NORMAS E ORIENTAÇÕES PARA A PRÁTICA DA PESQUISA NA
GRADUAÇÃO
Maria Luisa da Silva Borniotto (DFE/UEM)
Minicurso
INTRODUÇÃO
Visando uma boa qualidade na comunicação científica, o aluno de graduação precisa
realizar os trabalhos acadêmicos de acordo com as Normas (ABNT) Associação Brasileira de
Normas Técnicas. Esse modelo de Normas e padronização dos trabalhos acadêmicos é
exigido do aluno de graduação como partes das atividades do processo didático, integrantes
do processo de escolaridade em sua forma de apresentação que compreendem desde os
trabalhos acadêmicos como fichamentos, resumos, resenhas, artigos científicos, solicitados
pelos professores em sala de aula, até os trabalhos mais bem elaborados como os de conclusão
de curso (TCC) e aqueles que demonstram resultados de pesquisas realizadas em diferentes
cursos ou programas, como dissertações de mestrado, tese de doutorado e artigo científico.
A realização de uma pesquisa, por exemplo, exige uma organização, e é a partir da
escolha de um tema que selecionamos o material bibliográfico disponível e atualizado para
que possamos eleger nossos objetivos. Dependendo dos objetivos que foram eleitos e do
marco ou quadro teórico, faremos a escolha dos instrumentos que devem ser utilizados para a
coleta dos dados. Os instrumentos disponíveis, referentes às técnicas selecionadas para a
coleta de dados são muitos e diversificados e a escolha de um ou outro irá depender dos
objetivos da pesquisa, do tipo de informação que necessitamos e do número de envolvidos.
As técnicas de pesquisa são instrumentos ou dispositivos para a obtenção de
informações ou coleta de dados. Portanto, devem ser pensadas e elaboradas de acordo com os
pressupostos teóricos e metodológicos que o pesquisador escolher, no suporte a análise dos
dados coletados durante a pesquisa.
Uma técnica é uma teoria em atos, afirma Thiollent (1985), e não pode existir
obtenção ou coleta de dados sem pressupostos teóricos. No entanto, quando observamos a
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prática científica no processo de construção dos trabalhos realizados no âmbito acadêmico, o
que fica evidente é a aplicação apenas de atividades de caráter operacional técnico.
Desenvolvem-se variados procedimentos de observação, de experimentação, de coleta de
dados, de registros de fatos, questionários, entrevistas. Mas o que nem sempre é levado em
conta é que todo esse levantamento técnico segue um cuidadoso plano de utilização, ele
cumpre um roteiro preciso, ele se dá em função de um método. No entanto, não basta seguir
um método e aplicar técnicas para dizer que se está realizando ciência. Todo esse
procedimento técnico precisa ainda referir-se a um fundamento epistemológico que sustenta e
justifica a própria metodologia praticada. Alem disso, como trata Triviños (1987), existe a
questão da ausência de coerência entre os suportes teóricos que nos orientam nas atividades
de pesquisa e a prática social que realizamos, onde revelam o ecletismo na mistura de
pensamentos presentes nas citações avulsas fora de contexto.
Objetivando compreender a importância do conhecimento científico para o
aprendizado do acadêmico, este minicurso pretende proporcionar, primeiramente, ao discente,
o estudo do processo de construção do conhecimento, visando à compreensão de que o
trabalho científico é um conjunto de processos de estudo, pesquisa e reflexão que
caracterizam a vida intelectual do aluno. É um processo pedagógico, didático contínuo, de
construção do conhecimento. Portanto, a atividade de pesquisa é uma forma de busca de
saberes por basear-se neste processo de construção. Não é apenas técnica, mas caminho de
procura desse conhecer (SEVERINO, 2007).
DESENVOLVIMENTO
Na pretensão de realizar uma pesquisa, o acadêmico deve estar ciente de que sua
construção não se restringe apenas na preocupação de eleger um tema, um problema e propor
objetivos para saná-la, mas precisará estar atento tambem que dependendo do ponto de vista
que pretende tratar o problema levantado, a pesquisa poderá ser explicada por diferentes
teorias e seguir determinadas técnicas.
As técnicas de investigação são várias. Dependendo do ponto de vista que
pretendemos tratar o problema levantado, a pesquisa poderá ter uma abordagem quantitativa
ou qualitativa. “Entretanto, em pesquisa não precisamos trabalhar com essa divisão, desde que
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o sujeito que se propõe a realizar uma pesquisa avalie a junção de técnicas com os
pressupostos teóricos que orientam seu trabalho” (BELLINI, 2010, p. 59).
A ciência é a tentativa do homem de entender e explicar racionalmente a natureza, a
realidade social a qual faz parte. Tanto o processo de construção da ciência quanto seu
produto reflete o desenvolvimento e a ruptura ocorridos nos diferentes momentos da história.
Portanto, aquilo que num dado momento foi considerado ciência pode mudar, em decorrência
de alterações nas condições materiais da vida humana (ANDERY et al., 2003).
Para se realizar ciência no campo acadêmico com coerência, fundamentação e êxito, é
necessário passar primeiro pelo estudo dos fundamentos históricos e filosóficos desse
conhecimento, analisar as condições concretas que propiciaram e propiciam a sua produção.
Para tanto, precisa se apoiar em alguns pressupostos filosóficos e adotar práticas
metodológicas e procedimentos técnicos, capazes de assegurar a apreensão objetiva dos
fenômenos através dos quais a natureza se manifesta.
Com Cervos e Bervian (2002), podemos definir ciência, como sendo uma atividade
voltada para solucionar problemas de ordem teórica ou prática por meio de processos
científicos.
Toda pesquisa tem início a partir de uma dúvida, de uma indagação, ou seja, a partir
de uma situação ou questão problematizadora. Com a pesquisa, a questão problematizadora é
investigada por meio do uso de um método científico, e busca-se uma resposta para tal
questão. Pois, somente será considerada pesquisa original, todo trabalho científico que trouxer
alguma contribuição de caráter inédito, que favoreça novas conquistas com vistas ao avanço
da ciência.
A finalidade de se realizar uma pesquisa depende do interesse e o grau de experiência
de cada investigador. Segundo Cervo e Bervian (2002), o objetivo dos iniciantes nesta
atividade perpassa pela aprendizagem e o treinamento das várias técnicas de investigação, que
muitas vezes para realizar esta tarefa, precisa refazer caminhos já percorridos por outros
pesquisadores.
Podemos dizer que o trabalho científico é um conjunto de processos de estudo, de
pesquisa e de reflexão que caracterizam a vida intelectual também do estudante universitário.
É um processo pedagógico – didático contínuo em busca da construção do conhecimento. A
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atividade de pesquisa é uma forma de busca de saberes por basear-se neste processo de
construção. Não apenas técnica, mas caminho de procura do conhecer (SEVERINO, 1997).
Conforme Andery et al. (2003), o conhecimento produzido pelo homem, no decorrer
de sua história, é determinado pelas necessidades materiais que ele sente e percebe em cada
momento histórico. Que a produção de conhecimento não é própria apenas do homem
contemporâneo, mas que mesmo nas primeiras formas de organização social, como nas
sociedades atuais, é possível identificar a constante tentativa do homem para compreender o
mundo e a si mesmo.
Ao resgatarmos no período histórico que data de meados do século XII a.C. na
Antiguidade grega, por exemplo, podemos observar que as ideias que o homem produz, parte
delas constitui o conhecimento referente ao próprio homem. O conhecimento humano, em
suas diferentes formas (senso comum, científico, teológico, filosófico, estético, etc.), exprime
condições materiais de um dado momento histórico. A ciência, a produção do conhecimento
científico, também é determinada por essas mesmas necessidades materiais que o homem vive
em cada período de sua história.
É o próprio interesse e a curiosidade do homem que o leva a investigar a realidade sob
os mais diversificados aspectos e dimensões. Portanto, aquilo que num dado momento foi
considerado ciência pode mudar, em decorrência de alterações nas condições materiais da
vida humana.
Ao tentar explicar a realidade, a ciência caracteriza-se como uma atividade metódica.
O próprio método científico é um conjunto de concepções sobre o homem. Podemos dizer que
o método não é único e nem permanece o mesmo, porque reflete as condições históricas
concretas do período histórico em que o conhecimento foi elaborado.
Por essa razão que em Trivinõs (1987) a Filosofia é concebida como uma concepção
do mundo que explica cientificamente a natureza e a sociedade, estabelecendo as leis de seu
desenvolvimento e a maneira de conhecê-las.
Em primeiro lugar, O conteúdo da filosofia está vinculado á ciência. Portanto, as
afirmações da filosofia sobre o mundo natural e social, sobre o homem e sua vida, mudam de
acordo com os avanços do pensamento científico. Logo, os fenômenos e objetos do mundo
estão em constante transformação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar pesquisa durante a graduação, o aluno já deve ter clareza de que nem toda
informação é válida. Os dados coletados, as observações realizadas, não podem ser apenas um
amontoado de dados. Esse processo precisa passar por uma organização metódica, ou seja, os
resultados das observações, entrevistas, questionários, testes, tabelas, gráficos, os quadros
comparativos resultantes da coleta e análise desses dados servem para recortar, ordenar e
estruturar algumas dimensões do conhecimento. Essas informações precisam ser organizadas
e sistematizadas. Ao realizar uma pesquisa sobre um determinado tema em educação, por
exemplo, é necessário decidir-se primeiro se a pesquisa será revisão bibliográfica ou pesquisa
de campo. Caso seja pesquisa de campo, deve ser definida qual o grupo ou âmbito escolar se
deseja pesquisar. Por isso, as informações que teremos que colher no levantamento de dados
serão recortadas de acordo com critérios pré-estabelecidos.
Alguns temas exigirão um maior número de fontes que outros. As fontes podem ser
escritas (livros, artigos, revistas, periódicos, documentos etc) ou orais (diálogos, palestras,
depoimentos, programas televisivos, lições de aula etc). As fontes escritas podem ser
subdivididas em: impressas (leis, teses, relatórios, romances etc) e não-impressas (cartas,
entrevistas, provas e exames de alunos etc).
Portanto, os instrumentos de pesquisa terão que estar de acordo com as fontes que
queremos ou podemos utilizar para, assim obter conhecimentos sobre o objeto investigado.
Esse conhecimento é sempre parcial, relacional e provisório, pois não devemos ter a pretensão
de abarcar a totalidade ou a verdade absoluta sobre determinado fenômeno ou objeto de
estudo. Devemos ter claro quais os nossos objetivos de estudo e como podemos nos organizar
para estudá-lo.
REFERÊNCIAS
ANDERY, M. A. et al. (org.). Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 12.
ed. Rio de Janeiro: Garamond; São Paulo: EDUC, 2003.
Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012
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BELLINI, L. M. Metodologia, Métodos e técnicas de pesquisa em educação: princípios
básicos. In: BELLI, L. M.; SILVA, A. C. T. da. (orgs.). Métodos e técnicas de pesquisa em
educação. EAD. 2. ed. Maringá: Eduem, 2010. p. 53 – 66.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron
Books,1996.
MORI, N. N. R. Metodologia da pesquisa. Maringá: Eduem, 2011.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
THIOLLENT, Michel. Crítica metodológica, investigação social e enquête operária. 4. ed.
São Paulo: Editora Polis, 1985.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: A pesquisa qualitativa em
educação. São Paulo: Atlas, 1987.
Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012
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