Dizer Sim ou Não para os filhos
Educar os filhos é a grande preocupação dos pais. Nos tempos modernos, pai e mãe se lançam ao
trabalho. E os filhos? O que fazer com eles? Entregá-los às babás, aos avós, à TV, à internet, à
escola em tempo integral? Qual a melhor opção? A ausência dos pais é sentida pelos filhos e
lamentada pelos pais. Nesse contexto de conflito surge o sentimento de culpa.
Educar é dizer o sim e o não na hora certa e, sobretudo, da forma certa. Analisemos o problema
à luz de dois conceitos: o de moral e o de ética. Conceituamos moral ao conjunto de regras que
regem o comportamento humano em determinado contexto social. “É proibido falar ao celular
enquanto estiver dirigindo o automóvel”, “Se beber não dirija”, “É proibido andar nu pelas ruas da
cidade”, são algumas regras de convivência em nossa sociedade. E o que ocorre para quem não
cumprir as regras? Haverá uma punição. Por outro lado, conceituamos ética ao conjunto de
princípios e valores que regem a vida em sociedade. Dizer a verdade, doar sangue, ceder o lugar do
ônibus para uma mulher grávida são comportamentos éticos e não morais, porque são valores e não
regras. Para saber se você está agindo eticamente faça a pergunta: quais as conseqüências de meus
atos para aqueles a quem minhas ações se dirigem? Se a resposta for BOA, estamos agindo
eticamente, se for RUIM, estamos sendo antiéticos.
Se a criança bagunçou o quarto e a regra (moral) era só ir brincar com os colegas depois de
arrumar o quarto é hora de dizer NÃO (punição) ao brincar, enquanto não for cumprida a regra.
“Meu filho”, diz a mãe que emenda, “são 21 horas, é hora de ir dormir”. “Ô!, mãe, posso ver o filme
que vai começar agora? É só uma horinha”, responde o filho. “Não!”, “Por que não mãe?”, insiste a
criança chorosa. “Não, porque não. Já disse que não. Não é não! E se não for dormir agora, você vai
ficar dois dias sem ver TV. E se insistir, vai ficar mais dois dias sem usar o computador”, ordena ao
filho.
Onde estão os princípios éticos que deveriam estar presentes no diálogo? É a hora de manter o não
com firmeza, mas por razões éticas e com argumentos sólidos. “Você vai deitar sim, meu filho, e
não vai ver o filme. Vou mais uma vez explicar o porquê. Você tem nove anos e precisa dormir de
nove a dez horas para descansar. Vamos levantar às 6h 30 para pegar a condução escolar às 7h.
Desligue a TV agora e vamos, meu filho, escovar os dentes e dormir”. Assim, a mãe estimulou o
cumprimento da regra moral, mas não por medo da punição e sim por valores éticos (o respeito ás
ordens dos pais, a necessidade do repouso). Outra possibilidade seria levar o filho à reflexão e
propor que construíssem alternativas juntos. Por exemplo: “ lembra naquele dia quando você ficou
acordado até tarde e não conseguiu levantar de manhã? Pois é, nós não queremos que isso
aconteça de novo. Podemos combinar de você ficar acordado até mais tarde outro dia, ou podemos
ainda alugar o filme que você quer ver no final de semana” Esse seria um exemplo de interação
colaborativa e elaborativa.
Dizer SIM ou NÃO aos filhos ou seria melhor pensar no “pode ser, caso você mereça”? Não seria a
mediação colaborativa a melhor forma de educar? É o aspecto ético em foco.
Texto escrito por: Vasco Moreto
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