LE CORBUSIER E PIERRE JEANNERET: O ESTÁDIO DE 1936 PARA A FRENTE POPULAR
LE CORBUSIER’S AND PIERRE JEANNERET’S 1936 STADIUM FOR THE PEOPLE’S FRONT
Jean-Louis Cohen
ARQTEXTO 17
Tradução inglês-português: Equipe editorial
1
2
6
1, 2 Vista aérea do Centro Nacional de Festividades Populares.
1, 2 Aerial view of the National Centre for Popular
Festivities.
The “National Centre for Popular Festivities for 100000
participants” is among the projects of Le Corbusier and
Pierre Jeanneret’s that have been the less investigated1.
It was designed at a very specific time in the life of their
partnership, as it appears to have been conceived mainly
by Pierre Jeanneret who put significant efforts into it over
three hundred fifty drawings, made between late 1936
and spring 1937. In fact, only a few of them bear evidence of a direct graphic input by Le Corbusier. In the context
of the office’s production, the centre expanded research
carried out in 1931 and 1932 for Moscow’s Palace of
Soviets competition project, essentially continuing the
work on crowd management and on the specific issues
of the acoustics and the visibility patterns of large public
facilities. The National Center also extended the reflection
developed for the Palace’s suspended roof, as a cable
structure was one of its main components2.
The project was inscribed in an particular constellation
of determinants. It belonged to the set of ideas and proposals made by Le Corbusier for the reorganization of Paris
and within the framework of the Exposition internationale
des arts et des techniques dans la vie moderne, planned
for 1937, where he managed to build the Pavillon des
Temps Nouveaux. The Center was also a response to the
program of sporting facilities in rapid development in all of
Paris since the aftermath first World War. But most importantly, it was an explicit response to the expectations of the
People’s Front coalition running France since the general
election of May 1936, with a government of socialist and
radical socialist ministers, with the parliamentary support
of the communists. Its mission of federating as it did sport,
culture and politics is rather clearly exposed in a passage
“there are many circumstances today where crowds gather
in a unanimous communion that elicits the emotion given
by art3”.
As a sport complex, the project continued policies
the Paris municipality had developed since the late 19th
century for the creation of sports facilities, initiated with
the cycle track in the Bois de Vincennes, designed by
landscape architect Jean Claude Nicolas Forestier on the
Eastern edge of the city. It was inaugurated in 1894 and
used for the Olympic Games of 1900. The track was followed by the Parc des Princes, completed in 1897 at the
porte de Saint-Cloud, in the West, and by the creation in
1903 of the Vélodrome d’Hiver (winter cycling track) at
Grenelle, designed by Gaston Lambert. World War One
marked a turning point, with the construction in 1919 of
the Pershing stadium, also in the Bois de Vincennes. The
following year, the Congrès des Sports called for the creation of two “sports parks each having a stadium for spectacles.” These facilities were to be located “preferably near
7
ARQTEXTO 17
O “Centro Nacional de Festividades populares para
100 mil participantes” está entre os projetos menos investigados de Le Corbusier e Pierre Jeanneret1. O Centro foi
projetado em um momento bastante peculiar na trajetória
dessa parceria, já que grande parte dele parece ter sido
concebida por Pierre Jeanneret ao empregar significativos esforços nos mais de trezentos e cinqüenta desenhos,
feitos entre o final de 1936 e a primavera de 1937. Na
verdade, apenas alguns deles contêm evidências de uma
interferência direta de Le Corbusier. No contexto da produção do escritório, a maior parte dos estudos acerca do
Centro deu-se em 1931 e 1932 à ocasião do concurso
do Palácio dos Sovietes de Moscou, essencialmente continuando o trabalho de gestão de multidões e de questões
específicas da acústica e os padrões de visibilidade de
grandes instalações públicas. O Centro Nacional também
ampliou a reflexão gerada em torno do teto suspenso do
Palácio, cujo principal componente era uma estrutura de
cabos2.
O projeto foi inscrito em uma constelação particular
de determinantes. Ele pertencia ao conjunto de idéias e
propostas apresentadas por Le Corbusier para a reorganização de Paris no âmbito da Exposition Internationale
des arts et des techniques dans la vie moderne, prevista
para 1937, onde ele construiu o Pavillon des Temps Nouveaux. O Centro também foi uma resposta ao programa
de instalações esportivas em acelerado desenvolvimento
por toda Paris desde o final da primeira Grande Guerra.
Mais do que isso, foi uma resposta explícita às expectativas da coalizão da Frente Popular que governava a
França desde a eleição geral de maio de 1936, com um
governo de ministros e radicais socialistas, contando com
o apoio parlamentar dos comunistas. Sua missão de governar fazendo cultura, esporte e política é claramente
exposta em “hoje em dia há muitas circunstâncias em que
as multidões se reúnem em uma comunhão unânime que
provoca a emoção dada pela arte3”.
Como um complexo esportivo, o projeto deu seqüência
às políticas que o município de Paris vinha desenvolvendo
desde o final do século XIX para a criação de instalações
esportivas, iniciadas com a pista de ciclismo no Bois de
Vincennes, projetado por Jean Claude Nicolas Forestier
nos limites orientais da cidade. A pista abriu em 1894 e
foi usada para os Jogos Olímpicos de 1900. Logo após
foram criados o Parc des Princes, inaugurado em 1897
na Porte de Saint-Cloud, no Ocidente, e em 1903, o Vélodrome d’Hiver (pista de ciclismo de inverno) em Grenelle,
projeto de Gaston Lambert. A Primeira Guerra Mundial
marcou um ponto de inflexão, com a construção em 1919
do Estádio Pershing, também no Bois de Vincennes. No
ano seguinte, o Congrès des Sports apelou à criação de
ARQTEXTO 17
dois “parques esportivos, cada qual com um estádio para
espetáculos.” Esses equipamentos deveriam situar-se “de
preferência perto do Porte de Versailles e do Porte de Clignancourt”, como parte do projeto geral preparado por
Forestier e Louis Bonnier para a transformação do terreno
onde havia estado até 1919 uma muralha de 1845. Em
1924, as Olimpíadas foram realizadas em Colombes,
noroeste de Paris, em um estádio construído em 1907 e
reformado por Louis Faure-Dujarric. À mesma época, o
estádio de rúgbi Jean Bouin, construído em 1908 perto do
Parc des Princes, foi ampliado e inserido no plano geral
dos terrenos das antigas edificações. Das janelas do seu
apartamento na rua Nungesser-et-coli, Le Corbusier podia
olhar para os campos do Jean Bouin, e também passear
com seu cachorro nas proximidades do estádio de tênis
Roland-Garros, inaugurado em 1928. Não era possível
ignorar a pista de ciclismo coberta de Buffalo, construída
em 1922 em Montrouge, uma prova da afinidade entre
esportes e política, uma vez que foi lá que aconteceu a
reunião de fundação da Frente Popular, no Dia da Bastilha
de 1935, com a participação dos líderes da esquerda.
Além disso, Le Corbusier e Pierre Jeanneret dificilmente
poderiam ter deixado de ver os relatórios da imprensa e
notícias que cobriam os Jogos Olímpicos de Berlim em
1936 e os espetaculares eventos esportivos realizados
ao mesmo tempo em toda a Europa, da Rússia Soviética à Espanha. Durante sua viagem aos Estados Unidos,
Le Corbusier também teve, em 1935, a oportunidade de
conhecer as instalações desportivas de luxo dos campi
americanos. E na cidade tcheca de Zlín, ele havia assistido, no mesmo ano, os desfiles de esportes encenados
por Bat’a, o fabricante de sapatos que ele estava cortejando, e que lhe presenteou com um álbum de memórias
do evento. Já Pierre Jeanneret teve uma experiência em
primeira-mão da festa realizada anualmente pelo diário
comunista L’Humanité, em Garches, zona oeste de Paris.
O programa imaginado pelos arquitetos para o
Centro, sobre o qual nunca receberam qualquer informação explícita de qualquer pessoa, não foi, sob nenhum
aspecto, convencional. No entanto, ele atendeu precisamente às políticas promovidas pelo Sub-Secretário de
Estado da Educação Física, Esporte e Lazer, Leo Lagrange, nomeado em 1936 pelo primeiro governo da Frente
Popular. Muito mais que um mero estádio, o Centro foi
feito, necessariamente, para “ser nacional”, em sintonia
com o que Le Corbusier considerou “o despertar do país”,
em sua apresentação do Pavillon des Temps Nouveaux
na Exposição de 1937. Mais do que um recinto desportivo utilizado esporadicamente, ele propôs a idéia de uma
arena que poderia “ser usada todos os dias, se o tempo
permitir, para diversos fins.” Na sua opinião, a nova situa8
the porte de Versailles and the porte de Clignancourt”,
as part of the project concocted by Forestier and Louis
Bonnier for the transformation of the grounds where the
fortified wall built in 1845 had stood until 1919. In 1924,
the Olympics were held at Colombes in the Northwest of
Paris, in a stadium built in 1907 and renovated by Louis
Faure-Dujarric. At the same time, the Jean Bouin rugby
stadium, built in 1908 near the Parc des Princes, was extended, and inserted into the general plan for the former
fortifications grounds. From the windows of his apartment
on rue Nungesser-et-Coli, Le Corbusier could look down at
Jean Bouin’s playing fields, and he could also walk his dog
to the nearby Roland-Garros tennis stadium, which had
opened in 1928. He could not ignore the Buffalo indoor
cycle track, built in 1922 in Montrouge, an evidence of
the affinities between sports and politics, since it was there
that the founding meeting of the People’s Front was held on
Bastille Day 1935, with the participation of all the leaders
of the Left.
In addition Le Corbusier and Pierre Jeanneret could
hardly have missed the press reports and newsreel footage
covering the 1936 Olympics in Berlin and the spectacular
sporting events held at the same time throughout Europe,
from Soviet Russia to Spain. During his trip to the United
States, Le Corbusier also had in 1935 the opportunity to
discover the luxurious sporting facilities of American campuses. And in the Czechoslovak city of Zlín, he had attended that same year the sports parades staged by Bat’a,
the industrial shoemaker he was then courting, and who
presented him with an album recording the event. As for
Pierre Jeanneret, he had a first-hand experience of the festival held each year by the communist daily L’Humanité, at
Garches in the West of Paris.
The program imagined by the architects for the Center,
for which they never received any explicit brief by anyone,
was in no way conventional. Yet, it responded closely to
the policies promoted by the Under-Secretary of State for
Physical education, sports and leisure Leo Lagrange, appointed in 1936 by the first People’s Front government.
Much more than a mere stadium, the Center was meant necessarily to “be national,” in phase with what Le Corbusier
considered as “the awakening of the country,” in his
presentation for the Pavillon des Temps nouveaux at the
1937 Exposition. Rather than a sporadically used sporting
venue, he proposed the idea of an arena that might “be
used every day, weather permitting, for diverse purposes.”
In his view, the new political situation “called for frequent
meetings, festivities and work in common, theater, cinema
for entertainment, education or propaganda, civic or political lectures. And finally, the spectators must also be able
to become actors by taking part in mass parades4.
In both the 1937 pavilion and the book published the
following year to disseminate its exhibits, under the title
Des canons? Des munitions? Merci ! Des logis. SVP, Le
Corbusier insisted on the innovative character of this “civil
tool for the modern times”. According to him, what was
needed was to create “an entirely new type of venues for
festivities that owes nothing to Antiquity or to any other
period5”. The potential such a place promised was vast
and it was affirmed in the Œuvre complète that “music,
speech, theatre, mime, decorative and plastic effects will
find here, in front of them, new unlimited perspectives,”
to the point that, inevitably, “new creations will appear6”.
The typed note that explained the project drawings lists
its “many functions:”
“- Covered amphitheatre with 100.000 seats, with disseminated access ways;
- Stage for theatrical performances;
- Arrangements for parades coming from the outside or
from the amphitheatre;
- Orator’s tribune;
- Open air cinema; the screen retracting by means of
on hydraulic pump;
- Wide lawn areas for gymnastic exercises;
- Artificial hill for Olympic tableaux vivants;
- Large metal mast 100 meters high, behind the cinema
screen, used to carry the cables of the velum in the version
featuring a flexible roof;
- Sound studios, camera turrets and radio broadcasting
rooms built into the large mast7”.
The site location of the project was by no means a
minor question and the deployment of its components
throughout the territory of the Paris region was considered
in many of the office’s drawings. In fact, the site became
a sort of nomadic entity, since no single location was
ever decided on. Three locations were surveyed in detail.
The first was in the Bois de Vincennes, attached to the
East-West axis featured in all the plans Le Corbusier had
proposed for Paris since 1925, close to the area he had
suggested in 1932 for the 1937 Exposition. The second
site was located at Gennevilliers, in a loop of the Seine
to the Northwest of Paris, and the third one in the South,
at Gentilly, near the Cité Universitaire. Coupled with the
19th century Parc Montsouris, it was meant to be linked to
the southern motorway featured in the Paris regional plan
submitted by Henri Prost in 1934. These three locations
were mentioned in the public relations campaigns focused
at promoting the project, but in a broader analysis of the
potential sites, six other locations had came in for preliminary studies. They were, in turn, two pieces of land located
South of the Bois de Boulogne, one of which being designated as “the Rothschild property8”, the military exercise
9
ARQTEXTO 17
ção política “chamava para encontros freqüentes, festas e
trabalhos em comum, teatro, cinema, para entretenimento,
educação ou propaganda, palestras cívicas ou políticas.
E, finalmente, os espectadores também devem ser capazes
de se tornar atores, participando de desfiles de massa4”.
Tanto no pavilhão de 1937 como no livro publicado
no ano seguinte para divulgar suas exposições, com o
título Des canons? Des munitions? Merci! Des logis. SVP, Le
Corbusier insistiu no caráter inovador desta “ferramenta
civil para os tempos modernos”. Segundo ele, o necessário era criar “um novo tipo de espaços para festividades
que não devesse nada à antigüidade, ou a qualquer outro
período5”. O potencial que um lugar assim prometia era
grande. A Œuvre complète afirmava que “música, fala,
teatro, mímica e efeitos plásticos e decorativos encontrariam aqui novas e ilimitadas perspectivas”, a tal ponto
que, inevitavelmente, “novas criações apareceriam6”.
Uma nota explicativa lista suas “muitas funções”:
“- Anfiteatro coberto com 100.000 assentos, com vias
de acesso distribuídas;
- Palco para espetáculos teatrais;
- Apoio para desfiles vindos de fora ou do anfiteatro;
- Tribuna do orador;
- Cinema ao ar livre com tela retrátil;
- Vastas áreas de gramado para ginástica;
- Colina artificial para tableaux vivants Olímpicos;
- Mastro metálico de 100m de altura, atrás da tela do
cinema, usado para transportar os cabos da cobertura na
versão com teto flexível;
- Estúdios de som, suportes para câmeras e salas de
radiodifusão embutidos no grande mastro7”.
A localização do terreno do projeto não foi, de modo
algum, uma questão menos importante, e a implantação
de seus componentes em todo o território da região de
Paris foi levada em consideração em muitos dos desenhos
do escritório. Na verdade, o sítio se tornou uma espécie
de entidade nômade, já que nenhum local em particular
foi escolhido. Três terrenos foram examinados detalhadamente. O primeiro foi no Bois de Vincennes, ligado
ao eixo leste-oeste, presente em todos os planos que Le
Corbusier havia proposto para Paris desde 1925, perto
da área que ele mesmo havia sugerido em 1932 para
a Exposição de 1937. O segundo situava-se em Gennevilliers, em um loop do Sena, a noroeste de Paris, e
um terceiro no sul, em Gentilly, perto da Cité Universitaire. Juntamente com o Parc Montsouris, do século XIX,
ele estava destinado a ser conectado à auto-estrada do
sul presente no plano regional de Paris apresentado por
Henri Prost em 1934. Estes três locais foram mencionados
nas campanhas focadas na promoção do projeto, mas em
uma análise mais ampla dos locais em potencial, outros
3 Vista aérea.
3 Aerial view.
4 Planta-baixa.
4 Floor plan.
5 Solução da cobertura do estádio em um teto
flexível.
5 Solution of the coverage of the stadium in a
flexible roof.
ARQTEXTO 17
6 Corte tranversal.
6 Cross section.
3
4
5
10
6
field at Issy-les-Moulineaux, sites in Nogent-sur-Marne.
Meudon, the Parc de Sceaux, and a piece of land lying
north of the railway yards at Villeneuve-Saint-Georges or
Maisons-Alfort.
The office devoted a great attention to the problem
of transportation to and from the Center. While a link to
the metro is mentioned, research focuses essentially on
automobile access routes. An “autostrada for buses” was
imagined and the design of motorway interchanges was
looked at in detail. To a certain extent pedestrian flows
were also channeled along “roads,” which were called
“vomitoria” as in antique stadiums. The presentation documents insisted on the fact that “there is not a single step in
all this immense construction, only gently sloping ramps.”
In this regard, the Center clearly recycled the strategy
defined for the Centrosoyuz in Moscow, also serviced by a
system of ramps. The circulation diagram were paralleled
by a careful analysis of sight-lines from the stands, which
identified the seats that were “favorable” with regard to
the access itinerary, and the others that were “uncomfortable” because of the sun’s glare.
The detailed design investigations for the project included the comparative study of the cross-section of a number
of existing stadiums in Paris, among which the Parc des
Princes and the Colombes stadium; in Europe, such as
the Mussolini stadium in Turin by Raffaello Fagnoni, the
Florence stadium by Pier Luigi Nervi, the Olympic stadium
in Rome - then still in the planning phase -, the Vienna
stadium by Otto Ernst Schweizer, and the Berlin Olympic
stadium by Werner March; and in the United States, with
as the University of Denver stadium by William Ellsworth
Fisher9. The sketches feature steel or concrete stands explicitly derived, as marginal notes make it clear, from the
solutions found for the Palace of the Soviets10. A solution
using a shell carried by brackets was explored, and also
related to other sketches referring to the Moscow project11.
The most interesting of the variants is a “semi-rigid” solution using two masts with cables stretched in the same
plane.
The conclusive solution was even more daring. It was
based on the erection of a tubular pylon, tapered at its two
ends, and leaning so as to redistribute the tensile stresses
of a conical array of cables holding up the velum over the
stands. It combined modern technical invention with solutions known since Antiquity to shelter spectators from direct
sunlight. The principle of the leaning pylon stabilized by
cables, in which a reference to the crane booms of freighter
ships can be detected, was also used in the Pavillon des
Temps Nouveaux pavilion, another design predominantly
authored by Pierre Jeanneret12. The detailed definition of
the project was obtained by means of many drawings,
11
ARQTEXTO 17
seis sítios surgiram para estudos preliminares. Eles eram,
por sua vez, dois pedaços de terra localizados ao sul do
Bois de Boulogne, um dos quais foi designado como “a
propriedade de Rothschild8”; o campo de exercício militar
em Issy-les-Moulineaux, situado em Nogent-sur-Marne
Meudon; o Parc de Sceaux; e uma área de terra a norte
dos estaleiros ferroviários em Villeneuve-Saint-Georges e
Maisons Alfort.
O escritório dedicou atenção especial ao problema do
transporte de chegada e de saída do Centro. Ao passo
que uma conexão com o metrô é apenas mencionada, o
estudo concentra-se essencialmente nas vias de acesso de
automóveis. Uma “auto-estrada de ônibus” foi projetada e
o desenho das inter-relações da auto-estrada foi examinado detalhadamente. A um certo ponto, os fluxos de pedestres também foram canalizados ao longo das “estradas”,
que eram chamados de “vomitoria”, como nos estádios
antigos. Os documentos de apresentação enfatizaram
o fato de que “não há um único degrau em toda essa
imensa contrução, apenas rampas levemente inclinadas.”
Nesse sentido, o Centro claramente reproduz a estratégia
definida para o Centrosoyuz em Moscou, também servido
por um sistema de rampas. Concomitante ao esquema de
circulações, foi feita uma análise cuidadosa das linhas de
vista das arquibancadas, a qual identificou as poltronas
que encontravam-se em posição “favorável” no que diz
respeito ao itinerário de acesso, e as outras que que encontravam-se “desconfortáveis”devido à claridade do sol.
As investigações acerca do projeto incluiram o estudo
comparativo da seção transversal de vários de estádios já
existentes em Paris, entre os quais o Parc des Princes e o
Estádio de Colombes; na Europa, o Estádio de Mussolini
em Turim por Raffaello Fagnoni, o de Florença por Pier
Luigi Nervi, o Estádio Olímpico, em Roma e em seguida,
ainda em planejamento, o Estádio de Viena, de Otto Ernst
Schweizer, e o Estádio Olímpico de Berlim, por Werner
March; e nos Estados Unidos, o Estádio da Universidade de Denver, de William Ellsworth Fisher9. Os croquis
mostram arquibancadas de aço ou concreto, derivadas
explicitamente das soluções para o Palácio dos Sovietes10,
como fica claro nas notas marginais. Foi explorada uma
solução em que a concha das arquibancadas se apoiava
em pilares inclinados, também relacionada com outros desenhos referentes ao projeto de Moscou11. A mais interessante dessas variantes é uma solução “semi-rígida” usando
dois mastros com cabos esticados no mesmo plano.
A solução final foi ainda mais ousada. Baseou-se na
construção de uma torre tubular, afilada em suas duas
extremidades, e inclinando-se de forma a redistribuir os
esforços de tração de uma matriz cônica de cabos, segurando a cobertura sobre as arquibancadas. Combina-
ARQTEXTO 17
va um invento técnico moderno com soluções de abrigo
dos espectadores da luz solar direta conhecidas desde
a Antiguidade. O princípio da torre inclinada estabilizada por cabos, cuja referência aos guindastes de navios
cargueiros fica evidente, também foi utilizado no Pavillon
des Temps Nouveaux, um outro projeto de autoria predominante de Pierre Jeanneret12. A resolução detalhada do
projeto foi obtida por meio de inúmeros desenhos, desde
os estudos cuidadosos das arquibancadas em seção até a
simulação dos pontos de vista para o palco enquadrados
pela cobertura. Configurações transformáveis permitiam
a criação de relações inovadoras entre a área do palco
e da platéia. As atividades mencionadas incluíram “ atletismo, futebol, rúgbi, reuniões esportivas, teatro, cinema,
mostras de filmes, palestras, eventos e festas populares13”.
Alguns dos desenhos mostram o estádio principal como
uma grande concha aberta deitada na areia, e o caráter
biomórfico do projeto é enfatizado por Le Corbusier em
Des Canons? Des Munitions?, onde ele escreve que “em
toda sua biologia, o trabalho parece novo14”. Em torno
da “Arena Olímpica”, outras estruturas também foram
propostas: “teatro, desfiles, tribuna de oradores, cinema,
esplanada de ginástica” e um “tronco de pirâmide para
espetáculos de massa15”. Os desenhos mais detalhados
mostram uma “grande sala de tênis” com uma estrutura,
em parte, tracionada e um “edifício de ginástica”, com
um telhado parabólico16. Também foram exploradas as
questões econômicas, calculando a metragem cúbica de
concreto que seria necessária para a obra ser construída.
A ação de Le Corbusier para promover e, em sua
percepção esperançosa, construir um projeto que ele
mesmo não havia projetado, seguiu vários canais. O
primeiro passo foi mobilizar os principais responsáveis
políticos franceses. No início de 1937, ele se aproximou
de Sub-Secretário Léo Lagrange, que havia encontrado
em 8 de fevereiro. Durante a conversa, Le Corbusier insistiu que um possível sítio para o projeto poderia ser no
oeste, numa altura em que os trabalhos já haviam sido
planejados para serem feitos nas terras do Estádio Pershing17. Ele também aproximou-se do primeiro-ministro
Léon Blum, a quem enviou um dossiê em 17 de abril
de 1937. Mais tarde, ele tentou marcar uma reunião
com Georges Barthélémy, o vice-prefeito de Puteaux, um
subúrbio de Paris, e um porta-voz para os esportes o encaminhou para os seus próprios arquitetos Jean e Niermans Edouard. Barthélémy estava, de fato, interessado
em criar um “Stade de France”, nos moldes do Estádio
Olímpico de Berlim18. O seu interesse e sua admiração
pela Alemanha eram tão fortes, que ele foi levado a colaborar com os Nazistas. Por fim, ele foi executado pela
Resistência em 1944.
12
from the careful studies of the stands in section to the
simulation of the viewpoints the velum framed onto the
stage. Transformable configurations enabled for the creation of innovative relations between the stage area and
the audience. Activities mentioned included “athletics and
sports; football, rugby; sports congresses; theatre; cinema,
screenings, speakers, events and popular festivals13”.
Some of the drawings show the main stadium as a
large open shell lying on the sand, and the biomorphic
character of the project is emphasized by Le Corbusier in
Des Canons ? Des Munitions ?, where he writes that “in all
its biology, the work appears new14”. All around the major
component named “Olympic arena”, other structures were
also proposed: “theatre, parades, tribune for speakers,
cinema, gymnastic esplanade” and a “truncated pyramid
for mass performances15”. The most elaborate drawings
depict a “large tennis hall” with a partly tensile structure and a “gymnastics building” with a parabolic roof16.
The office also explored economic issues, in particular by
calculating how many cubic meters of concrete it would
require to be built.
Le Corbusier’s action to promote and, in his hopeful
perception, to build a project he had not really designed
himself followed several channels. The first move was to
mobilize the main French political officials. Early in 1937,
he approached Under-Secretary Léo Lagrange, who met
with him on February 8. During their conversation, Le
Corbusier insisted that a possible location of the project
could be in the East, at a time when works had already
been planned on the Pershing stadium lands17. He also
approached Prime Minister Léon Blum, to whom he sent a
dossier on April 17, 1937. Later, he tried hard to set up
a meeting with Georges Barthélémy, the Deputy-Mayor of
Puteaux, a Western suburb of Paris, and a spokesman for
the sports budget at the Parliament, who referred him to his
own architects Jean and Edouard Niermans... Barthélémy
was in fact keen on creating a “Stade de France,” on the
model of the Olympic stadium in Berlin18. So keen in fact,
and his admiration for Germany so strong that it led him
towards collaborating with the Nazis. Eventually, he was
executed by the Resistance in 1944.
A second channel was the presentation of a diorama
devoted to the Center in the Pavillon des Temps Nouveaux
at the 1937 Exposition. It combined a pin-up of the main
drawings and a model, with a photomontage featuring
a “celebration by night,” designed by Prévost19. Some
views of this section of the pavilion are reproduced in Des
Canons ? Des Munitions ? This remains as the only source
allowing for the identification of the youthful members of the
team that worked on the project, including their affiliation
to the national branches of the CIAM – the International
Congresses for Modern Architecture. Alongside Le
Corbusier and Pierre Jeanneret there was [A.] Christen,
presented as a collaborator of the CIAM France group.
Kuyper, collaborator of the Dutch CIAM group, Novitzka,
collaborator of the Polish CIAM group, Dakins, collaborator of the British CIAM group, and [Milorad] Pantowitch,
simply characterized as a Yugoslav national20. According
to the “cahier noir” – the black register where the authors
of the main office drawings were listed, Christen had in
fact made all the main finished drawings.
As the project was clearly tainted by the rhetoric of the
People’s Front in all the media that were used, it would be
difficult for Le Corbusier to push the project further under
the German Occupation of France during the years 1940
to 1944, even though it was in the domain of sports that
the pro-German regime of Maréchal Pétain launched its
most concrete schemes21. In particular, it was during the
Occupation that Vichy’s General Commissary for National
Education and Sports commissioned Auguste Perret to
design a “national Olympic park.” Having in mind the
model of the Berlin stadium, the engineers of the Service
d’Aménagement de la Zone then planning the further
transformation of the formerly fortified areas proposed
six sites, among which both the Bois de Vincennes and
Issy had been considered for the Center. Perret’s U-shaped
design referenced the stadium that had been recreated at
Athens in 1896, but had nothing of the inventiveness of the
project devised by his one-time protégé22.
Le Corbusier continued to reflect upon the project
after the Second World War, at the outbreak of which he
had parted way with Pierre Jeanneret. As late as 1961
he wrote a note to himself, in order to remember mentioning the stadium to André Malraux, then the Minister
of Cultural Affairs in General De Gaulle’s government23.
At a moment in which the creation of a new stadium for
an audience of 100.000 was being discussed, he also
contacted the influential municipal council member of Paris
Alain Griotteray. Le Corbusier designed other projects for
sports facilities in the later part of his life. The stadium
for Chandigarh remained on paper, as well as the one
he inserted in the large complex conceived, and partially
built, in Baghdad. The only one he implemented is the
Firminy stadium, where little is left of the technical and
plastie boldness that characterized the architectural vision
the short-lived optimism of the People’s Front summer of
1936 had inspired.
13
ARQTEXTO 17
Um segundo canal foi a apresentação de um diorama
dedicado ao Centro no Pavillon des Temps Noveaux na Exposição de 1937. Ele fez um pin-up dos desenhos principais
e uma maquete, com uma fotomontagem ilustrando uma “celebração à noite”, feito por Prévost19. Algumas visuais dessa
parte do pavilhão são reproduzidas em Des Canons? Des
Munitions? Este permanece como a única fonte de identificação dos membros jovens da equipe que trabalhou no projeto,
incluindo a sua filiação aos capítulos nacionais do CIAM Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna. Juntamente com Le Corbusier e Pierre Jeanneret, estava [A.] Christen, colaborador do grupo francês, Kuyper, colaborador do
grupo holandês, Novitzka, colaborador do grupo polonês,
Dakins, colaborador do grupo britânico, e [Milorad] Pantowitch, caracterizado simplesmente como cidadão iugoslavo20.
Segundo o “cahier noir” - o caderno negro onde os autores
dos desenhos da sede do escritório eram listados - Christen
tinha, de fato, feito todos os principais desenhos finais.
Como o projeto estava manchado pela retórica da Frente
Popular em todos os meios em que foi utilizado, seria difícil
para Le Corbusier levá-lo adiante com a França ainda sob
ocupação alemã de 1940 a 1944, apesar de ter sido no
domínio dos esportes que o regime pró-alemão do Marechal
Pétain elaborou seus programas mais concretos21. Em especial, foi durante a ocupação que o Comissário Geral para
Educação e Esportes de Vichy encomendou a Auguste Perret
o projeto para um “parque olímpico nacional”. Tendo em
mente o modelo do estádio de Berlim, os engenheiros do
Service d’Aménagement de la Zone, planejando a transformação suplementar de áreas anteriormente fortificadas, propuseram seis locais, entre os quais tanto o Bois de Vincennes
quanto Issy tinham sido cogitados para abrigar o Centro. O
desenho em forma de U de Perret fazia referencia ao estádio
recriado em Atenas em 1896, mas não tinha nada da inventividade do projeto concebido por seu ex-pupilo22.
Le Corbusier continuou estudando o projeto após a
Segunda Guerra Mundial, no começo da qual ele tinha se
separado de Pierre Jeanneret. No fim de 1961, ele escreveu
uma nota para si mesmo, lembrando de mencionar o estádio
a André Malraux, então ministro de Assuntos Culturais no
governo do General de Gaulle23. Num momento em que a
criação de um novo estádio para 100.000 pessoas estava
sendo discutida, ele também entrou em contato com o influente vereador de Paris, Alain Griotteray. Le Corbusier fez
outros projetos para instalações esportivas nos últimos anos
de vida. O estádio de Chandigarh ficou no papel, bem como
aquele inserido no seu amplo complexo em Bagdá, parcialmente construído. O único que ele implantou foi o estádio de
Firminy, em que resta pouco da ousada visão arquitetônica
que o otimismo da Fronte Popular tinha inspirado no verão
de 1936.
7 Propsta para o Bois de Vincennes em conjunto
com a remodelação do Estádio Pershing.
7 Proposal for the Bois de Vincennes along with
the remodeling of Pershing Stadium.
ARQTEXTO 17
8 Proposta para o Norte de Paris: Gennevilliers.
8 Proposal for the North of Paris: Gennevilliers.
7
8
14
NOTES
O projeto foi discutido no artigo de um estudante: Catherine
Touya e Philippe Tanier. Le Corbusier, Pierre Jeanneret, Centre
national de réjouissances populaires de 100.000 participants,
Strasbourg: École d’architecture, 1978. Uma breve menção pode
ser encontrada em Danilo Udovicki-Selb. “Le Corbusier and the
Paris Exhibition of 1937, The Temps Nouveaux Pavilion”, Journal
of the Society of Architectural Historians (March 1997): 51-52.
Também é evocado em Jean-Louis Cohen. Le Corbusier and the
Mystique of the USSR, Theories and Projects for Moscow 19281936 (Princeton: Princeton University Press, 1992).
2
Uma versão anterior do texto foi incluída na introdução aos
desenhos reproduzidos em Le Corbusier, Plans, Set of 16 DVD.
Paris: Fondation Le Corbusier, Echelle 1, 2005-2009.
3
Oeuvre complète, 1934–1938. Zurich: Girsberger, 1939, p. 94.
4
Le Corbusier. Des Canons? Des munitions? Merci ! Des logis,
SVP, Boulogne, Éditions de l’Architecture d’aujourd’hui, 1938),
98. Em relação a um breve escrito do escritório, ver: “Note
concernant la construction d’un grand Centre de réjouissances
populaires”, n.d., FLC I1(19)30 and “Centre de réjouissances
populaires”, n.d., FLC I1(19)33.
5
Ibid.
6
Max Bill, op. cit., 95.
7
Le Corbusier et Pierre Jeanneret. “Note concernant la construction d’un grand Centre de réjouissances populaires,” cit.
8
FLC, desenho 21348.
9
FLC, desenhos 24830 e 24828.
10
FLC, desenho 21157 e 21237. É estranho que Alexander
Nikolsky, o ex-líder do construtivismo em Leningrado, escreva a
ele pedindo a sua opinião sobre os estádios: Alexander Nikolsky, carta a Le Corbusier, March 8, 1936, FLC I1(19)92.
11
FLC, desenhos 21286 e 21288. Essa solução foi publicada
por Max Bill, op. cit., p. 97.
12
Ver Ivan Rumenov Shumkov. “Architecture and Revolution: Pavilion des Temps Nouveaux by Le Corbusier and Pierre Jeannerert at the International Exposition of 1937 in Paris.” tese de doutorado, Barcelona: Universitat Politécnica de Catalunya, 2010.
13
FLC, desenhos 21153.
14
Le Corbusier, Des Canons? Des munitions?, op. cit., 100. Sobre o tema da cobertura no trabalho de Le Corbusier, ver: Niklas
Maak. Das Architekt am Strand. Le Corbusier und das Geheimnis
der Seeschnecke. Munich: Carl Hanser Verlag, 2010.
15
Le Corbusier, Des Canons? Des munitions?, op. cit., p. 98.
16
FLC, desenhos 21356 e 21386.
17
Le Corbusier, carta a Léo Lagrange, March 6, 1937, FLC
I1(19)2.
18
Georges Barthélémy. “Paris étouffe; quand aurons-nous comme
Berlin notre parc des sports”?, Paris-midi, March 28, 1938. Le
Corbusier menciona o artigo na carta ao Directeur général des
Beaux-Arts Georges Huisman, em 31 de maio de 1938, FLC
I1(19)27.
19
FLC, desenhos 21374 a 21383 e 29890.
20
Le Corbusier, Des Canons? Des munitions?, op. cit., p. 98.
21
O projeto não é mencionado na biografia inspirada em Le
Corbusier publicada em 1944: Maximilien Gauthier. Le Corbusier, ou l’architecture au service de l’homme. Paris: Denoël, 1944.
22
Ver Agnès Delannoy, “L’Avant-projet de parc olympique national
pour la région parisienne.” In Cohen, Jean-Louis, Joseph Abram, and
Guy Lambert, eds. Encyclopédie Perret (Paris: Éditions du Patrimoine,
Institut français d’architecture, Éditions Le Moniteur, 2002), 222-223.
23
Le Corbusier, 17 de fevereiro de 1961, FLC I1(19)81.
1
1
The project has been discussed in a student paper: Catherine
Touya and Philippe Tanier. Le Corbusier, Pierre Jeanneret, Centre
national de réjouissances populaires de 100.000 participants,
Strasbourg: École d’architecture, 1978. A brief mention can be
found in Danilo Udovicki-Selb. “Le Corbusier and the Paris Exhibition of 1937, The Temps Nouveaux Pavilion”, Journal of the Society of Architectural Historians (March 1997): 51-52. It is also
evoked in Jean-Louis Cohen. Le Corbusier and the Mystique of
the USSR, Theories and Projects for Moscow 1928-1936 (Princeton: Princeton University Press, 1992).
2
A previous version of this text was included as an introduction to
the drawings reproduced in Le Corbusier, Plans, Set of 16 DVD.
Paris: Fondation Le Corbusier, Echelle 1, 2005-2009.
3
Oeuvre complète, 1934–1938. Zurich: Girsberger, 1939, p. 94.
4
Le Corbusier. Des Canons? Des munitions? Merci ! Des logis,
SVP, Boulogne, Éditions de l’Architecture d’aujourd’hui, 1938),
98. Concerning the brief written by the office, see: “Note concernant la construction d’un grand Centre de réjouissances populaires”, n.d., FLC I1(19)30 and “Centre de réjouissances populaires”, n.d., FLC I1(19)33.
5
Ibid.
6
Max Bill, op. cit., 95.
7
Le Corbusier et Pierre Jeanneret. “Note concernant la construction d’un grand Centre de réjouissances populaires,” cit.
8
FLC, drawing 21348.
9
FLC, drawings 24830 and 24828.
10
FLC, drawing 21157 and 21237. It is rather strange that Alexander Nikolsky, the former leader of constructivism in Leningrad,
writes him to request his ideas about stadia: Alexander Nikolsky,
letter to Le Corbusier, March 8, 1936, FLC I1(19)92.
11
FLC, drawings 21286 and 21288. This solution was published
by Max Bill, op. cit., p. 97.
12
See Ivan Rumenov Shumkov. “Architecture and Revolution: Pavilion des Temps Nouveaux by Le Corbusier and Pierre Jeannerert at the International Exposition of 1937 in Paris.” Doctorate
thesis, Barcelona: Universitat Politécnica de Catalunya, 2010.
13
FLC, drawing 21153.
14
Le Corbusier, Des Canons? Des munitions?, op. cit., 100. On
the theme of the shell in Le Corbusier’s work, see: Niklas Maak.
Das Architekt am Strand. Le Corbusier und das Geheimnis der
Seeschnecke. Munich: Carl Hanser Verlag, 2010.
15
Le Corbusier, Des Canons? Des munitions?, op. cit., p. 98.
16
FLC, drawing 21356 and 21386.
17
Le Corbusier, letter to Léo Lagrange, March 6, 1937, FLC
I1(19)2.
18
Georges Barthélémy. “Paris étouffe; quand aurons-nous comme
Berlin notre parc des sports”?, Paris-midi, March 28, 1938. Le
Corbusier mentions it in letter to the Directeur général des BeauxArts Georges Huisman, on March 31st, 1938, FLC I1(19)27.
19
FLC, Drawings 21374 to 21383 and 29890.
20
Le Corbusier, Des Canons? Des munitions?, op. cit., p. 98.
21
The project is not mentioned in the Le Corbusier-inspired biography published in 1944: Maximilien Gauthier. Le Corbusier, ou
l’architecture au service de l’homme. Paris: Denoël, 1944.
22
See Agnès Delannoy, “L’Avant-projet de parc olympique national pour la région parisienne.” In Cohen, Jean-Louis, Joseph
Abram, and Guy Lambert, eds. Encyclopédie Perret (Paris: Éditions du Patrimoine, Institut français d’architecture, Éditions Le
Moniteur, 2002), 222-223.
23
Le Corbusier, February 17, 1961, FLC I1(19)81.
15
ARQTEXTO 17
NOTAS
Download

le corbusier e pierre jeanneret: o estádio de 1936 para a frente