existe uma política de redução do uso de agrotóxicos no município? (permitidos e
proibidos) ( ) S ( ) N
Qual?
8. Há coleta do lixo nas comunidades rurais? ( ) S ( ) N Qual a freqüência?
9. E as embalagens de agrotóxicos?
10. Como vê o futuro da agricultura orgânica/agroecologia no município?
(perspectivas, desafios).
11. Como vê o futuro da agricultura orgânica/agroecologia na região Sudoeste?
APÊNDICE C
Questionário para aplicação das entrevistas com os secretários da agricultura nos
municípios da pesquisa.
ROTEIRO DE ENTREVISTAS PARA AGRICULTORES AGROECOLÓGICOS
Data:
CARACTERIZAÇÃO GERAL DA UPVF
Proprietário:__________________________Entrevistado: _______________________
Endereço:__________________________________________ Tel: ________________
Tempo de residência no município: ________________ Na UPVF: ________________
Origem étnica/descendência:___________________ Onde nasceu/cidade e Estado:
Quantas pessoas residem na UPVF?_________________ Destas, quantas pessoas
trabalham na UPVF?_____________________________________________________
Qual a renda média familiar? _______________________________________________
Contrata mão-de-obra? ( ) S ( ) N
(
Quantos?
( ) H ( ) M (quantificar)
) Temporários / Período:______________________ (
) Permanentes
Para quais atividades? ____________________________________________________
Existe na comunidade a prática da ajuda mútua entre famílias? ( ) S ( ) N
Especificar (quando, como)________________________________________________
TABELA USO DO SOLO
Atividade
Total da propriedade
Culturas Temporárias
Culturas Permanentes
Área de horticultura
Mata e Capoeiras (RL e
Reflorestamento / Silvicultura
Área (hectare)
Espécie cultivada
Pastagens
Açude
Benfeitorias
( )N ( )P
DADOS SOBRE AGROECOLOGIA
9. O que entende por agricultura orgânica?___________________________________
10. O que entende por agroecologia?_________________________________________
11. Você se identifica como: ( ) agricultor orgânico ( ) agroecológico ( ) Outro______
Por quê?_______________________________________________________________
12. Desde quando trabalha com agricultura orgânica/agroecologia? ________________
13. Como aprendeu a cultivar de forma orgânica?_______________________________
14. A UPVF: ( ) é 100% agroecológica ( ) Parcial ___________________________
( ) está em processo de transição
15. Porque optou pela agricultura orgânica/agroecologia?
16. Quais seus objetivos atuais com a agricultura orgânica/agroecologia?____________
17. Quais insumos são produzidos na UPVF?
Sementes____________________________________________________________
Mudas______________________________________________________________
Adubo______________________________________________________________
Medicamentos________________________________________________________
Matéria Orgânica_____________________________________________________
18. Quais insumos são adquiridos fora da UPVF?
Sementes____________________________________________________________
Mudas______________________________________________________________
Adubo______________________________________________________________
Medicamentos________________________________________________________
19. Abandonou
alguma
atividade
agrícola
após
inserção
na
agricultura
orgânica/agroecologia ( ) S ( ) N
O que?______________________________________________________________
Porquê?_____________________________________________________________
20. Ampliou
alguma
atividade
agrícolas
após
inserção
na
agricultura
orgânica/agroecologia? ( ) S ( ) N
Qual:_______________________________________________________________
Porquê?_____________________________________________________________
21. Após a conversão para a agricultura orgânica/agroecologia alterou a renda familiar?
( ) S ( ) N Por quê? ____________________________________________________
22. Após a família optar pela agricultura orgânica/agroecologia observou-se a redução
de gastos (medicamentos, alimentos, insumos)? ( ) S ( ) N
Especificar__________________________________________________________
23. Quais as vantagens da agricultura orgânica/agroecologia? _____________________
24. E
as dificuldades da agricultura orgânica/agroecologia
(vegetal,
animal,
agroindustrial? _______________________________________________________
25. Quais os equipamentos e/ou tecnologias que você utiliza na agricultura orgânica?
26. Existe algum equipamento que você gostaria de ter?__________________________
27. Na sua opinião, o que ainda falta de tecnologias adaptadas à agricultura orgânica?
28. Participa de feiras: ( ) S ( ) N
Que feira: convencional ou ecológica?______________Periodicidade:______________
29. O que deve ser feito para melhorar a produção e comercialização dos alimentos
orgânicos/agroecológicos? ______________________________________________
30. A UPVF tem certificação? ( ) S ( ) N. Quem faz a certificação? ______________
31. Quais produtos são certificados?_________________________________________
32. Qual o custo com a certificação?_________________________________________
33. Existe vantagens com a certificação? ( ) S ( ) N
34. E desvantagens? ( ) S ( ) N
Quais?____________________
Quais?____________________________________
PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO (convencional e agroecológica)
Produção Vegetal
Produto
Produção
mensal/anual
A
C
Quantidade
comercializada
Forma de
comercialização
Consumo
e Doação
35. Qual a renda mensal oriunda da produção vegetal?
Geral:_________________________________________
Orgânica:__________________________________________
36. Quais os membros da família que estão mais envolvidos na produção vegetal?
Produção Animal
Produto
A C
Produção
Quantidade
Forma de
Consumo
Mensal/anual comercializada comercialização
Doação
Leite/L
Suíno/Kg
Boi/Kg
Aves
Caipiras/Cab
Aves
Granja/Cab.
Peixes/Kg
Ovos
Mel
Outros
37. Qual a renda mensal e/ou anual oriunda da produção animal? __________________
Geral:________________________________________________
Orgânica:_______________________________________________
38. Quais os membros da família que estão mais envolvidos na produção animal?
Produção agroartesanal
Produto
Produção A C
Quantidade
Forma de
Consumo
mensal
comercializada comercialização
E
Doação
Queijo/Kg
Açúcar
Mascavo/Kg
Embutidos/Kg
Doces/Kg
Conservas/Kg
Vinho/L
Outros
39. Por que optaram pela atividade agroartesanal? ______________________________
40. Os alimentos agroartesanais são produzidos em agroindústria ( ) Sim ( ) Não/
( ) Individual ( ) Coletiva. Tem inspeção ( ) Sim Qual? ( )Não. Por quê?
41. Qual a renda mensal oriunda da produção agroartesanal?
Geral:________________________________________________________
Orgânica:_____________________________________________________
42. Quais os membros da família que mais se envolvem na produção agroartesanal?
43. Na produção é utilizado algum ingrediente não ecológico?
( )S ( )N
O que é utilizado? _______________________________________________________
Onde?_________________________________________________________________
44. Qual a cultura mais importante economicamente?____________________________
RELAÇÕES PARA FORA DA UPVF
Quais são as entidades parceiras da agricultura orgânica/agroecologia?
Entidades
(cooperativa,
associação, sindicato)
Vínculo (associado,
dirigente)
45. Participou/participa de eventos, cursos, palestras?
Nome do Curso
Forma de Atuação da
entidade
( )S ( )N
Entidade
Crédito
46. Fez/Faz algum tipo de financiamento? ( ) S ( ) N
Qual finalidade?:
Custeio ( ) ________________ Investimento ( ) ______________________________
Fontes __________________________________________________________
ASPECTO AMBIENTAL
47. Tem SISLEG? ( )S ( )N
48. Captação de água: ( ) Poço / ( ) Fonte protegida / ( ) Rede pública / ( ) Rio /
Outro:______________________________________________________________
49. Existe rios na UPVF? ( ) Sim ( )Não. Quantos ___________________________
50. Realiza algum tratamento da água utilizada para consumo?
( )S( )N
Qual? ______________________________________________________________
51. Tem problema com falta d’água?
( )S( )N
Quando? ____________________________________________________________
52. Tem problema com qualidade das águas utilizadas? ( ) S ( ) N
Qual (cor, mau cheiro, gosto ruim)?_______________________________
Destino de lixos e dejetos
53. Qual o destino das águas e esgoto? Tanque: ______________ Cozinha: _________
Vaso sanitário: ____________________ Chuveiro: ________________________
54. Qual a destinação do lixo orgânico? ( ) descartado ( ) uso direto como adubo
( ) compostagem. Onde descarta ou armazena o lixo orgânico? ________________
55. Qual a destinação dos dejetos animais? ( ) esterqueira
( ) rio
( ) adubo
Manejos e conservação do solo
56. Quais as práticas utilizadas na UPVF para conservar e ou recuperar o solo,
melhorando sua fertilidade?
Prática
Geral Orgânico
57. Situação dos solos (Observar)
( ) ravinas
( ) voçorocas
( ) sulcos
( ) boa conservação
58. Na sua opinião, quem é o agricultor que mais produz orgânicos no município?
APÊNDICE D
Modelo de quadro síntese das entrevistas realizadas com os técnicos e gestores nos
municípios da pesquisa.
Entidade
Entrevistado(s)
Data
Objetivos com a Agricultura
orgânica
Parceiros no trabalho com
Agricultura Orgânica
Atuação
Concepção Agricultura Orgânica
Concepção Agroecologia
Avanços
Dificuldades
Perspectivas
Impressões do grupo
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procedimentos metodológicos para levantamento de