5 Paulo Gomes Lima Meira Chaves Pereira (orgs.) Conselho Editorial Av Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 [email protected] Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt ©2014 Paulo Gomes Lima; Meira Chaves Pereira Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. L6286 Lima, Paulo Gomes; Pereira, Meira Chaves. Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões – volume 5/Paulo Gomes Lima; Meira Chaves Pereira (orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2015. 408 p. Inclui bibliografia. Inclui tabelas. ISBN: 978-85-462-0223-2 1. Educação 2. Fundamentos 3. Espitemologia 4. Filosofia. I. Lima, Paulo Gomes. II. Pereira, Meira Chaves. CDD: 370 Índices para catálogo sistemático: Filosofia Epistomologia Teoria da Educação IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal 100 121 370.1 SUMÁRIO Apresentação Capítulo 1 – Contribuições de Charles Darwin ao Pensamento Educacional Vânia Lúcia Ruas Chelotti de Moraes 7 19 Capítulo 2 – O Pensamento Educacional de Herbert Spencer 37 Cristiane de Sá Dan Capítulo 3 – Édouard Claparède e o Estudo do Desenvolvimento da Criança Deise de Sales Rustichelli 51 Capítulo 4 – Adolphe Ferrière e a Educação Ativa Jeferson Luz Bona 69 Capítulo 5 – O Pensamento Pedagógico de Henri Wallon Lucia Maria Salgado dos Santos Lombardi 83 Capítulo 6 – Roger Cousinet e o Método do Trabalho Livre em Grupo Rosa Aparecida Pinheiro 107 Capítulo 7 – A Aquisição e as Funções da Escrita em Alexander Luria Eliane Pimentel Camillo Barra Nova de Melo 123 Capítulo 8 – Desenvolvimento, Aprendizagem e Educação Escolar em Alexei Leontiev Caio César Portella Santos Izabella Mendes Sant’ana 147 Capítulo 9 – Ana Teberosky e a Psicogênse da Língua Escrita 169 Rosilene Rodrigues Lima Capítulo 10 – Emília Ferreiro e a Construção Lecto-Escrita da Criança Meira Chaves Pereira 189 Capítulo 11 – Howard Gardner e as Inteligências Múltiplas 203 Izabel de Carvalho Gonçalves Dias Capítulo 12 – O Pensamento Educacional em Hannah Arendt 225 João Henrique da Silva Douglas Christian Ferrari de Melo Capítulo 13 – Augusto Comte: o Pensamento Positivista na Educação Ester Chichaveke 249 Capítulo 14 – A Escola e o Processo Educacional em Émile Durkheim Mariclei Przylepa 267 Capítulo 15 – B. F. Skinner, a Psicologia Comportamentalista e o Papel da Educação Sonia Maria Borges de Oliveira 283 Capítulo 16 – Lawrence Stenhouse e a Pesquisa como Princípio do Processo Ensino-Aprendizagem Paulo Gomes Lima 301 Capítulo 17 – O Pensamento Pedagógico em Anton Makarenko Paulo Gomes Lima Meira Chaves Pereira 317 Capítulo 18 – Florestan Fernandes e a Democratização da Escola no Brasil Telma Elizabete de Moraes Capítulo 19 – Sujeito, Autonomia e Educação em Louis Althusser Eliane Pimentel Camillo Barra Nova de Melo Silvio Cesar Moral Marques 331 359 Capítulo 20 – Contribuições de Michel Foucault à Educação 375 Noêmia de Carvalho Garrido Sobre os Autores 397 APRESENTAÇÃO A série Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões chega ao volume V, problematizando historicamente o papel da educação, do professor e sua formação em relação aos saberes e fazeres indispensáveis para o exercício consciente de seu trabalho numa perspectiva emancipadora. Não se trata de um manual de saberes e fazeres metodológicos e nem é esta a sua pretensão, antes tem como propósito provocar posicionamentos em relação à uma educação que traz uma historicidade, contribuições para se refletir sobre os valores no tempo e a prospecção por caminhos que ampliem o olhar sobre as possibilidades de reivindicar e lutar por uma educação transformadora, ainda que em contextos adversos. Como o próprio homem que se redescobre em cada etapa de sua existência, também o conhecimento de si e do mundo vai se desdobrando sobre distintas perspectivas, construindo-se e reconstruindo-se numa ação comunicativa dinâmica, uma vez que as solicitações de demandas, necessidades e arranjos sociais são condicionadas e o condicionam a mobilizar-se na história e com a história. O fenômeno educacional no contexto escolar e a formação do professor são elementos que não devem ser tomados como relações polarizadas e distantes, uma vez que no processo de aprender-ensinar-aprender existem leituras que não se limitam a um ou a outro polo e muito menos somente a bipolarização enfatizada, pois são solicitações de encaminhamentos que estão difusas na totalidade social e que demandam uma transpenetração dos saberes (todos), trazendo à luz a explicitação de sua realidade concreta1. Esse olhar é trabalhado de forma cuidadosa nesse volume, com ênfase, por um lado, no conhecimento acerca das 1. Lima, P. G. Saberes pedagógicos da educação contemporânea. Engenheiro Coelho/ SP: Unaspress, 2012. 7 Paulo Gomes Lima – Meira Chaves Pereira (orgs.) descobertas do homem, de suas maneiras históricas de trabalhar e pensar a educação e, por outro, em cada um dos temas trabalhados a educação é compreendida não como um produto acabado, porque sujeito a alterações em épocas distintas, sob perspectivas díspares e com finalidades específicas conforme o imaginário que determinado grupo social tem sobre seu papel. No desdobramento do presente volume V, organizado pelos Professores Paulo Gomes Lima e Meira Chaves Pereira, percebe-se que a consciência coletiva aprimora os relacionamentos na consecução de objetivos comuns, pois coloca como ponto de partida e de chegada a participação de todos os atores sociais envolvidos com a escola e seu entorno, com as questões sociais que projetam tipologias de escola e ideários em distintas manifestações, enfim, são construídos encadeamentos e provocações em cada um dos capítulos que nos instiga a brevemente apresentá-los como se segue. O primeiro capítulo da Professora Vânia Lúcia Ruas Chelotti de Moraes discute as contribuições de Charles Darwin ao pensamento educacional. Destaca a autora que a partir de Darwin serão promovidas alterações significativas nas concepções hegemônicas de pesquisadores nos campos da biologia, da filosofia, da sociologia e do pensamento educacional moderno. A história da sua carreira e a contextualização da publicação de suas obras evidencia a consciência do naturalista da ocorrência dessas repercussões. Em seu livro principal, Origem das Espécies, destaca a autora, Darwin aponta que as espécies vivas que habitam o planeta não possuíram sempre as características que apresentam atualmente, sendo descendentes de espécies extintas e de ancestrais comuns que foram modificados pela ação da seleção natural. O processo de seleção natural consiste em duas etapas: a primeira é a produção de indivíduos diferentes e a segunda é a sobrevivência e reprodução diferencial desses indivíduos. Assim, a autora explora nesse texto, em que sentido suas teorias influenciaram o desenvolvimento das ciências e como isso refletiu no pensamento educacional, excelente olhar e pontuações. 8 Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões – Volume 5 O capítulo seguinte, de autoria de Cristiane de Sá Dan, contextualiza o pensamento educacional de Herbert Spencer e suas concepções educacionais em dois eixos, sendo o primeiro a biografia, trajetória de vida e obras e, como segundo eixo, as contribuições ao pensamento educacional. A sua concepção totalizante, de raiz positivista e evolucionista impacta o campo educacional, com o olhar sob o paradigma de mesma matriz e ideário direcionado ao liberalismo. O capítulo é um convite para introdução ao pensamento desse representante. O terceiro capítulo, escrito por Deise de Sales Rustichelli trata de Édouard Claparède e o estudo do desenvolvimento da criança. Claparède é considerado um dos pioneiros no estudo da psicologia da criança, a partir de um enfoque interacionista sobre a gênese dos processos cognitivos. Este enfoque é atualmente considerado uma sólida alternativa aos pontos de vista puramente inatistas ou ambientalistas. Nesse trabalho, são destacados pontos da vida e obra do médico e psicólogo suíço, especificamente sobre sua contribuição à psicologia e à educação, ao estabelecer a abordagem genético-funcional em sobre o conceito de educação funcional e de escola sob medida. Jeferson Luz Bona desenvolve o capítulo quatro sobre Adolphe Ferrière e a educação ativa. Luz Bona destaca o papel desempenhado por Adolphe Ferrière, um professor suíço que ficou conhecido na história da educação como um dos precursores da Educação Nova. Para Ferrière, o objetivo da Escola Ativa consistia no impulso espiritual da criança e o desenvolvimento da autonomia moral do discente. Ferrière defendia a prática de uma liberdade reflexiva, na qual o educando conhecendo o ambiente em que está inserido é conduzido pela vontade de maneira a servir-lhe a inteligência. O tema do capítulo 5, o pensamento pedagógico de Henri Wallon da Professora Lúcia Maria Salgado dos Santos Lombardi, tem por objetivo apresentar alguns pressupostos do projeto teórico de Henri Wallon sobre a psicogênese da pessoa comple9 Paulo Gomes Lima – Meira Chaves Pereira (orgs.) ta, contribuindo com o interesse pela sólida produção científica deste autor. O texto apresenta inicialmente alguns traços biográficos de Wallon e, em seguida, perpassa tópicos essenciais à compreensão de suas ideias, tais como os estágios de desenvolvimento da personalidade, o qual ocorre em uma sucessão de fases caracterizadas por uma alternância de ênfase maior entre as funções da afetividade e da inteligência. Por fim, o capítulo trata da dimensão do movimento expressivo e do jogo infantil, atividade característica e espontânea da criança. O sexto capítulo, assinado pela Professora Rosa Aparecida Pinheiro, é um convite a refletirmos sobre as teorias da educação para o desenvolvimento de práticas progressistas, em recorte as proposições pedagógicas de Roger Cousinet com o objetivo de discutirmos as possibilidades que se apresentam desde o início do século XX e possam contribuir para repensarmos o processo de aprendizagem no sistema escolar. Observa a autora que como parte integrante do Movimento da Escola Nova, Cousinet foi defensor dos Centros de Interesse como método organizativo por possibilitar a motivação em situações de ensino e aprendizagens significativas, assim como Decroly. Mas, como sua demarcação, na defesa da liberdade de ensino e do trabalho coletivo propõe a substituição do aprendizado individual por atividades socializantes com base em ações conjuntas e a partir do interesse dos alunos. Intelectual em uma época de mudanças vertiginosas na sociedade. Cousinet licenciou-se em Letras e teve seu interesse voltado para a psicologia da criança, no contexto da psicologia social, que foi a base epistemológica de sua proposta metodológica na ação coletiva no espaço escolar. Para Cousinet, a educação sistematizada no âmbito escolar deveria ter por base os trabalhos em grupo, como forma de interação que respondesse as exigências da evolução da criança a partir de sua liberdade de expressão. Como educador de seu tempo, defende que a criança é um ser de atividade científica e sua educação deve ser centrada no autodesenvolvimento, no qual o método torna-se uma ferramenta de 10 Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões – Volume 5 investigação, um procedimento pelo qual o aluno aprende a utilizar para produzir seu conhecimento. Cousinet foi um precursor ao substituir a pedagogia do ensino pela pedagogia da aprendizagem e tem sua marca no cotidiano escolar com métodos de trabalho que considerem a participação do aluno e o incremento de sua autonomia na pesquisa. O capítulo 7, escrito por Eliane Pimentel Camillo Barra Nova de Melo, descreve o desenvolvimento da aquisição da escrita pelas crianças, bem como suas funções de acordo com Alexander Romanovich Luria, um clássico da neuropsicologia e fundador da neurolinguística que juntamente com Vygotsky e Leontiev questionou a psicologia soviética dos anos de 1930 propondo uma vertente socialista-marxista conhecida atualmente como perspectiva histórico-cultural, a qual compreende o desenvolvimento das estruturas cognitivas superiores como produto do sistema socioeconômico e das atividades sociais, visto que, estas influenciam o desenvolvimento mental dos indivíduos. Luria investigou aquilo que ele denominou de pré-história da escrita, isto é, os conceitos infantis, construídos espontaneamente, sem a intervenção de um ensino sistemático e intencional, concluindo que esta é a base de todo o desenvolvimento futuro da aquisição da escrita pela criança. Segundo o autor há duas fases distintas durante o período da pré-história da escrita, a pré-instrumental e a pictográfica, ambas substituídas pela escrita simbólica adquirida através do ensino escolar. Caio César Portella Santos e Izabella Mendes Sant’Ana apresentam, no capítulo 8, uma breve introdução sobre a vida e obra de Alexei Leontiev, um relevante teórico para as áreas de Psicologia e Educação, que foi colaborador no grupo de Lev Semyonovich Vigotski na construção da Teoria Histórico-cultural. São apresentados alguns fundamentos teóricos, incluindo aspectos da Teoria da Atividade, bem como são expostas algumas contribuições de suas produções para a área educacional. Ana Teberosky e a psicogênse da língua escrita é o tema do capítulo 9, escrito pela Professora Rosilene Rodrigues Lima. Por 11 Paulo Gomes Lima – Meira Chaves Pereira (orgs.) meio de seus estudos sobre alfabetização Teberosky e colaboradores inferiram que a escrita produzida pelas crianças é parte de seu esquema de assimilação da aprendizagem, ou seja, a maneira pela qual elabora o seu esquema de aprendizagem, conforme o seu desenvolvimento manifestado pela linguagem oral inicialmente. Nesse sentido o desenvolvimento da linguagem não ocorre desvinculado da estruturação do pensamento, dos esquemas mentais, de sua capacidade de assimilação, acomodação entre equilíbrios e desequilíbrios na elaboração de hipóteses que vivencia e faz parte de seu contexto. O pensamento pedagógico de Ana Teberosky é centrado no construtivismo, nesse sentido, a sua ênfase são sempre os processos psicológicos sobre a apropriação da lecto-escrita, eixos indispensáveis para se compreender e favorecer as intervenções e acompanhamento do desenvolvimento da criança nesse âmbito. O capítulo 10, de autoria de Meira Chaves Pereira trata do pensamento pedagógico de Emília Ferreiro e a construção lecto-escrita da criança. O capítulo tem por objetivo apresentar alguns pressupostos teórico-pedagógicos desenvolvidos por Emília Ferreiro acerca do processo de aquisição da língua escrita. Destaca-se que Ferreiro percebeu que a escrita produzida pelas crianças faz parte de seu esquema de assimilação da aprendizagem, logo o desenvolvimento da linguagem não ocorre desvinculado da estruturação do pensamento. Para Ferreiro este é um processo construído paulatinamente quando a criança começa a estabelecer uma distinção entre o universo gráfico do desenho representativo e o universo da escrita. A partir de então a criança começa a elaborar hipóteses para compreender o sistema de escrita em 4 níveis: a) fase pré-silábica, b) fase silábica, c) fase silábica-alfabética e d) alfabética. A autora sugere algumas propostas relevantes para a aquisição da língua escrita. Izabel de Carvalho Gonçalves Dias discute, no capítulo 11, as contribuições de Howard Gardner e os seus estudos sobre as inteligências múltiplas, destaca as inteligências humanas e as “cinco mentes” que as pessoas podem ampliar não somente por 12 Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões – Volume 5 conta das demandas sociais e desenvolvimento das tecnologias, mas como sensibilidades que os torna humanos e abertos para novas solicitações de ensino e de aprendizagem. Observa a autora, a partir de Gardner que, a partir do estudo das inteligências múltiplas o indivíduo é considerado em sua totalidade como construtor do seu conhecimento, já que os processos mentais estão eivados de distintos condicionantes (orgânicos e do meio), assim o estudo sobre a temática toma como eixo a ação daquele sobre o mundo e respectiva formulação de hipóteses articuladas ao universo de seus significados, considerando inclusive a dimensão emocional e as várias possibilidades de significação e ressignificações apreendidos. Neste sentido o processo de desenvolvimento cognitivo analisado a partir destas contribuições ganhou novas perspectivas de entendimento, por exemplo quando consideradas a plasticidade de aprendizagens possíveis mediante motivações e/ou afinidade por sensibilização como observa Howard Gardner. João Henrique da Silva e Douglas Christian Ferrari de Melo, no capítulo 12, afirmam que o pensamento arendtiano corresponde a uma tentativa de procurar respostas para os mais diversos problemas do século XX. Arendt os relaciona com a dinâmica da política no Estado e seus desdobramentos no mundo público e privado. A sua teoria política envolve discussões sobre condição humana, totalitarismo, tradição e educação. Nesse último assunto, a filósofa judia-alemã reflete quanto à crise da educação, que abrange, principalmente, as crises da tradição e da autoridade. Elas decorrem, também, dos pressupostos da Educação Progressista, que deixa as crianças à sua própria sorte, não exigindo domínio dos conhecimentos específicos e substituindo o aprender pelo fazer. Para a autora, essa educação tem como objetivos a manutenção do status quo e a eliminação das diferenças étnicas e culturais. Por isso, Arendt pensa que a educação exige um professor autêntico, que possua autoridade e tradição. Inclusive, os pais, professores e o Estado, são responsáveis por apresentar o mundo às crianças, bem 13 Paulo Gomes Lima – Meira Chaves Pereira (orgs.) como por ajudá-las a assumi-lo. Portanto, a saída para a crise é a separação entre a política e a educação, para garantir, na formação educacional das crianças, a preparação para assumir o mundo. O capítulo 13, escrito por Ester Chichaveke, traz ao debate a constituição do pensamento positivista na educação. Na visão comteana a formação, instrução e o pensamento individual e coletivo apresentavam-se incompatíveis e estagnados em relação aos avanços e progressos advindos do cientificismo e do industrialismo. Nessa diretriz, seria preciso que também a educação fosse inteiramente reformada de modo que superasse a instrução teológica e metafísica e atingisse a formação positiva e adulta, isto é, aquela fundamentada no saber científico e na marcha para o progresso. A discussão é rica e instigante. No capítulo 14, Mariclei Przylepa discute o processo educacional e a escola em Émile Durkheim. Durkheim utiliza-se da análise histórica para demonstrar a influência dos acontecimentos sociais no contexto escolar e no processo de ensino. Defende uma educação laica, gerida pelo Estado e vinculada aos processos históricos sociais vividos pela humanidade. O texto inicia apresentando uma síntese dos acontecimentos relevantes da vida do autor e relata suas principais obras. Segue discorrendo sobre a relação entre educação e sociedade em Durkheim e finaliza evidenciando a concepção durkheimiana acerca do processo ensino aprendizagem e da instituição escolar. O trabalho de Sônia Maria Borges de Oliveira, capítulo 15, consiste numa breve retomada das principais ideias, pensamentos e conceitos do psicólogo norte-americano Burrhus Frederic Shinner (1904-1990) sobre o comportamento humano e o processo de ensino e aprendizagem. Skinner defende o uso de uma tecnologia do ensino, fundamentada na análise experimental sobre o comportamento humano, desenvolvida por meio da instrução programada e das máquinas de ensinar. O texto aborda, inicialmente, a psicologia comportamentalista e sua relação com a ciência na perspectiva de Skinner e, na sequência, trata sobre seu enfoque teórico 14 Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões – Volume 5 acerca do ensino e da aprendizagem. A aplicação da tecnologia de ensino proposta por Skinner ainda é encontrada nos dias atuais na construção de diferentes atividades educacionais. Paulo Gomes Lima, no capítulo 16, discute a ênfase e a contribuição de Lawrence Stenhouse para a escola de educação básica quanto ao ensino baseado em pesquisa ou pesquisa-ação. Neste sentido a pesquisa-ação, a partir da reflexão da própria experiência escolar oferece uma visão da necessidade de transformação da visão da escola sobre como a educação é pensada e desenvolvida, da necessidade de mudanças e reflexão do processo ensino-aprendizagem por meio da análise observável, pelas respostas que os indivíduos produzem quando em ação de descoberta e por quais encaminhamentos se orientam a partir dos resultados obtidos e pelo nível de interação professor-aluno. Um dos eixos do trabalho do autor é o de que, o professor como pesquisador não pode ser substituído por um pesquisador profissional no desenvolvimento da ação-reflexão-ação, pois seu propósito vem ao encontro das solicitações das necessidades dos estudantes de forma criativa e recorrente, portanto, uma maneira distinta de considerar e viver o desenvolvimento de um currículo significativo. Os autores do capítulo 17, Paulo Gomes Lima e Meira Chaves Pereira, colocam em discussão o pensamento pedagógico em Anton Makarenko. Em Makarenko, afirmam os autores, reflete-se a leitura de uma educação orientada pela organização e autoridade da família e da escola na formação do indivíduo para uma sociedade comunista. Seus eixos pedagógicos são inovadores ao considerar a não-exclusão de meninos e meninas no processo educacional numa perspectiva diretiva, portanto, não orientada pelo espontaneísmo. A escola como uma comunidade ensinante e aprendente traz a autogestão e seus órgãos colegiados como meios de se desencadear a compreensão do trabalho do coletivo e para o coletivo, nesse sentido, o papel moderador do professor e coordenador dos grupos estaria centrado na moderação quando do desenvolvimento do estudante, isto é, as demonstrações de 15