D I S C I P L I N A
Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
Uma nova rota...
... Sociologia
Autoras
Cecília Queiroz
Filomena Moita
aula
03
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Universidade Estadual da Paraíba
Reitor
José Ivonildo do Rêgo
Reitora
Marlene Alves Sousa Luna
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz
Vice-Reitor
Aldo Bezerra Maciel
Secretária de Educação a Distância
Vera Lúcia do Amaral
Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPE
Eliane de Moura Silva
Coordenador de Edição
Ary Sergio Braga Olinisky
Diagramadores
Bruno de Souza Melo (UFRN)
Dimetrius de Carvalho Ferreira (UFRN)
Ivana Lima (UFRN)
Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)
Projeto Gráfico
Ivana Lima (UFRN)
Revisora Tipográfica
Nouraide Queiroz (UFRN)
Thaísa Maria Simplício Lemos (UFRN)
Revisores de Estrutura e Linguagem
Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UEPB)
Revisoras de Língua Portuguesa
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
Ilustradora
Carolina Costa (UFRN)
Editoração de Imagens
Adauto Harley (UFRN)
Carolina Costa (UFRN)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB
Q3f
Fundamentos sócio-filosóficos da educação/ Cecília Telma Alves Pontes de Queiroz, Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro
Moita.– Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN, 2007.
15 fasc.
“Curso de Licenciatura em Geografia – EaD”.
Conteúdo: Fasc. 1- Educação? Educações?; Fasc. 2 - Na rota da filosofia ... em busca de respostas; Fasc. 3 - Uma nova
rota...sociologia; Fasc.4 - Nos mares da história da educação e da legislação educacional; Fasc. 5 - A companhia de Jesus e
a educação no Brasil; Fasc. 6 – Reforma Pombalina da educação reflexos na educação brasileira; Fasc. 7 - Novos ventos...
manifesto dos pioneiros da escola nova; Fasc. 8 – Ditadura militar, sociedade e educação no Brasil; Fasc. 9 - Tendências
pedagógicas e seus pressupostos; Fasc. 10 – Novos paradigmas, a educação e o educador; Fasc. 11 – Outras rotas...um
novo educador; Fasc. 12 – O reencantar: o novo fazer pedagógico; Fasc. 13 – Caminhos e (des)caminhos: o pensar e o fazer
geográfico; Fasc. 14 – A formação e a prática reflexiva; Fasc. 15 – Educação e as TIC’s: uma aprendizagem colaborativa
ISBN: 978-85-87108-57-9
1. Educação 2. Fundamentos sócio-filosóficos 3. Prática Reflexiva 4. EAD I. Título.
22 ed.
CDD 370
Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação
Além dos mares da Filosofia, vamos agora navegar em outro mar, um pouco mais agitado
com correntes que, muitas vezes formam turbilhões de ondas cheias de conhecimento, um
verdadeiro “�����������������������
Tsunami” de Sociologia.
Nesse trajeto, veremos o que é sociologia, quais as contribuições que ela traz para o campo
da educação, quais são os movimentos históricos que deram início ao pensamento social.
Objetivos
Ao final dessa aula, terceira rota da viagem, esperamos que você
chegue ao porto com condição de:
1
2
3
4
Conceituar sociologia e identificar seu o objeto de estudo;
Conhecer alguns sociólogos e seus pensamentos ao
longo da história;
Contextualizar a Revolução industrial e sua importância
para a sociedade e educação;
Conhecer e compreender o pensamento de alguns
sociólogos, seus pontos comuns e divergentes no que
diz respeito a educação, sociedade e escola.
Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
Zarpando...
A
Sociologia é a ciência que estuda o comportamento humano em função do meio e
os processos que interligam o indivíduo em associações, grupos e instituições. Ou
seja, a���������������������������������������������������������������������������
sociologia surge na história como o resultado da tentativa de compreender
situações sociais novas, criadas pela, então, nascente sociedade capitalista.
Capitalismo – é comumente definido como um sistema de organização
de sociedade baseado na propriedade privada dos meios de produção, na
propriedade intelectual e na liberdade de contrato sobre estes bens, o chamado
livre-mercado.
Karl Marx – observa o Capitalismo através da dinâmica da lutas de classes,
incluindo aí a estrutura de estratificação de diferentes segmentos sociais,
dando ênfase às relações entre proletariado (classe trabalhadora) e burguesia
(classe dominante).
Disponível em: http://www.renascebrasil.com.br/f_capitalismo2.htm. Acesso em: 25 maio 2007.
Apesar do termo “sociologia” ter sido criado por Auguste Comte em 1837, que
inicialmente a denominou de “física social”, existem controvérsias sobre quem é seu
verdadeiramente e real fundador.
Em geral, nessas escolhas, pesam motivos nacionais, cada qual tentando ver num
inglês, num alemão ou num francês, o verdadeiro criador da sociologia.
Raymond Aron (1992), por exemplo, aponta Montesquieu, enquanto Salvador
Giner indica uma série de outros nomes (Saint-Simon, Proudhom, J.S.Mill, o já citado
Comte e Marx).
Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
A maioria dos anglo-saxãos, defendem o nome de Herbert Spencer que consagrou
o termo em caráter definitivo com a obra -The Study of Sociology, 1880 -, enquanto os
alemães asseveram que o fundador é Max Weber.
Do rol dos fundadores intelectuais ainda constam nomes como: Jane Addams, Charles
H.Cooley, William E. DuBois, George H. Mead e Robert Merton. Vale ressaltar, que talvez a
sociologia tardasse bem mais em surgir no cenário cultural e científico europeu caso não
tivessem surgido as doutrinas sociais de Jean-Jacques Rousseau - o grande revolucionário
do Século das Luzes.
Ciências naturais
O surgimento
Podemos entender a sociologia como uma das manifestações do pensamento moderno.
É importante colocar que, a sociologia veio preencher a lacuna do saber social, surgindo
após, a constituição das ciências naturais e de várias ciências sociais. Seu surgimento
coincide com os últimos momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação
da civilização capitalista.
A criação da sociologia não é obra de um só filósofo ou cientista, mas o trabalho
de vários pensadores empenhados em compreender as situações novas de existência
que estavam em curso, quais sejam, as transformações econômicas, políticas e culturais
verificadas no século XVII.
A Revolução Industrial, a Revolução Gloriosa Inglesa, a Independência dos EUA e a
Revolução Francesa patrocinam a instalação definitiva da sociedade capitalista. Mas, somente
por volta de 1830, um século depois, surge a palavra sociologia, fruto dos acontecimentos
das duas revoluções citadas.
A revolução industrial, com a introdução da máquina a vapor e os aperfeiçoamentos
dos métodos produtivos, determinou o triunfo da indústria capitalista, especialmente,
pela concentração e controle de máquinas, terras e ferramentas onde a grande massa
de trabalhadores, era obrigada a produzir. As máquinas não simplesmente destruíam os
pequenos artesãos, mas os obrigava à forte disciplina nas fábricas, surge uma nova conduta
e uma relação de trabalho até então desconhecidas.
Este fenômeno, o da Revolução Industrial, determinou o aparecimento da chamada
classe trabalhadora ou proletariado. Os seus efeitos catastróficos para a classe trabalhadora
geraram, no primeiro momento, sentimentos de revolta traduzidos externamente na forma
de destruição de máquinas, sabotagens, explosão de oficinas, roubos e outros crimes, no
segundo momento, deram lugar a busca pela organização, defendida pelos socialistas e
comunistas, através da constituição de associações livres e de sindicatos, que abriram
espaço, com muita luta, para o diálogo de classes organizadas, de um lado a classe
trabalhadora – proletariado e de outro, a classe proprietária - burguesia, cientes de seus
interesses e desejos.
São ciências que têm
como objetivo o estudo
da natureza. As ciências
naturais estudam os
aspectos físicos e não
humanos do mundo, tais
como: Biologia ;Botânica;
Zoologia; Física; Geologia;
Química.
Disponível em: http://
pt.wikipedia.org/wiki/
Ci%C3%AAncias_naturais.
Acesso em: 3 jun. 2007.
Ciências sociais
São um ramo do
conhecimento científico
que estuda os aspectos
sociais do mundo
humano, tais como:
antropologia; sociologia;
filosofia, ciências políticas
Sociedade feudal
Foi um modo de produção
baseado nas relações
servo-contratuais, os
camponeses cultivavam
as terras dos senhores
feudais e estes lhe
davam proteção contra
os bárbaros - que viviam
saqueando as aldeias.
Disponível em: http://
pt.wikipedia.org/wiki/
Feudalismo.
Acesso em: 12 jul. 2007.
Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
Agora que você já sabe sobre o surgimento da sociologia e o que significou a revolução
industrial para a sociedade, vamos nos divertir um pouco, e claro, aprender mais... sabe
como? Vamos descobrir?
Uma ancoradinha e você vai já ... já... saber.
Ócio criativo
MASSI, Domenico. O
ócio criativo. Rio de
Janeiro: Sextante, 2000.
O autor propõe um
esquema em que lazer,
estudo e trabalho sejam
simultâneos.
Esta é uma parada lúdica, mas criativa. Ou seja, um “ócio criativo” (MASSI, 2000). O
autor nos alerta para que enxerguemos o ócio como algo que pode elevar-se para a arte,
a criatividade e a liberdade. Afinal, embora o tempo livre seja pouco é nele que devemos
concentrar potencialidades de criar. Então venha daí, vamos fazer nossa atividade nos
divertindo e criando.
Atividade 1
Estudamos que a Revolução Industrial, determinou o aparecimento da chamada
classe trabalhadora ou proletariado.
1
2
Faça uma pesquisa sobre outras conseqüências da Revolução
Industrial.
Assista, se possível com alguns de seus colegas cursistas, ao filme
Tempos Modernos levando em consideração o roteiro que se segue
abaixo para realizar a atividade.
Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
Tempos Modernos
Filme dirigido e estrelado por Charles Chaplin e com
Paulette Goddard no elenco. Foi lançado nos Estados Unidos em
1936 a partir do qual o seu sucesso espalhou-se pelo mundo.
Um operário de uma linha de montagem, que testou uma “máquina
revolucionária” para evitar a hora do almoço, é levado à loucura
pela “monotonia frenética” do seu trabalho. Após um longo
período em um sanatório ele fica curado de sua crise nervosa,
mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova
vida, mas encontra uma crise generalizada e equivocadamente é
preso como um agitador comunista, que liderava uma marcha
de operários em protesto. Simultaneamente uma jovem rouba
comida para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem
garotas. Elas não têm mãe e o pai delas está desempregado, mas
o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei vai
cuidar das órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem
consegue escapar.
http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/tempos-modernos/
tempos-modernos.htm.
Acesso em: 15 jun. 2007.
Roteiro para o filme:
Caso você tenha assistido ao filme em grupo, procure discutir no grupo ou em duplas.
Caso tenha assistido sozinho faça sua reflexão e responda:
1. O que lhe pareceu o filme? Que sensação lhe provocou? O que sentiu ao assisti-lo?
2. Do que mais gostou? E do que menos gostou?
Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
3. O que mais lhe chamou a atenção? Que imagens ou sons o impactaram mais? Explique.
4. Que
reações lhe provocaram os personagens, as situações, os fenômenos
mostrados pelo filme?
5. Que relação você faz desse filme com os conteúdos estudados? O que destaca como
conseqüência da revolução industrial para a educação? Após assistir, relacionar, refletir.
Gostaria de dar outro título ao filme?
Depois de tudo isto, vamos terminar nossa atividade realizando em grupo um
pequeno vídeo, pequeno registro de alguma indústria da sua cidade para observar como
funciona a produção.
Agora você já sabe o que foi a revolução industrial e suas conseqüências para a
sociedade e claro os reflexos na educação.
Vamos mergulhar um pouco mais para entendermos a importância dessa revolução
para a sociologia. E o que traz de contribuições para o campo da educação.
Vamos continuar nossa rota?
Estes importantes acontecimentos e as transformações sociais verificadas foram
as bases para a necessidade de investigação sociológica. Os pensadores ingleses que
testemunhavam estas transformações e com elas se preocupavam não eram homens de
ciência ou sociólogos profissionais. Eram homens de atitude que desejavam introduzir
determinadas modificações na sociedade.
Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
Os precursores da sociologia se encontravam entre militantes políticos e entre as
pessoas que se preocupavam e/ou vivenciavam os problemas sociais e desejavam conservar,
modificar radicalmente ou reformar a sociedade de seu tempo. Estes pertenciam a diferentes
correntes ideológicas: conservadoras, liberais, socialistas/marxistas. Foi com o aparecimento
das cidades industriais, das transformações tecnológicas, da organização do trabalho na
fábrica, e da formação de uma estrutura social específica – a sociedade capitalista – que
se impôs uma reflexão sobre a sociedade, suas transformações, suas crises, e sobre seus
antagonismos de classe.
O “progresso” das formas de pensar, a partir do uso da razão (se necessário, re-leia
a aula 2 – Na rota da filosofia) e da lógica, contribuiu para afastar interpretações baseadas
em suposições, superstições e crenças, representou uma mudança de paradigma e abriu
espaço para a constituição de um novo saber sobre os fenômenos histórico-sociais. E,
conseqüentemente, para a formulação de uma nova atitude intelectual diante dos fenômenos
da natureza e da cultura.
A lógica é uma ciência de índole matemática e fortemente ligada à Filosofia. Já
que o pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento
busca a verdade, é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta
possa ser atingida. O principal organizador da lógica clássica foi Aristóteles,
com sua obra chamada Organon. Ele divide a lógica em formal e material.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%B3gica Acesso em: 13 jun. 2007.
Esta postura influenciou os historiadores escoceses da época, como David Hume
(1711- 1776) e Adam Ferguson (1723-1816), e seria posteriormente desenvolvida e
amadurecida por Hegel e Karl Marx.
Foi também dessa época a disposição de tratar a sociedade, a partir do estudo de
seus grupos e não dos indivíduos isolados. Frutifica o entendimento de que os homens e as
mulheres produzem ao longo de suas vidas: conhecimentos, crenças, valores, linguagem,
arte, música. Criamos, destruímos, inventamos, re-inventamos. Enfim, fazemos Cultura.
Sendo assim, a sociologia
������������������������������������������������������������������������
se debruça sobre todos os aspectos da vida social e tem como
preocupação estudar desde o funcionamento de macro-estruturas (o estado, a classe social)
até o comportamento dos indivíduos.
Ela, em parceria com a filosofia, dão fundamento para entendermos o que é educação,
sua história e suas mudanças ao longo do tempo.
Estamos chegando ao fim da rota. Vamos lançar a âncora
para descansar um pouco e refletir sobre o que estudamos.
Venha comigo...
Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
Atividade 2
Nesta rota você conheceu e estudou alguns sociólogos.
Identifique seus nomes no texto e escreva sobre suas idéias. Se necessário
busque mais informações em outras fontes bibliográficas.
E seguindo em nossa viagem...
Vamos agora estudar de forma breve o que pensam alguns sociológos sobre a educação.
Pensar que se refletiu e reflete no pensar e fazer dos educadores.
Para Durkheim, o objeto da sociologia é o fato social. Sendo a educação considerada
como o fato social, isto é, se impõe, coercitivamente, como uma norma jurídica ou como
uma lei. a doutrina pedagógica, se apóia na concepção do homem e sociedade, onde o
processo educacional emerge através da família, igreja, escola e comunidade. Para o autor
as gerações adultas exercem uma forte pressão sobre os mais novos, que tem por objetivo
suscitar e desenvolver na criança determinados números de estados físicos, intelectuais e
morais (DURKHEIM, 1973).
Já para um divulgador da obra de Durkheim, Talcott Parsons (1965), sociólogo
americano, a educação é entendida como socialização.
Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
Nessa perspectiva, ela é o mecanismo básico de constituição dos sistemas sociais e
de manutenção e perpetuação dos mesmos, em formas de sociedades, e destaca que sem a
socialização, o sistema social é ineficaz de manter-se integrado, de preservar sua ordem, seu
equilíbrio e conservar seus limites.
Parsons, afirma que é necessário uma complementação do sistema social e do
sistema de personalidade. Ambos têm necessidades básicas que podem ser resolvidas de
forma complementar. A criança aceita o marco normativo do sistema social em troca do
amor e carinho maternos. Este processo se desenvolve através de mediações primárias:
os próprios pais, através da internalização de normas, inicia o processo de socialização
primária. A criança não percebe que as necessidades do sistema social estão se tornando
suas próprias necessidades.
Dessa forma, para o autor, o indivíduo é funcional para o sistema social. De acordo
com Durkheim e Parsons, a educação não é um elemento para a mudança social, mas
sim , pelo contrario, é um elemento fundamental para a conservação e funcionamento do
sistema social.
Mas existem autores que têm pensamento oposto, entre eles, destacamos Dewey e
Mannheim. O ponto de partida desses autores é que a educação constitui um mecanismo
dinamizador das sociedades através de um indivíduo que promove mudanças.
Para estes dois sociólogos, o processo educacional possibilita ao indivíduo atuar na
sociedade sem reproduzir experiências anteriores, acriticamente. Pelo contrario, elas serão
avaliadas criticamente , com o objetivo de modificar seu comportamento e desta maneira,
produzir mudanças sociais.
Muito conhecida e difundida no Brasil a obra de Dewey, o autor defende ser impossível
separar a educação do mundo da vida. Suas idéias tiveram grande influência na nossa
educação que veremos em aulas a seguir. “A educação não é preparação nem conformidade.
Educação é vida, é viver, é desenvolver, é crescer” (DEWEY, 1971, p. 29). Para o autor, os
indivíduos deveriam ter chances iguais. Em outras palavras, igualdade de oportunidades
dentro dum universo social de diferenças individuais.
Outro sociólogo, Mannheim, (1971, p. 34) define a educação como:
O processo de socialização dos indivíduos para uma sociedade harmoniosa,
democrática porem controlada, planejada, mantida pelos próprios indivíduos que a
compõe. A pesquisa é uma das técnicas sociais necessárias para que se conheçam as
constelações históricas especificas. O planejamento é a intervenção racional, controlada
nessas constelações para corrigir suas distorções e seus defeitos. O instrumento que
por excelência põe em pratica os planos desenvolvidos é a Educação.
Você viu? Como estes autores têm diferentes idéias não é mesmo?
Veja no decorrer de nossa rota que profundas diferenças separam os sociólogos que se
ocuparam da questão educacional. Você reparou? Prestou atenção?
Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
Mas apesar das divergências, não podemos ignorar, que:
Existe entre elas um ponto de encontro: a educação constitui um processo de
transmissão cultural no sentido amplo do termo (valores, normas, atitudes, experiências,
imagens, representações) cuja função principal é a reprodução do sistema social.
Isto é claro no pensamento durkheimiano, que podemos resumir como: longe de a
educação ter por objeto único e principal o indivíduo e seus interesses, ela é antes de tudo o
meio pelo qual a sociedade renova perpetuamente as condições de sua própria existência. A
sociedade só pode viver se dentre seus membros existe uma suficiente homogeneidade. A
educação perpetua e reforça essa homogeneidade, fixando desde cedo na alma da criança as
semelhanças essenciais que a vida coletiva supõe (DURKHEIM, 1973).
E vamos mais, que muito mar ainda nos espera... vamos navegando:
Também verificamos que tanto Durkheim, como seus seguidores, se esforçavam por
assinalar que a importância do processo educacional se baseava no fato de que o mesmo
tinha como função principal a transmissão da cultura na sociedade. Esta cultura era assim
apresentada como única, indivisa, propriedade de todos os membros que compõem o
conjunto social.
Entretanto, outros dois sociólogos Bourdieu e Passeron, também famosos pelos seus
estudos e sua preocupação com a questão educacional, tiveram pretensões de justamente
demonstrar a não existência de uma cultura única, mas que:
Na realidade, devido ao fato de que elas correspondem a interesses materiais e
simbólicos de grupos ou classes diferentemente situadas nas relações de força,
esses agentes pedagógicos tendem sempre a reproduzir a estrutura de distribuição
do capital cultural entre esses grupos ou classes, contribuído do mesmo modo para a
reprodução da estrutura social: com efeito, as leis do mercado em que se forma o valor
econômico ou simbólico, isto é, o valor enquanto capital cultural, dos arbítrios culturais
reproduzidos pelas diferentes ações pedagógicas (indivíduos educados) constituem um
dos mecanismos mais o menos determinantes segundo os tipos de formação social,
pelos quais se acha assegurada a reprodução social, definida como reprodução das
relações de força entre classes sociais (BOURDIEU e PASSERON, 1976, p. 218).
Para os autores citados, sistema escolar reproduz, assim, em nível social, os diferentes
capitais culturais das classes sociais e, por fim, as próprias classes sociais.
Os mecanismos de reprodução encontram sua explicação ultima nas relações de poder,
relações essas de domínio e subordinação que não podem ser explicadas por um simples
reconhecimento de consumos diferenciais.
Nessa perspectiva, quando analisam a função ideológica do sistema escolar, uma de
suas preocupações é justamente a da possível autonomia que pode ser atribuída a ele, em
relação à estrutura de classes. Com efeito, Bourdieu e Passeron se perguntam:
10
Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
Como levar em conta a autonomia relativa que a Escola deve à sua função específica,
sem deixar escapar as funções de classes que ela desempenha, necessariamente, em
uma sociedade dividida em classes? (BOURDIEU e PASSERON, 1976, p. 219).
E os autores respondem:
Se não é fácil perceber simultaneamente a autonomia relativa do sistema escolar, e sua
dependência relativa à estrutura das relações de classe, é porque, entre outras razões,
a percepção das funções de classe do sistema escolar está associada, na tradição
teórica, a uma representação instrumentalista das relações entre a escola e as classes
dominantes como se a comprovação da autonomia supusesse a ilusão de neutralidade
do sistema de ensino. (BOURDIEU e PASSERON, 1976, p. 220).
Concluímos, que existem pontos divergentes e pontos comuns entre as idéias dos
autores que estudamos. Sejam elas no que diz respeito à concepção de educação, de
sociedade, de escola.
Vamos então mais uma vez, lançar nossa âncora agora que nossa aula está chegando
ao fim e vamos fazer mais uma atividade.
Atividade 3
Aponte os pontos comuns e divergentes dos sociólogos estudados, no que diz
respeito à concepção de educação, de sociedade, de escola.
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Resumo
O QUE TROUXEMOS DESSE TRECHO DE NOSSA VIAGEM?
Após aprendermos o que é sociologia e qual é seu objeto de estudo, conhecemos
alguns sociólogos e seus pensamentos ao longo da história e conseguimos sabre
um pouco mais sobre a revolução industrial e sua importância para a sociedade
e educação. Finalmente, conhecemos e compreendemos o pensamento de
alguns sociólogos seus pontos comuns e divergentes no que diz respeito a
educação, sociedade e escola.
Auto-avaliação
Essa é a hora da síntese refletida, da construção do seu DIÁRIO DE BORDO. Você fez a
viagem, leu os textos, respondeu as atividades, visitou os sites, assistiu aos filmes, vídeos,
mas, com certeza, você foi mais além.
Pesquise comente com os colegas, ou com os tutores e professores, como é a
educação, a sociedade e escola na sua cidade. Veja se existe algo em comum
com alguma das teorias dos sociólogos estudados. Não esqueça de anotar as
dificuldades que teve para fazer a pesquisa.
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Anotações
Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
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Leituras complementares
Aqui apresentamos outras linguagens que podem enriquecer o seu aprendizado.
Indicamos filmes, mini-vídeos, telas, poemas, músicas e textos que tem relação com a nossa
rota e com a viagem dos fundamentos sócio-filosóficos da educação. Buscaremos mergulhar
mais profundamente nessa rota com dicas ricas e prazerosas.de saberes
Sites e links interessantes, visite!
http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal
Neste site você encontra dados importantes para o aprendizado da rota
pela sociologia.
Vídeo
Título: A desigualdade social e seus reflexos na educação
mostra dados sobre as diferentes realidades da educação, comparando a escola pública
e a particular no Brasil.
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=C4SSnw50SU4 Acesso em: 20 jun. 2007.
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Referências
ARANHA, M. L.A.; MARTINS, M.H.P. Temas de filosofia.São Paulo: Moderna,1992.
ARON, R. As Etapas do Pensamento Sociológico. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1992
MASSI, D. O ócio criativo. Rio de Janeiro : Sextante, 2000.
BOURDIEU, P. e PASSERON. La Reproducción. México: Editorial Siglo XXI, 1976.
DEWEY, J. Vida e Educação. São Paulo, Edições Melhoramento,1971.
DURKHEIM, E. Educación y Sociología. Buenos Aires: Editorial Shapire,1973.
HARNECKER, M. Para compreender a sociedade. Traduzido por Emir Sader. 1. ed. São
Paulo: Brasiliense, 1990.
HOBSBAWN, E. A era do extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
MOCHCOVITCH, L.G. Gramsci e a escola. 3. ed. São Paulo: Ática, 1992. (Serie
princípios,133).
OLIVEIRA, M. A. Ética e sociabilidade. São Paulo: Edições Loyola, 1993.
(Coleção filosofia,25).
PARSONS, T. The Social Sistem. London: The Free Press of Glencoe,1965.
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Anotações
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