Hospital AC Camargo
Tópico: HOSPITAL AC
CAMARGO
Veículo: Abril Notícias - SP
Data: 29/03/2013
Página: 00:00:00
Editoria: Revista Saúde On-line
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Muita fibra contra o câncer
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(Thaís Manarini)
Estudos quentíssimos sugerem que, além de evitar o aparecimento de tumores no intestino, a substância protege a mama, o pâncreas...
À primeira vista, alimentos como goiaba, cebolinha, cenoura, tangerina, soja, arroz integral e aveia não têm nada em comum. Mas, perdoe-nos
pelo clichê, as aparências enganam. É que esses itens — e muitos outros — são carregados de fibras, substâncias valiosas. Entre seus feitos
estão o estímulo da saciedade, a melhora do funcionamento do intestino e a proteção contra câncer nesse órgão. Agora a ciência acaba de
apontar, veja só, que elas também previnem tumores no pâncreas e na mama. No mínimo.
Vem do Colégio Imperial de Londres e da Universidade de Leeds, na Inglaterra, o estudo que associou o consumo de fibras a uma menor
incidência de tumores mamários. Para realizá-lo, os pesquisadores esmiuçaram 16 trabalhos sobre o tema. “Notamos que a ingestão diária de
10 gramas de fibras solúveis derruba em 26% o risco de o mal se desenvolver. Ainda não sabemos por que as insolúveis não promoveram o
mesmo benefício”, conta Dagfinn Aune, líder do projeto.
Uma das hipóteses levantadas para explicar tal façanha é que as fibras reduziriam o estrogênio que perambula pelo sangue. É que elas
prejudicam a ação de uma enzima responsável por quebrar o hormônio para facilitar sua absorção. Assim, boa parte dele vai embora junto com
as fezes. Mas há um mistério: “Em pesquisas com cobaias, tanto as fibras solúveis como as insolúveis causaram esse efeito”, pondera a
nutricionista oncológica Thais Manfrinato Miola, do Hospital A.C. Camargo, na capital paulista.
Se você está se perguntando por que é importante evitar picos de estrogênio, fique sabendo que ele incita a proliferação das células mamárias,
independentemente de serem normais ou cancerosas. “Sabe-se que outros hormônios agem assim, ou seja, estimulam a multiplicação celular.
Então, quando eles estão controlados, o risco de desenvolver câncer diminui”, explica Fábio Gomes, nutricionista do Instituto Nacional de
Câncer (Inca).
Mais fibras, menos insulina
Só para constar, outro hormônio intimamente relacionado ao câncer de mama é a insulina, responsável por botar a glicose dentro das células.
E as fibras dão um jeito nela também. Afinal, retardam o esvaziamento gástrico — em outras palavras, você fica com o estômago cheio por
mais tempo —, o que torna a absorção de açúcar mais lenta. Diante disso, não há necessidade de ter um monte de insulina circulando.
E, por falar em barriga bem forrada, está aí outro fator que, indiretamente, é capaz de afastar a ameaça do câncer mamário. É que a obesidade
e essa doença caminham lado a lado. Quando a dieta é rica em fibras, fica mais fácil escapar dos ataques à geladeira e, dessa forma,
administrar o ponteiro da balança. “Mas, se uma mulher está 40 quilos acima do peso, não adianta só apostar nas fibras. O consumo isolado
da substância não contrabalançará todos os outros problemas”, avisa Artur Katz, coordenador do Centro de Oncologia do Hospital SírioLibanês, em São Paulo.
Já no Centro de Referência Oncológico de Aviano, na Itália, os cientistas voltaram suas atenções para a relação entre uma dieta campeã em
fibras e o aparecimento de câncer no pâncreas. Para explorá-la, eles avaliaram a dieta de 326 pacientes diagnosticados com a doença e 652
indivíduos saudáveis. Foi quando notaram que o consumo da versão solúvel fez despencar em 60% a probabilidade de tumores surgirem no
órgão. A insolúvel, por sua vez, diminuiu o perigo em 50%.
Ao que tudo indica, a partir do momento em que tais substâncias passam a controlar a produção e a liberação desenfreada de insulina, evitam
não só o boom de células malignas nas mamas como também no pâncreas. “Isso não está 100% comprovado, mas é uma teoria que ganha
força”, avalia Paulo Hoff, diretor do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês. “E esse mecanismo provavelmente garante proteção contra
vários outros tipos de tumores”, completa Fábio Gomes, do Inca.
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