MANEJO DO NITROGÊNIO E ENXOFRE NA NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DA
CANA-DE-AÇÚCAR
Paulo Cesar Ocheuze Trivelin1 & André Cesar Vitti2
CENA/USP, Piracicaba, SP
Página
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................
01
2. ADUBAÇÃO FOLIAR COM NITROGÊNIO EM CANA-DE-AÇÚCAR .......
02
3. ADUBAÇÃO FLUIDA DE SOLO COM NITROGÊNIO EM CANA-DE-
07
AÇÚCAR ............................................................................................................
4. MANEJO DA ADUBAÇÃO COM NITROGÊNIO E ENXOFRE NO
11
SISTEMA “CANA-CRUA” ....................................................................
4.1 Adubação fluida de solo ..............................................................................
11
4.2 Fontes, modo de aplicação e doses de adubos nitrogenados .............
18
4.3 Efeito residual da adubação nitrogenada e do enxofre no ciclo subseqüente
22
da cultura de cana-de-açúcar ...............................................................................
4.4 Contribuição do nitrogênio da palha na nutrição da cana-de-açúcar ..........
27
5. RESERVA NITROGENADA DE MUDAS DE CANA-DE-AÇÚCAR E O
30
DESENVOLVIMENTO DA CANA-PLANTA .................................................
6. APROVEITAMENTO DO NITROGÊNIO DE ADUBO VERDE EM
33
CANA-DE-AÇÚCAR .......................................................................................
7. LIXIVIAÇÃO DE NITROGÊNIO E ENXOFRE EM CANA-PLANTA ...........
33
REFERÊNCIAS ...................................................................................................
38
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1
MANEJO DO NITROGÊNIO E ENXOFRE NA NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DA
CANA-DE-AÇÚCAR
Paulo Cesar Ocheuze Trivelin3 & André Cesar Vitti4
CENA/USP, Piracicaba, SP
1. INTRODUÇÃO
As maiores limitações do meio à produtividade agrícola no Brasil, não se relacionam à
radiação solar, temperatura e, nem mesmo, à água, mas à disponibilidade de quantidades
adequadas de nutrientes minerais nos solos, com destaque ao nitrogênio e o enxofre.
Apesar de o nitrogênio (N) contribuir com 1%, em média, na matéria seca da cana-deaçúcar (exigência anual da ordem de 100 a 300 kg ha-1 de N) seu papel é tão importante
quanto à do carbono, hidrogênio e oxigênio, que juntos constituem mais de 90% da matéria
seca. Na natureza, o N é um elemento muito móvel e possui seis estados de valência ou níveis
de oxidação que lhe permitem desempenhar seu complexo papel em processos vitais, sendo:
NH3 (valência = -3, amônia); HONH2 (valência = -1; hidroxilamina); N2 (valência = 0; N
elementar); HNO (valência = +1; nitroxila); NO2 (valência = +3; nitrito); NO3 (valência = +5;
nitrato). O ciclo do N refere-se à cadeia de suas reações de oxirredução, representada por
diferentes vias de transferência, entre os compartimentos de um sistema. As principais
transformações que o N sofre nos agrossitemas são: amonificação e nitrificação no solo
mediada por microrganismos e imobilização pelos microrganismos e vegetais. No estudo do
ciclo do nitrogênio em agroecossistemas, além do conhecimento das vias internas de
transferência e de suas taxas, deve-se conhecer as formas de entrada (fontes) e saída (drenos)
do elemento e a intensidade com que ocorrem. Nos agrossistemas, têm-se como entradas: a
fixação biológica do nitrogênio molecular da atmosfera, realizada por microrganismos que
vivem livres no solo ou associados às culturas, ou ainda, o N incorporado ao sistema por
leguminosas adubos verdes; a adição de fertilizantes minerais obtidos da fixação industrial do
N2 atmosférico, que trata de uma das vias mais importantes de adição (reposição) do nutriente
no sistema; a fertilização orgânica com resíduos e subprodutos da agroindústria; o nitrato e o
amônio contido na água da chuva; a absorção de amônia da atmosfera pela folhagem dos
vegetais, importante fonte de adição de nitrogênio nos agrossistemas próximos às indústrias,
ou, mesmo, como via de retorno do N-NH3 volatilizado de fertilizantes amídico-amoniacais
aplicados ao solo, e também daquele evoluído da folhagem da cultura; o nitrato do lençol
freático transportado no perfil do solo pelo movimento ascendente da água, em períodos de
estiagem. Como saídas de N, têm-se: a remoção pela colheita; óxidos de nitrogênio (N2O, NO
e NO2), a amônia (NH3) e o nitrogênio molecular (N2) lançados à atmosfera com a queima de
restos culturais; a lixiviação do nitrato no solo, fora do alcance de exploração do sistema
radicular; as perdas gasosas de NO, N2O e N2 do solo, mediada por microrganismos
anaeróbios desnitrificadores ou na oxidação aeróbia do NH4+, e pela volatilização da amônia;
as perdas gasosas pela folhagem dos vegetais, que ocorrem principalmente em folhas
senescentes, através da corrente transpiratória; as perdas por deflúvio superficial nos solos
(“run-off”). A imobilização do N no solo, em formas orgânicas de variados graus de
resistência à mineralização pelos microrganismos, embora não deva ser considerada como
perda do sistema, pode indisponibilizar o nutriente aos vegetais.
O enxofre (S) nas plantas encontra-se, em sua maior parte, nas proteínas (cistina e
metionina, aminoácidos essenciais, e na cisteína,). Os teores totais variam de 0,1 a 0,5% da
3
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2
matéria seca, e a necessidade está entre 10 a 50 kg ha–1 de S por ano-safra. São quatro as vias
de transformações do S nos agrossitemas: mineralização, imobilização oxidação e redução. A
mineralização é a conversão do S da forma orgânica a um estado inorgânico, como resultado
da atividade microbiológica. Em solos bem aerados o sulfato é o produto final, estável, da
mineralização. Em condições anaeróbias, microrganismos produzem H2S a partir da cisteína,
cistina e metionina. A imobilização é a conversão do S-inorgânico para uma forma orgânica
no tecido vegetal ou microbiano. Após ser absorvido, o sulfato, por exemplo, é reduzido a
sulfidrilo (-SH; valência = -2) antes de ser incorporado a um aminoácido:
HSCH2CHNH2COOH (cisteína). O ciclo do S na natureza é representado por 5 níveis
oxidação ou de valência: H2S (valência = -2; sulfeto) → S (valência = 0; S elementar) → S2O3
(valência = +2; tiosulfato) → SO32- (valência = +4; sulfito) → SO42- (valência = +6; sulfato).
Os compostos de enxofre no solo têm origem natural e antropogênica. Existem quatro
formas principais de entrada de S num solo, segundo Krouse et al. (1996): (a) Deposição
atmosférica - o S chega ao solo por deposição seca, como SO2, enxofre elementar (So) e
sulfato mineral, aerossóis de sulfato, e por deposição pela chuva (úmida) de sulfato (SO4-). A
origem pode ser vulcânica, do "spray" marinho, biológica e antrópica, originadas nas
combustões de biomassas e de combustíveis fósseis, processamento do gesso e de fundições.
Essas deposições podem ser elevadas em locais próximos a áreas industriais (>80kg ha-1 ano-1
de S) e em zonas remotas estimam-se valores de 2-15 kg ha-1 ano-1 de S, quantidade essa que
representa menos que 10% do S contido na vegetação e nas camadas superficiais no solo; (b)
Intemperização da rocha de origem – é importante com fonte de S em solos jovens e naqueles
localizados em áreas remotas e distantes de fontes industriais e antropogênicas. A principal
fonte de S na rocha mãe são os minerais contendo pirita (sulfeto de ferro). Nos solos aerados
ocorrem minerais contendo sulfato (oxidado) e nos anóxicos predomina a forma de sulfeto
(reduzido); (c) Aplicação de fertilizantes e corretivos ao solo - sulfato de amônio que contém
21% de N-amoniacal e 24% de S-sulfato; superfosfato simples (11-12% de S), salitre do chile
que possui sulfato de sódio (21% de S), e na aplicação de gesso agrícola ao solo (sulfato de
cálcio) para incorporar cálcio em profundidade e solucionar problemas de bloqueio químico
no crescimento de raízes das culturas; (d) Resíduos orgânicos, em geral, que contém S como
resíduos vegetais como torta de filtro vinhaça, estercos animais e camas de estábulos.
Atualmente são reconhecidas três formas principais de perdas de S do solo: lixiviação,
remoção pela cultura e emissão gasosa.
A intensidade com que ocorrem as diferentes formas de ganhos e perdas de N e S em
agrossistemas com cana-de-açúcar pode refletir-se a curto, a médio e a longo prazo na
produtividade desses canaviais. Dessa forma, o perfeito entendimento da dinâmica do
nitrogênio e do enxofre, nesses sistemas, determina possibilidades de manejo de culturas, em
condições variadas do meio, principalmente solo e clima, com o uso de cultivares melhorados
que resultem em ganhos de produtividade e na sustentabilidade do agrossistema.
Este texto tem por objetivo apresentar de forma sistematizada os resultados de
pesquisas desenvolvidas pelo grupo do CENA/USP, Piracicaba, SP, relacionados ao manejo
do nitrogênio e enxofre na nutrição e adubação da cana-de-açúcar.
2. ADUBAÇÃO FOLIAR COM NITROGÊNIO EM CANA-DE-AÇÚCAR
O início da adubação foliar em cana-de-açúcar, no país, ocorreu em 1976, na Usina
São José ZL em Macatuba (SP). A prática foi adotada com o intuito de reduzir custos da
adubação, como decorrência da alta dos preços de fertilizantes, verificada a partir de 1974. A
fertilização foliar com suspensões, por avião, foi programada para substituir, no início, parte
da adubação de solo. A opção pela prática foi justificada com base em resultados de trabalhos
3
no exterior que demonstravam ganho econômico na redução da quantidade de fertilizantes da
adubação de solo, que era substituída por menor dose na aplicação foliar (Sangplung &
Rasário, 1978). Na safra 76/77, iniciou-se, na Usina São José ZL, o programa de
parcelamento da fertilização com emprego de adubo foliar com NPK. Foi planejada a redução
das doses de solo, tanto em cana-planta como em soqueiras, as quais receberam
complementação foliar na fase de máximo crescimento da cultura (novembro-fevereiro). A
prática deveria, em princípio, resultar em vantagem econômica devido à redução dos gastos
com fertilizantes, sem causar queda na produtividade dos canaviais. Nos primeiros anos,
foram obtidos resultados positivos em produtividade dos canaviais, além da redução no custo
com fertilizantes, o que levou a Usina Barra Grande - ZL, de Lençóis Paulista (SP) a
implantá-la. Entre 1979 e 1981, a adubação foliar cobria mais de 30.000 ha das duas usinas do
Grupo Zillo Lorenzetti. Inicialmente, as formulações de suspensão continham uréia,
superfosfato simples e cloreto de potássio, respectivamente, como fontes de N, P e K, além de
melaço (10 a 20% em volume nas suspensões) como aditivo. Com o tempo, as fertilizações
por via aérea passaram a ser realizadas exclusivamente com nitrogênio. Em áreas com
soqueiras, doses de 10 a 17 kg ha-1 de N, por via foliar, complementavam a fertilização de
solo de 20 a 50 kg ha-1 de N; 10 a 20 kg ha-1 de N complementavam a adubação de plantio da
cana-de-açúcar. Nas aplicações aéreas com pulverizadores rotativos “Micronair”, fazia-se uso
da vazão de 50 L ha-1 de solução, definida em ensaios prévios pelas equipes técnicas das
usinas (Lorenzetti & Coleti, 1981; Coleti, 1989).
A partir de 1981, ocorreu drástica redução no uso da adubação foliar nas citadas
usinas. Entre os fatores que contribuíram para tanto, figuraram a introdução dos adubos
fluidos na adubação de solo e os resultados experimentais que demonstravam aumento de
produtividade da cultura com a elevação das doses de nutrientes no solo, principalmente o
nitrogênio. O principal motivo da adoção dos fertilizantes fluidos, com uso de nitrogênio
oriundo da amônia anidra, foi a sensível redução de custos. A adubação foliar com solução de
uréia fundamentava-se como uma prática complementar à adubação nitrogenada de solo e o
custo do nitrogênio da amônia, na primeira metade da década dos oitenta, era 50% inferior ao
da fonte amídica. Nessa época, coincidentemente, os custos com a aviação agrícola também
se elevaram muito, em decorrência da onda de inflação monetária no país. Por esses motivos,
a adubação foliar passou a ser realizada nas usinas do Grupo Zillo Lorenzetti somente em
canas-soca que seriam colhidas no início de safra (maio-junho) e uma vez que a aplicação
aérea de 15 kg ha-1 de N (50 L ha-1 de solução, com 50% de uréia), na fase de máximo
crescimento da cultura, ainda apresentava resposta em produtividade (Coleti, 1989).
Com o uso intensivo da adubação foliar nos canaviais das Usinas São José ZL e Barra
Grande ZL, no final da década dos anos setentas e na primeira metade dos oitentas, com a
prática realizada na estação das águas (novembro-fevereiro), levantaram-se dúvidas quanto a
sua eficácia em áreas onde ocorriam chuvas no dia da aplicação. Chuvas logo após as
pulverizações foliares poderiam causar a lavagem das folhas, com conseqüente remoção da
uréia aplicada. Como a produtividade da cultura dependia do fornecimento complementar do
nitrogênio, por meio do fertilizante foliar, ficava difícil para os responsáveis pelas
companhias agrícolas das usinas decidirem no tocante à realização ou não de nova
pulverização nos canaviais atingidos por chuva. Caso não se efetuasse nova aplicação, a
produtividade desses canaviais poderia ficar prejudicada; por outro lado, com uma segunda
aplicação aérea, o custo de produção seria maior. Em adição, corria-se o risco de realizar uma
aplicação desnecessária, caso a chuva não houvesse removido a uréia da folhagem das
plantas. Para melhor interpretar o efeito de chuvas na absorção foliar da uréia pela cana-deaçúcar, seria necessário ter conhecimento da quantidade absorvida com o tempo e as perdas
com precipitações ocorrendo em diferentes intervalos de tempo no dia da fertilização.
No início dos anos oitentas, a literatura internacional (Wittewer & Teubner, 1959;
Humbert, 1960) informava que o tempo requerido para absorção, pela cana-de-açúcar, de 50%
4
do nitrogênio da uréia de pulverização foliar é de 24 horas ou menor. Os trabalhos
desenvolvidos no CENA/USP, a partir de então, tiveram por objetivo avaliar a absorção e a
perda da uréia aplicada por via foliar, utilizando a técnica isotópica com 15N, em diferentes
tempos no dia da fertilização e nos subseqüentes (Trivelin et al., 1984; 1985a; 1988b;
Trivelin, 2000).
A absorção de 50% da uréia aplicada em pulverização foliar na cana-de-açúcar ocorre
no intervalo de uma hora da adubação, não havendo absorção no mesmo dia, após esse tempo.
A ocorrência de chuva no dia da adubação, após uma hora, remove o restante da uréia não
absorvida e que permaneceu como resíduo desidratado sobre a superfície foliar (Figura 1).
Nos dias subseqüentes ao da fertilização, em condições favoráveis de temperatura ambiente e
umidade do ar, sobrevindo orvalho ou mesmo chuvas leves, a absorção foliar pode chegar a
65-70% do N-uréia aplicado às folhas, o que se dá após cinco dias da fertilização (Figura 2).
A uréia removida das folhas pela água de chuva é levada ao solo, podendo ser absorvida, em
parte, pelas raízes da cultura (Figura 3). A uréia aplicada às folhas, após ser absorvida e sofrer
hidrólise, pela ação da enzima urease, pode perder-se para a atmosfera como amônia. Parte do
nitrogênio da uréia absorvido por via foliar (entre 5 e 15%) é translocado ao sistema radicular
da cana-de-açúcar (raízes e rizomas), dependendo essa quantidade do estádio de
desenvolvimento da cultura (Figura 4). O nitrogênio translocado ao sistema radicular da canade-açúcar redistribui-se, igualmente, entre a parte aérea e a subterrânea na rebrota da cultura
(Figura 5).
Desde que sejam observados os fatores inerentes à prática da adubação foliar com
solução de uréia, a porcentagem de utilização do nitrogênio pela cultura é o dobro daquela,
caso o fertilizante fosse aplicado no solo. Exemplificando, o uso pela cultura, de 15 kg ha-1 de
N-uréia em solução aplicada às folhas, é de 10,5 kg ha-1 (equivalente a uma recuperação de
70%), sendo essa quantidade absorvida até cinco dias da aplicação. Para a mesma dose de N
aplicada no solo, a utilização seria de 3 a 6 kg ha-1, considerada a eficiência de uso na faixa de
20 a 40% respectivamente (Trivelin et al., 1995, 1996), quantidade essa absorvida em três a
seis meses após a adubação. Por extensão, para a cana-de-açúcar absorver 10,5 kg ha-1 do Nfertilizante aplicado ao solo, seria necessário aplicar 26 a 53 kg ha-1 de nitrogênio. No fim dos
anos setentas e início dos oitentas, as doses de N aplicadas ao solo dos canaviais eram dessa
ordem de grandeza e a cobertura realizada por aplicação foliar com 15 kg ha-1 de N,
evidenciava resposta da cultura em produtividade.
95,0
Sem chuva
45,9
Tratamentos
Chuva 7 h
42,6
Chuva 4 h
F = 5,2 *
(CV = 31%)
dms = 39,7 (p = 0,10)
50,2
Chuva 2 h
53,3
Chuva 1 h
31,7
Chuva 0,5 h
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Recuperação do N-uréia, %
Figura 1. Recuperação porcentual do N-uréia aplicado por via foliar na planta toda de canade-açúcar (Adaptado de Trivelin et al., 1985a por Trivelin, 2000)
5
90
Recuperação, %
80
F = 2,3 ns
(CV = 12%)
70
60
68,5
67,9
61,3
59,3
64,5
52,6
50
40
30
20
10
0
6
24
48
72
96
120
Tempo após a adubação, h
Figura 2. Recuperação porcentual do N-uréia aplicado por via foliar em função do tempo,
em plantas de cana-de-açúcar lavadas na colheita. Média de três repetições
(Adaptado de Trivelin et al., 1988b por Trivelin, 2000)
Nitrogênio da uréia, %
100
80
72%
Tratamentos
59%
60
Com chuva
Sem chuva
40
17% 16%
20
17%
7% 8%
4%
0
Folhas
Colmos
Perfilhos
Raízes
N translocado, % do N absorvido
Figura 3. Distribuição porcentual do N-uréia aplicado por via foliar na cana-de-açúcar, nos
tratamentos com e sem simulação de chuva (Fonte: Trivelin et al., 1985a)
6,0
5,0
4,0
F = 17 *
(CV = 30%)
Flinear = 91* (r = 0,92)
5,52
96
120
3,89
Fquadrático = 47* ( r = 0,93)
3,0
5,37
2,57
2,0
1,11
1,0
0,2
0,0
6
24
48
72
Tempo após a adubação, h
Figura 4. Porcentagem do N translocado às raízes (% do N-uréia absorvido) em função do
tempo, em plantas de cana-de-açúcar lavadas na colheita (Adaptado de Trivelin et
al., 1988b por Trivelin, 2000; médias de 3 repetições)
6
NPPF, mg por parcela
450
(F = 42 *)
(F = 46 *)
80
(440 mg)
(67,4%)
(F = 1,3 ns)
(F = 1,3 ns)
400
350
300
70
60
(260 mg)
(39,3%)
50
40
250
200
30
150
(70,0 mg)
(10,6%)
100
(24,4 mg)
(3,7%)
(21,3 mg)
(3,3%)
SC
CC
CC
Sist. Radic.
Parte Aérea
Sist. Radic.
50
0
20
10
Recuperação de N-uréia, %
500
0
SC
1
CC
2
Parte Aérea
Cana-planta
3
4
5
Prim eira rebrota
Figura 5. Recuperação do nitrogênio da uréia na parte aérea e sistema radicular da cana-deaçúcar nos tratamentos com (CC) e sem cobertura (SC), nos ciclos de cana-planta
e primeira rebrota (Adaptado de Trivelin et al., 1984 por Trivelin, 2000)
As doses de N aplicadas no solo em cana-soca são hoje de cerca de 100 kg ha-1
(Espironelo et al., 1996), não se justificando mais o uso rotineiro da fertilização foliar com
solução de uréia em cobertura com dose da ordem de 15-20 kg ha-1 de N (50 L de solução por
hectare - ultra baixo volume). Na atualidade, esse manejo na cultura da cana-de-açúcar pode
ser considerado uma prática alternativa de adubação, podendo realizar-se, nas grandes áreas,
com aviões, ou, mesmo, nas médias e pequenas, com pulverizador acoplado a trator de eixo
alto. Existe, ainda, a possibilidade do emprego da prática na correção de canaviais deficientes
em nitrogênio na fase de máximo crescimento (adubação complementar). A adubação foliar
com nitrogênio poderá também ser adotada para retardar a maturação de canaviais, na
programação de colheita pelas usinas, numa estratégia oposta ao emprego de “maturadores”,
uma vez que a suplementação com N provoca o crescimento vegetativo em detrimento do
acúmulo de sacarose ou, ainda, no controle do florescimento de canaviais. Outra alternativa
da prática é o uso em áreas destinadas à produção de mudas, uma vez que trabalhos prévios
demonstraram respostas à pré-fertilização com nitrogênio, alguns meses antes do corte de
colmos destinados ao plantio (Humbert, 1968; Casagrande, 1991; Carneiro et al., 1995).
Atualmente, algumas empresas agrícolas estão realizando cobertura nitrogenada em
soqueiras com uso de avião, aplicando uréia sólida em dose da ordem de 40 kg ha-1 de N (90
kg ha-1 de uréia). A respeito desse manejo são relatados resultados positivos sem que tenham
sido publicados resultados de ensaios que os demonstrem. Nesse caso, considerando-se que a
parte aérea da cultura da cana-de-açúcar intercepta 50% da uréia sólida aplicada por via aéra
(valor este dependente da arquitetura e estádio de crescimento da cana-de-açúcar), significará
que 20 kg ha-1 de N-uréia será colocada nas bainhas de folhas de cana-de-açúcar.
Considerando-se também, nesse caso, a mesma absorção determinada para pulverização foliar
com solução de uréia e equivalente a uma recuperação de 70% do N-uréia em cinco dias, o
aproveitamento pela cultura será da ordem de 14 kg ha-1 de N. Tem-se que considerar que 45
kg ha-1 de uréia não interceptada pelas plantas (50% da quantidade aplicada) irá recobrir o
solo. Caso não ocorra perda de amônia por volatilização, situação difícil de não se verificar,
especialmente no sistema “cana-cura”, a recuperação pela cultura desse N-uréia será da ordem
de 20% e a cana-de-açúcar aproveitará cerca de 4 kg ha-1 desse N em 2-3 meses, o que
resultará na absorção de 18 kg ha-1 de N-uréia dos 40 kg ha-1 de N aplicados por via aérea.
Para a cana-de-açúcar recuperar essa quantidade de N-uréia, caso todo o adubo fosse aplicado
no solo (considerada a recuperação de 20%), a dose necessária seria da ordem de 90 kg ha-1
de N-uréia (200 kg ha-1 de uréia). Destaque-se que essa adubação é complementar a de cultivo
de soqueira, normalmente da ordem de 100 kg ha-1 de N. Resta saber a relação custo benefício
desse manejo!
7
3. ADUBAÇÃO FLUIDA DE SOLO COM NITROGÊNIO EM CANA-DE-AÇÚCAR
Os fertilizantes fluidos foram introduzidos na adubação dos canaviais paulistas em
meados da década dos anos setentas, com base em suas vantagens econômicas em relação aos
adubos sólidos (Bichara & Azevedo, 1988; Coleti, 1989; Boaretto et al., 1991).
No período de 1974 a 1984, uma série de acontecimentos levou as companhias
agrícolas de usinas sucroalcooleiras a utilizar a adubação fluida para solo, ou seja: existia
oferta de fertilizantes fosfatados e nitrogenados, produzidos no país; a área plantada com a
cana-de-açúcar aumentou como decorrência do Programa Nacional do Álcool
(PROÁLCOOL); a produção de álcool gerou grande quantidade de vinhaça (subproduto da
indústria alcooleira); a vinhaça passou a ser empregada na fertilização de soqueiras de canade-açúcar; as usinas criaram toda a infra-estrutura para armazenamento e aplicação da vinhaça
como fertilizante fluido orgânico; em vista da relação N:K da vinhaça, foi necessário
fertilização complementar com nitrogênio, que passou a ser realizada em doses 100 kg ha-1 de
N; com a liberação de novos cultivares de cana-de-açúcar, a pesquisa agronômica indicava
aumento da produtividade de soqueiras, com a elevação das doses de nitrogênio, mesmo em
locais em que não se fazia uso de vinhaça; a área com rebrotas representava 75% de toda a
área plantada com a cana-de-açúcar e nela se aplicava a maior quantidade de nutrientes nas
adubações; as adubações com nitrogênio eram realizadas com adubos sólidos, como a uréia
(45% de N), o sulfato de amônio (21% de N) e o nitrato de amônio (32% de N); o custo de
fertilizantes nitrogenados sólidos elevava o de produção. Com o suprimento garantido das
matérias-primas para a produção de fertilizantes fluidos para P e K, e a amônia anidra (82%
de N), como fonte de N, sendo entregue nas usinas, produzia-se a aquamônia (16 a 20% de
N), cujo emprego representou uma redução de 30% no custo de produção (Fernandes &
Carmello, 1984; Bichara & Azevedo, 1988; Coleti, 1989; Boaretto et al., 1991). Naquela
época, as informações da eficiência agronômica de adubos fluidos nitrogenados comparados
aos sólidos eram escassas e tinham sido geradas para condições da América do Norte. As
poucas informações existentes em nosso meio tratavam da amônia anidra aplicada à cana-deaçúcar e comparada ao nitrato de amônio (Brinholi et al., 1980a,b; Brinholi et al., 1981). Dos
resultados dessas pesquisas, esperava-se que a eficiência agronômica da aquamônia fosse, ao
menos, equiparada às fontes sólidas. Resultados dos primeiros ensaios de complementação
com N em áreas de vinhaça, desenvolvidos pelo Centro de Tecnologia Copersucar - CTC (Penna & Figueiredo, 1984), não evidenciavam diferença de produtividade da cultura adubada
com a fonte nitrogenada fluida ou sólida (uréia), desde que os adubos fossem aplicadas em
profundidade no solo.
Na época da introdução da prática da adubação fluida de solo na cultura da cana-deaçúcar, os experimentos de adubação nitrogenada com uréia em complemento à aplicação da
vinhaça, demonstravam respostas na produtividade de soqueiras, com o aumento das doses de
N (Serra, 1979; Silva et al., 1980; Espironello et al., 1981). Nesse sentido, Planalsucar (1979)
preconizava que, caso o teor de argila do solo fosse inferior a 350 g kg-1, a resposta de
soqueiras à complentação nitrogenada da vinhaça seria reduzida. Um número significativo de
experimentos de adubação em diferentes solos, realizados pelo CTC, levou à recomendação
da dose de 100 kg ha-1 de N, complementando 80 a 120 m3 ha-1 de vinhaça,
independentemente do solo (Rodrigues et al., 1984). Outros trabalhos mostravam resultados
contraditórios de respostas da cultura à complementação com N, para solos de diferentes
texturas e fertilidade (Magro et al., 1981; Gloria et al., 1984; Pereira et al., 1985).
Em razão dessa polêmica, houve, no início, resistência das usinas produtoras de canade-açúcar na adoção da dose de 100 kg ha-1 de N complementando a aplicação da vinhaça,
como recomendado pelo CTC. Pensava-se, também, que, em determinadas condições, poderia
haver perdas do nutriente por lixiviação, volatilização, imobilização química e biológica, o
8
que resultaria em baixo aproveitamento do N-adubo pela cultura. Com a aquamônia, por ser
volátil, acreditava-se, também, que as perdas poderiam ser mais expressivas, mesmo se
aplicada em profundidade, o que resultaria em queda de produtividade da cana-de-açúcar.
Estudos com fertilizantes nitrogenados marcados com o isótopo 15N, desenvolvidos
em várias partes do mundo, evidenciaram que o aproveitamento do N de fertilizantes
aplicados ao solo pela cultura da cana-de-açúcar poderia variar entre 10 e 50%, dependendo
das condições de solo, clima e de manejo da cultura (Takahashi, 1967; 1969; 1970a,b;
Ruschel et al., 1978; Wong You Cheong et al., 1980; Salcedo & Sampaio, 1984; Sampaio et
al., 1984; Bittencourt et al., 1986; Sampaio & Salcedo;1987). Até 1984, não existiam
trabalhos que comparasse a EUF pela cana-de-açúcar do N de adubos sólidos e fluidos.
Por algum tempo a seguinte pergunta foi feita: qual fonte de N se deve aplicar na
adubação de soqueiras de cana-de-açúcar: aquamônia ou uréia? Em busca de respostas a esta
questão foram desenvolvidas pesquisas fazendo uso da técnica isotópica com uréia e
aquamônia marcados com 15N por Camargo (1989), Trivelin et al. (1985b; 1986; 1988a;
1995; 1996) e Trivelin (2000). Destaque-se que os resultados a seguir apresentados foram
obtidos em canaviais queimados previamente a colheita e os adubos aplicados em
profundidade no solo (fundo de sulco).
Como resultado dessas pesquisas constatou-se que a cana-soca de início ou de final de
safra, fertilizada com aquamônia (90-100 kg ha-1 de N) aplicada em profundidade no solo,
utiliza o N da fonte fluida, no mínimo, na mesma quantidade do nitrogênio da uréia, valor
esse que pode variar de 10 a 40% da dose aplicada, dependo das condições de solo, clima e
estádio da cultura da cana-de-açúcar (Figuras 6 e 7). Da mesma forma, a produtividade final
da cana-soca adubada com aquamônia é, no mínimo, a mesma da fertilizada com uréia, com
ambas sendo aplicadas em fundo de sulco (Tabela 1 e 2). Durante o crescimento da cultura, a
cana-soca adubada com aquamônia apresenta maiores índices de produção que a fertilizada
com uréia, podendo ou não resultar em maior produtividade no final, dependendo das
condições do meio, como a fertilidade do solo e o regime de chuvas (Tabela 3).
As transformações e a dinâmica do N da aquamônia e da uréia aplicadas na
fertilização de soqueira são diferentes em solos de textura arenosa. O N do fertilizante fluido
não aproveitado pela cultura, fica retido na camada superficial, em sua maior parte (Figura 8),
enquanto o N da fonte amídica, se perde do solo por lixiviação (Camargo, 1989), em sua
maior parte (Tabela 4).
40
NPPF total, kg ha-1
35
30
25
20
15
10
Aquamônia
5
Uréia
0
2
Figura 6.
3
4
5
6
Tempo após a adubação, meses
7
8
Nitrogênio na cana-soca de final de safra (SP 70-1143) derivado da aquamônia e da uréia
(NPPF, kg ha-1) entre o 3o e o 7o mês após a adubação. As barras significam o desviopadrão da média (Adaptado de Trivelin et al., 1995 por Trivelin, 2000)
9
NPPF total , kg ha-1
30
25
20
15
10
5
aquamônia
uréia
0
3
4
5
6
7
8
9
Tempo após a adubação, meses
10
11
Figura 7.
Nitrogênio na cana-soca de início de safra (SP 70-1143) derivado da aquamônia e da uréia
(NPPF, kg ha-1), entre o 4o e o 10o mês após a adubação. As barras significam o desvio
padrão da média (Adaptado de Trivelin et al., 1996 por Trivelin, 2000)
Tabela 1.
Produção de matéria natural e seca e nitrogênio acumulado na parte aérea da cana-soca de
final de safra (SP 70-1143) fertilizada com aquamônia e uréia (90 kg ha-1 de N), após
dozes meses da adubação1. (Adaptado de Trivelin et al., 1986 e 1995 por Trivelin, 2000)
Tratamento
Partes da planta
Matéria natural
__________________
1
t ha-1
Nitrogênio acumulado
___________________ _ __
g kg-1 ___
__
kg ha-1 ___
Aquamônia
Folhas secas
Colmo
Ponteiro
Parte aérea total
23 ± 1
119 ± 9
16 ± 1
159 ± 11
19 ± 1
38 ± 3
5±1
62 ± 4
4,5 ± 0,1
3,5 ± 0,1
9,5 ± 0,2
4,3 ± 0,1
88 ± 4
131 ± 11
48 ± 4
267 ± 15
Uréia
Folhas secas
Colmo
Ponteiro
Parte aérea total
23 ± 1
121 ± 8
16 ± 1
160 ± 10
19 ± 1
39 ± 3
5±1
63 ± 4
4,3 ± 0,1
3,3 ± 0,1
9,9 ± 0,3
4,1 ± 0,1
81 ± 5
129 ± 8
51 ± 5
262 ± 14
Média e desvio padrão da média (m ± sm) de 12 repetições.
Tabela 2.
Produção de matéria natural e seca e nitrogênio acumulado na parte aérea da cana-soca de
início de safra (SP 70-1143) fertilizada com aquamônia e uréia (100 kg ha-1 de N), após
dozes meses da adubação1. (Adaptado de Trivelin et al., 1996 por Trivelin, 2000)
Tratamento
Partes da planta
Matéria natural
____________________
Aquamônia
Uréia
1
Matéria seca
Matéria seca
t ha-1
_________________
Nitrogênio acumulado
___
g kg-1 ____
__
kg ha-1 ___
Folhas secas
Colmo
Ponteiro
Parte aérea total
7± 1
68 ± 8
15 ± 2
90 ± 11
5,8 ± 0,9
16,6 ± 2,9
3,9 ± 0,5
26,3 ± 3,2
3,2 ± 0,1
2,6 ± 0,1
10,3 ± 0,2
3,9 ± 0,1
19 ± 4
44 ± 5
41 ± 6
103 ± 13
Folhas secas
Colmo
Ponteiro
Parte aérea total
10 ± 1
89 ± 11
17 ± 2
116 ± 14
8,6 ± 1,1
21,9 ± 2,8
4,4 ± 0,5
34,9 ± 4,4
3,2 ± 0,1
2,7 ± 0,1
10,0 ± 0,2
3,7 ± 0,1
28 ± 4
59 ± 8
44 ± 4
131 ± 17
Média e desvio padrão da média (m ± sm) de 12 repetições.
10
Tabela 3. Produção de matéria natural e seca e nitrogênio acumulado na parte aérea da canasoca de final de safra (SP 70-1143), fertilizada com aquamônia e uréia (90 kg ha-1
de N), do 3o ao 8o mês após a adubação1. (Adaptado de Trivelin et al., 1986, 1995
por Trivelin, 2000)
Tempo2
Tratamento
Matéria natural
_________________
meses
Matéria seca
t ha-1 _________________
Nitrogênio acumulado
_____
g kg-1
_____
____
kg ha-1 ____
3
Aquamônia
Uréia
41 ± 2
39 ± 3
6,9 ± 0,4
6,7 ± 0,5
12,7 ± 0,3
13,1 ± 0,6
87 ± 6
88 ± 8
4
Aquamônia
Uréia
64 ± 3
58 ± 3
11,5 ± 0,8
10,2 ± 0,6
8,0 ± 0,2
9,5 ± 0,3
92 ± 7
97 ± 6
5
Aquamônia
Uréia
93 ± 5
85 ± 4
21,0 ± 1,1
19,3 ± 0,9
6,7 ± 0,8
6,3 ± 0,3
141 ± 18
122 ± 8
6
Aquamônia
Uréia
118 ± 5
111 ± 3
25,8 ± 1,2
24,7 ± 0,9
7,1 ± 0,6
6,8 ± 0,1
183 ± 18
168 ± 7
7
Aquamônia
Uréia
112 ± 5
104 ± 3
28,8 ± 1,9
26,1 ± 0,7
4,6 ± 0,1
4,7 ± 0,3
132 ± 9
123 ± 8
8
Aquamônia
Uréia
116 ± 4
109 ± 3
29,9 ± 1,1
28,1 ± 1,0
5,9 ± 0,7
5,2 ± 0,1
176 ± 22
146 ± 6
Média3
Aquamônia
Uréia
99 a
93 b
26,4 a
24,5 b
7,0
7,1
153 a
139 b
Média e desvio padrão da média (m ± sm) de 3 repetições. O desvio-padrão da média foi obtido por
propagação de erro.
2
Tempo após a adubação.
3
Médias dos tratamentos com letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey (p = 0,05).
1
Profundidade
no solo
Uréia
0,00-0,25 m
0,25-0,50 m
0,50-0,75 m
0,75-1,00 m
Aquamônia
1,00-1,25 m
0
2
4
6
8
10 12 14 16 18 20 22 24
-1
Recuperação do N-fertilizante, kg ha
Figura 8. Recuperação, no solo, do nitrogênio da uréia e da aquamônia aplicada em canasoca de final de safra (Adaptado de Camargo, 1989 e Trivelin et al., 1988a por
Trivelin, 2000).
11
Tabela 4. Balanço do N da aquamônia e da uréia (100 kg ha-1) no sistema solo-planta após
onze meses da adubação, em cana-soca de final de safra. (Adaptado de Camargo,
1989, Trivelin et al., 1988a por Trivelin, 2000)
Recuperação do nitrogênio1
Uréia
Aquamônia
Destino do N-fertilizante
_____________________________
A. Acumulado na cultura
B. Residual no solo
C. Solo-planta
D. Perdas3
E. Lixiviação (Camargo, 1989)
F. Outras perdas4
1
2
3
4
kg ha-1
________________________
14,4 ± 1,4
13,5 ± 1,7
27,9 ± 2,1 2
18,4 ± 1,4
22,8 ± 1,8
41,2 ± 2,3
72,1
28,2
43,9
58,8
7,5
51,3
Média e desvio padrão da média (m ± sm)
O desvio padrão da média (sm) foi obtido por propagação de erro.
Perdas (D = 100 – C).
Outras perdas (F = D – E)
Com os adubos fluído e sólido aplicados em profundidade no solo a perda de amônia
por volatilização é praticamente desprazível e da ordem de 1-3% do N-fertilizante aplicado
(Lara Cabezas et al., 1987; Camargo, 1989).
Carnaúba et al. (1989) estudaram as transformações no solo do nitrogênio do sulfato
de amônio (15N) aplicado em complementação à vinhaça, obtendo informações à respeito da
influência da matéria orgânica do resíduo sobre a imobilização do nutriente aplicado como
fertilizante. No estudo, desenvolvido em colunas de solo, foi verificado que a imobilização do
N-sulfato de amônio foi mais acentuado para o solo tratado com vinhaça.
Em vista desses resultados, pela extensão do sistema radicular da cana-de-açúcar e
mobilidade do N da fonte fluida e suas transformações nas camadas superficiais, pode-se
recomendar a aplicação da aquamônia, em profundidade e na entrelinha da cultura, por meio
de cultivadores de duas hastes. Nesse sistema de cultivo, realizado a uma distância maior da
linha de soqueira, comparativamente ao que tradicionalmente se utiliza em canaviais com
queima previamente à colheita, minimizam-se os danos ao sistema radicular da cana-soca
(físicos e químicos), possibilitando maior facilidade de operação, com redução nos custos.
4. MANEJO DA ADUBAÇÃO COM NITROGÊNIO E ENXOFRE NO SISTEMA
“CANA-CRUA”
4.1 Adubação fluida de solo
Atualmente, o grande desafio das companhias agrícolas de usinas que há mais 20 anos
fazem uso da adubação fluida nitrogenada em canaviais manejados com queima antes da
colheita, é o de manter essa forma de adubação em áreas de "cana-crua", considerando-se a
dificuldade de aplicação em profundidade dessas fontes em solo coberto com 10-20 t ha-1 de
resíduo vegetal (palha). Com esse objetivo, foram sugeridas alternativas que passaram a ser
12
-1
Acidez titulável, mmol.L de H
+
avaliadas. Trivelin et al. (1997 e 1998) testaram a alternativa de misturar aquamônia à
vinhaça. Caso essa mistura fosse estável seria possível aplicá-la diretamente no campo, sobre
a palha. Inicialmente, Trivelin et al. (1997) avaliaram quimicamente a mistura (Figura 9 e
Tabelas 5 e 6).
O valor médio de acidez titulável de uma vinhaça de caldo à pH 7 de 85,5 mmol L-1 de
H+ (Figura 9), corresponde a quantidade teórica de 1,20 g L-1 de N-NH3 (120 kg de N-NH3 em
100 m3 de vinhaça), que adicionada à vinhaça passaria à forma de NH4+, elevando o pH.
Entretanto, devido à formação do tampão NH4+/NH3 o pH da solução tenderá a ficar abaixo de
7 (Tabela 5). Adições de 1,00 g. L-1 (71,4 mmol L-1) e 0,80 g L-1 (57mmol L-1) de N-NH3 à
vinhaça, correspondem às doses de 100 e 80 kg de N-NH3 em 100 m3 de vinhaça
respectivamente. Os resultados experimentais (Figura 9) permitiram estimar que o pH da
mistura com adição de 1,00 e 0,80 g L-1 de N-NH3 à vinhaça ficaria entre 5,0-5,5 e 4,5-5,0,
respectivamente o que se confirmou pelos resultados experimentais (Tabela 5).
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Vinhaça 0dia
Vinhaça 3dias
2
3
4
5
6
7
pH
Figura 9. Acidez total ou titulável (mmol.L-1 de H+) em função do pH de vinhaça com 0 e 3
dias após a produção (por Trivelin et al., 1997).
Tabela 5.
Vinhaça
pH de misturas de vinhaça com aquamônia após 0, 24 e 48 horas (por Trivelin et
al., 1997)
Tempo
h
Vinhaça + 0,8 g.L-1
de N-NH3
Vinhaça + 1,0 g.L-1
de N-NH3
_____________________________________
Vinhaça + 1,2 g.L-1
de N-NH3
pH _____________________________________
0 dia
0
24
48
4,6
4,5
4.3
5,2
5,1
5.0
6,3
6,1
5.8
3 dias
0
24
48
4,6
4,5
4,5
5,2
5,1
5,0
6,2
6,0
5,9
13
Os resultados de recuperações de N-NH3, em 48 horas, nas misturas (três doses de
adição de amônia em vinhaça com 0 e 3 dias após a produção), determinados por digestãodestilação Kjeldahl (N-total) e por destilação com óxido de magnésio (N-NH4+) contam da
Tabela 6. Por 48 horas a mistura fluida (aquamônia e vinhaça) com pH<7 não mostrou perda
apreciável de amônia. O N-NH3 misturado à vinhaça (pH<7) reagindo com o H+, permaneceu
estável em solução, na forma iônica NH4+, não ocorrendo imobilização por ação
microbiológica. Em vista da estabilidade química da amônia misturada à vinhaça (pH<7)
abriu-se a possibilidade de utilização da mistura na adubação nitrogenada de cana-de-açúcar.
Trivelin et al. (1998) avaliaram as perdas de NH3 por volatilização da mistura de
vinhaça com aquamônia e de solução de uréia aplicadas ao solo com coletor semi-bertoestático (Lara Cabezas et al., 1999). A recuperação no solo do N das fontes nitrogenadas foi
quantificada pela técnica isotópica com 15N em microparcelas, constituídas de cilindros de
PVC de 96 mm de diâmetro, enterrados à profundidade de 200 mm. A dose de N aplicada foi
de 80 kg ha-1 para ambas as fontes, sendo de 200 e 100 m3 o volume de vinhaça e de solução
de uréia aplicados em superfície respectivamente. As soluções nitrogenadas foram aplicadas
sobre solo coberto ou não com palhada de cana.. A volatilização de amônia da mistura de
aquamônia e vinhaça aplicada em solo coberto ou não com palhada foi de mesma grandeza
(5-7% do N aplicado) que a de solução de uréia aplicada superficialmente em solo sem a
palhada, e inferiores ao da fonte amídica aplicada sobre a palha (11%) (Tabela 7).
Confirmando os resultados de volatilização, verificou-se uma menor recuperação do
15
N no tratamento com solução de uréia aplicada sobre a palhada (57%) comparativamente a
do tratamento com aquamônia misturada à vinhaça que evidenciou, nas mesmas condições,
maior valor (74,2%) (Figura 10). Estes resultados permitiram recomendar a mistura fluida de
aquamônia e vinhaça (pH<7) aplicada superficialmente na fertilização nitrogenada de
soqueiras, após a colheita mecanizada da cana sem despalha a fogo.
Tabela 6 . Recuperação do N-amônia nas misturas de vinhaça (0 e 3 dias) com aquamônia
(78,16; 97,70 e 117,24 mg. parcela-1 de N-NH3), em função do tempo (0, 24 e 48
horas) (por Trivelin et al., 1997)
N-NH3
adicionado à
vinhaça
g.L-1
Vinhaça
0 dia
Recuperação do N-NH3 na mistura
(média ± desvio padrão da média de três repetições)
0h
24h
48h
Média
____________________________________
___________________________________
%
101,6±0,6
100,3±0,6
96,0±0,2
0,78
98,9
3 dias
99,0±2,7
94,5±1,8
101,7±3,7
0 dia
102,7±1,3
102,6±1,5
96,0±0,6
3 dias
102,5±1,5
98,0±1,5
96,9±1,1
0 dia
98,8±2,0
96,0±0,5
97,0±3,4
3 dias
97,5±1,3
94,9±0,8
93,3±1,3
100,3
97,7
96,8
0,98
99,8
1,17
96,2
Média
14
Tabela 7. Efeito da fonte de nitrogênio (uréia e aquamônia) e da cobertura do solo (com e
sem palhada) na volatilização de (% do N-fertilizante aplicado e em kg.ha-1) em
diferentes tempo (por Trivelin et al., 1998)
Tempo
Tratamentos **
V+A
P+U
P+V+A
d.a.a.*
2
5
9
14
U
------------------------------------ % (kg.ha-1) -----------------------------------3,32 (2,95)b
5,50 (4,89)b
6,60 (5,86)b
7,85 (6,98)b
1,80 (1,35)c
4,60 (3,44)bc
5,73 (4,28)bc
7,43(5,55)bc
5,28 (4,28)a
7,74 (6,26)a
9,56 (7,74)a
10,74 (8,69)a
1,72 (1,39)c
3,23 (2,62)c
4,13 (3,34)c
4,97 (4,03)c
Recuperação do N aplicado, %
*d.a.a. - dias após adubação;
**P+V+A - vinhaça + aquamônia sobre palha, V+A - vinhaça + aquamônia em solo nu, P+U –
solução de uréia sobre palha, U = uréia em solo nu.
Médias seguidas de mesma letra, na horizontal, não diferem significativamente entre si, pelo teste de
Duncan a 5% de probabilidade.
80
A
prof. 10-20cm
AB
prof. 5-10cm,
70
C
60
BC
prof. 0-5cm
50
40
30
20
10
0
P+V+A
V+A
P+U
U
Tratamentos
Figura 10. Porcentagem de recuperação do 15N-aquamônia em três profundidades no solo
após 14 dias da aplicação das fontes nitrogenadas (tratamentos P+V+A: mistura
de vinhaça e aquamônia aplicada sobre a palha, e V+A: mistura de vinhaça e
aquamônia aplicada sobre solo descoberto) e do 15N-uréia (tratamentos P+U:
solução de uréia aplicada sobre a palha e U: solução de uréia aplicada sobre solo
descoberto). Médias seguidas de mesma letra maiúsculas não diferem entre si pelo teste
de Duncan (p=0,05) (por Trivelin et al., 1998).
Com o objetivo de incorporar a uréia no solo em área coberta com palha a fim de
evitar a perda de amônia por volatilização e viabilizar a aplicação da fonte amídica na
adubação de áreas com “cana-crua, Gava (1999) e Gava et al. (2001a) desenvolveram um
experimento em solo PVA na Usina Iracema S/A no município de Piracicaba, SP, em que se
avaliou a aplicação da mistura de uréia (100 kg ha-1 de N) e vinhaça (100 m3 ha-1). O
15
experimento constou de 5 tratamentos com aplicação de vinhaça e uréia (Tabela 8). A vinhaça
sem adição de uréia apresentou a seguinte composição química (kg m-3): 0,41 de N; 0,07 de
P2O5; 2,72 de K2O; 0,91 de CaO; 0,38 de MgO e pH 4,9. Após adição da uréia a mistura
elevou seu teor N para 1,43 kg m-3. Foram avaliadas as perdas de amônia do fertilizante por
volatilização com coletor semi-aberto estático (Lara Cabezas et al., 1999). Após 25 dias da
aplicação da mistura de uréia e vinhaça, nos tratamentos com e sem palhada as perdas de
amônia foram da ordem de 16 e 2% do N aplicado respectivamente (Tabela 8). Esses
resultados embora tenham evidenciado maiores perdas de amônia quando se aplicou a mistura
de uréia e vinhaça sobre o solo não coberto com palha, deram indicativos que essas perdas
não foram tão elevadas comparativamente à aplicação da uréia sólida sobre a palha
(Cantarella et a., 1999; Oliveira et al., 1999a; Costa et al., 2003; Vitti et al. 2002b; Vitti, 2003;
Trivelin et al., 2005) podendo ser uma alternativa de manejo da adubação nitrogenada em
áreas de soqueiras que recebem vinhaça, aplicando-se a mistura com caminhão ou canhão
alto-propelido.
Gava et al. (2001b) avaliaram o crescimento, o acúmulo de nitrogênio o N na planta
proveniente do fertilizante e a recuperação do N-fertilizante, pela técnica da diluição isotópica
com 15N, pela soqueira de cana-de-açúcar nas condições dos tratamentos T3 e T5 (Gava et
al., 2001a) em que as perdas de amônia por volatilização foram contrastantes (Tabela 9). O
desenvolvimento vegetal representado por curvas de acúmulo de massa de material seco e
pelos índices fisiológicos de taxa de produção de matéria seca e taxa de crescimento relativo,
foram semelhantes nas condições com ou sem palhada de cana-de-açúcar (Figuras 10 a 12).
Do nitrogênio total acumulado na parte aérea da soqueira de cana-de-açúcar, 9 a 29% foram
absorvidos do fertilizante dependo do estádio de crescimento da cana-de-açúcar. A possível
diferença para menor no tratamento T3 (com palha) em relação ao T5 (sem palha) foi
atribuída ao regime pluviométrico que influiu negativamente no T3, na estação de verão, pela
saturação do solo com água (solo com 600 g kg-1 de argila na camada arável) e à imobilização
do nitrogênio no T3 causada pela palha (relação C:N da ordem de 100).
Resultados semelhantes aos de Gava et al. (2001b) evidenciando menor produtividade
da cana-de-açúcar no sistema “cana-crua”, também em solo argiloso, foram obtidos por
Basanta et al. (2003) em Terra Roxa Estruturada, tanto na soca como na ressoca da cultura.
Em condições de solo arenoso as pesquisa não tem mostrado diferenças na resposta de
produtividade entre o sistema com e sem queima da cana-de-açúcar (Trivelin et al., 2002a,b)
existindo casos em que o sistema cana-crua possibilitou, sistematicamente, maior rendimento
(Alvarez & Castro, 1999; Urquiaga et al., 1991).
A produtividade da cana-de-açúcar no sistema cana-crua é dependente de muitos
fatores, destacando-se o tempo de adoção do sistema, as condições climáticas (temperatura e
regime de chuvas), o tipo solo, o cultivar de cana-de-açúcar, a sanidade das plantas e o
manejo da adubação, especialmente a nitrogenada.
Lara Cabezas et al. (1994) estimaram por balanço de 15N as perdas por volatilização
do N da uréia e da vinhaça em aplicação conjunta e separada, em LR e PV. Para a uréia foram
estimadas perdas de 11 e 16% do N aplicado, no LR, e de 17 e 26% no PV, respectivamente,
quando se efetuou a simples incorporação e em complementação a vinhaça. As perdas gasosas
de N-vinhaça em complementação mineral foram de 56,8 e 12,7 %, no LR e PV
respectivamente.
As perdas do N da vinhaça verificadas por Lara Cabezas et al. (1994) foram mais
expressivas no solo argiloso, fato esse que pode contribuir para explicar as maiores respostas
de soqueiras de cana-de-açúcar nesses solos, quando se aplica a vinhaça e procede-se a
complementação nitrogenada com uréia conforme proposto por Planalsucar (1979), Robaina
et al. (1984), Pereira et al. (1985) e Sobral et al. (1988).
16
Tabela 8. Perda acumulada de N-NH3 do solo (kg ha-1) (por Gava et al., 2001a)
____________________
Tratamentos
T11
T2
T3
T4
T5
CV(%)
Tempo em dias após a adubação ___________________
2-4
2-8
2 - 11
2 - 16
2 - 25
01,80 b
01,19 b
12,58 a
01,69 b
00,31 b
30
03,34 b
02,72 b
16,63 a
03,53 b
01,34 b
45
03,34 b
03,18 b
18,99 a
04,14 b
02,03 b
33
03,91 b
03,64 b
20,00 a
04,87 b
02,12 b
36
05,11 b
04,95 b
21,71 a
05,66 b
02,48 b
55
Médias de quatro repetições, nas colunas, seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de
significância de 5%. 1 (T1) vinhaça (100 m3 ha-1), aplicada em área total sobre o solo coberto com palhada; (T2) vinhaça,
aplicada em área total (100 m3 ha-1) sobre o solo não coberto com palhada; (T3) mistura de vinhaça (100 m3 ha-1) e uréia
(100 kg ha-1 de N) aplicada em área total sobre o solo coberto com palhada; (T4) mistura de vinhaça (100 m3 ha-1) e uréia
(100 kg ha-1 de N) aplicada em área total sobre o solo não coberto com palhada; (T5) uréia enterrada em sulcos com prévia
aplicação de vinhaça, sobre o solo sem cobertura de palhada (cana queimada) .
Tabela 9. Massa de material natural e seco, nitrogênio acumulado, nitrogênio na planta
proveniente do fertilizante (NPPF) e porcentagem de recuperação do N-fertilizante
(R) na parte aérea da soqueira, com (T3) e sem (T5) palhada sobre o solo, em
diferentes períodos de dias após o último corte da soqueira (DAC) de canadeáçúcar (por Gava et al., 2001b).
Tratamento
DAC
N
NPPF
acumulado
_______
(kg ha-1) _______
NPPF
________
R
(%)________
T3
T5
46 ±10
48 ±11
7 ±2
7 ±2
66 ±13
78 ±13
9 ±5
21 ±11
14
26
9
21
137
T3
T5
69 ±6
74 ±8
13 ±2
15 ±2
88 ±14
100 ±19
12 ±3
28 ±14
14
28
12
28
169
T3
T5
70 ±7
80 ±9
21 ±2
25 ±3
98 ±17
120 ±16
13 ± 8
29 ±10
13
24
13
29
204
T3
T5
84 ±4
91 ±8
22 ±1
26 ±2
81 ± 6
95 ±15
10 ±4
23 ±13
12
24
10
23
237
T3
T5
88 ±27
92 ±3
24 ±9
26 ±1
88 ±34
101 ±5
9 ±3
14 ±3
10
14
9
14
267
T3
T5
94 ±3
97 ±20
25 ±1
29 ±6
144 ±6
153 ±30
14 ±7
24 ±11
10
15
14
24
299
T3
T5
98 ±39
108 ±6
28 ±13
32 ±1
147 ±20
172 ± 9
12 ± 2
26 ±12
8
15
12
26
Média 1
T3
T5
78 a
84 b
20 a
23 b
101 a
117 b
11 a
24 b
12 a
21 b
11 a
24 b
103
1
Material Material
fresco
seco
_______
(t ha-1) _______
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de significância (n=4).
Material seco (t ha-1)
17
33
30
27
24
21
18
15
12
9
6
3
0
0
30
60
90
120 150 180 210
Tempo(dias após ocorte)
T1
240
270
300
T2
Figura 11. Acúmulo de material seco da parte aérea da soqueira de cana-de-açúcar em
diferentes estádios representada pelos pontos e o ajuste da função logística
representada por linhas nas condições com (T1=T3) e sem (T2=T5) de palhada
sobre o solo (por Gava et al., 2001b).
25
A
TPMS, (g m-2 dia-1)
20
15
10
5
0
13
0.16
43
73
103
43
73
103
133
163
193
223
253
283
133
163
193
Tempo, (dias após o corte)
223
253
283
B
TCR, (g g -1 dia-1)
0.14
0.12
0.10
0.08
0.06
0.04
0.02
0.00
13
T1
T2
Figura 12. Taxa produção de matéria seca (TPMS) e de crescimento relativo (TCR) da parte
aérea da soqueira cana-de-açúcar nas condições com (T1=T3) e sem (T2=T5)
palhada sobre o solo em diferentes estádios (por Gava et al., 2001b)
18
4.2 Fontes, modo de aplicação e doses de adubos nitrogenados
Com o uso intensivo da colheita mecanizada da cana-de-açúcar sem a queima prévia
do canavial, ficando o solo coberto com 10-20 t ha-1 resíduos culturais, tem sido levantadas as
seguintes questões: qual é a melhor fonte nitrogenada para se aplicar nas adubações de
soqueira? Qual é o melhor modo de aplicação de adubos nitrogenados, em área total ou em
faixa, sobre ou ao lado da linha de soqueira? Seria a dose de nitrogênio a mesma recomendada
para o sistema com queima?
Com o objetivo de obter respostas às duas primeiras questões, Vitti (2003), Vitti et al.
(2002b) e Vitti et al. (2005) compararam o aproveitamento do nitrogênio (15N), as perdas por
volatilização e a produtividade de soqueira com adubações de 70 kg ha-1 de N de formas
sólidas: uréia, sulfato de amônio (SA) e nitrato de amônio (NA), e fluidas: uran e aquavin
(mistura de aquamônia e vinhaça). As fontes foram aplicadas em faixa (banda), ao lado da
linha de soqueira, e em área total, com exceção da aquavin que foi aplicada unicamente em
área total (Tabela 10).
Para as fontes uréia e uran as perdas foram superiores em relação às demais, devido ao
componente amídico, principalmente na aplicação em faixa. No período de 20 dias após a
adubação as perdas da uréia aplicada em faixa e em área total foram de 46 e 37% do N-adubo
respectivamente. A maior perda por volatilização das fontes com N-amídico aplicadas em
faixa pode relacionar-se à concentração do fertilizante em uma menor área, fazendo com que
a urease da palha e/ou do solo atuasse por mais tempo na hidrólise da uréia. Santos et al.
(1991) observaram aumento na velocidade de hidrólise da uréia com a concentração do
fertilizante, porém não proporcional às doses avaliadas. Nessa reação há consumo de H+ do
meio, elevando, conseqüentemente, o pH, o que favorece a volatilização da amônia,
principalmente, com o aumento das doses de uréia (Singh & Nye, 1984; Kiehl, 1989). A
volatilização de amônia foi menor com as fontes NA, SA e mistura aquavin. A camada de
palha sobre a superfície do solo, além de promover atividade ureolítica, favorece as perdas de
amônia, por funcionar como uma barreira entre o N-adubo e o solo, fazendo com que o NNH3 produto da hidrólise da uréia permaneça sobre aos restos culturais. Portanto, a aplicação
de fonte amídica na superfície do solo, sobre os restos culturais de cana-de-açúcar, associada
à temperatura elevada, baixa precipitação e a concentração do fertilizante (aplicação em
faixa), contribuiu para o aumento das perdas de N-NH3 por volatilização.
Tabela 10. Nitrogênio volatilizado e produtividade de colmos em relação às formas de
aplicação dos adubos nitrogenados em faixa e em área total (dose de 70 kg ha-1 de
N) (Vitti, 2003 por Vitti et al., 2005)
Fontes
Nitrogenadas
N-NH3 volatilizado (kg ha-1)
Faixa
Área Total
Sulfato de amônio 2,0±0,1 a A
3,0±0,1 a A
Nitrato de amônio 2,0±0,1 a A
4,2±0,1 a A
Uran
12,8±0,1 b A
9,3±0,1 b B
Uréia
32,4±0,1 c A 26,0±0,1 c B
Aquavin
6,4±1,9 a b
CV (%)
9,8
Produção de colmos (Mg ha-1)
Faixa
Área Total
72,8 a*
63,5 b
60,6 b
60,0 b
-
A
A
A
A
76,0 a A
65,6 a b A
63,7 b A
57,0 b A
74,3 a
13,2
±: Desvio padrão da média; *: Médias seguidas por letras iguais: minúsculas na vertical e maiúscula
na horizontal, respectivamente, não diferem entre si ao nível de significância de 5% pelo teste Tukey.
19
A volatilização de amônia do uran (Tabela 10) foi menor que da uréia, tanto na
aplicação em faixa como em área total, mas o comportamento foi semelhante, uma vez que as
perdas foram maiores para a aplicação em faixa. Estes resultados assemelharam-se ao que foi
discutido anteriormente na condição que se concentrou o fertilizante na aplicação em faixa.
Ocorreu menor percentual de perda do N da uréia (42%) que compõe a fonte uran em relação
ao fertilizante uréia (46%), aplicados em faixa, considerando-se nulas as perdas do NA. O
NA, do uran além de ser estável, pode apresentar outro efeito benéfico, que seria o de reduzir
a volatilização do NH3, produto da hidrólise da uréia do uran, devido ao fato do seu pH ser em
torno de 5,5.
Diversos trabalhos na literatura mostraram efeitos benéficos da mistura de fertilizantes
aos nitrogenados. Kong et al. (1991) sugeriram que a mistura de compostos ácidos à uréia
poderia ser usada para reduzir o pH do solo próximo aos grânulos de uréia e, desse modo,
diminuiriam as perdas de amônia. Lara Cabezas et al. (1997) observaram que a adição de SA
à uréia diminuiu as perdas de N por volatilização. Portanto, a mistura de fertilizante é mais
um fator que poderá ser considerado na aplicação do N, sobre os resíduos de cana-de-açúcar
que permanecem na área após a colheita sem queima.
A baixa volatilização de N-amônia da mistura aquamônia e vinhaça (aquavin),
constatada em campo (Tabela 10), confirmaram os resultados de Trivelin el al. (1998),
podendo-se concluir que a mistura, pela sua estabilidade química, tem potencial para ser
aplicada em superfície, sobre os restos culturais de cana-de-açúcar. Considerando ainda
possíveis perdas de N da vinhaça, em torno de 5 kg ha-1 de N (Gava et al., 2001a), a perda de
amônia proveniente da fonte aquamônia seria ainda menor, tornando a aplicação dessa
mistura tão segura quanto às fontes SA e NA. Ao se aplicar a mistura fluida sobre a palha,
além de estar suprindo em N o agrossistema, a solução ao se infiltrar pela camada de palha
penetra no solo, possibilitando que o N-amoniacal venha a ser retido nos sítios ativos do solo
como NH4+, sendo essa retenção maior com a CTC do solo. A volatilização também poderia
ser reduzida à medida que se aumentasse o volume de vinhaça aplicada, sem mesmo levar em
consideração sua acidez total ou titulável (para pH da mistura < 7).
Em relação à produção de colmos (Tabela 10) não houve diferença para as fontes
nitrogenadas aplicadas em faixa ou área total. A maior produtividade do SA em relação ao
NA aplicado em faixa, se deveu ao efeito do enxofre, uma vez que as duas fontes
apresentaram baixa volatilização. Esse mesmo efeito pode-se dizer da mistura Aquavin. A
menor produtividade com as fontes uran e, principalmente, para a uréia se deveu, também, às
perdas de N-NH3 por volatilização. Para as fontes que apresentaram baixa volatilização,
mesmo não havendo diferença na produtividade, e nesse caso poderá ocorrer ao longo das
safras (cortes) um efeito residual da adubação nitrogenada, uma vez que a cultura da cana-deaçúcar é considerada perene.
Na Tabela 11 estão apresentados os resultados de recuperação de N (kg ha-1 e %) para:
planta toda, palha, N residual e o balanço de N (15N) das fontes nitrogenadas, na dose de 70
kg ha-1 de N: SA e uréia em aplicações faixa ou em área total.
Tanto para o SA como para a uréia não houve diferença entre aplicação em faixa e em
área total nos diferentes compartimentos, exceto para a palha residual, que apresentou maior
valor quando os fertilizantes foram aplicados em área total. Isso se deveu, provavelmente, a
maior superfície de contato entre o fertilizante e a palha, resultando na imobilização do Nfertilizante pelos microrganismos. Ainda, em relação ao N-fertilizante presente na palha de
cana-de-açúcar, tanto na aplicação em faixa como em área total, parte pode ter originado da
imobilização microbiana, como também de raízes de cana-de-açúcar marcadas em 15N, que se
desenvolveram na superfície como verificado por Faroni et al. (2003). Essas radicelas,
beneficiadas pelas condições microclimáticas da cobertura do solo, fizeram parte da amostra
de palha, causando o enriquecimento em 15N do material (Trivelin et al., 2002a).
20
Tabela 11.
Fontes
Balanço (kg ha-1 e %) do N dos fertilizantes (15N): sulfato de amônio (SA) e
uréia aplicados em faixa (F) e em área total (AT), no sistema solo-cana-deaçúcar-palha, na dose de 70 kg ha-1 de N (Vitti, 2003 por Vitti et al., 2005)
_________________
Recuperação do N das fontes nitrogenadas (15N) _______________
___
______
Planta toda1 __
Palha ______
N Residual2
Recuperação total3
F
AT
F
AT
F
AT
F
AT
______________________________________________
SA
Uréia
21,2 a
11,6 b
CV (%)
21,6 a
9,7 b
kg ha-1 ___________________________________________
5,8 a
30,1 a
37,3 a
51,3 a
52,7a
6,0 a
26,7 a
29,3 a
38,4 b
39,1b
2,0 a
3,4 a
20,1
50,4
19,7
20,3
% ________________________________________________
8,3 a
43,0 a
53,3 a
73,3 a
73,3 a
8,4 a
38,1 a
41,8 a
54,8 b
55,8 b
_________________________________________________
SA
Uréia
CV (%)
30,3 a
16,5 b
30,9 a
13,9 b
20,3
2,9 b
4,8 b
49,6
19,7
16,7
1
: colmo + ponteiro + folha seca + sistema radicular; 2: sistema radicular, solo e palha; 3: solo-cana-de-açúcar-palha; médias
seguidas pela mesma letra na vertical e na horizontal, em cada variável, não diferem entre si ao nível de significância de 5%
pelo teste de Tukey.
Observa-se ainda, na Tabela 11, que a recuperação pela cana-de-açúcar do N do
sulfato de amônio foi o dobro em relação ao N-uréia, sendo menores as perdas avaliadas pelo
balanço de N. A recuperação total média do N-SA e N-uréia foram, respectivamente, de 70 e
50%. A menor recuperação total do N-uréia se deveu às maiores perdas de N por volatilização
(37 e 46%, quando aplicada em área total e em faixa respectivamente). Ao se somar esses
valores com o N-recuperado, é possível inferir a respeito do destino de cerca de 90% do Naplicado. Os 10% restantes podem-se considerar como outras perdas que não foram
quantificadas, como a desnitrificação, lixiviação e a perda de amônia pela parte aérea da
cultura. A fonte SA apresentou comportamento diferente da uréia, uma vez que foi recuperado
mais do N-SA (70%) e a volatilização foi reduzida (3%). Pelo balanço as demais perdas
foram maiores e da ordem de 27% do N-SA aplicado. Acredita-se que essas perdas, em sua
grande maioria, foram pela parte aérea, pois como foi constatado no presente trabalho e em
outros na literatura, a planta absorve, em sua maior parte, o N-fertilizante aplicado logo no
inicio. A utilização do N-fertilizante pela cultura da fonte sulfato de amônio foi elevada se
comparada com a uréia, que se enquadra dentro da variação de 10 a 20% normalmente
encontrada na literatura. Talvez essa maior recuperação se deva ao melhor desenvolvimento
da cultura e o efeito sinérgico da absorção N/S. Para o efeito residual, essa diferença não foi
significativa, onde a recuperação foi em média de 48 e 40%, respectivamente, para o SA e
uréia.
Em relação à adubação com N para cana-soca no Estado de São Paulo, é
recomendação do IAC (Boletim 100) a dose média de 100 kg ha-1 de N (Espironelo et al.,
1997), sendo que na maioria das vezes aplica-se essa dose independente de qualquer fator.
Desse modo, pode-se dizer que a adubação nitrogenada empregada para uma determinada
situação estaria subestimada e em outra superestimada (Penatti & Forti, 1994). Essa adubação
é recomenda para áreas onde se realiza a queima. Porém, como ficaria a dose de N para as
áreas sem queima?
Como a palhada de cana-de-açúcar apresenta em média uma relação C:N em torno de
100, é de se esperar que no início ocorra uma intensa imobilização do N no solo, ou seja, uma
pequena mineralização líquida no período de apenas um ano agrícola (Vitti, 1998). Nessas
condições, pode ocorrer deficiência de N nas plantas, uma vez que os resíduos orgânicos
constituem-se, primeiramente, em fonte de nutrientes para os macro e microrganismos do solo
e posteriormente para a própria cultura. Essa retenção torna-se prejudicial ao desenvolvimento
21
da cana-de-açúcar, principalmente no estádio de crescimento e formação de colmos, uma vez
que a cultura requer o N em grande quantidade (Silveira, 1985).
Na avaliação da resposta à adubação com N em cana-soca de 2º corte (safra
1998/1999), colhida mecanicamente sem a queima, foi desenvolvido um estudo com 5 doses
de N-nitrato de amônio: 35, 70, 105, 140 e 175 kg ha-1 e um tratamento testemunha sem
adição de N (Vitti et al., 2002a; Vitti, 2003). Os valores de produtividade de colmo na safra
1999/2000 (3o corte), a recuperação do N fertilizante (% e kg ha-1) estão apresentados na
Tabela 12. Houve resposta linear às doses de N na produção de colmos no 3º corte (safra
1999/2000). Observou-se que a produção de colmos dobrou no tratamento com maior dose
em relação a testemunha.
Em relação à recuperação do N-15NH4+ (kg ha-1 de N) da fonte nitrato de amônio na
planta (sistema radicular e planta toda) e no sistema solo-planta-palha houve resposta linear e
altamente significativa com as doses de N (Tabela 12). O fato de ter ocorrido com esses
resultados a mesma resposta verificada para a produtividade de colmos, é evidência do efeito
benéfico da adubação nitrogenada em áreas de colheita da cana-de-açúcar sem queima. Já os
valores de recuperação em porcentagem, em sua maioria, não foram significativos, exceto no
sistema radicular (Tabela 12). Independente da dose de N, a recuperação no sistema solocana-de-açúcar-palha foi em média 63%. A diferença para completar o balanço (37%) pode
ser atribuída às perdas por volatilização de amônia do solo (3%) e pela parte aérea da cultura,
lixiviação e à desnitrificação. Trivelin et al. (2002b) também não observaram diferença na
recuperação percentual de doses de N-uréia pela planta toda da cana-de-açúcar, nas condições
com e sem a queima, obtendo 54% como valor médio. Essa maior recuperação, obtida pelos
autores, se deveu, provavelmente ao sistema radicular estar confinado em tambores com
capacidade de 220 litros de terra.
Tabela 12. Doses de N-fertilizante em relação a produtividade de colmos e a recuperação do
N-15NH4+ (kg ha-1 e em %) do nitrato de amônio (NA) aplicado em faixa (F), em 5
doses de N (adaptado de Vitti, 2003).
Doses
0
35
70
105
140
175
Média
R. L.
R2
CV (%)
1
Produção
t ha-1
Colmo
40,8
58,8
63,3
65,5
70,8
80,4
63,2
Recuperação do N-15NH4+ da fonte nitrato de amônio ________
______________
kg ha-1 _______________ ___________________ % __________________
Sistema
Planta
SoloSistema Planta toda
Solo2
radicular
toda
planta
radicular
planta2
________
------1,0±0,11 5,2±0,3 11,4±0,4
2,0±0,1 8,9±0,4 21,6±0,6
4,9±1,0 15,4±1,7 34,2±4,2
4,4±0,3 21,0±2,1 46,7±2,2
9,6±0,7 32,0±2,2 58,8±3,5
--5,5±1,0
5,6±0,3
8,9±1,8
6,0±0,5
10,5±0,8
**
**
**
**
**
--18,1
0,90
27,4
0,97
20,0
0,998
16,1
--26,5
--28,3±1,9
24,6±1,0
28,1±3,2
28,7±3,1
34,9±2,4
28,9
ns
--17,9
--62,1±2,4
60,2±1,7
62,3±7,7
66,7±4,1
64,2±3,8
63,0
ns
--13,3
: Média e desvio padrão da média; 2: Recuperação total do N-15NH4+ no sistema solo-cana-de-açúcar-palha; ** e
ns: Regressão linear (RL) altamente e não significativa (p<0,01 e p>0.05), respectivamente.
22
Quanto ao sistema radicular, provavelmente a maior recuperação (kg ha-1 de N e em
%) esteja relacionada ao desenvolvimento da cultura com o aumento das doses de N, bem
como a própria translocação da parte aérea para subterrânea. Trivelin et al. (2002b) embora
não tenham encontrado diferença na recuperação de N, observaram maior desenvolvimento
do sistema radicular com o aumento das doses de N. Já a recuperação (%) não significativa do
N na parte aérea pode estar relacionada à maior perda e/ou translocação do N ao sistema
radicular, ou seja, quanto mais a cultura acumulou o nutriente, maior foi a translocação e/ou a
perda pela parte aérea.
Pelo menos em curto prazo após a implantação do sistema de colheita sem despalha a
fogo, ficando o solo coberto com palha, não deve haver redução e sim aumento das doses de
N-fertilizantes, para que se obtenha a produtividade desejada. O uso de fertilizantes minerais
deve acelerar a mineralização desses resíduos de cana-de-açúcar pela diminuição da relação
C:N, resultando em maior disponibilidade de N à cana-de-açúcar ao longo do tempo. Orlando
Filho et al. (1999) obtiveram para cana-planta, primeira e terceira soca, resposta linear às
doses de N, independente das fontes e modo de aplicação. Já na segunda soca, o efeito
positivo das doses de N foi influenciado pelas fontes e modo de aplicação. Yadav et al. (1987)
observaram um aumento significativo na disponibilidade de macro e micronutrientes como o
Zn, Fe, Mn e Cu, principalmente nas parcelas em que houve adição de N, obtendo um
rendimento máximo de 37,5% em relação à testemunha (O kg ha-1 de N-adubo).
Bittencourt et al. (1986), avaliando a eficiência da adubação nitrogenada em seus
experimentos, mostraram que o efeito residual do N no solo tende a diminuir as respostas dos
fertilizantes nitrogenados, devido à pequena quantidade do fertilizante absorvido em relação
ao total de N acumulado pela cana-de-açúcar.
4.3 Efeito residual da adubação nitrogenada e do enxofre no ciclo subseqüente da
cultura de cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar, por apresentar vários ciclos que antecedem sua reforma, é
considerada uma cultura semiperene. Nesse aspecto deve-se pensar nos benefícios que as
adubações e mesmo a própria palha deixada na superfície do solo após as colheitas sem
queima poderão trazer ao longo dos anos. Como exemplo tem-se os resultados obtidos por
Vitti et al. (2002a) e Vitti (2003) que verificaram resposta linear às doses de N na produção de
colmos na 2a soca (safra 1999/2000). Essa resposta se estendeu para a 3a soca (safra
2000/2001), mesmo com a aplicação de dose única de N (100 kg ha-1) após a colheita da 2a
soca (Tabela 13). Esses resultados devem-se, provavelmente, ao efeito residual da adubação,
com reflexo no vigor da soqueira de cana-de-açúcar (Malavolta, 1994; Orlando Filho et al.,
1999; Trivelin et al, 2002b).
Em relação às doses de N, observou-se que houve diferença de 100% na produção de
colmos na 2a soca (safra 1999/2000), entre a maior dose e a dose zero. Já na safra seguinte (3a
soca) esse diferencial na produção foi de 50%, mantendo-se a resposta linear às doses de N
aplicadas na safra anterior (Tabela 13). A fertilização com 100 kg ha-1 de N após a colheita da
2a soca, provavelmente não supriu a exigência da cultura, e/ou a recomposição do vigor da
soqueira foi apenas parcial ao longo da 3a soca, causada pelo manejo deficiente da adubação
nitrogenada do ano anterior.
Somando-se as produções da 2a e 3a socas (safras 1999/2000 e 2000/2001) tem-se uma
diferença de 67 t ha-1 de colmo da maior dose em relação à testemunha, valor esse
significativo em termos de rentabilidade, referente a adubação nitrogenada. Ainda na Tabela
13, considerando o valor de R$ 25,00 para a tonelada de colmos, sendo R$ 8,00 o custo para
seu corte e transporte e R$45,00 o custo de aplicação do fertilizante por hectare, tem-se um
adicional de R$1.110,00 do tratamento que recebeu no primeiro ano a dose de N de 175 kg
23
ha-1 em relação a testemunha, considerada as duas safras consecutivas. Usando o mesmo
procedimento para as fontes: aquavin, SA, NA e uran, obteve-se, respectivamente, diferença
de R$1.003,00, R$731,00, R$493,00 e R$115,00 em relação à uréia. Ao comparar a relação
custo/benefício por unidade de N de cada fertilizante, constatou-se que não compensou, nas
condições do trabalho, aplicar uréia sobre a palha, uma vez que os ganhos com as demais
fontes pagaram à diferença do custo do N. Esses preços foram obtidos em março de 2003,
representando a média da região canavieira de Piracicaba.
Pelos resultados apresentados, deve-se considerar ainda que não é apenas a dose o
fator primordial nas adubações, mas também o manejo e a fonte que se emprega, motivo pelo
qual nos tratamentos empregando aquavin e SA, em dois anos consecutivos, a produtividade
foi equivalente ao tratamento que recebeu 175 kg ha-1 de N da fonte NA (105 kg ha-1 a mais
de N aplicado no ano anterior). Nesse caso, não foi considerado o N presente na vinhaça.
Calcino & Makepeace (1988) não observaram diferença no rendimento da cultura com
aplicação de uréia na superfície e enterrada na primeira soca, em função da dose do
fertilizante. Porém, observaram diminuição na produtividade da terceira soca, quando a uréia
foi aplicada na superfície.
Tabela 13. Efeito residual das fontes e doses de N na produtividade de colmos e em açúcares
e a rentabilidade (adaptado de Vitti, 2003).
_________
Fonte
Dose
Produção de colmos __________
2a soca
3a soca
________________________
Testemunha
NA
NA
NA
NA
NA
Média
R. L.
CV (%)
FDoses
Aquavin
SA
NA
Uran
Uréia
Testemunha
CV (%)
FFontes
1
0
35
70
105
140
175
70
70
70
70
70
0
40,8
58,8
63,3
65,5
70,8
80,4
63,2
**
18,1
**
74,3 a
72,8 a
63,3 ab
60,5 ab
60,0 ab
40,8 b
16,6
**
______________
PolCana
Rentabilidade
2o+3o socas ______________
t ha-1 __________________________
R$ por ha
58,11
56,2
77,5
78,1
81,2
86,3
72,9
**
11,6
**
98,92
115,0
140,8
143,6
152,0
166,8
136,2
**
12,3
**
15,62
18,1
21,6
22,8
24,8
26,3
21,5
**
11,0
**
16813
1955
2380
2441
2584
2836
-------------
96,4 a
81,5 ab
77,6 ab
58,0 bc
51,8 c
58,2 bc
14,7
**
170,8 a
154,3 ab
140,8 abc
118,6 bcd
111,8 cd
98,9
d
12,2
**
26,9 a
24,4 a
21,6 ab
18,5 bc
17,8 bc
15,6
c
11,0
**
2904
2632
2394
2016
1901
1681
-------
: Produção de colmos referente a 3a soca (safra 2000/2001), em respostas as doses e fontes aplicadas
na 2a soca (safra 1999/2000); 2: produção de colmo e açúcar da 2a + 3a socas (2 safras consecutivas); 3:
produção de colmos na 2a + 3a socas multiplicado com o valor de 17 reais por tonelada de cana-deaçúcar (25 reais a tonelada, menos 8 reais de seu custo no corte e transporte); **: valor de F altamente
significativo (p<0,01); médias seguidas por letras distintas dentro da mesma variável diferem entre si
ao nível de significância de 5% pelo teste de Tukey.
24
Entre as doses de 70 e 105 kg ha-1 de N (Tabela 13) o aumento de produtividade não
foi tão expressivo como para as maiores doses que proporcionaram, provavelmente, o
aumento linear verificado. Nesse caso poderia ocorrer a falsa interpretação que a cana-deaçúcar responderia até a dose de 70 kg ha-1 de N. Por esses resultados, tem-se o seguinte
questionamento: não seria necessário aplicar maior dose de N no início, nas áreas de colheita
sem a queima prévia, para garantir um bom vigor das socas e que seria reduzida nos ciclos
futuros? Desse modo, a cultura estaria sustentada por um efeito residual, que, em parte viria
do fertilizante e da própria palha deixada na superfície. Chapman et al. (1983), mesmo não
observando efeito residual da adubação anterior no rendimento de açúcares no ciclo seguinte,
não descartaram a hipótese de que uma aplicação contínua e abundante de N resultaria em
efeito residual do nutriente aplicado para o próximo ciclo.
Ao manejar um canavial de forma não adequada em relação à adubação nitrogenada,
pode resultar na redução da produtividade da cultura, como visto na safra 1999/2000,
propagando-se esse efeito para a safra seguinte (2000/2001), sem levar em conta a
possibilidade de redução da longevidade do canavial, antecipando sua reforma. Cardoso
(2002) observou que a redução da adubação nitrogenada (100 para 30 kg ha-1 de N), causou
uma queda drástica no rendimento de colmos. Com o retorno da adubação de 100 kg ha-1 de
N, na safra seguinte a produtividade aumentou, porém com ganhos não tão expressivos em
comparação as que antecederam o período da redução da aplicação de N.
Para a cana-de-açúcar obtêm-se as melhores produtividades nas safras que sucedem à
do plantio quando deverá ser recomendada uma fertilização adequada, uma vez que nos
demais anos, além do baixo vigor da soqueira, surgem e/ou se agravam outros problemas,
como: nível nutricional, compactação, pragas e doenças. Orlando Filho et al. (1999)
observaram queda na produtividade agrícola ao longo dos ciclos, sendo mais drástica da canaplanta (cana de ano e meio) para a primeira soca. Concluíram ainda que a cana-planta e as três
soqueiras subseqüentes responderam linearmente a adubação nitrogenada até a dose de 120
kg ha-1. Chapman et al. (1983) constataram que as soqueiras requerem maior quantidade de N
para produzirem como a cana-planta, provavelmente devido à diminuição das reservas de N
no solo ao longo do ciclo.
As fontes nitrogenadas também apresentaram diferença significativa em relação à
testemunha na safra 1999/2000 (2a soca) (Tabela 13). Porém na safra seguinte (3a soca),
houve diferença entre as fontes, justificada pelo efeito residual da adubação nitrogenada
anterior, nos tratamentos que apresentaram baixa volatilização de NH3 (NA, SA e da mistura
aquamônia e vinhaça – aquavin) em relação as que mais volatilizaram (Tabela 10). A
presença de enxofre (S) proveniente das fontes SA e aquavin no sistema radicular e no solo
podem também ter influenciado na produtividade na safra seguinte, embora o solo
apresentasse teor adequado de S-SO4 na camada superficial (0-30 cm; teor médio de 10 mg
dm-3 de S-SO4) e elevado em subsuperfície (profundidade de 40-60 cm com teor superior a 40
mg dm-3 de S-SO4). A soqueira que recebeu a fonte uréia sobre a palha, além de ter sido
prejudicada na 2a soca, pelas elevadas perdas de amônia por volatilização (Tabela 10), esse
efeito se prorrogou para a safra consecutiva, não havendo tempo para recomposição do vigor
da soqueira em responder, integralmente, à fertilização nitrogenada na safra seguinte.
As perdas por volatilização de amônia do solo (Tabela 10), por exemplo, da fonte
uréia aplicada em faixa na dose de 70 kg ha-1 de N, foi de 32 kg ha-1 de N, permanecendo,
portanto, apenas uma dose efetiva de 38 kg ha-1 de N teoricamente disponível no solo para a
cultura. Comparando-se os rendimentos (produção de colmos) em relação aos da dose de 35
kg ha-1 de N da fonte NA, observou-se que os valores de produção mantiveram-se
semelhantes, tanto na segunda quanto na terceira soca (Tabela 13). Esses resultados reforçam
a existência de uma relação negativa entre a produtividade e perdas de N-NH3 por
volatilização.
25
A qualidade tecnológica dos colmos nos tratamentos com doses de N foi superior ao
limite considerado adequado para se efetuar a colheita da cana-de-açúcar (Fernandes, 1986).
Porém, não houve variação significativa entre os tratamentos nos teores de Fibra (11,9%) e
PolCana (15,8%). Para a PolCana (t ha-1), a diferença significativa entre tratamentos foi
devida apenas a variação significativa na produtividade de colmo por hectare (Tabela 13).
Esses resultados confirmaram os obtidos por Sobral & Lira (1983), Azeredo et al. (1986),
Orlando Filho et al. (1994), Orlando Filho & Rodella (1996), Korndörfer et al. (1997) e
Trivelin et al. (2002b), significando que a adubação nitrogenada não afetou a qualidade
tecnológica dos colmos. Ao mesmo tempo, esses resultados contrariam aos de Silveira &
Crocomo (1990), em que ocorreu decréscimo no teor de sacarose em plantas que se
desenvolveram na presença de alta concentração de N no substrato. A não ocorrência desse
efeito neste trabalho, mesmo nas doses mais elevadas de N, pode ter como explicação as
baixas reservas e a mineralização de N no solo. Outro fator seria as quantidades de resíduo
orgânico de alta relação C:N, que permaneceram no solo após a colheita, que provavelmente,
causaram imobilização microbiológica do nitrogênio adicionado e o do solo, diminuindo suas
disponibilidades às plantas.
Na Figura 13 são apresentadas correlações positivas, altamente significativa (p<0,01;
tcolmo<0,01 e tNeS<0,01) entre a produtividade de colmos na safra 2000/2001 (3a soca) em
relação ao conteúdo de N e S no sistema radicular ao final da safra 1999/2000 (2a soca), nos
tratamentos com doses de N (0, 35, 70, 105, 140 e 175 kg ha-1) e fontes nitrogenadas (nitrato
de amônio, sulfato de amônio, uréia, uran e aquavin com a dose de 70 kg ha-1 de N) aplicadas
em superfície, sobre os resíduos culturais da cana-de-açúcar. Portanto, os resultados do vigor
de soqueira podem tornar uma ferramenta importante na tomada de decisões nas adubações de
cana-de-açúcar para a safra seguinte, bem como a quantidade de nutrientes presente no
sistema radicular da cultura. A quantidade de N residual representa mais da metade da
recomendação atual para soqueira de cana-de-açúcar (Boletim 100), que é de 100 kg ha-1 de N
(Espironelo et al., 1997). Por esse efeito residual, pode-se explicar o ganho em produtividade
na safra 2000/2001 (3a soca), quando se aplicou uma dose única de N (100 kg ha-1),
apresentando resposta linear nas parcelas do primeiro experimento (2a soca - safra 1999/2000)
que receberam doses crescentes de N (35, 70, 105, 140 e 175 kg ha-1).
100
y = 0,5617x + 43,875
r=0,54**;
Colm o (M g/ha)
Co lm o (M g/h a)
120
80
60
40
20
0
120
y = 4,5051x + 32,487
100
r=0,61**
80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
N (kg/ha)
0
3
6
9
12
S (kg/ha)
15
18
Figura 13. Correlação entre a produção de colmos (safra 2000/2001) e o conteúdo de
nutrientes N e S do sistema radicular (raízes e rizomas) após a colheita da safra
1999/2000 (por Vitti, 2003).
26
-1
Produção de colmo - t ha
105
90
75
60
y = 0,8326x + 57,194
p<0,01; R2 = 0,5
45
30
0
10
20
30
40
+
50
-1
N-fertilizante residual (NH4 ) - kg ha
Figura 14. Correlação entre a produção de colmos de cana-de-açúcar (t ha-1) e o N-15NH4+
residual (sistema radicular, solo e imobilizado na palha) das 5 doses de N da fonte
NA (kg ha-1), no início do ciclo (por Vitti 2003).
Constatou-se correlação altamente significativa (p<0,01; tconstante<0,01 e tN-residual<0,01)
entre o N-15NH4+ residual da fonte NA (kg ha-1 de N) da adubação anterior na produtividade
de colmo (t ha-1) na safra seguinte (Figura 14). O N-residual correspondeu ao somatório do N15
NH4+ presente no sistema radicular, imobilizado na palha e no solo, ou seja, o N-fertilizante
recuperado no sistema solo-planta menos o acumulado na parte aérea (Tabela 12).
Como as reservas de N e S no sistema radicular correlacionaram-se diretamente com a
produção de colmo na safra seguinte, o nitrogênio residual do fertilizante no solo, também,
mostrou correlação positiva. Para tratamentos com diferentes culturas e doses de Nfertilizante, tem sido obtido significativo impacto no nível de N na cana-de-açúcar como
cultura subseqüente, ou seja, o N-inorgânico do solo correlacionando-se com a quantidade do
N aplicado e com o rendimento da cultura seguinte (Wiedenfeld, 1998).
Na equação da reta da Figura 14, a transformação do valor do coeficiente angular
(0,83) da variável X (kg de N-residual) em índices de produção (kg de N absorvido por
tonelada de colmo produzido), obtém-se um valor de 1,2, enquanto os encontrados na
literatura variam de 0,72 a 1,0 (Andreis, 1975; Orlando Filho et al., 1980; Coleti el al., 2002).
Essa diferença provavelmente pode estar relacionada à disponibilidade do elemento, que para
os fertilizantes está mais prontamente disponível. Por outro lado, eqüivale ao índice de
restituição adotado em determinadas sugestões de adubação, que é de 1,2 kg de N por
tonelada de matéria natural produzida.
Pelo exposto os resultados apresentados indicam que o manejo da adubação
nitrogenada em áreas de colheita da cana-de-açúcar sem queima prévia deverá passar por
determinados ajustes. Será necessário, no início, aumentar as doses de N-fertilizante, devido
ao material orgânico de alta relação C:N depositado na superfície do solo, que provavelmente
estará imobilizando o N do solo, bem como, para auxiliar na sua decomposição. Serve como
exemplo, a verificação de que houve resposta linear às doses de N aplicadas na 2a soca na
produtividade da 3a soca, mesmo aplicando-se dose única de N na 3a soca. Se o N for mantido
no sistema, na sendo perdido por, volatilização de amônia, lixiviação e/ou desnitrificação, ele
27
permanecerá no solo formando um estoque junto com a matéria orgânica, podendo-se, as
doses de N das adubações serem reduzidas com o tempo de implantação do sistema sem
queima (cana crua).
Outra observação de interesse está relacionada às fontes nitrogenadas. A fonte sulfato
de amônio (SA), por exemplo, proporcionou aumento de produtividade em dois anos
consecutivos. Mesmo considerando-se o maior custo do N-SA, ainda assim foi vantajosa sua
utilização, isso sem levar em consideração o efeito residual do enxofre (S) e benefício ao
ambiente pela baixa emissão de amônia para a atmosfera. O uso contínuo de fontes e ou
formulações que não apresentam S em sua composição faz com que o elemento, ao longo de
cultivos sucessivos, vá se exaurindo do solo (Vitti, 1986). Tem-se hoje muito em evidência a
relação C:N, ficando esquecida a relação C:S e o uso de fontes com S em sua composição.
A cana-de-açúcar, por ser considerada uma cultura semi-perene, respondeu ao N e/ou
ao S residual da adubação anterior, devendo-se pensar, também, nos benefícios que o S pode
trazer ao longo dos cultivos. Outro ponto a ser considerado, refere-se à translocação do
nutriente da parte aérea ao sistema radicular e a importância dessas reservas para o ciclo
subseqüente.
4.4 Contribuição do nitrogênio da palha na nutrição da cana-de-açúcar
A colheita da cana-crua, cana-de-açúcar sem queima antes da colheita, deixa, na
superfície do solo uma cobertura de palha que varia de 10 a 30 t ha-1 ano-1 de material seco, o
que corresponde de 40 a 100 kg ha-1 de N (Abramo Filho et al., 1993; Trivelin et al., 1995;
1996; Cantarella, 1998). A mineralização desse resíduo cultural no solo é dependente de
fatores como a temperatura, umidade, aeração e, principalmente, da qualidade (composição
química) desses restos culturais, especialmente da relação C:N, teores de lignina, celulose
hemicelulose e polifenóis (Herman et al., 1977; Cochran et al., 1980; Ng Kee Kwong et al.,
1987; Siqueira & Franco, 1988; Oliveira et al., 2002b).
No solo, irá ocorrer a mineralização do nitrogênio da palha assim como sua
imobilização na biomassa microbiana. Esses dois processos ocorrem simultaneamente e a
quantidade de nitrogênio do material em decomposição determinará, em grande parte, qual
deles será predominante (Cassman & Munn, 1980). Como a palhada de cana-de-açúcar possui
em média uma relação C:N em torno de 100, é de se esperar uma intensa imobilização do N
do solo, uma vez que, como regra geral, para relação C:N acima de 20 ocorre a imobilização
(Smith & Douglas, 1971; White, 1984; Siqueira & Franco, 1988). Estudos mostraram que a
recuperação pela planta do 15N proveniente dos resíduos vegetais varia de 5 a 15% (Janzen &
KUCEY, 1988; Ng Kee Kwong et al., 1987; Chapman et al., 1992; Myers et al., 1994). Essa
variação, segundo os autores, depende da qualidade do resíduo, ou seja, ao teor de N, que se
for maior que 20 g kg-1 e a relação C:N menor que 25 apresenta uma mineralização mais
rápida e, conseqüentemente, maior aproveitamento do nutriente pela cultura ao longo do ciclo.
Os resultados obtidos por Vitti (2003) mostraram que o nitrogênio da palha acumulado
na cultura aumentou com o tempo, principalmente no final do ciclo da cultura (Figura 15).
Embora a estimativa do aproveitamento de N na parte aérea oriunda da mineralização da
palha cresceu expressivamente com o tempo, pouco contribuiu para a nutrição da cultura, pois
acumulou ao final do ciclo apenas 1,7 kg ha-1, ou seja, cerca de 3% do N total presente na
palha. Essa estimativa se aproxima da verificada por Gava et al. (2002), em que cerca de 4%
do N presente na palha foi acumulado na parte aérea, e pouco inferior às obtidas por Ng Kee
Kwong et al. (1987) e Chapman et al. (1992), que obtiveram valores entre 5 e 10%. Essa
variação pode estar relacionada ao regime hídrico, por exemplo, que variou de 1550 a 3700
mm/ano nos estudos.
28
NPPP
1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
% Recuperação N da palha
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
% Recuperação do N da
palha
NPPP - kg ha-1
Ng Kee Kwong et al. (1987) concluíram que os resíduos de cana-de-açúcar
representariam uma fonte de N pouco significativa para as plantas, devido à proporção
relativa com o N do solo (estoque de N do solo maior que 3000 kg ha-1 e dos resíduos da
ordem de 50 kg ha-1). O balanço do N proveniente da palha marcada com o isótopo 15N,
realizado por Vitti (2003), indicou que dos 62 kg ha-1 de N da palha, após adubação da canade-açúcar com 140 kg ha-1 de N de nitrato de amônio, apenas 2,4 kg ha-1 de N foram
acumulados na cultura (parte aérea e sistema radicular) na colheita final, o que representou 4
± 0,3% do N desse resíduo cultural (Figura 16). Para a dose de 140 kg ha-1 de N de nitrato de
amônio, a cana-de-açúcar acumulou no fim da safra, 148 kg ha-1 de N-total, representando o
N-palhada uma contribuição de apenas 1,6% em relação ao total acumulado. O baixo
aproveitamento do N-palhada pode ser explicado pela lenta decomposição do resíduo no
primeiro ano. Esse valor corresponde aos obtidos por Chapman et al. (1992), em que apenas
5% do N do resíduo vegetal foi assimilado. Entretanto, foi inferior aos 9% do N da palha
obtidos por Gava et al. (2002).
0
Dez/99
Fev/00
Abr/00
Jun/00
Ago/00
Períodos de amostragens - meses
Figura 15. Nitrogênio na parte aérea da cana-de-açúcar proveniente do N mineralizado da
palha (NPPP: kg ha-1 e % de recuperação do total) durante o ciclo da cultura. As
barras significam o desvio padrão da média para n=4 (por Vitti, 2003).
15
15
% Recuperação do N da palha- N, na
+
% Recuperação do N- NH4 da fonte NA,
-1
na dose de 140 kg ha de N-NA
-1
dose de 140 kg ha de N-NA
6
33
1
1
11
1
73
1
1
Raiz
7
FS
FS
4
Pt
22
2
Palha
Pt
Palha
Solo
Solo
Não recuperado
Raiz
Colmo
Colmo
36
Não recuperado
Figura 16. Balanço do N da palha-15N e do N-15NH4+ da fonte NA (dose de 140 kg ha-1 de NNA) na planta, solo, palha residual e o não recuperado (por Vitti, 2003).
29
Provavelmente, a contribuição do N da palha na nutrição da cana-de-açúcar seja maior
nas safras seguintes a de sua deposição no solo, uma vez que os resultados experimentais da
Figura 16 indicaram que 22 ± 5,1% de seu N foi recuperadao no solo, ao final da primeira
safra, sendo possível que parte desse N já estivesse na forma mineral, não sendo absorvido
pela cana-de-açúcar devido ao tamanho do “pool” do N no solo (Figura 16). Nesse caso, a
disponibilidade do N-palha para as plantas seria subestimada. A liberação do N-palhada
obtida por Oliveira et al. (1999b) em dois ambientes agrícolas foi de 20% que não está
distante de 26% (Vitti, 2003), com 4 e 22% recuperado na planta e no solo, respectivamente.
Para a palha marcada no isótopo 15N aplicada ao início a recuperação foi de 99 ± 5,4%,
fechando-se praticamente o balanço do N dessa fonte. Dessa recuperação, a maior parte do N
permaneceu na palha residual (73 ± 6,0%) e no solo (22 ± 5,1%), sendo baixa a contribuição
na nutrição da planta (4 ± 0,3%). Resultados semelhantes foram verificados por Gava et al.
(2002) em áreas com ou sem palha (Figura 17). Já para o N-fertilizante, a recuperação foi
menor, cerca de 67 ± 4,1%, com contribuições da ordem de 37 ± 3,4%, 29 ± 3,1% e 2 ± 0,4%
do N-15NH4+ da fonte NA presentes no solo, acumulado na planta e o imobilizado na palha,
respectivamente (Figura 16). Essa recuperação foi um pouco superior à verificada em campo,
pois freqüentemente os valores são inferiores a 60% (Chapman et al., 1994; Vallis & Keating,
1994; Courtaillac et al., 1998). Em relação à permanência do N da palha como MOS, os
resultados de Vitti (2003) aproximaram-se aos de Ng Kee Kwong et al. (1987) e Gava et al.
(2002), que variaram de 73 a 83%.
Pelo balanço de N (15N) para o N da palha faltou 1% do N original para o fechamento,
comparativamente a 33% do N-fertilizante. Estes resultados relacionaram-se à degradação
lenta da palha, principalmente no início, uma vez que a baixa disponibilidade do elemento no
solo diminuiu a possibilidade da ocorrência de perdas. Por outro lado, o N-fertilizante estando
prontamente disponível no solo, a partir de sua aplicação, normalmente é absorvido em maior
intensidade no início do desenvolvimento da cultura. Nessas condições ficou sujeito a perdas
por mais tempo em relação ao N da palha, especialmente pela folhagem da cultura junto à
corrente transpiratória em folhas senescentes.
100
Distribuição porcentual do N da uréia e da palhada
no sistema solo-cana-de-açúcar (%).
9
90
80
37
40
26
16
70
60
50
40
81
8
30
20
37
36
10
9
0
N da uréia (s/p)
Solo
N da uréia (c/p)
Palhada
N da palhada (c/p)
Planta
Perdas
Figura 17. Balanço do N (15N) da uréia (90 kg ha-1 de N) e da palhada (68 kg ha-1 de N) no
sistema solo-planta, em canavial com (c/p) ou sem (s/p) cobertura do solo com
palha (por Gava et al., 2002)
30
O N derivado da palha original recuperada no solo e na palhada residual, representou,
ao final da safra 1999/2000, 95% do total e que equivaleu a 60 kg ha-1 de N. Esses resultados
não levam em consideração a palhada remanescente da colheita anterior (1º corte). A
quantidade 1,2 kg de N-palhada (2% do N-palhada original), referente à quantidade que
faltou para fechar o balanço (1%) e a exportada pelo colmo (1%), representa o N-palhada que
deixou o sistema nessa safra. Porém, existem, ainda, 2% de N-NH4+ da dose de 140 kg ha-1 de
N da fonte NA que ficou imobilizado na palha (Figura 16), que representou 1,4 kg de Nfertilizante. Para o fertilizante, na dose de 140 kg ha-1 de N, tem-se que apenas 70 kg ha-1
foram provenientes do NH4+, sendo que dessa quantia 30,8 kg saíram do sistema, o que
representa 44% do N-amônio aplicado (33% considerado como perdas que faltaram para
fechar o balanço e 11% exportado nos colmos). Os 56% restantes, permaneceram para o
próximo ciclo, representados pelos 37, 7, 6, 4 e 2%, respectivamente, no solo, folha seca,
sistema radicular, ponteiro e o imobilizado na palha. Como critério, adotou-se que o N do
amônio e do nitrato acumulou-se no colmo em mesma quantidade. Portanto, em canaviais
onde não se realiza a queima, a saída de N é menor (sistema conservativo) e haverá, ao longo
do tempo, menor necessidade de fertilização com N que aqueles com queima. Isso pode ser
uma comprovação do porque na Austrália, por exemplo, existe, atualmente, a tendência em
reduzir a adubação nitrogenada em áreas onde a colheita sem a queima prévia é feita há vários
anos (Vallis et al., 1996). Ao se avaliar as entradas e saídas de N nos sistemas com e sem a
queima da cana-de-açúcar, Vallis & Keating (1994) obtiveram um valor de 55 kg ha-1 de N a
maior para o sistema em que não se queimava a cana previamente à colheita.
Nos sistemas em que não se pratica a queima da cana-de-açúcar ao longo dos ciclos,
aumentam-se não apenas o teor de MOS, mas também o “pool” do N mineralizado no solo e a
razão N-mineral:N-total (Graham et al., 2002). Esses fatores são fundamentais para a
manutenção ou aumento da fertilidade do solo a longo prazo (Ng Kee Kwong et al., 1987;
Janzen et al., 1990; Wood, 1991; Vallis et al., 1996). Por outro lado no sistema com queima, o
N vai se exaurindo mais rapidamente. Assim, por exemplo, o uso da dose de 140 kg ha-1 de N
não seria suficiente para repor as saídas de N (perdas e remoção pela colheita), uma vez que
só a parte aérea acumularia em torno de 120 kg ha-1 de N e as saídas de N do sistema seriam
da ordem de 50% ou maiores, superior aos 44% obtidos para o sistema sem queima (Figura
16). Isso sem levar em consideração as perdas de N ao longo do ciclo que não são
contabilizadas. Resultados semelhantes foram obtidos por Basanta et al. (2002) que
observaram para os sistemas com e sem queima da cana-de-açúcar, saídas de 60 e 42%,
respectivamente, do N-adubo aplicado.
Por esses resultados, sugere-se o desenvolvimento de experimentos, por vários ciclos
da cana-de-açúcar, no sentido de que seja avaliada a contribuição da palha para o sistema
solo-planta, uma vez que o efeito residual do N-palhada nos trabalhos desenvolvidos até o
momento, indicaram que praticamente todo esse N permanece no sistema de uma para outra
safra.
5. RESERVA NITROGENADA DE MUDAS DE CANA-DE-AÇÚCAR E O
DESENVOLVIMENTO DA CANA-PLANTA
Embora seja amplamente aceito que quanto mais bem nutridos estiverem as mudas
cana-de-açúcar no plantio, melhor será a brotação e desenvolvimento inicial da cana-planta,
pouco se conhece a respeito da utilização da reserva de nutrientes do tolete. Na literatura,
trabalhos demonstraram resposta à pré-fertilização com nitrogênio, alguns meses antes do
corte de colmos destinados ao plantio, com menções sobre a influência do conteúdo de
nitrogênio das mudas na brotação da cultura (Humbert, 1968; Casagrande, 1991).
31
Nos primeiros 30 dias, quando se dá a emissão de raízes de fixação e brotação de
gemas, a cana-planta vive da reserva de nutrientes do tolete, que é redistribuída, e,
parcialmente, dos nutrientes absorvidos pelas raízes de fixação. Decorrido esse período,
inicia-se o desenvolvimento das raízes dos perfilhos primários, e após, dos secundários, e
assim sucessivamente; as raízes de fixação vão perdendo a função, passando a cana-planta a
depender exclusivamente da atividade das raízes dos perfilhos (Bacchi, 1983; Casagrande,
1991).
Melo et al. (1995) verificaram existir duas fases distintas nas transformações
metabólicas associadas às reservas orgânicas de propágulos vegetativos de cana-de-açúcar. A
primeira ocorre durante vinte dias após o plantio, com aumentos acentuados nos teores de
proteínas solúveis e aminoácidos livres, e reduções lentas nos de açúcares totais e de sacarose.
A outra fase, dos 21 aos 42 dias após o plantio, com aumentos menos acentuados nos teores
de proteína, mas com reduções acentuadas nos de aminoácidos, açúcares solúveis totais e de
sacarose. Na primeira fase, há formação do aparato necessário para o início da utilização das
reservas do tolete e, na segunda, aceleram-se as taxas de utilização das reservas.
Com referência à redistribuição da reserva nitrogenada na cana-de-açúcar, Takahashi
(1960) determinou que o nitrogênio (15N) absorvido da uréia aplicada às folhas e que se
acumulou no perfilho primário, após três meses, redistribuiu-se entre ele e novos perfilhos na
proporção de 56 e 44% respectivamente. Trivelin et al. (1984) verificaram que, na primeira
rebrota da cana-de-açúcar, houve redistribuição do nitrogênio (15N) acumulado em rizomas e
raízes, ficando a parte aérea e a subterrânea da rebrota com partes iguais desse nitrogênio.
Com relação à reserva de nitrogênio do colmo-semente, Sampaio et al. (1988) observaram
que toletes de 15 cm de comprimento e dois nós, marcados com 15N, cultivados em solução
nutritiva sem nitrogênio, liberaram 65% do nitrogênio da reserva até os 90 dias da emergência
das plantas, e que mais de 85% do N translocado se localizou na parte aérea.
Carneiro et al. (1995), objetivando avaliar a utilização do N de colmos-sementes nos
estádios iniciais de desenvolvimento da cana-planta, utilizaram mudas de cana-de-açúcar
(toletes ou colmo-semente) com um nó (uma gema) mais metade do entre-nó inferior e
metade do superior obtidos do terço médio de colmos de cana-de-açúcar, marcados com 15N,
da variedade NA 56-79. A massa seca, o conteúdo de nitrogênio e a abundância isotópica de
15
N dos toletes foram estimados tomando-se por base os valores obtidos em amostra de cada
colmo. Os toletes foram plantados em vasos com 6 kg de terra colhida na camada arável de
uma Terra Roxa Estruturada Latossólica. O experimento foi desenvolvido em casa-devegetação, em delineamento inteiramente casualizado, com 16 tratamentos que
corresponderam às colheitas em diferentes tempos após o plantio: 37, 53, 69, 85, 109, 123,
148, 161, 178, 195, 214, 223, 232, 248, 261, 275 dias após o plantio (dap). Nas plantas,
colhidas em diferentes tempos, foram subdivididas em amostras de parte aérea, raízes e tolete
remanescente, e determinado a massa seca, o N-total e abundância de 15N. Verificou-se que a
redução da matéria seca do tolete somente foi compensada pela produção de novos tecidos
por volta dos 3 meses do plantio. Nesse período, a emissão das raízes de fixação e a brotação
do perfílho primário dependeram da reserva orgânica do tolete. A redistribuição do nitrogênio
do tolete (miligrama por tolete) foi função direta do tempo (r = 0,58*) e do conteúdo de N da
reserva (r = 0,72*). A relação do nitrogênio exportado (Nexp.) com o tempo (t), dentro do
período experimental, e a reserva inicial de N da muda (Nt = o) foi expresso por: Nexp. =
0,034 . t + 0,38 . Nt = 0 (r = 0,83*), o que permitiu afirmar que colmos-sementes com maior
reserva de nitrogênio no plantio (Nt = 0) foram as que liberaram maior quantidade do nutriente,
podendo esse efeito se relacionar com o maior vigor na brotação e desenvolvimento da canaplanta de mudas pré-fertilizadas com nitrogênio, como mencionado por Humbert (1968). A
reserva de nitrogênio do tolete é fundamental na nutrição nitrogenada da cana-planta nos
estádios iniciais de seu desenvolvimento. As maiores taxas de exportação do N da reserva do
tolete ocorrem após 40-60 dias do plantio, sendo redistribuido nesse período cerca de 40% do
32
N exportado do tolete de plantio, %
N do tolete, aproximadamente 80% do N exportável. A degradação de 50% da reserva
orgânica do tolete ocorre até os 6 meses e possibilita a liberação de 50% da reserva de
nitrogênio que é translocada aos novos tecidos da cana-planta. Entre 5 a 7 meses do plantio, é
exportado para novos tecidos (raízes e parte aérea) 50% do N do colmo-semente (Figuras 18 e
19). Carneiro et al. (1995) estimaram que de 6-12 kg.ha-1 do N-tolete é translocado aos novos
tecidos (50% do N-tolete), podendo representar 5-10% das necessidades de N da cultura.
70
60
50
40
30
y = 0,0644 t + 36,787
r = 0,67*
20
10
0
0
20
40
60
80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
Tempo, dias após o plantio
N em novos tecidos derivado do
tolete de plantio, %
Figura 18. Nitrogênio exportado do colmo-semente em função do tempo após o plantio
(Adaptado de Carneiro et al., 1995 por Trivelin, 2000).
60
50
40
30
20
10
0
0
20
40
60
80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
Tem po, dias após o plantio
Figura 19.
Porcentagem do nitrogênio de novos tecidos da cana-planta (parte aérea e raízes)
derivado do N original do tolete de plantio, em função do tempo. (Adaptado de
Carneiro et al., 1995 por Trivelin, 2000)
33
6. APROVEITAMENTO DO NITROGÊNIO DE ADUBO VERDE EM CANA-DEAÇÚCAR
No final da década dos anos 50’s os estudos realizados com adubos verdes indicavam
incremento na produtividade da cana-de-açúcar e no açúcar provável, produzido em sistemas
que utilizavam adubos verdes em áreas de reforma do canavial. Entretanto tem sido dada
pouca ênfase na quantificação do fornecimento de nutrientes de adubos verdes para as
culturas. A técnica isotópica, utilizando o isótopo 15N, permite obter informações precisas da
dinâmica do nitrogênio no sistema solo-planta.
Ambrosano et al. (2004) avaliaram em cana-de-açúcar, cultivar IAC- 87-339 plantado
em março de 2001, o aproveitamento do nitrogênio do adubo verde crotalária júncea e/ou
sulfato de amônio (SA) marcados com 15N em 5 tratamentos, a saber: T1- testemunha, sem
adubação verde ou fertilização com N-mineral T2- sem adubo verde mas adubado com sulfato
de amônio-15N (SA) na dose de 70 kg ha-1 de N; T3 - com adubo verde-15N (aporte de 196 kg
ha-1 de N-adubo verde) e adubação com SA (dose de 70 kg ha-1 de N); T4- com adubo verde15
N (aporte de 196 kg ha-1 de N-adubo verde), sem adubação com N-mineral; T5- com adubo
verde (aporte de 196 kg ha-1 de N-adubo verde) e adubação com SA-15N (dose de 70 kg ha-1
de N). Foram realizadas 4 amostragem para determinação da porcentagem e a quantidade do
nitrogênio na planta proveniente do fertilizante NPPF (% e kg ha-1) além da recuperação do N
das fontes pela técnica isotópica com 15N.
Na colheita final não se observou diferença entre os tratamentos com fontes de
nitrogênio (T2 a T5) o que pode estar indicando que os resultados do N na cana-de-açúcar
proveniente das duas fontes foram semelhantes, independente se aplicada com adubo mineral
ou adubo verde, apresentando a mesma utilização pela cultura. Quando se efetua a adubação
verde, em proporções semelhantes às desse trabalho, pode-se suprimir a fertilização mineral
nitrogenada em cana-planta uma vez que os dados de produtividade agrícola apontaram para
esse fato. As maiores porcentagens de nitrogênio na planta proveniente da fonte marcada
(NPPF %) foram encontradas após 8 meses de plantio da cana para os tratamentos com adubo
verde e sem N-mineral e adubo verde com N-mineral, sendo, respectivamente, de 15,3 e
18,4%. A maior recuperação do nitrogênio foi encontrada na colheita, 18 meses após o plantio
sendo que o tratamento N-mineral apresentou 34,8% e na soma N-mineral mais N-crotalária
apresentou 39,9% (Tabela 20).
7. LIXIVIAÇÃO DE NITROGÊNIO E ENXOFRE EM CANA-PLANTA
Um dos fatores de redução na fertilidade dos solos são as perdas dos elementos
minerais por lixiviação, a qual é diretamente influenciada por fatores morfoclimáticos e pelo
sistema de manejo adotado (Oliveira et al., 2002a). Os fatores que influenciam diretamente a
massa total e a relação dos íons percolados pelo solo são: textura, capacidade de troca catiônia
(CTC) e aniônica (CTA); dose do fertilizante, solubilidade dos sais e sua afinidade pelos
sítios de adsorção do solo, presença de íons acompanhantes; composição dos resíduos
culturais incorporados ao solo; intensidade de aproveitamento dos nutrientes da solução do
solo pelas plantas e microrganismos e, por último, o fator de influência direta: o volume de
chuvas e regime hídrico do solo, o qual influenciará o volume da solução drenada no solo (Ng
Kee Kwong & Deville, 1984). Na cultura da cana-de-açúcar, no ciclo de cana-planta, a perda
de nitrogênio por lixiviação é citada como uma das causas da ausência de resposta à adubação
nitrogenada de plantio. Entretanto, Oliveira et al. (2002a) demonstraram em experimentos
34
com lisímetros em solo arenoso adubado com 90 kg ha-1 de N, que a intensidade de lixiviação
do elemento é muito baixa e de cerca de 5 kg ha-1 acumulados durante 11 meses.
Tabela 14. Nitrogênio na planta proveniente da fonte marcada do fertilizante (NPPF%),
quantidade de nitrogênio na planta proveniente da fonte marcada (QNPPF em kg
ha-1) e recuperação do nitrogênio (R em %) em função do nitrogênio aplicado nas
diferentes amostragens (por Ambrosano et al., 2004)
Tratamentos
NPPF
%
__________________________
QNPPF
R
-1
kg ha
%
Amostragem 1 (29 de outubro de 2001)
Sem adubo verde com N mineral*
_________________________
5,0 B
1,9 B
2,6 A
Com adubo verde* e com N mineral
18,4 A
11,2 A
5,7 A
Com adubo verde* e sem N mineral
15,3 A
Com adubo verde e com N mineral*
C.V. %
7,2 AB
26
____________________________
6,9 AB
3,5 A
3,6 AB
5,1 A
48
54
Amostragem 2 (20 de fevereiro de 2002)
_________________________
Sem adubo verde com N mineral*
13,1 A
14,6 A
20,9 AB
Com adubo verde* e com N mineral
13,5 A
16,3 A
8,3 BC
Com adubo verde* e sem N mineral
10,7 A
12,2 A
6,2 C
Com adubo verde e com N mineral*
15,1 A
24,5 A
35,0 A
18
55
C.V. %
__________________________
Sem adubo verde com N mineral*
Amostragem 3 (28 de maio de 2002)
21
____________________________
12,0 A
16,1 A
23,0 A
Com adubo verde* e com N mineral
8,0 B
11,1 A
5,7 B
Com adubo verde* e sem N mineral
7,6 B
10,7 A
5,5 B
Com adubo verde e com N mineral*
13,2 A
21,6 A
30,9 A
34
35
C.V. %
____________________
21
Amostragem 3 colmos (28 de maio de 2002)
Sem adubo verde com N mineral*
__________________________
14,8 A
4,2 A
5,9 A
Com adubo verde* e com N mineral
4,0 B
0,9 B
0,5 B
Com adubo verde* e sem N mineral
3,2 B
0,8 B
0,4 B
Com adubo verde e com N mineral*
10,8 A
3,9 A
5,5 A
25
38
C.V. %
__________________
Amostragem 4 colmos (24 de agosto de 2002)
Sem adubo verde com N mineral*
21
____________________________
10,5 A
24,0 A
34,4 A
Com adubo verde* e com N mineral
7,0 A
19,3 A
9,8 B
Com adubo verde* e sem N mineral
8,2 A
17,3 A
8,8 B
Com adubo verde e com N mineral*
10,3 A
21,1 A
30,1 A
39
43
23
C.V. %
Médias seguidas de letras distintas na vertical em cada época de amostragem, diferem entre si pelo teste de
Tukey (p<0,05) *Fonte de N marcada com 15N
35
Para o enxofre, tem sido constatada redução progressiva de sua disponibilidade devido
à extração e remoção do nutriente por culturas, uso intenso de fertilizantes concentrados e em
grande parte pela lixiviação do sulfato. Estudos prévios realizados em campo com cana-soca
(Vitti 2003) e em lisímetros com cana-planta (Franco et al., 2005), aplicando-se doses
crescentes de nitrogênio, revelaram efeito sinérgico da nutrição nitrogenada da cana-de-açúcar
no maior acúmulo de outros nutrientes, especialmente o enxofre (Figura 20 por Franco et al.,
2005). Estes resultados sugerem que a adubação nitrogenada auxilia no melhor
aproveitamento do enxofre mineral do solo, o que, como conseqüência deve refletir na
redução da perda do nutriente por lixiviação.
Bologna et al. (2005) em estudo da sinergia de aproveitamento pela cana-de-açúcar do
nitrogênio e do enxofre aplicados no plantio, avaliaram a intensidade de lixiviação destes
nutrientes. O experimento foi instalado na Estação Experimental do Pólo Centro Sul (APTASAA) em Piracicaba, SP, com o uso de vasos plásticos de 220 L, contendo aproximadamente
250 kg de solo de textura arenosa (Neossolo Quartzarênico), em sistema de lisimetros. Foi
instalado em cada vaso um sistema de drenagem constituído por 10 cm de brita zero, coberta
por manta Bidim, o que permitiu o recolhimento da solução percolada no solo na parte
inferior dos vasos. O delineamento experimental foi o de blocos casualizado, com 4
tratamentos e 8 repetições, totalizando 32 lisimetros. Os tratamentos foram constituídos por 4
níveis de nitrogênio (equivalentes a 0, 40, 80 e 120 kg ha-1 de N-uréia) combinada com a
adubação com S-SO4 (70 kg ha-1), ambos os nutrientes aplicados em profundidade no solo (25
cm), no plantio. Na camada superficial de terra (0-25cm), correspondente a 70 kg de solo, foi
adicionado restos culturais de cana-de-açúcar para simulação de reforma de canavial sem
despalha a fogo e o calcário para elevação da V% a 60. Quinze dias após a calagem
(maio/2004) foi realizada a aplicação dos tratamentos e o plantio da cana-de-açúcar, com
colmos com 3 gemas/vaso do cultivar SP 80-3280. Foram realizados, ainda, adubações com
P, K e micronutrientes e irrigações quando avaliada necessidade através do uso de
tensiômetros. As coletas de solução percolada no solo foram realizadas no período de
maio/2004 a março/2005, totalizando 11 amostragens, nas quais foram quantificadas as
massas de solução drenada, sendo posteriormente sub-amostradas e determinado as
quantidades de N-total e S-sulfato.
Os resultados da Figura 21 demonstraram não haver perdas significativas de
nitrogênio durante as 11 amostragens realizadas, sendo observado a perda média
correspondente a menos que 20 mg de N por vaso no tratamento com maior dose de N (3,6 g
N/vaso). Esses resultados confirmaram os de Oliveira et al. (2002a). A Figura 22 evidenciou
que com o aumento das doses de nitrogênio houve redução significativa (R2=0,86**) na
lixiviação do enxofre. No tratamento com ausência da adubação com nitrogênio o enxofre
total lixiviado (2,4 g/vaso) ultrapassou a quantidade aplicada via fertilização (2,1 g/vaso),
evidenciando perda de enxofre de outras fontes além daquele do fertilizante aplicado, i.e., do
S nativo do solo mineralizado da matéria-orgânica. As perdas evapotranspirativas também
tiveram influência das doses de nitrogênio. Essas perdas foram calculadas pela diferença entre
a entrada de água nos lisímetros, pela chuva e irrigações, e a drenada no sistema. Costatou-se
aumento significativo (R2=0,60*) no consumo de água pelas plantas com o aumento nas doses
de nitrogênio aplicadas por ocasião do plantio (Figura 23).
36
7500
mg/vaso
6000
S (F = 11,6**;
C.V. = 10,0 %)
4500
3000
N (F = 15,79**;
C.V. = 9,0 %)
1500
0
0
30
60
90
doses de N (kg/ha)
N lixiviado (mg)
Figura 20. Acúmulo de S e N na parte aérea das plantas de cana-de-açúcar em função das
doses de nitrogênio aplicadas no plantio da cultura. (Barras significam o desvio
padrão da média para n = 6) (por Franco et al., 2005)
25
20
y = 10,73 + 0,071x
R2 = 0,50ns
15
10
0/2,1
1,2/2,1
2,4/2,1
3,6/2,1
Dose N/S (g)
Figura 21. Correlação entre doses de N-uréia aplicado ao solo e o N lixiviado em experimento
de lisimetro contendo cana-planta, durante 11 meses (por Bologna et al., 2005)
37
y = 2,36 - 0,0066x
R2 = 0,86**
S lixiviado (g)
2,5
2
1,5
1
0/2,1
1,2/2,1
2,4/2,1
3,6/2,1
Dose N/S (g)
Evapotranspiração (mm)
Figura 22. Correlação entre doses de N-uréia aplicado ao solo e S-sulfato lixiviado em
experimento de lisimetro contendo cana-planta, durante 11 meses (por Bologna et
al., 2005)
1160
1140
y = 1098,96 + 0,39x
R2 = 0,60*
1120
1100
1080
0/2,1
1,2/2,1
2,4/2,1
3,6/2,1
Dose N/S (g)
Figura 23. Relação entre doses de N-uréia aplicado ao solo e a evapotranspiração em
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Anais Paulo Trivelin e Andre Vitti