Três migrantes com “Ideias em grande” recebem prémio para criar ou
consolidar negócio
Lisboa, 27 jun (Lusa) – A tarefa quase impossível de encontrar a decoração ideal para o
aniversário do filho a preços acessíveis levou Erik a usar a criatividade e encontrar soluções
divertidas para festas, uma ideia transformada em negócio e agora premiada por um projeto
europeu.
Erik Leite foi um dos três vencedores do concurso “Ideias em Grande”, promovido em
Portugal pelo Instituto Marquês de Valle Flôr, que atribui um prémio de 10 mil euros aos
migrantes que apresentaram as ideias de negócios mais empreendedoras.
Além do negócio de Erik, foram também premiadas as ideias de Diná Costa, um salão de
beleza com um espaço lounge onde se pode petiscar, e de Luiza Xavier, um salão de beleza,
com serviços ao domicílio, a centros de dia e lares de idosos.
Há oito anos que Erik Leite deixou o Brasil e veio para Portugal, onde tem trabalhado como
estafeta em dois jornais. Nas horas vagas, decora festas para crianças, uma ideia que
nasceu ao tentar encontrar uma festa digna do primeiro aniversário do filho, hoje com cinco
anos.
“Como no Brasil há decorações fantásticas eu queria algo idêntico, mas o custo era muito
alto. Como sabia desenhar e fazer artesanato, resolvi fazer a festa”, contou Erik à agência
Lusa.
E o resultado não podia ser melhor: As pessoas gostaram tanto que começaram a pedir-lhe
para organizar as festas dos filhos e nunca mais parou.
Para rentabilizar o negócio decidiu frequentar, em maio, as ações de formação do instituto,
que visam promover o empreendorismo junto da comunidade migrante em Portugal.
Nunca pensou no prémio e “ficou muito surpreendido” quando soube que tinha sido um dos
vencedores.
Para Erik, o prémio é “uma alavanca” para o negócio e uma oportunidade de abrir uma loja,
em que a mulher, desempregada há três anos, possa trabalhar.
“Eu para criar sou um espetáculo, ela como administradora é melhor do que eu”, comentou.
Também foi com “muita alegria” e “surpresa” que a cabeleireira Diná Costa soube que era
uma das premiadas, uma notícia que evitou a partida para o Brasil por falta de
oportunidades em Portugal, onde chegou há oito anos.
“Este prémio é de extrema importância, é a base de um sonho que eu nunca pude
concretizar, porque não havia espaço para as minhas ideias onde trabalhei”, contou.
O negócio de Diná alia a área de estética à restauração: “No Brasil isso já acontece muito,
mas como em Portugal ainda não há muitos [negócios do género], achei que ainda havia
espaço para mim”.
Luiza Xavier, também brasileira, está em Portugal há quase 20 anos. Durante toda a vida,
trabalhou como manicura, sempre ajudando quem tinha “menos posses”.
Há três anos que trabalha em casa e cuida das unhas dos idosos em lares.
Fez a formação para “testar até que ponto o seu trabalho era bom”, sem nunca pensar que a
sua ideia iria ser distinguida.
“Fiquei um bocado engasgada quando recebi o prémio, mas muito feliz”, disse.
O prémio já está a ajudar na criação do salão de beleza”: “Já conseguimos um espaço e
temos o material para pôr na loja”.
“Sozinha não conseguia, é muito complicado”, confessa.
Ana Castanheira, responsável do 'Ideias em Grande', explicou que os premiados são
apoiados pela equipa técnica do instituto na criação do negócio: “Desde irem às Finanças,
fazerem o registo de atividade, o contacto com fornecedores, a aquisição do equipamento e
do imobiliário”.
“Estão sempre acompanhados pela nossa equipa e o tutor ficará mais um ano a fazer toda a
parte do acompanhamento e follow-up destes três negócios”, adiantou.
Mas o sonho também não acaba para os que não foram selecionados: “Haverá um reforço
técnico das suas propostas e depois vamos com eles tentar apresentar a outras iniciativas a
nível nacional”, contou Ana Castanheira.
Os prémios são entregues no sábado, numa cerimónia na Câmara Municipal de Odivelas.
HN // SO
Lusa/fim
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