CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM PARA
ATENDIMENTO AO PACIENTE EM PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
O
Sabrina Nunes Garcia[1]
Vanessa Franciely Serighelli²
Valdete Alves da S. de Quadros³
INTRODUÇÃO: O atendimento a uma parada cardiorrespiratória (PCR) em um
ambiente hospitalar, ainda constitui um desafio para a equipe de enfermagem,
pois para que esse seja efetivo, são necessários o reconhecimento da PCR e o
início das manobras de reanimação o mais cedo possível, com a finalidade de
restabelecer os batimentos cardíacos, evitando lesão cerebral. Para tanto, é
necessária agilidade, sincronismo e coesão da equipe durante o atendimento.
Estima-se que as emergências relacionadas ao sistema cardiovascular estão entre
as doenças que mais acometem a sociedade hoje em dia, porém a ciência médica
vem evoluindo e ampliando medidas de prevenção e protocolos definidos na
tentativa de reverter esse quadro. Atualmente, dispõe-se de recursos tecnológicos
de qualidade que auxiliam nos atendimentos de situações emergenciais, e devido
a isso, a qualidade de vida do indivíduo pós PCR aumentou significativamente nos
últimos tempos. Segundo Smeltzer e Bare (2000), as principais metas do
tratamento da PCR são: preservar a vida e prevenir complicações, antes que
possa ser administrado tratamento mais definitivo, restituindo o paciente à vida
útil. Parada Cardiorrespiratória é definida como sendo a ausência da ventilação
espontânea e pulso em grandes artérias, que ocorrem concomitantemente num
mesmo
indivíduo.
Conforme
Oliveira¹
(2001),
aumentar
os
índices
de
sobrevivência às situações de PCR, sempre foi uma aspiração para a
humanidade, e para tanto, o tempo é um fator crítico nestes casos. OBJETIVOS:
Realizar
treinamento
para
o
atendimento
a
pacientes
em
parada
cardiorrespiratória para a equipe de enfermagem de hospital oncológico; Verificar
o conhecimento desses profissionais antes e após o treinamento; Elaborar um
fluxograma para o atendimento à PCR. METODOLOGIA: Esse estudo relata a
experiência dos procedimentos adotados para treinamento em PCR, onde foi
aplicado um instrumento de coleta de dados, antes para 25 profissionais da
enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem) e estagiários e
após o treinamento para 21 sujeitos, avaliando o seu conhecimento sobre o tema.
As aulas ministradas foram expositivas, utilizando-se de estratégias motivadoras e
dinâmicas para abordar os conteúdos teóricos e práticos referentes à identificação
da parada cardiorrespiratória e condutas preconizadas para uma reanimação
cardiorrespiratória adequada. Divididas em quatro blocos, tais aulas contaram com
alto grau de envolvimento e participação ativa de todos durante a simulação da
PCR/RCP em um boneco especifico para esse fim. Foi desenvolvido um
fluxograma, onde se demonstra a atuação de três profissionais de enfermagem no
atendimento ao paciente, pois verificamos que este é o número ideal para tal
ação, onde a primeira pessoa é a que diagnostica a PCR, solicita auxílio e não
abandona o paciente; a segunda é quem avisa a terceira, além de se
responsabilizar pelo prontuário, por avisar a enfermeira e o médico, pela
medicação e bandeja de entubação; e a terceira é a quem providencia o carrinho
de emergência e se dirige até o quarto, para que, junto com a primeira, coloquem
a tábua, iniciando assim o atendimento primário (MCE e ventilação) até a chegada
do médico. Assim que as três pessoas forem denominadas, inicia-se o A,B,C
secundário, com a respiração assistida (com a bolsa-máscara-valva) rapidamente,
e, posteriormente, a ventilação mecânica, administrando oxigênio suplementar,
com volume corrente de aproximadamente 10 ml/Kg em 2 segundos, até observar
expansão torácica bem definida. Também deve-se auxiliar na circulação,
realizando massagem cardíaca externa, com 30 compressões para 2 ventilações,
até que o débito cardíaco espontâneo se restabeleça e obter um acesso venoso
através do meio mais rápido possível iniciando monitorização cardíaca contínua. A
partir disto, inicia-se a administração das medicações padronizadas de acordo
com as normas da Ressuscitação Cardiopulmonar, as quais são utilizadas
concomitantemente e prescritas pelo médico responsável. RESULTADOS:
Percebeu-se que os profissionais sabem identificar os sinais e sintomas de uma
PCR,
sendo que 96,00% (pré-treinamento) e 100,00 % (pós-treinamento)
responderam pulso e respiração, e 56,00 % (pré-treinamento) e 95,24 % (póstreinamento) responderam nível de consciência. O diagnóstico clínico de PCR é
confirmado quando os seguintes sinais estão presentes: inconsciência, apnéia e
ausência de pulso em grandes artérias, sendo o sinal clínico mais importante à
ausência de pulso carotídeo. (FONSECA E BARTH, 2002). Observou-se também
que os profissionais de enfermagem conhecem a importância do desfibrilador no
atendimento a PCR, totalizando 56% no pré - treinamento e 95,24% no pós –
treinamento. No ambiente hospitalar, os profissionais previamente treinados
apresentam melhores condições de realizar o atendimento a PCR, incluindo a
utilização do desfibrilador nos casos de fibrilação ventricular. (OVALLE et al,
2005). Os profissionais atuavam ineficazmente na avaliação primária do paciente,
pois foi possível observar no pré-treinamento que somente 44 % sabiam a
seqüência correta do A, B, C primário, que deve ser realizado em todos os casos,
pois de acordo com a American Heart Association² (2002), cada fase da RCP,
compreende uma avaliação e uma intervenção, onde A significa vias aéreas, B:
respiração e C: circulação. Após o treinamento, observamos um aumento
significativo
neste percentual (95,24%) e
conseqüentemente um melhor
entendimento dos colaboradores. Observou-se que os resultados do pré e póstreinamento apresentaram-se diferentes devido a mudanças recentes no protocolo
de atendimento a PCR preconizado pela American Heart Association³ (2005), o
novo protocolo recomenda a seqüência de 30 compressões para duas ventilações,
visando minimizar os efeitos da hiperventilação e a interrupção das compressões
torácicas. Pode-se observar que antes dos treinamentos, a maioria dos
profissionais de enfermagem não se sentia preparada para atender uma PCR,
porém após o treinamento, esse percentual foi reduzido consideravelmente,
reforçando a necessidade de uma constante atualização dos mesmos, pois é
necessário agilidade para atuar em situações emergenciais de forma objetiva e
sincronizada com a equipe de saúde. (ASSUNÇÃO, 2005). CONCLUSÃO:
Percebeu-se que é possível planejar e desenvolver um trabalho junto aos
profissionais de enfermagem na sua rotina diária, bem como o uso de novas
tecnologias para agilizar e melhorar o atendimento. A capacitação constante dos
profissionais de enfermagem pode contribuir para a melhoria da qualidade da
assistência prestada ao paciente em Parada Cardiorrespiratória, visto que após a
realização dos treinamentos, observou-se um crescimento significativo, no que diz
respeito à agilidade e conhecimento dos mesmos em relação às ações que devem
ser realizadas durante a Reanimação Cardiopulmonar (RCP). Os objetivos foram
atingidos, permitindo que a pesquisa pudesse ser concluída com êxito e
contribuindo para a melhora das ações realizadas durante o atendimento ao
paciente em PCR, porém é imprescindível que todos os profissionais de
enfermagem estejam constantemente atualizados e preparados para atuar em
uma situação emergencial, e, para tanto, é necessário o investimento contínuo das
instituições nas educações em serviço, evitando complicações desnecessárias
durante a prática e procedimentos realizados erroneamente durante o atendimento
que podem levar a seqüelas e alterações irreversíveis.
PALAVRAS - CHAVE: Capacitação em serviço; Parada Cardiorrespiratória;
Reanimação Cardiopulmonar.
1 Enfermeira Assistencial e Especializanda em Enfermagem Oncológica, Hospital Erasto Gaertner, Curitiba PR. Endereço:
Trav. Frei Caneca, n 105, Ap 64 . Centro, Curitiba PR. CEP: 80.010-090. Email: [email protected].
2 Enfermeira Assistencial Hospital Universitário Cajuru, Curitiba PR.
3 Professora Adjunta da Universidade Tuiuti do Paraná. Mestre em Distúrbios da Comunicação pela Universidade Tuiuti do
Paraná. Enfermeira do Hospital de Clínicas da UFPR. [email protected]
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