Totalizando em todo o mundo pelo menos cinco milhões de espécies atuais e
representando mais de três quartos de todos os animais conhecidos, os insetos são os
macrorganismos predominantes do nosso planeta em termos de biodiversidade.
Contudo, apesar do seu papel fulcral no funcionamento dos ecossistemas terrestres,
incluindo os de água doce, os insetos continuam ainda hoje muito mal conhecidos. Dos
cinco milhões de espécies que se julga existirem atualmente, a maioria das quais
habitando as florestas tropicais húmidas, apenas são conhecidas pouco mais de um
milhão. Mesmo no nosso país, das 30 000 espécies que devem existir, calcula-se que
apenas 20 000 deverão estar catalogadas. Falta assim descobrir e referenciar neste
território ainda cerca de 10 000 espécies, muitas das quais certamente ainda
desconhecidas e novas para a Ciência ou mesmo endémicas, i.e., exclusivamente
lusitânicas.
Os insetos pertencem filo dos Artrópodes, que têm como principal característica
possuírem patas e corpo articulados. O seu corpo está coberto por uma película
quitinosa rija, o exosqueleto. Além dos insetos, os Artrópodes incluem os Crustáceos
(caranguejos, camarões, etc.), os Miriápodes (marias-café, centopeias, etc.) e os
Aracnídeos (aranhas, ácaros, escorpiões, carraças, etc.).
Os insetos distinguem-se dos demais invertebrados (como aranhas ou crustáceos)
especialmente pelas seguintes características:
Divisão do corpo em três partes - cabeça, tórax e abdómen;
Presença de seis patas;
Um ou dois pares de asas (nenhum outro invertebrado tem asas) na maioria;
Na cabeça têm duas antenas, olhos compostos e a boca (característica
importante para distinção dos diferentes grupos.)
No tórax encontram-se as patas e as asas (quando existem), e no abdómen os
órgão reprodutores.
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1. Morfologia, ciclo de vida e habitats
1.1.
Morfologia
É possível identificar insetos, através da
observação de algumas particularidades nas
partes constituintes do seu corpo. Estas são
também
utilizadas
para
descrever
o
funcionamento e comportamento dos insetos.
Todos os insetos têm o corpo dividido em três
partes: cabeça, tórax e abdómen.
A. Cabeça
A cabeça apresenta um par de antenas, a armadura bucal e os órgãos de visão.
As antenas são órgãos sensoriais olfactivos e tácteis e podem ter diversas formas e
tamanhos.
As armaduras bucais podem ser dos tipos a seguir indicados e servem para o inseto se
alimentar:
a) Mastigador (ou triturador): mandíbulas cortantes e palpos com funções sensoriais
e de manuseamento dos alimentos (louva-a-deus, baratas, gafanhotos e
escaravelhos);
b) Picadora-sugadora: tem como função perfurar os tecidos sob a superfície dos
órgãos, isto porque em muitos casos o alimento encontra-se no interior de
plantas e animais; depois de penetrar nos tecidos o aparelho bucal suga o
líquido (alimento) (percevejos, cigarras, mosquitos e algumas moscas);
c) Libadora-sugadora: divide-se em trompa sugadora e trompa esponjosa;
-
Trompa sugadora: tubo oco que quando em repouso coloca-se em espiral
(borboletas);
-
Trompa esponjosa: curta, permite a aspiração de líquidos e a dissolução de
alimentos através da saliva (moscas).
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Nos insetos existem dois tipos de recetores visuais: olhos compostos e olhos
simples (ocelos). Os olhos compostos são constituídos por um número variável de
unidades simples - os omatídios. É através do conjunto de imagens fornecidas pelos
diversos omatídios que os insetos veem o que os rodeia. Os ocelos servem para medir a
intensidade luminosa.
B. Tórax
O tórax divide-se em três partes: protórax, mesotórax e metatórax, e nele inseremse, normalmente, os três pares de patas e os dois pares de asas.
A principal função das patas é a locomoção, mas existem outras funções como
nadar, escavar ou agarrar presas. As patas são constituídas por: anca ou coxa,
trocânter, fémur, tíbia e tarso. Esta constituição pode apresentar inúmeras variações, de
acordo com os diferentes hábitos das espécies. Alguns exemplos são o aumento do
tamanho do fémur, no caso dos gafanhotos; o grande desenvolvimento das patas
anteriores de alguns insetos que escavam galerias; presença de pêlos nas patas
natatórias dos insetos aquáticos.
As asas dos insetos são expansões do tegumento e são suportadas por uma rede de
nervuras. Estas podem ser membranosas, ou com o primeiro par transformado em
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élitros (escaravelhos, joaninhas, etc.), ou o segundo par transformado em halteres ou
balanceiros (moscas, etc.).
C. Abdómen
O abdómen é composto por 11 segmentos e aloja a parte final do aparelho digestivo
e os órgãos reprodutores. Em algumas ordens, apresenta na extremidade uns
apêndices especiais, como os fórceps (bicha-cadela, etc.) ou os cercos (grilos, baratas,
etc.).
1.2.
Ciclo de vida
Em geral, os insetos reproduzem-se através de ovos, que se encontram
protegidos por uma parede rígida e impermeável capaz de suportar uma ampla gama
de condições ambientais. Na maioria das espécies, os juvenis eclodem de ovos após as
fêmeas terem efetuado as posturas em locais adequados, mas existem também muitas
espécies (p. ex. algumas moscas) em que os ovos se desenvolvem no interior das
fêmeas de onde emergem as larvas. Existem ainda espécies (p. ex. pulgões), cujos ovos
se desenvolvem no interior do corpo das fêmeas, dando origem a pequenas ninfas.
O crescimento dos insetos realiza-se através de mudas, isto porque têm o corpo
limitado pela quitina, processo durante o qual ocorre a substituição da cutícula velha
por uma nova.
Em relação ao desenvolvimento, com exceção dos insetos considerados mais
primitivos, de que os tisanuros (bichos-de-prata) são um dos exemplos mais
conhecidos, as mudas são acompanhadas por transformações morfológicas e
fisiológicas que se denominam metamorfoses. Quando as mudanças de forma entre
juvenis são pouco significativas, as metamorfoses dizem-se incompletas (baratas,
louva-a-deus, libelinhas, etc.). Se as metamorfoses causarem uma mudança profunda
na morfologia dos insetos, designam-se por metamorfoses completas. Nestes casos, os
estados juvenis apresentam um aspeto vermiforme e designam-se por larvas
(borboletas, escaravelhos, moscas, abelhas, etc.).
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A. Metamorfose incompleta
As metamorfoses incompletas exibem três estádios de desenvolvimento: ovo,
ninfa e adulto.
O desenvolvimento processa-se por crescimento, sendo as formas juvenis muito
semelhantes aos adultos, tanto na forma como no comportamento. Quando os adultos
são alados, as ninfas apresentam asas que vão aumentando de tamanho ao longo dos
diversos estados. Se os adultos possuírem olhos compostos, as ninfas também os
possuem.
B. Metamorfose completa
A metamorfose completa é mais complexa e apresenta quatro estados de
desenvolvimento: ovo, larva, pupa ou crisálida (nas borboletas) e adulto.
As peças bucais das larvas são, geralmente, do tipo triturador, mesmo quando
os adultos têm peças bucais sugadoras. As mudas entre os estados larvares, consistem
numa mudança de cutícula que permite o crescimento da larva. As larvas são
morfologicamente diferentes dos adultos, vivem em habitats distintos e possuem
diferentes hábitos alimentares. Este aspeto pode ser considerado com uma estratégia
de redução de competição entre adultos e larvas da mesma espécie.
Quando a larva atinge o ultimo estádio de desenvolvimento transforma-se em
pupa, permanecendo em repouso e sem se alimentar. Esta fase é necessária devida às
grandes diferenças entre a fase larvar e a fase adulta. No interior da pupa ocorre uma
transformação, em que os órgãos do corpo da larva se modificam, num complicado
processo que origina um inseto adulto. Quando este processo está completo o adulto
eclode, geralmente apresentando asas.
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1.3.
Habitat
Os insetos vivem em quase todas as partes do mundo. Devido à presença do
exosqueleto, que permite a redução da perda de água, e às metamorfoses, os insetos
conseguem sobreviver em habitats extremos (desertos, regiões polares, etc.).
Os seus habitats são tão diversificados como rios, ribeiros, lagos, pântanos,
prados, florestas, zonas rochosas, assim como em jardins de cidades e interiores de
casas.
Podemos também considerar os micro-habitat que são uma parte de um grande
habitat, como por exemplo troncos caídos, pedras, arbustos, solo e a manta morta que
existe no solo.
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