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Terça-feira
10 de junho de 2014
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Política
Editora: Paula Coutinho
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Edgar Lisboa
PETROBRAS
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PMDB fora do governo
A aliança do PMDB com o PT nas eleições de 2014 é dada como
certa, mas não impede que uma crescente insatisfação tome conta
do partido. Tanto que os caciques peemedebistas terão trabalho a
mais na convenção do partido, hoje, para convencer os correligionários a manter a aliança. O PMDB está dividido. Ao mesmo tempo
em que várias alas do partido estão insatisfeitas com a participação
no governo, há uma lealdade com o vice-presidente, Michel Temer. A
corrente do PMDB de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) já lançou um manifesto contra a manutenção da aliança nas
eleições de 2014.
Documento de ruptura
O documento, assinado pelo PMDB independente, lista a participação do partido nas grandes conquistas no Brasil, mas lamenta a estagnação na economia e o aumento dos índices de violência, além de
criticar a condução na política econômica. Em especial, o documento
ataca o que chama de “aparelhamento da Petrobras”, a insuficiência
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no desenvolvimento da infraestrutura, a política energética do governo e a quebra
do etanol. Além disso, cobra mais atenção do governo com a saúde.
“A condução intervencionista e populista da economia resultou nas
menores taxas de crescimento das últimas décadas: perda de confiança, juros altos, investimento baixo e famílias endividadas”, diz
o documento. Outra reclamação dos peemedebistas é que o partido
se sente deixado de lado no governo. “Definitivamente, o PMDB não
pode e não deve concordar com esse estado de coisas. O fato é que,
nos últimos anos, o partido foi preterido, desprezado e tratado como
um mero apêndice do PT. E essa situação é inaceitável”.
O documento foi apresentado no lançamento da pré-candidatura de Nelson Trad
Filho ao governo do Mato
Grosso do Sul. Entre os que
assinam, os senadores Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Jarbas
Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS), além
dos deputados federais Danilo
Forte (PMDB-CE), Fábio Trad
(PMDB-MS), Darcísio Perondi
(PMDB), Alceu Moreira (PMDB)
e Osmar Terra (PMDB). O movimento tem na sua maioria parlamentares e já conseguiu vitórias. Na convenção nacional do partido, hoje, virá na cédula
de votação uma pergunta sobre a manutenção da aliança com o
PT. “Não temos tempo para lançar uma nova candidatura. Mas
o grupo quer passar o pensamento”, afirmou Darcísio Perondi
(foto). Segundo ele, não há como saber a reação dos peemedebistas na convenção. Além disso, há um racha entre os caciques.
“Os caciques já definiram. Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader
Barbalho (PMDB-PA) vão apoiar Dilma. O PMDB no Rio Grande
do Sul e em Pernambuco não. Está tudo no meio”.
ZECA RIBEIRO/AGÊNCIA CÂMARA/DIVULGAÇÃO/JC
Caciques definidos
Ex-diretor Paulo Roberto
Costa vai depor hoje à CPI
Ex-executivo da estatal nega participação em lavagem de dinheiro
O ex-diretor de Abastecimento
da Petrobras Paulo Roberto Costa
depõe hoje à CPI da Petrobras no
Senado, a partir de 10h15min. Ele
deve prestar informações sobre a
compra da refinaria de Pasadena,
nos Estados Unidos, e as obras da
Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, entre outros temas.
O ex-diretor da estatal foi preso em março pela Polícia Federal,
na Operação Lava Jato, que investigou esquema de lavagem de
dinheiro e evasão de divisas. Ele
acabou solto, dois meses depois,
por uma decisão do ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF)
Teori Zavascki.
Em entrevista ao jornal Folha
de S. Paulo no início de junho, Paulo Roberto Costa assegurou que
não houve superfaturamento nas
obras de Abreu e Lima. Segundo
ele, a Petrobras divulgou o valor da
obra em US$ 2,5 bilhões, sem saber
quanto a refinaria custaria de fato:
“Foi conta de padeiro”, disse.
O ex-executivo declarou ainda que recebeu do doleiro Alberto
Youssef, em 2013, uma proposta
para prestação de consultoria,
pois o doleiro estava comprando
GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO/JC
Repórter Brasília
Vital do Rêgo divulgará pauta dos trabalhos nos próximos dias
a empresa Ecoglobal, que assinaria um contrato com a Petrobras.
Pelo serviço de consultoria, Paulo
Roberto disse ter recebido R$ 300
mil. Além dessas informações,
negou qualquer participação em
lavagem de dinheiro e em envio
ilegal de dinheiro ao exterior.
O presidente da CPI da Petrobras, Vital do Rêgo (PMDB-PB),
disse que, nos próximos dias,
divulgará o calendário dos trabalhos durante o período da Copa do
Mundo. A oposição, por sua vez,
avisou que não vai acompanhar o
depoimento de Paulo Roberto Costa no Senado, onde alega não ter
número suficiente para participar
das investigações. Costa também
deve ser ouvido na CPI mista sobre
o mesmo assunto.
“Temos que ouvi-lo aqui. Nós
já temos uma posição firmada de
concentrar esforços na CPI mista”,
disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) na semana passada.
CPI Mista ouve depoimento de Graça Foster amanhã
A presidente da Petrobras, Graça Foster, será ouvida pela CPI Mista
da Petrobras amanhã, às 14h. Será a
quarta vez que Graça Foster comparecerá ao Congresso Nacional para
explicar a compra da Refinaria de
Pasadena, nos Estados Unidos, além
de outras denúncias contra a estatal.
A convocação da presidente
da Petrobras para abrir a fase de
depoimentos da CPI Mista é uma
surpresa, uma vez que o relator da
comissão, deputado Marco Maia
(PT), afirmou, em entrevista, que
a fase de depoimentos poderia
começar com o ex-diretor Paulo
Roberto Costa, que chegou a ser
preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. “Vamos analisar
todas as informações, mas acho
que Paulo Roberto Costa, que já
está convocado pela CPI do Senado, pode ser um bom começo para
a CPI Mista”, disse o relator.
O presidente da CPI Mista,
senador Vital do Rêgo (PMDB-PB),
considerou que o “pontapé inicial”
não poderia ser outro, senão com
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Graça já havia admitido que Pasadena ‘não foi um bom negócio’
a Graça Foster. Apesar de ela já
ter comparecido para apresentar
explicações ao Congresso, Vital do
Rêgo aposta que pode haver novidades.
“A presidente deverá reiterar
o seu posicionamento, até porque
ela vem tomando essa posição ao
longo das últimas presenças em comissões. Só que nós vamos ter um
debate, e os senadores e deputados
que solicitaram a presença dela
acreditam que isso suscitaria, efetivamente, um novo direcionamento,
porque outros deputados e senadores estão com dúvidas”, declarou.
Ao depor à CPI no final de
maio, Graça reafirmou que a compra da refinaria de Pasadena “não
foi um bom negócio” e que hoje a
estatal brasileira não o realizaria.
“À luz da situação atual, os números mostram que não foi um bom
negócio. Num futuro próximo, é
possível que haja melhorias, mas
hoje, com a decisão do refino no
Brasil, com a descoberta do pré-sal e com um mercado interno
crescente, não é mais prioridade.
Mas, lá atrás, em 2006, foi considerado (um negócio) potencialmente
bom”, afirmou Graça.
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Ex-diretor Paulo Roberto Costa vai depor hoje à CPI