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Paulo Gomes Lima
Meira Chaves Pereira
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©2014 Paulo Gomes Lima; Meira Chaves Pereira
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ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor.
L6286 Lima, Paulo Gomes; Pereira, Meira Chaves.
Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões – volume 5/Paulo
Gomes Lima; Meira Chaves Pereira (orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2015.
408 p. Inclui bibliografia. Inclui tabelas.
ISBN: 978-85-462-0223-2
1. Educação 2. Fundamentos 3. Espitemologia 4. Filosofia. I. Lima, Paulo
Gomes. II. Pereira, Meira Chaves.
CDD: 370
Índices para catálogo sistemático:
Filosofia
Epistomologia
Teoria da Educação
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Foi feito Depósito Legal
100
121
370.1
SUMÁRIO
Apresentação
Capítulo 1 – Contribuições de Charles Darwin
ao Pensamento Educacional
Vânia Lúcia Ruas Chelotti de Moraes
7
19
Capítulo 2 – O Pensamento Educacional de Herbert Spencer 37
Cristiane de Sá Dan
Capítulo 3 – Édouard Claparède e o Estudo
do Desenvolvimento da Criança
Deise de Sales Rustichelli
51
Capítulo 4 – Adolphe Ferrière e a Educação Ativa
Jeferson Luz Bona
69
Capítulo 5 – O Pensamento Pedagógico de Henri Wallon
Lucia Maria Salgado dos Santos Lombardi
83
Capítulo 6 – Roger Cousinet e o Método
do Trabalho Livre em Grupo
Rosa Aparecida Pinheiro
107
Capítulo 7 – A Aquisição e as Funções
da Escrita em Alexander Luria
Eliane Pimentel Camillo Barra Nova de Melo
123
Capítulo 8 – Desenvolvimento, Aprendizagem
e Educação Escolar em Alexei Leontiev
Caio César Portella Santos
Izabella Mendes Sant’ana
147
Capítulo 9 – Ana Teberosky e a Psicogênse da Língua Escrita 169
Rosilene Rodrigues Lima
Capítulo 10 – Emília Ferreiro e a
Construção Lecto-Escrita da Criança
Meira Chaves Pereira
189
Capítulo 11 – Howard Gardner e as Inteligências Múltiplas 203
Izabel de Carvalho Gonçalves Dias
Capítulo 12 – O Pensamento Educacional em Hannah Arendt 225
João Henrique da Silva
Douglas Christian Ferrari de Melo
Capítulo 13 – Augusto Comte: o Pensamento
Positivista na Educação
Ester Chichaveke
249
Capítulo 14 – A Escola e o Processo
Educacional em Émile Durkheim
Mariclei Przylepa
267
Capítulo 15 – B. F. Skinner, a Psicologia
Comportamentalista e o Papel da Educação
Sonia Maria Borges de Oliveira
283
Capítulo 16 – Lawrence Stenhouse e a Pesquisa
como Princípio do Processo Ensino-Aprendizagem
Paulo Gomes Lima
301
Capítulo 17 – O Pensamento Pedagógico
em Anton Makarenko
Paulo Gomes Lima
Meira Chaves Pereira
317
Capítulo 18 – Florestan Fernandes e
a Democratização da Escola no Brasil
Telma Elizabete de Moraes
Capítulo 19 – Sujeito, Autonomia
e Educação em Louis Althusser
Eliane Pimentel Camillo Barra Nova de Melo
Silvio Cesar Moral Marques
331
359
Capítulo 20 – Contribuições de Michel Foucault à Educação 375
Noêmia de Carvalho Garrido
Sobre os Autores
397
APRESENTAÇÃO
A série Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões chega ao volume V, problematizando historicamente o papel da educação, do professor e sua formação em relação aos saberes e fazeres
indispensáveis para o exercício consciente de seu trabalho numa
perspectiva emancipadora. Não se trata de um manual de saberes
e fazeres metodológicos e nem é esta a sua pretensão, antes tem
como propósito provocar posicionamentos em relação à uma educação que traz uma historicidade, contribuições para se refletir sobre os valores no tempo e a prospecção por caminhos que ampliem
o olhar sobre as possibilidades de reivindicar e lutar por uma educação transformadora, ainda que em contextos adversos. Como o
próprio homem que se redescobre em cada etapa de sua existência,
também o conhecimento de si e do mundo vai se desdobrando
sobre distintas perspectivas, construindo-se e reconstruindo-se
numa ação comunicativa dinâmica, uma vez que as solicitações
de demandas, necessidades e arranjos sociais são condicionadas e o
condicionam a mobilizar-se na história e com a história.
O fenômeno educacional no contexto escolar e a formação
do professor são elementos que não devem ser tomados como
relações polarizadas e distantes, uma vez que no processo de
aprender-ensinar-aprender existem leituras que não se limitam
a um ou a outro polo e muito menos somente a bipolarização
enfatizada, pois são solicitações de encaminhamentos que estão
difusas na totalidade social e que demandam uma transpenetração dos saberes (todos), trazendo à luz a explicitação de sua realidade concreta1. Esse olhar é trabalhado de forma cuidadosa nesse
volume, com ênfase, por um lado, no conhecimento acerca das
1. Lima, P. G. Saberes pedagógicos da educação contemporânea. Engenheiro Coelho/
SP: Unaspress, 2012.
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Paulo Gomes Lima – Meira Chaves Pereira (orgs.)
descobertas do homem, de suas maneiras históricas de trabalhar e
pensar a educação e, por outro, em cada um dos temas trabalhados a educação é compreendida não como um produto acabado,
porque sujeito a alterações em épocas distintas, sob perspectivas
díspares e com finalidades específicas conforme o imaginário que
determinado grupo social tem sobre seu papel.
No desdobramento do presente volume V, organizado pelos
Professores Paulo Gomes Lima e Meira Chaves Pereira, percebe-se
que a consciência coletiva aprimora os relacionamentos na consecução de objetivos comuns, pois coloca como ponto de partida
e de chegada a participação de todos os atores sociais envolvidos
com a escola e seu entorno, com as questões sociais que projetam
tipologias de escola e ideários em distintas manifestações, enfim,
são construídos encadeamentos e provocações em cada um dos capítulos que nos instiga a brevemente apresentá-los como se segue.
O primeiro capítulo da Professora Vânia Lúcia Ruas Chelotti
de Moraes discute as contribuições de Charles Darwin ao pensamento educacional. Destaca a autora que a partir de Darwin
serão promovidas alterações significativas nas concepções hegemônicas de pesquisadores nos campos da biologia, da filosofia,
da sociologia e do pensamento educacional moderno. A história
da sua carreira e a contextualização da publicação de suas obras
evidencia a consciência do naturalista da ocorrência dessas repercussões. Em seu livro principal, Origem das Espécies, destaca
a autora, Darwin aponta que as espécies vivas que habitam o
planeta não possuíram sempre as características que apresentam
atualmente, sendo descendentes de espécies extintas e de ancestrais comuns que foram modificados pela ação da seleção natural.
O processo de seleção natural consiste em duas etapas: a primeira
é a produção de indivíduos diferentes e a segunda é a sobrevivência e reprodução diferencial desses indivíduos. Assim, a autora
explora nesse texto, em que sentido suas teorias influenciaram o
desenvolvimento das ciências e como isso refletiu no pensamento
educacional, excelente olhar e pontuações.
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Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões – Volume 5
O capítulo seguinte, de autoria de Cristiane de Sá Dan,
contextualiza o pensamento educacional de Herbert Spencer
e suas concepções educacionais em dois eixos, sendo o primeiro a biografia, trajetória de vida e obras e, como segundo eixo,
as contribuições ao pensamento educacional. A sua concepção
totalizante, de raiz positivista e evolucionista impacta o campo
educacional, com o olhar sob o paradigma de mesma matriz e
ideário direcionado ao liberalismo. O capítulo é um convite para
introdução ao pensamento desse representante.
O terceiro capítulo, escrito por Deise de Sales Rustichelli trata
de Édouard Claparède e o estudo do desenvolvimento da criança. Claparède é considerado um dos pioneiros no estudo da psicologia da criança, a partir de um enfoque interacionista sobre a
gênese dos processos cognitivos. Este enfoque é atualmente considerado uma sólida alternativa aos pontos de vista puramente
inatistas ou ambientalistas.
Nesse trabalho, são destacados pontos da vida e obra do médico
e psicólogo suíço, especificamente sobre sua contribuição à psicologia e à educação, ao estabelecer a abordagem genético-funcional
em sobre o conceito de educação funcional e de escola sob medida.
Jeferson Luz Bona desenvolve o capítulo quatro sobre Adolphe Ferrière e a educação ativa. Luz Bona destaca o papel desempenhado por Adolphe Ferrière, um professor suíço que ficou
conhecido na história da educação como um dos precursores da
Educação Nova. Para Ferrière, o objetivo da Escola Ativa consistia no impulso espiritual da criança e o desenvolvimento da
autonomia moral do discente. Ferrière defendia a prática de uma
liberdade reflexiva, na qual o educando conhecendo o ambiente em que está inserido é conduzido pela vontade de maneira a
servir-lhe a inteligência.
O tema do capítulo 5, o pensamento pedagógico de Henri
Wallon da Professora Lúcia Maria Salgado dos Santos Lombardi, tem por objetivo apresentar alguns pressupostos do projeto
teórico de Henri Wallon sobre a psicogênese da pessoa comple9
Paulo Gomes Lima – Meira Chaves Pereira (orgs.)
ta, contribuindo com o interesse pela sólida produção científica
deste autor. O texto apresenta inicialmente alguns traços biográficos de Wallon e, em seguida, perpassa tópicos essenciais à
compreensão de suas ideias, tais como os estágios de desenvolvimento da personalidade, o qual ocorre em uma sucessão de fases
caracterizadas por uma alternância de ênfase maior entre as funções da afetividade e da inteligência. Por fim, o capítulo trata da
dimensão do movimento expressivo e do jogo infantil, atividade
característica e espontânea da criança.
O sexto capítulo, assinado pela Professora Rosa Aparecida
Pinheiro, é um convite a refletirmos sobre as teorias da educação
para o desenvolvimento de práticas progressistas, em recorte as
proposições pedagógicas de Roger Cousinet com o objetivo de
discutirmos as possibilidades que se apresentam desde o início
do século XX e possam contribuir para repensarmos o processo
de aprendizagem no sistema escolar. Observa a autora que como
parte integrante do Movimento da Escola Nova, Cousinet foi
defensor dos Centros de Interesse como método organizativo por
possibilitar a motivação em situações de ensino e aprendizagens
significativas, assim como Decroly. Mas, como sua demarcação,
na defesa da liberdade de ensino e do trabalho coletivo propõe
a substituição do aprendizado individual por atividades socializantes com base em ações conjuntas e a partir do interesse dos
alunos. Intelectual em uma época de mudanças vertiginosas na
sociedade. Cousinet licenciou-se em Letras e teve seu interesse
voltado para a psicologia da criança, no contexto da psicologia
social, que foi a base epistemológica de sua proposta metodológica na ação coletiva no espaço escolar. Para Cousinet, a educação
sistematizada no âmbito escolar deveria ter por base os trabalhos
em grupo, como forma de interação que respondesse as exigências da evolução da criança a partir de sua liberdade de expressão.
Como educador de seu tempo, defende que a criança é um ser
de atividade científica e sua educação deve ser centrada no autodesenvolvimento, no qual o método torna-se uma ferramenta de
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Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões – Volume 5
investigação, um procedimento pelo qual o aluno aprende a utilizar para produzir seu conhecimento. Cousinet foi um precursor
ao substituir a pedagogia do ensino pela pedagogia da aprendizagem e tem sua marca no cotidiano escolar com métodos de
trabalho que considerem a participação do aluno e o incremento
de sua autonomia na pesquisa.
O capítulo 7, escrito por Eliane Pimentel Camillo Barra Nova
de Melo, descreve o desenvolvimento da aquisição da escrita pelas
crianças, bem como suas funções de acordo com Alexander Romanovich Luria, um clássico da neuropsicologia e fundador da neurolinguística que juntamente com Vygotsky e Leontiev questionou a
psicologia soviética dos anos de 1930 propondo uma vertente socialista-marxista conhecida atualmente como perspectiva histórico-cultural, a qual compreende o desenvolvimento das estruturas cognitivas superiores como produto do sistema socioeconômico e das
atividades sociais, visto que, estas influenciam o desenvolvimento
mental dos indivíduos. Luria investigou aquilo que ele denominou
de pré-história da escrita, isto é, os conceitos infantis, construídos
espontaneamente, sem a intervenção de um ensino sistemático e
intencional, concluindo que esta é a base de todo o desenvolvimento futuro da aquisição da escrita pela criança. Segundo o autor há
duas fases distintas durante o período da pré-história da escrita, a
pré-instrumental e a pictográfica, ambas substituídas pela escrita
simbólica adquirida através do ensino escolar.
Caio César Portella Santos e Izabella Mendes Sant’Ana apresentam, no capítulo 8, uma breve introdução sobre a vida e obra
de Alexei Leontiev, um relevante teórico para as áreas de Psicologia e Educação, que foi colaborador no grupo de Lev Semyonovich Vigotski na construção da Teoria Histórico-cultural. São
apresentados alguns fundamentos teóricos, incluindo aspectos da
Teoria da Atividade, bem como são expostas algumas contribuições de suas produções para a área educacional.
Ana Teberosky e a psicogênse da língua escrita é o tema do
capítulo 9, escrito pela Professora Rosilene Rodrigues Lima. Por
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Paulo Gomes Lima – Meira Chaves Pereira (orgs.)
meio de seus estudos sobre alfabetização Teberosky e colaboradores inferiram que a escrita produzida pelas crianças é parte de
seu esquema de assimilação da aprendizagem, ou seja, a maneira
pela qual elabora o seu esquema de aprendizagem, conforme o seu
desenvolvimento manifestado pela linguagem oral inicialmente.
Nesse sentido o desenvolvimento da linguagem não ocorre desvinculado da estruturação do pensamento, dos esquemas mentais,
de sua capacidade de assimilação, acomodação entre equilíbrios e
desequilíbrios na elaboração de hipóteses que vivencia e faz parte
de seu contexto. O pensamento pedagógico de Ana Teberosky é
centrado no construtivismo, nesse sentido, a sua ênfase são sempre
os processos psicológicos sobre a apropriação da lecto-escrita, eixos
indispensáveis para se compreender e favorecer as intervenções e
acompanhamento do desenvolvimento da criança nesse âmbito.
O capítulo 10, de autoria de Meira Chaves Pereira trata do
pensamento pedagógico de Emília Ferreiro e a construção lecto-escrita da criança. O capítulo tem por objetivo apresentar alguns
pressupostos teórico-pedagógicos desenvolvidos por Emília Ferreiro acerca do processo de aquisição da língua escrita. Destaca-se que Ferreiro percebeu que a escrita produzida pelas crianças
faz parte de seu esquema de assimilação da aprendizagem, logo
o desenvolvimento da linguagem não ocorre desvinculado da
estruturação do pensamento. Para Ferreiro este é um processo
construído paulatinamente quando a criança começa a estabelecer uma distinção entre o universo gráfico do desenho representativo e o universo da escrita. A partir de então a criança começa
a elaborar hipóteses para compreender o sistema de escrita em 4
níveis: a) fase pré-silábica, b) fase silábica, c) fase silábica-alfabética e d) alfabética. A autora sugere algumas propostas relevantes
para a aquisição da língua escrita.
Izabel de Carvalho Gonçalves Dias discute, no capítulo 11,
as contribuições de Howard Gardner e os seus estudos sobre as
inteligências múltiplas, destaca as inteligências humanas e as
“cinco mentes” que as pessoas podem ampliar não somente por
12
Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões – Volume 5
conta das demandas sociais e desenvolvimento das tecnologias,
mas como sensibilidades que os torna humanos e abertos para
novas solicitações de ensino e de aprendizagem. Observa a autora, a partir de Gardner que, a partir do estudo das inteligências múltiplas o indivíduo é considerado em sua totalidade como construtor do seu conhecimento, já que os processos
mentais estão eivados de distintos condicionantes (orgânicos e
do meio), assim o estudo sobre a temática toma como eixo a
ação daquele sobre o mundo e respectiva formulação de hipóteses articuladas ao universo de seus significados, considerando inclusive a dimensão emocional e as várias possibilidades
de significação e ressignificações apreendidos. Neste sentido o
processo de desenvolvimento cognitivo analisado a partir destas
contribuições ganhou novas perspectivas de entendimento, por
exemplo quando consideradas a plasticidade de aprendizagens
possíveis mediante motivações e/ou afinidade por sensibilização como observa Howard Gardner.
João Henrique da Silva e Douglas Christian Ferrari de Melo,
no capítulo 12, afirmam que o pensamento arendtiano corresponde a uma tentativa de procurar respostas para os mais diversos
problemas do século XX. Arendt os relaciona com a dinâmica da
política no Estado e seus desdobramentos no mundo público e
privado. A sua teoria política envolve discussões sobre condição
humana, totalitarismo, tradição e educação. Nesse último assunto, a filósofa judia-alemã reflete quanto à crise da educação, que
abrange, principalmente, as crises da tradição e da autoridade. Elas
decorrem, também, dos pressupostos da Educação Progressista,
que deixa as crianças à sua própria sorte, não exigindo domínio
dos conhecimentos específicos e substituindo o aprender pelo fazer. Para a autora, essa educação tem como objetivos a manutenção
do status quo e a eliminação das diferenças étnicas e culturais. Por
isso, Arendt pensa que a educação exige um professor autêntico,
que possua autoridade e tradição. Inclusive, os pais, professores e o
Estado, são responsáveis por apresentar o mundo às crianças, bem
13
Paulo Gomes Lima – Meira Chaves Pereira (orgs.)
como por ajudá-las a assumi-lo. Portanto, a saída para a crise é a
separação entre a política e a educação, para garantir, na formação
educacional das crianças, a preparação para assumir o mundo.
O capítulo 13, escrito por Ester Chichaveke, traz ao debate
a constituição do pensamento positivista na educação. Na visão
comteana a formação, instrução e o pensamento individual e
coletivo apresentavam-se incompatíveis e estagnados em relação
aos avanços e progressos advindos do cientificismo e do industrialismo. Nessa diretriz, seria preciso que também a educação
fosse inteiramente reformada de modo que superasse a instrução
teológica e metafísica e atingisse a formação positiva e adulta, isto
é, aquela fundamentada no saber científico e na marcha para o
progresso. A discussão é rica e instigante.
No capítulo 14, Mariclei Przylepa discute o processo educacional e a escola em Émile Durkheim. Durkheim utiliza-se da
análise histórica para demonstrar a influência dos acontecimentos sociais no contexto escolar e no processo de ensino. Defende
uma educação laica, gerida pelo Estado e vinculada aos processos
históricos sociais vividos pela humanidade. O texto inicia apresentando uma síntese dos acontecimentos relevantes da vida do
autor e relata suas principais obras. Segue discorrendo sobre a
relação entre educação e sociedade em Durkheim e finaliza evidenciando a concepção durkheimiana acerca do processo ensino
aprendizagem e da instituição escolar.
O trabalho de Sônia Maria Borges de Oliveira, capítulo 15,
consiste numa breve retomada das principais ideias, pensamentos
e conceitos do psicólogo norte-americano Burrhus Frederic Shinner (1904-1990) sobre o comportamento humano e o processo de
ensino e aprendizagem. Skinner defende o uso de uma tecnologia
do ensino, fundamentada na análise experimental sobre o comportamento humano, desenvolvida por meio da instrução programada e das máquinas de ensinar. O texto aborda, inicialmente, a
psicologia comportamentalista e sua relação com a ciência na perspectiva de Skinner e, na sequência, trata sobre seu enfoque teórico
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Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões – Volume 5
acerca do ensino e da aprendizagem. A aplicação da tecnologia de
ensino proposta por Skinner ainda é encontrada nos dias atuais na
construção de diferentes atividades educacionais.
Paulo Gomes Lima, no capítulo 16, discute a ênfase e a contribuição de Lawrence Stenhouse para a escola de educação básica
quanto ao ensino baseado em pesquisa ou pesquisa-ação. Neste
sentido a pesquisa-ação, a partir da reflexão da própria experiência escolar oferece uma visão da necessidade de transformação da
visão da escola sobre como a educação é pensada e desenvolvida,
da necessidade de mudanças e reflexão do processo ensino-aprendizagem por meio da análise observável, pelas respostas que os
indivíduos produzem quando em ação de descoberta e por quais
encaminhamentos se orientam a partir dos resultados obtidos e
pelo nível de interação professor-aluno. Um dos eixos do trabalho
do autor é o de que, o professor como pesquisador não pode ser
substituído por um pesquisador profissional no desenvolvimento
da ação-reflexão-ação, pois seu propósito vem ao encontro das
solicitações das necessidades dos estudantes de forma criativa e
recorrente, portanto, uma maneira distinta de considerar e viver o
desenvolvimento de um currículo significativo.
Os autores do capítulo 17, Paulo Gomes Lima e Meira Chaves Pereira, colocam em discussão o pensamento pedagógico em
Anton Makarenko. Em Makarenko, afirmam os autores, reflete-se a leitura de uma educação orientada pela organização e autoridade da família e da escola na formação do indivíduo para
uma sociedade comunista. Seus eixos pedagógicos são inovadores
ao considerar a não-exclusão de meninos e meninas no processo
educacional numa perspectiva diretiva, portanto, não orientada
pelo espontaneísmo. A escola como uma comunidade ensinante
e aprendente traz a autogestão e seus órgãos colegiados como
meios de se desencadear a compreensão do trabalho do coletivo e
para o coletivo, nesse sentido, o papel moderador do professor e
coordenador dos grupos estaria centrado na moderação quando
do desenvolvimento do estudante, isto é, as demonstrações de
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