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AS REPRESENTAÇÕES IMAGINÁRIAS DE ADOLESCENTES OBESOS EM TRATAMENTO
HOSPITALAR: CONSIDERAÇÕES (PSICO)PEDAGÓGICAS
Cláudia Terra Nascimento; Valeska Fortes de Oliveira.
Universidade Federal de Santa Maria, CE/HUSM.
Quanto o Paciente Hospitalizado é uma criança - A Visão Psico-pedagógica da Hospitalização
Infanto-Juvenil
O trabalho com o público infanto-juvenil exige cada vez mais que os profissionais da educação e da saúde
tenham formação ampla e conhecimentos diversificados para poder lidar adequadamente com problemáticas
complexas e abrangentes. Por isso, contribuir à aprendizagem de crianças e adolescentes hospitalizados deve se
constituir em um dos campos de atuação do pedagogo com formação em psicopedagogia, enquanto área que
envolve educação e saúde.
O trabalho com os processos de aprendizagem no hospital representa um dos novos campos de atuação neste
contexto. Essa linha de atuação vem dar apoio (psico)pedagógico ao paciente interno para assegurar-lhe uma boa
recuperação e saúde integral. Os esforços de humanização contribuem para promover junto ao paciente um ambiente
saudável e seguro.
O trabalho é de cunho (psico) pedagógico porque se remete tanto às questões psi (auto-estima, auto-imagem,
autoconceito, percepção de competência), quanto às questões pedagógicas (processos de aprendizagem), ambas em
profunda inter-relação. Não podemos nos esquecer que o psicopedagogo é antes de tudo um educador, que sempre
irá remeter-se à aprendizagem, enquanto processo fundamental de vida. Por este motivo, nos remeteremos ao longo
de todo o texto a expressão ‘psico-pedagogo’.
Mas, que ambiente é esse que se lhe apresenta? O que significa para cada paciente e seus familiares estar
hospitalizado? Segundo Maia (2000), a hospitalização pode ser caracterizada como:
Um universo de instrumentação técnica sofisticada, com um estado de urgência iminente e
permanente, traumatismos físicos e psíquicos à tona: angústia das crianças sobre seu futuro,
depressão dos pais impotentes diante da doença do filho, sem saber como atenuar o sofrimento e o
medo da criança. Junte-se a isso, em grande parte das vezes, o total desconhecimento dos pais
sobre o processo de doença e tratamento por que passa o filho. Salta aos olhos, ainda, a revolta
dos adolescentes descobrindo a possível irreversibilidade de seu caso. A noção de irreversibilidade
aqui não se confunde com a noção de Piaget. Para a criança hospitalizada, a grande preocupação
incide sobre o tempo de tratamento a que ela se submeterá. É uma inquietação que aparece antes
mesmo de pensar no tipo de intervenção a ser aplicada e das agressões que o corpo sofrerá.
Também na equipe de saúde a tensão faz parte do dia-a-dia, diante de prognósticos indesejáveis e incertos,
diante da irritação no contato com pacientes difíceis, bem como diante da angústia eminente da morte. Assim, em
qualquer circunstância, um ambiente hospitalar é um ambiente gerador de medo e de tensão, tanto para o paciente e
sua família, quanto para a equipe de saúde (Carmoy, 1975).
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Ainda assim, paradoxalmente um lugar de doença e de saúde, ou de busca pela saúde, o ambiente hospitalar
parece excluir certas particularidades da vida das pessoas. É um contexto que ainda constitui um espaço com o
rótulo único: é uma ambiente desagradável onde nada se pode aprender.
São bastante significativas as questões condescendentes de alguns, de indiferença cortês de outros, até mesmo
de uma rejeição direta por parte de outros colegas. Todas essas questões ajudaram a formalizar o papel do
Psico-pedagogo na instituição hospitalar. Mas, como coloca Maia (2000), ainda era só o início.
O desejo de elevar o desafio, a vontade de se fazer reconhecer, faz-nos progredir passo a passo
no conhecimento deste mundo estranho, hermético em seu vocabulário, suas regras de
funcionamento, sua prática, seus tipos de patologia. Era necessário descobrir um modo de vida
com a equipe, inventar uma prática em relação com nossa especialidade de pedagogo hospitalar,
e, acessoriamente, achar prazer neste trabalho.
Diante da situação levantada, o psico-pedagogo pode agir imediatamente ao contato com as crianças e
adolescentes, ajudando-os nos casos de angústia, resultantes de situações traumáticas, bem como trabalhando junto
dos profissionais da saúde no sentido de sensibilizá-los para outra realidade que existe além daquela visível: além do
gesto técnico sobre um corpo, a realidade psíquica do desejo, do sofrimento, da angústia, da esperança de um
pensamento mágico. Adentrar os próprios imaginários resultando numa aproximação possível das expectativas, dos
desejos, das crenças. Pensar nesse espaço a partir da sua complexidade.
Trabalhar com crianças e adolescentes hospitalizados leva-nos a uma atuação cuja importância e limites
precisamos tomar consciência. O psico-pedagogo é o profissional que, inserido no contexto hospitalar, deve trazer à
tona a lembrança de que o corpo sofrido e machucado do paciente hospitalizado ainda abriga um ser capaz de
aprender e de desenvolver suas habilidades e capacidades intelectuais, mostrando que o ‘espaço escola’ acontece no
contato do professor com o aluno, qualquer que seja a localização, independente de supervisões, diretorias e
coordenações.
A Psico-pedagogia diante do Imaginário Social de Adolescentes Obesos no Contexto Hospitalar
Dentro do contexto hospitalar, uma das possibilidades é o trabalho psico-pedagógico com adolescentes
portadores de obesidade. A palavra obesidade vem de ab (super) e edere (comer), podendo ser definida como o
excesso de gordura corporal ou o acúmulo excessivo e generalizado de gordura no tecido subcutâneo,
constituindo-se em processo patológico multifatorial, com 99% dos casos considerados de causa exógena (Damiani,
Carvalho & Oliveira, 2000).
Sua prevalência vem crescendo assustadoramente, não somente entre os adultos, como também entre as
crianças e adolescentes. Estudos recentes vêm a confirmar a obesidade como a epidemia do mundo contemporâneo
(Loke, 2002). Fisberg (1995) ressalta que “entre todas as alterações no nosso corpo, provavelmente a obesidade é
a situação mais complexa e de difícil entendimento” (p. 09).
Embora mudanças drásticas tenham ocorrido no padrão vigente de beleza, bem como nos antigos mitos
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relacionados à obesidade e qualidade de vida, milhares de pessoas sofrem com o excesso de peso, não somente por
questões de ordem fisiopatológica, mas principalmente por questões de ordem social e psicológica, tais como
preconceito, discriminação e estigmas (Fisberg, 1995; Silva & Löhr, 2001).
A obesidade implica em sofrer com um preconceito físico sem precedentes na História, colocando o indivíduo
em uma situação de vulnerabilidade diante dos exploradores de ‘fórmulas mágicas’, dos apelidos dados pelos
colegas de classe, da exclusão social pela ausência do sentimento de pertença a um grupo social. “O obeso é
perseguido, agredido e marginalizado” (Fisberg, 1995, p. 11).
A obesidade pode ter início em qualquer fase do desenvolvimento humano, mas principalmente nas fases de
aceleração do crescimento. Por este motivo, a adolescência torna-se um período de grande risco ao excesso de
peso, sendo considerada como um período crítico ao seu desenvolvimento (Costa & Souza, 2002; Fisberg, 1995).
Esse é um fator preocupante, já que a obesidade, quando se inicia na infância e na adolescência, possibilita a sua
manutenção na vida adulta, elevando tais riscos em até 80%, dependendo da idade de início do ganho de peso, da
sua duração e gravidade.
O obeso juvenil, tanto quanto o adulto, aumenta seus riscos de mortalidade, graças a associação com várias
doenças crônicas. Especialmente na adolescência, a obesidade pode constituir-se em um agravante dos conflitos
comuns desta fase de desenvolvimento, colocando em risco a saúde orgânica e psicológica do adolescente (Fisberg,
1995; Costa & Souza, 2002).
Fisberg (1995) coloca que não existe um perfil definido ou uma estrutura mental para os obesos. Ajuriaguerra
(1981) afirma, porém, que existem sempre determinadas dificuldades de natureza psicológica, podendo estar entre os
fatores determinantes na obesidade exógena ou ser conseqüente a ela e também à endógena. Principalmente na
obesidade exógena, vários aspectos que envolvem o obeso se fazem presentes, atuando em sua relação com outras
pessoas, consigo próprio, com o alimento e com atividades cotidianas. Esses indivíduos, segundo Fisberg (1995) e
Dâmaso (2001), apresentam geralmente características de consumismo, relações psicoafetivas alteradas, conflitos
intra-psíquicos.
Sabe-se que adolescentes, por estarem na fase em que afloram as questões relacionadas à elaboração
definitiva da identidade, relações interpessoais, sexualidade e namoro, entre outros, tem maior propensão a
sentirem-se feios e menos inteligentes. Caso o adolescente seja obeso poderiam ocorrer alterações de alguns
elementos psicológicos, fundamentais ao desenvolvimento da identidade e da personalidade nessa fase da vida, bem
como nas representações de si próprios. Isso porque as características corporais geradas pela obesidade,
potencializadas pelas características da nossa cultura em relação ao culto ao corpo, podem levar adolescentes
obesos a alterações nas representações que possuem de si próprios (Kahtalian, 1992).
Tornam-se importantes os avanços científicos frente à obesidade infanto-juvenil, tendo em vista que muitos
ainda são os aspectos obscuros que a cercam. Somente através do conhecimento frente às conseqüências por ela
geradas, que mudanças no entendimento da doença e alterações mais consistentes poderão ser pensadas em termos
de tratamento, lembrando-se sempre que, para um paciente obeso, aderir ao tratamento significa livrar-se de toda a
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carga emocional e física advinda do seu próprio excesso de peso.
É neste momento que a pesquisa acerca do imaginário social do adolescente obeso torna-se tão importante.
Entender o que se encontra oculto no tratamento da obesidade juvenil é mais do que urgente. Pode ser a resposta
para muitas das falhas do processo terapêutico, que parece tão perfeito teoricamente. Como disse Funghetto (1998),
“o não dito precisa ser levado em consideração” (p. 17).
Isso porquê, existe um imaginário instituído em nossa sociedade que já condena ao esteriótipo aquelas pessoas
cuja aparência física não corresponde ao padrão de beleza desejado, como ocorre com o obeso. Esse imaginário
instituído gera culturalmente um entendimento do obeso que o leva por caminhos de discriminação e estigma.
Em relação à temática deste estudo, há a necessidade de se iniciar a investigação das questões relacionadas à
obesidade tendo como base um novo paradigma, que traz à análise o universo simbólico, o universo imaginário
instituído socialmente. Para tanto, é preciso que se analise a dimensão simbólica em olhares, gestos, crenças, silêncios
e sofrimentos que permanecem ocultos no cotidiano da terapêutica hospitalar.
Neste contanto, o entendimento do imaginário social poderá oportunizar o conhecimento das imagens
instituídas e instituintes em relação ao adolescente obeso, aprofundando a compreensão dos aspectos que fazem
parte do contexto dos mesmos, principalmente nas categorias doença, tratamento, aceitação social e representação
de si próprios, aprofundando, em última instância, o conhecimento acerca da própria doença e de suas manifestações
clínicas.
Frente ao exposto anteriormente, constitíram-se as seguintes problematizações:
É possível a realização de um trabalho de cunhi psico-pedagógico diante do tratamento da obesidade
infanto-juvenil no contexto hospitalar? Como se encontra o imaginário social de adolescentes obesos frente
às representações da doença, do tratamento, da aceitação social e das representações que têm de si próprio ?
Será possível qie o psico-pedagogo consiga trabalhar com tal imaginário social?
Metodologia
Participaram do estudo, no Ambulatório de Obesidade do HUSM, nos anos de 2004 e 2005, 14 adolescentes
em tratamento clínico. Destes, 7 eram do sexo feminino e 7 do masculino, com um tempo médio de tratamento de 14
meses. Em relação ao peso, todos estavam acima do percentil 95, considerados obesos, estando muito acima do
peso ideal para estatura e sexo. Já com relação à idade cronológica, apresentaram idades entre 10 e 19 anos, com
uma idade média de 13 anos e 3 meses. Para coleta de dados foi utilizado um questionário semi-estruturado, o qual
foi entregue a todos os participantes, que o responderam individualmente. O questionário foi analisado
qualitativamente a partir das seguintes categorias e unidades: Categorias de doença, tratamento, aceitação social e
representações de si, relacionadas às unidades medo e expectativas.
Resultados
As representações da categoria doença referem-se à obesidade como promotora de tristeza, inferioridade e
culpa, onde o medo de ficar mais gordo é considerado devastador à felicidade. Aparecem expectativas e desejos de
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ficar magro e, assim, bonito e desejável. Na categoria tratamento, as representações referem-se a confiança e
alegria, instituindo expectativas quase mágicas. Ele é significado como promotor da perda rápida de peso e da
realização do sonho de ser magro. No entanto, se por um lado o tratamento é algo positivo, gerador de esperança, a
desmotivação e a desistência do mesmo se dá justamente a partir dessas expectativas. Aqui entra o trabalho do
psico-pedagogo no hospital.
O trabalho educativo desenvolvido pelo psico-pedagogo na perspectiva de uma pedagogia da imaginação que
ambiciona o desenvolvimento de uma subjetividade criativa, amorosa com o enfrentamento de si e das questões que
estão a sua volta precisa estar alicerçado no jogo, no conto, na poesia, no brinquedo, na dança, na música. A
experiência estética auxilia no desenvolvimento de uma integrada e, de uma criança e de um adolescente que
simboliza, por isso, participa dos desafios de uma forma menos traumática.
O compromisso do psico-pedagogo no contexto hospital, então, é com o exercício da cidadania, via estímulos
que possibilitem o desenvolvimento humano pleno, em todos os seus sentidos, reestruturando o desenvolvimento
afetivo, explicitando os medos e integrando o pensar, sentir e agir. Nesse contexto, é possível efetuar mudanças na
imagem e auto-estima de seus pacientes. As mudanças ocorrem de forma lenta, mas gradual. Esse trabalho
alicerçado no potencial imaginativo e na fantasia com as quais a criança está envolvida explicita suas representações
além de propiciar um processo mais tranqüilo no enfrentamento da doença e do seu tratamento. Podemos afirmar
que a atividade criadora da imaginação está relacionada com a riqueza e a variedade de experiências acumuladas e
possibilitadas à pessoa. Quanto mais rica a experiência humana, tanto maior o material de que dispõe a imaginação.
Na categoria aceitação social, verificam-se sentimentos de ausência dessa aceitação, com vergonha e mal
estar diante de pessoas magras, bem como o condicionamento das amizades à perda de peso. Estas representações
refletem o preconceito e a indiferença social em relação à obesidade.
Munhoz (1997) coloca que “o estranho, o inesperado, o diferente sempre chama atenção, provocando nas
pessoas reações distintas. Esses sentimentos se organizam a partir dos valores instituídos que se estabelecem nas
construções que elaboramos, debruçados em nossas categorias estabelecidas” (p. 47). Ou então como explica
Spilimbergo (1997): “O padrão de normalidade, tão arraigado à nossa maneira de pensar, acaba por dificultar o
nosso relacionamento com o que é diferente” (p. 31). O diferente é também o Outro em mim. A diferença aparece
segundo Eizirik (2001, p.40) como
categoria a ser analisada, mas também como problema a ser enfrentado, na concretude das
relações sociais e institucionais. Entendida, a diferença, ora como alteridade, ora como divisão, se
coloca como aspecto importante a ser refletido especialmente pelo sujeito que a enfrenta, que está
sensibilizado para buscar compreendê-la.
Na categoria representações de si, a obesidade surge como geradora de feiúra e aparência física diferente do
que é entendido como ‘normal’. Daí o desejo de ser bonito (magro), deixando para trás a vergonha e a dor pela
imagem corporal. Através dessas análises fica claro o imaginário instituído socialmente à obesidade: em nossa cultura,
é vergonhoso e medonho ser obeso. Assim, a aproximação do entendimento social à obesidade possibilita a
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compreensão do que está instituído à ela. “Possibilita o conhecimento das formas criadas que fazem sentido”
(Oliveira, 2005, p. 11).
Como se pode verificar, a hospitalização pode apresentar uma representação social devastadora a quem a
possui: um adolescente obeso é visto como incapaz, ignorante, dentre outros estigmas, o que nos leva a pensar que
algo tem a ver com o imaginário social, o qual reflete as práticas sociais. É possível afirmar, nesse sentido, que existe
um imaginário social já arraigado culturalmente – o imaginário instituído. É sobre ele que o psico-pedagogo deve
exercer seu papel, tentando mudar estigmas e preconceitos. Com certeza, um trabalho difícil, mas não sem
importância. Como já disse Robert Frost: “Direi isso com um suspiro, num lugar e num momento perdidos no futuro:
dois caminhos bifurcavam no bosque; e eu, bem, eu escolhi o menos percorrido, e isso fez toda a diferença”.
Considerações Finais
Como se pode verificar existe muito mais no contexto hospitalar do que aquilo que se pode ver! É preciso
adequar as propostas de saúde e de educação hospitalar, bem como aprender a conhecer o desejo dos sujeitos pacientes. Urge a necessidade de intervenção na construção imaginária sedimentada culturalmente, modificando a
reação que varia desde a rejeição, a segregação, a piedade aqueles considerados ‘diferentes’, perpassando também
pelas questões vinculadas à humanização dos serviços hospitalares.
A partir das análises realizadas das representações imaginárias de adolescentes obesos pudemos constatar que
o imaginário do grupo investigado em relação à obesidade remete-se ao próprio imaginário instituído na sociedade,
vinculado à idéia de preconceito e exclusão. Ser obeso em nossa sociedade significa ser visto como um ser ignorante
e preguiçoso, único responsável pelo seu excesso de peso. É possível, então, através do imaginário, apontar um novo
olhar para esse problema, entendendo-o a partir de sua realidade multifacetada, considerando não somente sua
condição objetiva, como principalmente sua dimensão simbólica. Desvendando o fenômeno obesidade sob a ótica do
imaginário, torna-se possível compreender os sentidos construídos por estes sujeitos sobre o dito fenômeno, e assim
reorientar o tratamento através de questões até então ignoradas: os sistemas simbólicos que influenciam os
mecanismos psíquicos dos jovens obesos.
Neste contanto, o entendimento do imaginário social poderá oportunizar o conhecimento das imagens
instituídas e instituintes em relação ao àquelas pessoas que se encontram em hospitalização, aprofundando a
compreensão dos aspectos que fazem parte do contexto dos mesmos, principalmente nas categorias doença,
tratamento, aceitação social e representação de si próprios, aprofundando, em última instância, o conhecimento
acerca da própria doença e de suas manifestações clínicas.
Para tanto, é preciso aproximar-se de suas representações e significações imaginárias instituídas e instituintes.
Através do imaginário instituído, pode-se verificar as significações imaginárias determinadas pela sociedade em
relação à doença e à hospitalização. E através do imaginário instituinte, pode-se verificar a instauração do novo, as
novas imagens, as novas significações que o adolescente atribui a si, a doença, ao tratamento e a sua aceitação social,
sendo fortalecido pelo seu imaginário radical.
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Por isso, como afirma Gama (1999), “há necessidade de buscar conhecer o imaginário destes, em relação ao
seu futuro, uma vez que ele nos fornece subsídios para que possamos entender e conhecer as verdades construídas
sobre as quais não falam, muitas vezes por falta de estímulo e oportunidade” (p. 24).
Nosso investimento, como profissionais da área educacional, que se interfaceiam com profissionais da área da
saúde tem a intencionalidade de produzir para os dois territórios: o da saúde e o da educação – outras relações,
outra amorosidade para com o outro, outros conhecimentos e, outras formas de produzir outros conhecimentos que
produzam respostas mais prudentes para vidas mais decentes, aproveitando a proposição de Boaventura de Souza
Santos (2000), quando afirma a necessidade daquilo que produzimos na ciência voltar para quem interessa.
Palavras-chave: Imaginário social; Adolescência; Obesidade juvenil.
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