educação para o trabalho
Educação para o
mundo do trabalho
Divulgação
Para o superintendente
nacional do SESI
e diretor-geral do
SENAI, a educação
profissional exerce
papel importante para
o desenvolvimento do
País
A
reforma educacional tem o
importante papel de ajudar
a tornar o sistema educativo brasileiro mais comprometido
com o projeto de desenvolvimento
econômico do País, que privilegia,
além de outras coisas, uma maior
distribuição de renda. Nesse contexto, segundo o superintendente
nacional do SESI e diretor-geral do
SENAI, Rafael Lucchesi, a educação profissional tem papel importante na sustentação desse novo
ciclo. Para isso, o Brasil precisa
ampliar a demanda por esse tipo
de formação, através de programas bem-estruturados como, por
exemplo, o Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (­Pronatec), que é uma iniciativa
do governo federal que objetiva
ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica.
Em entrevista exclusiva à Linha
Direta, Lucchesi fala também da
necessidade de reestruturar o currículo do ensino médio para abrigar
maior carga horária das disciplinas
principais, como português e matemática. “É a lógica do sistema de
Revista Linha Direta
Rafael Lucchesi, superintendente nacional
do SESI e diretor-geral do SENAI
educação dual fortemente implementado no SESI e no SENAI”, diz.
Confira a entrevista!
Qual é o cenário do ensino profissional no Brasil?
O governo federal expandiu, nos últimos anos, as redes dos institutos
federais de tecnologia e criou, em
2011, o Pronatec, com o objetivo
de ampliar a oferta de cursos de
educação profissional e tecnológica. Além disso, vários governos estaduais têm expandido sua rede de
escolas públicas para a educação
profissional. Mas ainda é insuficiente. O contingente de jovens que fazem educação profissional no Brasil
ainda é menor do que nos países
desenvolvidos e nos emergentes
mais bem-posicionados. Dos jovens
brasileiros entre 15 e 19 anos, apenas 6,6% fazem educação profis-
sional junto com educação regular
de forma concomitante. A média
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) é acima de 40%, sendo que,
na Alemanha, esse número passa
de 53%, ou seja, o sistema de educação profissional alemão atinge
mais da metade dos jovens. Mais: o
contingente de jovens alemães que
cursa universidades é duas vezes e
meia maior do que o do Brasil, que
hoje é de 17,6%.
Que medidas são importantes
para se reverter esse quadro?
Uma agenda importante para o Brasil seria ampliar a educação profissional, através de programas bem-estruturados como o ­Pronatec,
para criar mais oportunidades para
que a juventude ingressasse no
mercado de trabalho. É preciso,
também, avançar na reforma educacional, revendo questões como a
própria estrutura curricular do ensino médio, que hoje conta com 19
disciplinas. Dados do Compromisso
Todos pela Educação revelam que
90% dos que concluem o ensino
médio não aprenderam o adequado
em matemática, e 75% não aprenderam o adequado em português.
Isso leva à reflexão de que a reestruturação deve concentrar a carga
horária nas disciplinas principais,
como acontece nos países que possuem os melhores índices de educação do mundo. Precisamos melhorar também a gestão da escola.
Hoje, no Brasil, aproximadamente
50% das aulas que constam na carga horária não são dadas.
Quais os maiores desafios da educação para o mundo do trabalho?
Há um mito no Brasil de que a
mobilidade social está presa exclusivamente à formação universitária. Esse é o padrão cultural do
milagre brasileiro: elevado arrocho
salarial para a classe trabalhadora
e rendas diferenciadas para a classe média. Não é mais a realidade
social do Brasil. Hoje, as 21 profissões técnicas mais demandadas
pela indústria têm um salário inicial acima de R$ 2 mil. Para quem
tem 10 anos de profissão, o salário
é, em média, de R$ 5,7 mil. Existem situações em que o salário é
ainda maior, o que dá uma enorme atratividade ao mercado. Muitas dessas profissões estão com o
salário médio acima do salário de
profissões de formação universitária. O importante é que, com a
educação profissional, o jovem vai
poder ingressar cedo no mercado
de trabalho e terá algumas vantagens: inserção profissional em uma
carreira bem remunerada, estável,
que dará condições de ele prosseguir com seu projeto de vida, com
seus estudos, tendo uma orientação profissional melhor.
cação Profissional (Ebep), que é a
articulação entre o SESI e o SENAI.
É a lógica do sistema de educação
dual fortemente implementado
nessas instituições.
Com a evolução tecnológica, a colaboração escola/indústria pode
permitir a superação dos desafios?
Temos um problema secular: uma
escola do século XIX, professores
do século XX e alunos do século
XXI, que não estão dispostos a entrar numa sala de aula do século
XIX. Então, temos que avançar
na utilização de ferramentas de
alta tecnologia e em uma forma
mais eficiente de aprendizado, no
aprender-fazendo. Isso vai, certamente, estabelecer uma escola
mais eficiente, mais interessante e
com melhores resultados.
Qual o modelo de formação profissional seguido pelo SESI/SENAI?
Como o SESI e o SENAI contribuem para a criação de uma
cultura voltada para a educação
para o trabalho?
O SESI fez parte da última Prova
Brasil e ficou bem colocado. O 5º
ano alcançou 7,1 pontos, muito
acima das outras redes, inclusive
as federais e privadas. No 9º ano
também ficamos acima. Uma das
características do modelo educacional do SESI, que possibilita essa
colocação, é trabalhar mais o processo interativo. É comprovado pelas mais modernas teorias pedagógicas que, quando se associa teo­ria
à prática, o processo de aprendizado é mais eficiente e muda a
atitude do jovem com relação a
empreender, a liderar, a uma série
de aspectos que são competências
decisivas para o sucesso dele. Por
isso, nossos alunos do SESI, dos 2º e
3º anos do ensino médio, passam a
frequentar a educação profissional
do SENAI no contraturno. Para isso,
contamos com o Programa de Educação Básica Articulada com a Edu-
No SESI, avançando na estruturação
de um sistema educacional focado
no ethos do fazer, utilizando mais
laboratórios, experiências e práticas, maior criticidade sobre o processo de aprendizado, liderança,
empreendedorismo. Tudo isso está
no pacote do sistema educacional
do SESI. Além disso, procuramos
novas ferramentas de gestão educacional. A nossa já é excelente,
mas pode sempre melhorar, tanto
na capacidade de incorporação de
novas tecnologias como na parte de gestão. No SENAI, estamos
avançando na melhoria daquilo em
que ele já é excelente: a educação profissional, a formação para o
trabalho. Além disso, estamos alargando a oferta de vagas de 2 para
4 milhões e atingindo um número
cada vez maior de jovens brasileiros que vão buscar a educação para
o mundo do trabalho. 
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