HOSPITAL SÃO MARCOS
CLÍNICA DE GINECOLOGIA E MASTOLOGIA
Teresina - Piauí - Brasil
JORNAL DA MAMA
Publicação destinada a esclarecimento da comunidade
RECONSTRUÇÃO MAMÁRIA – INFORMAÇÕES ÀS PACIENTES
O que é a cirurgia para remover tumores da mama?
Quando a mama é acometida por um câncer o tratamento inicial é a remoção cirúrgica do
mesmo na maioria das vezes, depois o tratamento prossegue com quimioterapia,
radioterapia e hormonioterapia dependendo do estágio e tipo do câncer.
A cirurgia consiste na retirada completa da mama ou somente da porção mamária doente. O
que define o quanto deve ser removido é o tipo, localização e extensão do tumor e também
características da mama. Esta definição será decorrente da conversa entre o médico e sua
paciente.
O que é a cirurgia para reconstruir a mama operada para tratamento de câncer?
Na realidade existem várias técnicas cirúrgicas para corrigir deformidades resultantes de
cirurgias para tratar o câncer mamário, porém nem todas serão indicadas para um caso
específico. Cada mulher deverá discutir com o mastologista e com o cirurgião plástico as
características de sua doença, de suas mamas, suas preferências pessoais para que
possam escolher cada tratamento de modo individualizado, podemos comparar com a
confecção sob medida de um vestido. É fundamental que possa haver um entendimento o
mais claro possível da finalidade da cirurgia de reconstrução mamária, dos resultados
possíveis em relação à função e estética e também em relação ao prosseguimento do
tratamento. Devem ser bem esclarecidas as complicações que podem acontecer e que a
mama não será exatamente igual ao que era antes da cirurgia, nem será exatamente igual e
simétrica em relação à mama do outro lado. Devem saber que ficam cicatrizes e que podem
resultar diminuição e até perda de sensibilidade. Cirurgias adicionais podem ser necessárias
para tratar complicações ou para completar o plano de tratamento.
O objetivo da reconstrução da mama é permitir que a mulher sinta-se melhor em relação à
perda (parcial ou total) da mama e tenha melhor condição psicológica de enfrentar o
tratamento do câncer e retomar sua vida pessoal, profissional e sexual.
Qual o momento para reconstruir a mama?
A possibilidade de reconstruir a mama imediatamente após a cirurgia para remoção do
câncer deve ser sempre considerada. Somente em casos de existência de outras doenças
graves que impossibilitem ou aumentem muito o risco de se ter problemas na cirurgia ou
naqueles casos em que o câncer já está muito avançado é que não deve ser realizada a
reconstrução imediata. A opção de não reconstruir a mama não prejudica o tratamento do
câncer, não influi em melhorar ou piorar a resposta ao tratamento cirúrgico, quimioterapia,
radioterapia ou hormonioterapia. Será possível reconstruir em outra ocasião, após o término
de outros tratamentos que sejam necessários.
Quais as técnicas cirúrgicas que podem ser utilizadas?
Existem algumas técnicas cirúrgicas que podem ser feitas. A técnica indicada deve ser
individualizada para cada caso. Para facilitar o entendimento, quando a remoção total da
mama é necessária, ou seja, uma mastectomia, haverá necessidade de substituir maiores
quantidades de pele e volume mamário, portanto a reconstrução necessitará de retalhos de
pele e/ou músculo, e muitas vezes de próteses mamárias, para substituir a mama removida.
Nestes casos é possível utilizar tecidos do abdomen – retalho do músculo reto abdominal
transverso (TRAM) ou do dorso – retalho do músculo grande dorsal (GD) com ou sem
prótese e também utilizar prótese protegida pelo músculo peitoral. A necessidade de prótese
dependerá da necessidade de maiores volumes para que a mama reconstruída fique com
tamanho semelhante ao da mama do outro lado, portanto, em mulheres com mamas
maiores que fazem mastectomia ou se usa prótese para atingir um volume maior na mama
reconstruída ou se utiliza o retalho TRAM. Quando a remoção da mama não é total, ou seja,
é uma ressecção segmentar ou quadrantectomia podem ser usadas técnicas de plástica
mamária estética, adaptadas a cada caso específico, para obter um resultado esteticamente
mais agradável do que seria obtido caso não fosse realizada a reconstrução. É importante
discutir com o mastologista e o cirurgião plástico para planejar as possibilidades de cada
caso especificamente e entender as cicatrizes resultantes, as complicações possíveis e
poder escolher após entender os riscos e benefícios.
Quando utilizar próteses mamárias?
Nas situações em que a retirada do câncer reduz muito o volume mamário ou o removeu
completamente (mastectomia) e não existe o desejo de diminuir a outra mama e nos casos
em que existe benefício importante em remover a outra mama para reduzir risco de outro
câncer de mama, podem ser utilizadas reconstruções com próteses para substituir o volume
mamário. Estas próteses são semelhantes às utilizadas para plástica estética de aumento
mamário ou podem ser usadas próteses expansoras com finalidade específica para
reconstrução. A escolha da forma, tamanho e tipo da prótese deve ser discutida com o
cirurgião plástico.
Quais são as complicações possíveis?
Cirurgias onde não existam inflamações ou outras contaminações decorrentes de secreções
naturais do corpo humano (saliva, urina, líquidos digestivos ou fezes, etc) tem chance de
cerca 3 a 5% de infectar apesar de todos os cuidados, isto tem implicação maior na
presença de prótese porque quase sempre esta deverá ser removida para que a infecção
possa ser tratada adequadamente. As incisões cirúrgicas podem ter dificuldade para
cicatrizar e nestes casos as cicatrizes resultantes podem ser mais evidentes. É importante
salientar que em todo tipo de cirurgia ficam cicatrizes que serão mais ou menos perceptíveis
a depender das condições de cicatrização de cada organismo. Podem ocorrer necroses nos
retalhos que se manifestam como bolhas e manchas escuras que tendem a ulcerar. Nas
cirurgias com próteses podem ocorrer as contraturas que se manifestam como
endurecimento da prótese que passa a ter um aspecto não natural. A possibilidade destas
ocorrências, bem como de outras, deve ser discutida com o médico. Complicações como
sangramento podem ocorrer também, podendo ser necessária a reoperação no mesmo dia
da cirurgia. Outras complicações que podem ocorrer são: hematomas (acúmulo de sangue),
acúmulo de secreções (seroma), hérnias quando se utiliza a técnica do TRAM. Todas estas
complicações têm tratamento, e o cirurgião decidirá a melhor forma de tratamento
dependendo da apresentação clínica.
O risco de morte durante a cirurgia depende de vários fatores. Os principais são idade do
paciente, presença ou não de doenças (cardíacas, diabetes, etc) e gravidade das mesmas.
O tabagismo é uma condição que predispõe à necrose e dificuldades para cicatrização. Para
as pacientes classificadas como Risco I pelo cardiologista o risco é muito pequeno, no
entanto à medida que aumenta a classificação aumenta o risco de morte. Além disso,
existem as reações alérgicas inesperadas nos pacientes que não tem história prévia de
alergia. Para diminuir este risco uma avaliação pré-operatória é fundamental, o que inclui
exames e/ou avaliação do cardiologista, dependendo de cada caso.
Dra. Ana Lúcia Nascimento Araújo – CRM –PI 1804
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
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Março 2011.03 - RECONSTRUÇÃO MAMÁRIA