Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro
Estudo 8 – O início do fim: a chegada a Jerusalém
João 11 e 12
Elaborado por Ana Maria Suman Gomes
[email protected].
Chegamos ao final do primeiro livro do
evangelho de João, o chamado Livro
dos Sinais. O evangelista nos apresenta
sete sinais. Hoje, veremos o sétimo,
ponto alto da ação do Senhor Jesus.
“Lázaro, ovelha que escuta a voz do
Pastor para sair do túmulo, sai para a
liberdade que é a vida”, resume
Bortolini. Jesus, continua o autor, é
aquele que conduz suas ovelhas para
fora de todos os sistemas de morte,
libertando, inclusive, da própria morte.
O sétimo sinal é o sinal para fortalecer a
fé. Maria precisou sair de casa, para se
encontrar com a ressurreição e a vida,
que é Jesus. Frente ao túmulo, diante de
Lázaro ainda amarrado, Jesus pede que
os presentes o desamarrem. Poderia
fazê-lo sozinho, mas optou por nos
mostrar que a nossa participação é
necessária, para que pessoas sejam
levadas a Jesus e, assim, arrancadas da
morte.
É interessante recordar algumas
diferenças entre o episódio da
ressurreição de Lázaro e a ressurreição
de Jesus. Lázaro saiu do túmulo apenas
após a retirada da pedra (11,39 e 41).
Saiu amarrado e ainda vestido com
vestes
tumulares
(11,.41).
Imediatamente após, voltou ao seu
convívio terreno (12,1 e 2). Já, com
Jesus, não houve necessidade de ajuda
para a retirada da pedra (20,1). Ele
passou através das vestes tumulares e as
deixou para trás (20,6 e 7). Dias depois,
subiu para o Pai de onde voltará para
buscar a Igreja (20,17).
Com a ressurreição de Lázaro, o
ministério de Jesus atinge o terceiro
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estágio, o da total rejeição. É o clímax
da primeira parte do evangelho e a
preparação para o segundo livro, o
Livro da Paixão. Os capítulos 11 e 12
são, ao mesmo tempo, a síntese da vida
de Jesus e a antecipação da sua morte.
Penso que seria útil, a este ponto,
recordarmos os sete sinais mencionados
por João. Vamos tentar sinalizar para
uma possível escala na revelação que
Jesus nos trouxe e o faremos com a
ajuda do biblista José Bortolini.
O primeiro sinal foi o da transformação
da água em vinho e nos ensina sobre a
nova aliança. O segundo, a cura do filho
do funcionário do rei, já amplia o
alcance da nova aliança: ela é também
para pequenos e para os poderosos. O
terceiro foi a cura do paralítico. Jesus
demonstra que a Nova Aliança devolve
a capacidade de usufruir da vida com
liberdade. A seguir, o sinal de número
4, tratou da multiplicação dos pães.
Sim, a Nova Aliança oferece alimento
sólido para todos. No quinto sinal, ao
andar sobre o mar, Jesus nos mostrou
que é necessário abandonar os antigos
hábitos, ainda que os entendamos como
sendo o único caminho, para podermos
compreender a revelação que Jesus
trouxe. Com a cura do cego de
nascença, o sexto sinal, Jesus está
ensinando que a Nova Aliança capacita
o homem a enxergar. Por fim, o sétimo
sinal, apregoa que a Nova Aliança traz
libertação de tudo aquilo que oprime o
ser humano.
Imediatamente após a ressurreição de
Lázaro, surge a referência explicita à
terceira Páscoa dos judeus. O
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evangelista é o único a mencionar três
páscoas. Com ela, chegamos ao ciclo
final
do
ministério
de
Jesus.
Ironicamente, peregrinos que se
anteciparam à festa para obterem a
purificação cerimonial, não se furtam,
apesar de “purificados” a participar no
complô contra a vida de Jesus.
O capítulo-ponte para a segunda parte
do evangelho, o de número 12, tem
início com uma refeição. Nos dizeres de
Riggs, ”uma festa por causa de uma
ressurreição em que se realizou a unção
para um enterro.” Maria, irmã de
Lázaro, unge os pés e a cabeça de Jesus,
valendo-se de um perfume caríssimo,
cujo preço equivalia a dez meses de
trabalho.
Jesus entende que a homenagem é uma
preparação para a sepultura dele, não
um desperdício, como Judas quis
interpretar. Jesus aceitou a gratidão
daquela mulher e a valorizou, como
aceita todo e qualquer gesto que
tenhamos de louvor e de adoração a Ele.
Jesus não se deixa surpreender por
qualquer aparência, Ele compreende as
nossas razões e as aceita.
Não só Jesus estava destinado a morrer
agora. Lázaro também. Não temos uma
só palavra pronunciada por Lázaro neste
evangelho. (Uma curiosidade apenas: há
quem entenda que Lázaro seria o
“discípulo amado”, que vai surgir em
nossos próximos estudos.) Se Lázaro
nada falava, por que precisava
morrer? A resposta é clara: porque
muitos dos judeus, por causa dele, iam e
criam em Jesus. No versículo 19, vemos
a indignação dos religiosos porque a
situação lhes fugia do controle: “De
sorte que os fariseus disseram entre si:
Vedes que nada aproveitais? eis que o
mundo inteiro vai após ele.”
Mal sabiam eles que efetivamente o
mundo, simbolizado pelos crentes de
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todos os lugares, continua sendo atraído
por Jesus.
Jesus sabia que seu tempo havia
chegado e deliberadamente agiu no
cumprimento da profecia. Fez isso para
que pudesse ser reconhecido como
Filho de Deus e assim, pela fé nEle, a
Humanidade pudesse restabelecer a
comunhão com o Pai. Então, porque era
chegada a hora, Jesus monta em um
jumentinho, simbolizando que a sua
missão era de paz, e se aproxima de
Jerusalém. As multidões são duas. Uma,
que viera a Betânia para ver Lázaro e
que seguia a Jesus. A outra, saía de
Jerusalém com ramos de palmeiras para
encontrar aquele que entendiam ter
qualificações para ser o rei deles.
Queriam ser libertados do jugo romano,
achavam que o líder que faria isso seria
Jesus.
Não
compreenderam
o
simbolismo da entrada em sinal de paz.
Também não se recordaram das
palavras da profecia. Nem as multidões,
nem os discípulos. “Não temas, ó filha
de Sião; eis que o teu Rei vem
assentado sobre o filho de uma jumenta.
Os seus discípulos, porém, não
entenderam isto no princípio; mas,
quando Jesus foi glorificado, então se
lembraram de que isto estava escrito
dele, e que isto lhe fizeram.” (12,15-16)
É fácil compreender o uso, pelas
multidões, dos ramos de palmeiras. O
comentário Broadman nos informa que
os macabeus, quando da libertação do
Templo e da cidade dos conquistadores
sírios, balançaram ramos de palmeiras.
Agora, as multidões estão quase a dizer:
liberta-nos, Jesus! Isso sabiam fazer
bem. Entender Jesus é que não
conseguiam.
Querido ouvinte, você já compreendeu
o que significa a Paixão de Jesus? Já o
identificou como Filho de Deus?
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APOIO BIBLIOGRÁFICO:
ALLEN, Clifton J.(editor) Comentário
Bíblico Broadman vol. 9 .Rio de
Janeiro: JUERP. 2ª. edição. 1987.
BORTOLINI, José. Como ler o
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vida. São Paulo: Paulus. 7ª. edição
2005.
BRUCE, F.F. João – Introdução e
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1987.
CHOURAQUI, André. A Bíblia –
Iohanân (O Evangelho Segundo João).
Rio de Janeiro: Imago. 1997
TAYLOR, W.C. Evangelho de João –
Tradução e Comentário. Volumes I, II e
III. Rio de Janeiro:Casa Publicadora
Batista. 1946.
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