Queridos Leitores,
Presente! Aqui estamos.
Existirá algo mais importante que desvendar o significado
de nossas vidas, nosso lugar e papel num universo gigante,
onde a constante é o eterno vir a ser?
Enquanto no hemisfério norte a primavera mostra a
expansão das forças da vida, no hemisfério sul a natureza
outonal em seu movimento de contração dessas mesmas
forças cria o ambiente propício para a reflexão, para a
busca de respostas para essas indagações. Indagações
que esta Época de Páscoa levanta.
Esperamos que os textos e trabalhos artísticos que
compõem esta edição, sirvam de inspiração, sobretudo os
pensamentos dos nossos alunos que, em sua
espontaneidade jovial, conduzem-nos à sabedoria inata do
nosso ser que pede que nos movimentemos.
Com a palavra, Maria Eduarda, nossa aluna do 9º ano:
"Cada meta que traçamos, sempre buscará
um objetivo e encontrará obstáculos. Se mantivermos
o foco, conseguiremos alcançar mais fácil e
rapidamente o que almejamos.
Não é à toa que estamos no mundo. Aqui estamos
com uma missão. E se não sabemos qual é, devemos tentar
ser uma pessoa melhor para a sociedade, para o mundo;
tentar ser ao menos alguém mais humano, como as
crianças. Quando somos pequenos, não entendemos tudo,
sabemos muito pouco, quase nada. Crianças são puras,
espontâneas.
A cada segundo que passa, a cada criança que
nasce, o mundo muda. Mas percebemos que as coisas vão
de mal a pior, pois para cada coisa boa que acontece, duas
são ruins. Até onde isso vai? Quando o mundo vai parar
para perceber as consequências de cada atitude nossa? É
por isso que temos de trabalhar juntos para que o mundo
evolua. Para melhor. Sempre!
A Páscoa é uma época para pensarmos em tudo
isso. Será que estamos fazendo as coisas certas? De que
lado estamos, o que queremos? A época da Páscoa
representa uma oportunidade de renascimento. Então
vamos repensar nossas atitudes e ver se é isso que
queremos para nós, para o futuro, para o mundo."
Recebam este Presente! Que oferecemos carinhosamente
para vocês.
Ana Maria
Alissandra, Edson, Cida, Angela, Antoniely, Célia, Milca, Laura,
Otamari e Larissa.
Alunos do 3º, 6º, 9º, 10º, 11º e 12º anos.
Arte da Capa: Milca
Elaboração e Editoração: Ana Maria
Colaboração: Clotilde
Diagramação: Lieber Faiad
As festas anuais são um acontecimento importante na vida e
no ritmo da criança e mesmo do adulto. Se tentarmos lembrar de
nossa infância, elas parecem pequenas pedras preciosas. A
civilização moderna, tão consumista, incentiva apenas o lado
comercial dessas festas. Mas elas têm um profundo sentimento
espiritual; são marcos importantes no ritmo do ano com suas quatro
estações e desempenham um importante papel na biografia e na
saúde do ser humano.
A Páscoa em si simboliza a ressurreição, mas
também expressa outros significados. O
renascimento, a metamorfose, o crescimento. É o
momento que temos, para refletir sobre nossa
verdadeira função nesta vida terrena.
É nesses momentos que a Páscoa me
proporciona que paro, reflito, e crio metas a fim de
renascer e melhorar enquanto pessoa.
Camila 9º ano
Resgatar o sentido das imagens e costumes que
acompanham as festas anuais, tem um grande efeito sanador.
Usando-os conscientemente, isto é, sabendo-se o que está
representado nesses costumes e simbologias, podemos dar
novamente um verdadeiro sentido espiritual às festas, e nos
beneficiarmos com o resgate do ritmo anual trazido por elas e todo o
significado da manifestação de vida contido ali. Apercebemo-nos
assim, da importância do ritmo, de estarmos conscientes da
dimensão Tempo, de exercitarmos a liberdade de escolha no
momento presente, sem sermos prisioneiros do passado nem
escravos do futuro.
Quando Jesus de sua mãe se afastou
e a Semana Sagrada começou,
Maria, com grande dor no coração, desolada, ao
filho perguntou:
-Ai Filho, meu Jesus amado, que será de ti no
domingo sagrado?
- No domingo serei um rei aplaudido com ramos e flores
recebido.
- Ai filho, meu Jesus amado, que será de ti no Segundo
dia sagrado?
- No segundo um viandante serei e nenhum abrigo
encontrarei.
-Ai filho, meu Jesus amado, que será de ti no terceiro dia
sagrado?
- Como profeta, irei anunciar que Céu e Terra irão acabar.
-Ai filho, meu Jesus amado, que será de ti no quarto dia
sagrado?
- Pequeno e pobre serei no quarto, vendido por 30
moedas de prata.
-Ai Filho, meu Jesus amado, que será de ti no
quinto dia sagrado?
- No quinto dia sagrado, serei Cordeiro
sacrificado.
-Ai filho, meu Jesus amado, que será de ti no
sexto dia sagrado?
-Quanto desejo, mãe amada, que este dia te seja
ocultado!
-Ai filho, meu Jesus amado, que será de ti no
sábado sagrado?
- No sábado, um grão de trigo serei e com nova
vida voltarei.
E no domingo, mãe amada, dia feliz será, pois o
filho ressuscitará carregando a flâmula na cruz
da glória e eterna luz.
A semana santa com os seus acontecimentos nos revela o
caminho do auto desenvolvimento do Eu humano. Desde o
Domingo de Ramos, numa imagem de humildade, somos levados
pelas demais imagens dos dias seguintes da via sacra, a nos
orientarmos àquilo que se faz necessário transformar em nossas
vidas, a encontrarmos o Impulso Crístico e com ele trilharmos o
caminho do meio, sem cairmos nas polaridades.
Realmente, mudança é complicado! Todo
mundo começa a gritar. O patrão, os
namorados, os pais, até as suas células estão se
afastando em busca daquela velha e boa
sensação. Basta deixar de lado a caixa de ferramentas
e se atirar em algum sofá confortável. Ou não. Diz o doutor
Joe Dispenza:
As pessoas precisam fazer essa escolha por si
mesmas. A maioria fica feliz com a vida como ela é, vendo
televisão e tendo um emprego padrão. Ou estão hipnotizados
para pensar que isso é normal. Para quem tem um anseio
diferente dentro de si e está claramente interessado em algo
mais, basta um pouco de conhecimento como possibilidade e
aceitá-lo muitas vezes; mais cedo ou mais tarde começará a
aplicá-lo.
Agora, para alguns isso pode levar cinco minutos,
enquanto para outros dar o primeiro passo pode requerer
muito esforço, porque eles precisam compará-lo a tudo o que
conhecem e isso está vinculado à maneira como a vida deles
é no momento, com todos os acordos feitos, todos os
relacionamentos. E dar o primeiro passo significa avaliar
como isso será percebido, dar um passo na direção contrária
a tudo o que sabem, e há uma batalha entre esses dois
elementos. Mas, uma vez que nos autorizemos a sair do
convencional, há um sentimento claro de alívio e de alegria.
Stuart Hameroff
“Lembre-se que, querendo ou não, todos nós modificamos o mundo a cada
momento. Nossas atitudes, nosso estado de espírito, têm enorme influência, porque
estamos profundamente ligados uns aos outros. Trabalhar a consciência é uma tarefa
contínua e a mais importante de todas. O estado de amor é o supremo ato criador.”
Ram Dass
Hábito é o que move o ser humano, fazendo dos seus dias, rotinas monótonas ou
excitantes. Pode ser tanto benéfico como maléfico, dependendo de como está inserido em
nossa vida. Esses costumes, geralmente são adquiridos em nossa infância, onde
aprendemos quase tudo por imitação, seja dos pais, tios, etc.
Acredito que o hábito é bom quando é vivido de maneira consciente, pois nós
sabemos quais hábitos são interessantes para o nosso cotidiano, isto é, quando estamos
conscientes e atentos a tudo em nosso redor, e não viver sem estar vivendo.
Mudanças ocorrerão sempre, porque é algo saudável às pessoas e ao mundo,
mas elas estarão diretamente ligadas aos nossos hábitos, porque de acordo com o que
fazemos, teremos alterações proporcionais às nossas ações.
Realmente, não podemos mudar o mundo ou outras pessoas. Por mais que
tentemos não será possível, porque a única pessoa que nós podemos mudar, somos nós
mesmos. Sabendo disso, cada indivíduo poderá mudar a si, e talvez mostrar a outros que
isso é viável e está na mão de cada um.
Marco Túlio 11º ano
Quando o astro rei me toca a face, procuro escutar seu canto, portado pelos
passarinhos. Certa vez, entendi cada nota que me vinha, era o canto da promessa de
despertar para um dia novinho.
A cada Páscoa, assim como a cada dia, quando nos é dada a oportunidade de
renascer, desperto!
Camila V. 11º ano
Todos os dias vemos problemas e mais problemas. Precisamos enxergar o porquê
e apontar soluções para eles.
É preciso ter coragem para ser diferente, porque, afinal de contas, se estamos
dispostos a mudar, não podemos nos igualar aos outros, que têm medo de dizer o que
pensam.
Espero realmente que eu possa despertar para uma nova vida, que eu possa
crescer com meus erros, e o mais importante e belo de tudo, levar esse “despertar” a outras
pessoas que ainda dormem um sono profundo dentro do casulo, e não imaginam que
podem se tornar uma borboleta e voar, levando vida por onde passar.
Aline Martins 11º ano
Páscoa! Época boa para refletir sobre nossa convivência, sobre nossas
ações. Tempo de celebrarmos a vida, de compartilhar, de transmitir bons
pensamentos, dividir amor e repensar nossos objetivos. Tempo de nos reformarmos e
manter o foco.
Iara Piasechi 12º ano
Existem dois caminhos: o mais fácil e o mais difícil.
O caminho mais fácil, nem sempre é o melhor!
Tudo que conseguimos com esforço, amor, objetivo e esperança vai ser
melhor e bem sucedido.
Gabriel Freitas 10º ano
Hoje em dia, vivemos em um mundo onde as pessoas só olham para o próprio
caminho, sem querer saber o que está e o que vem pela frente, no decorrer da vida. O
egoísmo faz com que os indivíduos passem por cima de qualquer coisa, até das leis.
Muitas vezes, optamos pelo caminho mais fácil, sem saber se o final vai ser feliz
depois que tudo acontecer. E então, lamentamos o tempo perdido.
Agora eu te pergunto: que profissionais estão se formando hoje em dia?
Alguns incapazes de atender à sociedade. Me sinto de mãos atadas diante de
situações assim. Faço a minha parte, espero que o mundo melhore a cada dia, para
que os meus filhos não passem pelo que estou passando.
Amanhã ou depois, vamos olhar para trás e veremos que a mudança de
postura move o futuro. Lembre-se que gente muda o mundo na mudança da mente.
Yahn Ricardo 11º ano
Em nossa vida, cada um tem uma missão. Então temos que ter determinação
para trilhar os caminhos e vencer os obstáculos. E nessa passagem, devemos estar
com a mente e o coração abertos para permitirmo-nos crescer e evoluir.
Maíra Akari Nouchi 10º ano
Quando nascemos nos é concedida uma missão, um papel que devemos
cumprir na Terra. Ter um objetivo, é essencial para que possamos cumpri-la, porém
devemos cuidar para que esse nosso objetivo não seja egocêntrico, para que ele vise
não só o nosso bem, mas o do próximo também.
Sara 9º ano
Para alcançar nossos objetivos, não podemos nos distrair, não
podemos nos desviar. Se temos uma missão, vamos segui-la, mantendo
sempre o foco. O ovo, na história, O Verdadeiro Coelho da Pácoa, simboliza a
alegria, o conforto e a paz que é dada às crianças. Aprendemos com os erros,
sendo eles cometidos por nós, ou não. Temos que ser confiantes e corajosos,
para conquistar nossa meta e, assim, compartilharmos a felicidade com as
pessoas.
Raquel 9º ano
Esta data do ano é muito especial.
Há muitos assuntos que me fazem refletir. A ganância, o ajudar ao
próximo. Essa pressa com que a Humanidade vive hoje em dia. Filhos
estudando, pais trabalhando, colocando-os em muitas atividades,
prejudicando assim a relação entre pais e filhos, a família.
Julia Freitas 9º ano
A semente da verdade repousa no amor; a raiz do
amor, procura-a na verdade – assim fala teu próprio ser
superior.
O ardor do fogo transforma a lenha em feixe de calor,
e a vontade redentora do saber, a obra em energia.
Tua obra seja a sombra que teu eu projetará quando
for iluminado pela chama do teu próprio ser superior.
Rudolf Steiner
Quando o capim viu que tinha recebido tão belas espigas, deixou,
em agradecimento, brotar em cada grão uma pequena irradiação, de
maneira que as espigas pareciam cheias de pequenos sóis. Os grãos
cresceram, cresceram e ficaram tão pesados que as espigas se inclinaram
para a terra, dizendo-lhe: "Querida terra, o céu nos deu a luz e você nos
deu a matéria. Em agradecimento enviamos nossas irradiações ao céu e
inclinamos nossos grãos para você". Disse então a terra:" Vocês agora
estão contentes por estarem assim carregadas de grãos, mas ainda terão
que sofrer muito. Não desanimem, pois no fim ficarão brancas como a luz
celeste e receberão um novo corpo, redondo e marron como uma pequena
terra". As espigas ouviram atentamente as palavras da terra.
Então chegou o lavrador e ceifou as espigas. Malhou o trigo tanto
que os grãos saltaram de suas cascas."Este é o sofrimento de que a terra
falou", pensaram as espigas. "Isto tem que acontecer para ficarmos
brancas como a luz e redondas e marrons como a terra".
Depois de terem sido malhados os grãos foram colocados em
sacos. Ali dentro estava apertado e escuro. O lavrador pegou o saco nas
costas e o levou para o moinho. A cada passo que dava, os grãos ralavamse e desejavam sair daquele saco escuro. "Aqui está tão apertado e
escuro", queixavam-se.
Depois o saco foi aberto e os grãos pularam para fora. Mas não
alcançaram a luz. Foram, sim, para um funil ainda mais escuro. No
moinho, o trigo foi moído e perdeu sua própria forma. Mas continuavam
a lembrar-se do que a terra lhes dissera e, por isso, suportava tudo.
Assim, o trigo foi transformado em farinha, branca como a luz celestial.
Em seguida, a mulher do lavrador tomou a farinha e misturou-a
com água, fermento e sal, e da massa formou um pão redondo. Levou-o
ao forno, onde ele criou uma crosta firme e ficou parecendo uma
pequena terra, redondo e marrom.
E assim cumpriu-se o que a terra prometera ao trigo quando este
ainda estava no campo.
No coração da África, havia uma extensa planície. E no centro
dessa planície, erguia-se uma alta e frondosa árvore.
Um dia, embaixo do sol escaldante do meio dia africano, corria pela
planície um coelhinho, que, exausto, suado, quando viu a Grande Árvore,
correu a abrigar-se à sua sombra. E ali, protegido por ela, ele se sentiu tão
bem, tão reconfortado, que olhando para cima não pôde deixar de dizer:
- Que sombra acolhedora e amiga você tem! Muito obrigado!
A Grande Árvore, que não costumava receber palavras de
agradecimento, ficou tão reconhecida, que fez balançar os seus galhos e
tremular suas folhinhas, como uma dança de alegria.
O coelhinho, percebendo a reação da árvore, quis aproveitar-se um
pouquinho da situação e disse assim:
- É verdade, realmente sua sombra é muito boa... mas e esses seus
frutos que eu estou vendo lá em cima? Não me parecem assim grande
coisa...
A Grande Árvore, picada em seu amor próprio, caiu na armadilha. E
soltou, lá de cima de seus galhos, um belo e redondo fruto, que rolou pelo
capim, perto do coelhinho. Este, mais do que depressa, farejou o fruto e o
devorou, pois ele era delicioso. Saciado, voltou para a sombra da árvore,
agradecendo:
- Que doce e suculento fruto, Grande Árvore! Muito Obrigado!
Orgulhosa de si, a Grande Árvore, novamente fez tremer seus
galhos e folhas, em sinal de alegria. Então o coelho, que era muito
brincalhão, resolveu continuar a brincadeira e disse assim:
- Bem, sua sombra é muito boa, seu fruto também é da melhor
qualidade. Mas... e o seu coração, Grande Árvore? Será ele doce como
seu fruto ou duro e seco como sua casca?
A Grande Árvore, ouvindo aquilo, deixou-se invadir por uma
emoção que há muito tempo não sentia. Mostrar o seu coração? Ah...
como ela queria... Mas era tão difícil... Por outro lado, o coelhinho havia se
mostrado tão terno, tão amigo... E assim, hesitante, hesitando, a Grande
Árvore foi lentamente se abrindo, até formar uma fenda, por onde o coelho
pôde ver, extasiado, um tesouro de moedas, pedras e jóias preciosas, um
tesouro magnífico, que a Grande Árvore ofereceu a seu amigo.
Maravilhado, o coelho pegou algumas jóias e saiu agradecendo:
- Muito obrigado, bela árvore! Jamais vou esquecê-la!
E chegando à sua casa, encontrou sua esposa, a coelha, a quem
presenteou com as jóias. A coelha, mais que depressa, enfeitou-se toda
com anéis, colares e braceletes e saiu para se exibir para suas amigas. A
primeira que ela encontrou foi a hiena, que, assaltada pela inveja, quis logo
saber onde ela havia conseguido jóias tão faiscantes. A coelha lhe disse
que nada sabia, mas que fosse falar com seu marido. A hiena não perdeu
tempo: foi ter com o coelho, que lhe contou o que havia acontecido.
No dia seguinte, exatamente ao meio-dia, corria a hiena pela
planície e repetia passo a passo tudo o que o coelho lhe havia contado. Foi
deitar-se à sombra da Grande Árvore, elogiou-lhe a sombra, pediu-lhe um
fruto, elogiou-lhe o fruto e finalmente pediu para ver-lhe o coração.
A Grande Árvore, a quem o coelhinho na véspera havia tornado
mais confiante e mais generosa, dessa vez nem hesitou. Foi abrindo seu
tronco, foi abrindo bem devagarzinho, saboreando cada minutinho de
entrega. Mas a hiena, impaciente, pulou com suas garras no tronco da
árvore, gritando:
- Abra logo esse coração, eu não aguento esperar! Ande! Eu quero
todo esse tesouro para mim, eu quero tudo, entendeu?!
A Grande Árvore, apavorada, fechou imediatamente seu tronco,
deixando a hiena de fora a uivar desesperada, sem conseguir pegar
nenhuma jóia. E por mais que ela arranhasse a árvore, ela nada
conseguiu.
A partir desse dia é que a hiena ganhou o costume de vasculhar as
entranhas dos animais mortos, pensando encontrar ali algum tesouro. Mal
sabe ela que esse tesouro só existe enquanto o coração é vivo e bate forte.
Quanto a Grande Árvore, nunca mais ela se abriu. A ferida que ela
sofreu é invisível mas dificilmente curável. O coração dos homens se
parece muito com o da Grande Árvore. Por quê se abre tão medrosamente
quando ele se abre? Por quê, às vezes, ele nem se abre? De que hiena ela
se recorda?
Veja os desenhos no nosso site.
A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Fernando Pessoa
“A criança olha tudo e todos com profundo interesse e confiança
incondicional; são abertas, honestas, sempre perdoam, são livres.
Brincam com muita seriedade e empenho sem querer saber o quanto
podem ganhar com o que estão fazendo. São espontâneas, puras. E
muito do sofrimento da Terra acontece, hoje, pela falta dessas
qualidades da criança em nós.
Quanto mais um adulto, conscientemente, mantém vivas dentro
de si as qualidades da criança, mais ele será verdadeiramente
humano”.
Michaela Gloecker
Isadora, brincando no tanque de areia, enterra os pés de Luciana.
Vendo que a areia já está no joelho, vira-se para o amiguinho
Henrique e diz:
- Olha, Henrique, eu plantei a tia Lu igual à
árvore.
Ele olha assustado para a Luciana e pergunta:
- Vai nascer fruta?
No castelinho do jardim II-Vesp., a professora
Angela cantava, na Roda do Dia, com as
crianças.
Se esta rua, se esta rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes
Pra meu pai e a mamãe poder passar.
O Lorenzo perguntou:
- Mas pode passar de carro?
Conta a professora:
Matheus não diz Jardim I, II e III. Refere-se ao
castelinho como sala I, sala II e sala III.
Um amiguinho perguntou a ele:
- Onde está o Thiago?
Ele respondeu:
- Está na sala 4!
(O Thiago está no 1º ano do Ensino
Fundamental)
Miguel Cassemiro do Jd. I Matutino, após fazer seu
desenho, levantou-se da cadeira e dirigiu-se até o
cantinho de época, com o desenho nas mãos. Foi
conversar com o coelhinho e mostrar o desenho para ele. A conversa
foi bem animada, disse a professora Antoniely.
Henrique Teixeira, conversando com Luciana, auxiliar do Jardim:
- Tia, olha o meu short do Vasco!
- Sim, eu vi. Então, você é vascaíno, Henrique?
- Eu sou!
- E o papai também é vascaíno?
- Não, tia, o papai é dentista!
A professora Angela do Jardim II vespertino chama o Luiz Neto e
pergunta:
- Luiz Neto, o papai é médico?
E ele responde:
- Não.
- O papai é o quê?
- Papai, ué!!!
Perguntei pra minha mãe: "Mãe, onde é que ocê nasceu?"
Ela então me respondeu que nasceu em Curitiba
Mas que sua mãe que é minha avó
Era filha de um gaúcho que gostava de churrasco
E andava de bombacha e trabalhava no rancho
E um dia bem cedinho foi caçar atrás do morro
Quando ouviu alguém gritando: "Socorro, socorro!"
Era uma voz de mulher
Então o meu bisavô, um gaúcho destemido
Foi correndo, galopando, imaginando o inimigo
E chegando no ranchinho, já entrou de supetão
Derrubando tudo em volta, com o seu facão na mão
Para o alívio da donzela, que apontava estupefata,
Para o saco de batata, onde havia uma barata
E ele então se apaixonou
E marcaram casamento com churrasco e chimarrão
E tiveram seus três filhos, minha avó e seus irmãos
E eu fico imaginando, fico mesmo intrigado
Se não fosse uma barata ninguém teria gritado
Meu bisavô nada ouviria e seguiria na caçada
Eu não teria bisavô, bisavó, avô, avó, pai, mãe, não teria nada
Nem sequer existiria
Perguntei para o meu pai: "Pai, onde é que ocê nasceu?"
Ele então me respondeu que nasceu lá em Recife
Mas seu pai que é o meu avô
Era filho de um baiano que viajava no sertão
E vendia coisas como roupa, panela e sabão
E que um dia foi caçado pelo bando do Lampião
Que achava que ele era da polícia um espião
E se fez a confusão
E amarraram ele num pau pra matar depois do almoço
E ele então desesperado gritava: "Socorro!"
E uma moça apareceu bem no último instante
E gritou pra aquele bando: "Esse rapaz é comerciante!"
E com muita habilidade ela desfez a confusão
E ele então deu-lhe um presente, um vestido de algodão
E ela então se apaixonou
Se aquela moça esperta não tivesse ali passado
Ou se não se apaixonasse por aquele condenado
Eu não teria bisavô, nem bisavó, nem avô, nem avó, nem pai pra
casar com a minha mãe
Então eu não contaria essa história familiar
Pois eu nem existiria pra poder cantar
Nem pra tocar violão
"Minha infância foi uma infância feliz. Vivi anos de pobreza. Mas não tenho
desses anos nem uma memória triste. As crianças ficam felizes com pouca coisa. Não era
preciso dizer os nomes dos deuses nem eu os sabia. O sagrado aparecia, sem nome, no
capim, nos pássaros, nos riachos, na chuva, nas árvores, nas nuvens, nos animais. Isso
me dava alegria! Como no paraíso... No paraíso não havia templos. Deus andava pelo
jardim, extasiado, dizendo: “Como é belo! Como é belo!” A beleza é a face visível de Deus.
Menino, o mundo me era divino e sem deuses. Talvez seja essa a razão por que Jesus
disse que era preciso que nos tornássemos crianças de novo, para ver o paraíso
espalhado pela Terra."
Rubem Alves
"Meu pai era uma criança. As crianças verdadeiramente crianças ficam felizes por
qualquer coisa. E isso porque elas possuem o poder mágico de transformar aquilo que é
nada em algo que é muito. Pelo poder da imaginação um cabo de vassoura se transforma
em um cavalo e uma caixa de sapato vazia, amarrada a um barbante, é um carrinho. Pois
assim era meu pai: ele sabia transformar nadas em coisas boas."
Rubem Alves
No livro O Profeta, Kahlil Gibran destaca a preciosa
responsabilidade da tarefa de ser Pais.
"E uma mulher que apertava o filho pequeno contra o peito
disse: “Fale-nos dos FILHOS.”
E ele disse:
“Seus filhos não são seus filhos.
Mas sim filhos e filhas do anseio da Vida por si mesma.
Eles vêm por meio de vocês, mas não provêm de vocês,
E embora estejam com vocês, não lhes pertencem.
Vocês podem lhes dar seu amor, mas não seus
pensamentos,
Pois eles têm pensamentos próprios.
Podem abrigar seus corpos, mas não suas almas,
Pois as almas deles residem na morada do amanhã, que
vocês não podem visitar nem mesmo em sonhos.
Vocês podem se esforçar por ser como eles, mas não
busquem moldá-los à sua própria imagem.
Pois a vida não retrocede, nem se demora no ontem.
Vocês são o arco dos quais seus filhos são lançados como
flechas vivas.
O Arqueiro divisa o alvo na trilha do infinito, e retesa o arco
por seu poder para que Suas flechas possam seguir rápidas e
voar longe.
Que vocês cedam de bom grado à mão do Arqueiro;
Pois da mesma forma que Ele ama a flecha que voa, ama
também o arco que fica.”
Reconhecer o potencial que reside em cada ser humano.
Incentivar. Confiar. Eis o impulso para grandes realizações.
Era uma tarde nublada e fria. Duas crianças patinavam sobre um
lago congelado, brincando sem preocupações. De repente, o gelo se
quebrou, e uma delas caiu na água gelada, ficando presa debaixo da
camada de gelo. A outra criança, vendo que a companheira se afogava,
pegou uma pedra e começou a golpear com todas as suas forças a
superfície do lago, conseguindo assim quebrar o gelo e salvar sua
amiga.
Quando os bombeiros chegaram e perceberam o que havia
acontecido, perguntaram impressionados à criança como ela havia
conseguido quebrar o gelo com aquela pedra, sendo suas mãos tão
pequenas. Para eles era impossível um criança ter força para fazer
aquilo sozinha.
Nesse instante, um senhor, que de longe havia presenciado toda
a cena, apareceu e disse:
- Eu sei como foi que ela conseguiu.
Todos perguntaram:
- Como?
E o homem respondeu:
- Não havia ninguém ao seu lado para lhe dizer que não era
capaz.
Aprender a nadar, por exemplo, não é o máximo? Mas é
difícil também... Que o digam minhas pimpolhas, nossas mãos
entrelaçadas, enquanto observávamos do lado de fora da
piscina as outras crianças que se lançavam nessa aventura. A
aula durava 45 minutos. Foi só nos últimos dois ou três que
Laura e Rachel conseguiram a coragem necessária para
enfrentar esse novo começo: elas foram para a água, meu
coração seguiu para a boca; a vida ficou maior.
Sim, porque ao enfrentar dificuldades, ao dar o primeiro
passo de uma história, alargamos os espaços que temos para
nos movimentar. E isso vale para meninas de 3 anos e moçoilas
de 20, 30, 40, 50, 60... É por esse motivo que gosto tanto da
resiliência – palavra que a gente usa pouco, mas que indica a
tão necessária capacidade de ir em frente sempre, mesmo
quando levamos rasteiras.
Lucia Barros
Com o passar dos anos, a humanidade foi mudando seus valores,
suas ações e, principalmente, o jeito de pensar. As mudanças surgiram com o
intuito de melhorar e auxiliar nossas vidas. Por exemplo, a evolução da
medicina, da tecnologia, das ciências em geral, foram e são importantes para
a sobrevivência do homem atual, proporcionado uma independência.
As transformações não ocorreram somente nesse meio, nossos
pensamentos também mudaram. A “ganância do capitalismo” está em
considerável aumento, e isso interfere diretamente em nossos valores.
Estamos nos tornando seres egoístas, desrespeitosos mal educados.
Percebemos isso nas escolas, na relação do aluno e professor, nas ruas, nos
lixos que nelas estão, no trânsito, no governo, em todos os lugares por nós
habitados.
A importância que estamos dando aos bens materiais, é maior do que
a da educação do respeito, do compartilhamento, da doação. Esses valores
que complementam o Ser Humano, não estão sendo implantados na nossa
evolução.
O homem pensa, o que pensa é o que sente, então age, e a ação
mostra quem ele é, o caráter. Devemos entender essa relação para tomar as
decisões corretas. Só assim seremos completos e equilibrados.
Iara 11º ano
Precisamos prestar atenção no fato de que temos, hoje em dia
uma cultura diferente de antes. No passado, por sinal não muito distante
os jovens tinham o dever de serem bons alunos na escola. Hoje, mesmo
tendo esse dever, muitos preferem a comodidade.
Um bom exemplo que posso citar, são os pais desses jovens: há
quase cinqüenta (50) anos atrás, as crianças eram extremamente
educadas, escreviam de forma polida, conversavam de modo adequado.
Hoje, crianças e jovens se comportam de maneira leviana; desrespeitam
professores, pais e amigos, fazem bagunça e não deixam os pais
imporem limites.
Os valores que recebemos, agora, devem ser passados aos
nossos filhos, que por sua vez, passarão aos que lhes sucederem.
Quando digo valores, não estou querendo dizer bens materiais, estou
citando bens morais, como: dedicação aos estudos, ser leal, fiel e
verdadeiro, etc.
Portanto, crianças e jovens, sejam esforçados. Pelo bem de
vocês, do futuro e consequentemente, do mundo.
Ana Flávia 11º ano
Bem, vivemos de acordo com as histórias que a ciência cria,
e ela nos contou uma história muito sem graça durante os últimos
quatrocentos anos. Contou que somos uma espécie de erro
genético. Que nossos genes se limitam a nos utilizar basicamente
para avançar à próxima geração, e que nossas mutações são
aleatórias. Foi dito que estamos fora do universo; estamos
sozinhos, somos um caso isolado. Somos uma espécie de erro
solitário, em um planeta solitário, em universo solitário. E isso é a
base de nossa visão de mundo. Isso forma nossa visão de nós
mesmos e agora estamos percebendo que ela, essa visão de
separação, é extremamente destrutiva. É o que cria tudo; todos
os problemas no mundo, as guerras, a idéia de que eu preciso
de mais do que você, a agressividade em tudo, dos negócios à
sala de aula. E agora estamos percebendo que esse
paradigma está errado, que não estamos sós. Estamos todos
juntos. No elemento mais infinitesimal de nosso ser, todos
somos um; estamos conectados. A s s i m , e s t a m o s
tentando entender e absorver as implicações disso.
Lynne McTaggart
Estamos todos conectados. Estamos emaranhados. E não
existe separação entre nós, o que fazemos uns aos outros também
atinge um aspecto do nosso Eu. Nenhum de nós é inocente nesse
sentido. Existe algo lá fora de que não gostamos, e não podemos virar
as costas para isso porque somos co-criadores, de uma forma ou de
outra. E temos de fazer o que é certo para alcançar o melhor futuro para
todos. Essa é a nossa responsabilidade como co-criadores. E, no
processo, seja qual for o papel que assumamos – de políticos, de
teólogos, de cientistas, de médicos ou qualquer outro –, todos podemos
contribuir para levá-la além, usando o máximo de nossas habilidades e
fazendo o que acreditamos ser o melhor. Isso requer que meditemos
profundamente sobre cada coisa. Refletir e agir, reconhecendo que os
outros são nosso irmãos e irmãs, e que tudo é um assunto de família. É
isso.
William Tiller, Ph.D.
Em 1989, assumimos o papel de co-autores da transformação
necessária, na área da Educação formal, oferecendo nosso trabalho,
pautado na Ciência e Arte, em prol de um mundo mais humano, um
mundo melhor:
Art. 4º. - A Escola Livre Porto Cuiabá é fundamentada na “Arte de
Educar”- Pedagogia Waldorf, de Rudolf Steiner, comprometida,
portanto, com os objetivos da Antroposofia. Pretende despertar e
cultivar no homem, além da ciência, da inteligência e da
autoconsciência, o Amor como fundamento de um maior respeito, de
um interesse no outro e de uma ajuda social ativa.
Art. 5º. - A filosofia da Escola Livre Porto Cuiabá se explicita com
os seguintes delineamentos:
a) - o HOMEM, obra prima da Criação na Terra, ser dotado de corpo,
alma e espírito, necessita de respeitar e ser respeitado no seu
desenvolvimento natural, parra que possa fluir na plenitude de suas
potencialidades;
b) - como parte integrante do Universo, submetido às mesmas leis que o
regem, o Homem é um constante vir a ser, capaz, portanto, de evoluir,
transformando, impulsionando positivamente o mundo ao seu redor;
c) - a PESSOA é o centro do processo educativo e o currículo,
metodologia e didática, são meios de propiciar um desenvolvimento
saudável para crianças e jovens, onde a informação acontece de forma
ampla, carregada de vida, dada a imagem de Homem e de mundo que
permeiam a Pedagogia;
d) - o processo de aprendizagem cultiva o equilíbrio do Pensar, Sentir e
Querer humanos, evitando todo e qualquer processo unilateralizante,
optando pela aquisição de conceitos móveis, passíveis de evolução,
contextualizados, artisticamente compartilhados;
e) - a Escola tem a responsabilidade de fortalecer o aluno para a
construção do seu destino e, consequentemente, o da Humanidade,
como pessoa harmonizada, que está em paz consigo mesma, que olha
o mundo de frente, é forte e é feliz
Um dia, Camila Yáscara, do 11º ano, com um brilho de
descoberta nos olhos, me disse:
- Ana, quero que você leia este pensamento que encontrei:
“Imagine que o Universo é uma imensa máquina giratória. Você quer ficar perto
do centro da máquina, e não nas extremidades, onde os giros são mais violentos, onde
você pode se assustar e enlouquecer. O eixo da calma fica no seu coração. É ai que
Deus reside dentro de você. Então, pare de procurar respostas no mundo.
Simplesmente retorne a esse centro, e sempre vai encontrar a paz.”
E este, Camila, é para você:
“Quem escolhe o centro como morada abarca, com um simples olhar, tudo que está a
seu redor”
Angelus Silésius
Enquanto os primórdios da atividade geométrica
do homem são encontrados nas velhas civilizações
egípicias, é só nos gregos que a geometria alcança
o níveil de ciência, graças a Pitágoras e a Platão. Foi
também na Grécia que a música chegou a ser uma
verdadeira arte: deixou de ser apenas um meio de
expressão emocional e um elemento cúltico
destinado a provocar êxtase, formas musicais que se
encontram em quase todos os povos em todas as épocas.
Vemos a música ser cultivada pelos gregos por motivos
inerentes a ela própria; ela passou a ser sujeita a princípios formais
tais que recebeu de pronto uma teoria bastante elaborada. Esse
desenvolvimento fez com que o homem se tornasse na Grécia, pela
primeira vez, atento às relações íntimas entre esses campos tão
diferentes da atividade humana. Um exame mais cuidadoso
mostrar-nos-á que a geometria teve sua origem na música.
Não somente a geometria e a música, mas também
a aritmética e a mecânica apontam para aquela
imagem comum que se revela na ordem e na
medida das proporções: “ordo et mensura”. Um
Descartes podia, com razão, dizer que aritmética,
geometria, mecânica e teoria musical eram apenas
“vestes” da mesma matemática, isto é daquela ciência una da “orto et
mensura” das coisas, ou seja, manifestação da mesma essência que
se revela ao homem, de várias maneiras...
As formas geométricas revelam-nos o elemento musical que
nelas se esconde. Elas ressoam a “música congelada” na geometria
que se torna patente ao olho que sabe discerni-la...
Alexander Strakosch
Aprendendo a manusear o compasso, os alunos do 6º ano ousam criar...
A paulatina dominância excessiva de uma cultura
materialista faz com que a alma seja condenada à escravidão.
Ela se torna refém do corpo.
Na obra “Cartas sobre a Educação Estética do Ser
Humano”, na qual o pensar de Schiller alcança seu auge,
constatamos dois princípios opostos, os quais parcialmente se
superam mediante um terceiro; parcialmente se interagem para
uma nova criação, levando, dessa forma, a uma tríplice estrutura
da vida interior do ser humano.
Primeiramente, Schiller trata de dois impulsos, o impulso
racional, pelo qual o ser humano está integrado nas forças
formadoras do mundo espiritual, e o impulso material, pelo qual a
natureza invade, em toda a abundância de sua imponente e, ao
mesmo tempo, ainda cega vida, o interior do ser humano. Ao
seguir apenas um dos dois impulsos, o ser humano não pode ser
livre.
Ocorre muitas vezes, a exposição excessiva a um desses
dois impulsos faz com que a pessoa, enfraquecida e apática, seja
apática, seja arremessada nas garras do outro. Isso vale tanto
para o âmbito da biografia individual quanto para as sucessivas
fases evolutivas da humanidade.
Por esse motivo, Schiller almeja, no que diz respeito
àquilo que o ser humano pode alcançar mediante a sua autoeducação e mediante a educação do próximo, uma terceira
condição. Ele usa a palavra “estético” para este estado, no qual
identifica a atuação de um terceiro impulso, um impulso artístico,
o qual ele chama de “impulso lúdico”.
O desabrochar e atuar do impulso lúdico faz com que as
abundantes e calóricas forças do vivo continuem injetando-se a
partir do lado da natureza, no entanto, elas são despidas de sua
veemência cega e importuna; e a partir do lado do espírito, as
forças organizadoras descem e trazem, de forma benéfica, sua
clareza sem, porém, qualquer rigidez ou coação.
Assim, a pessoa, ao tornar-se livre, torna-se ao mesmo
tempo, ser humano no sentido pleno da palavra.
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É na atividade lúdica da criança, na atuação criativa do
artista, na assimilação da verdadeira obra de arte pelo ser
humano, que Schiller conseguiu detectar os traços de genuína
humanidade.
Ele desvendou as verdadeiras forças nascentes na vida
psíquica , onde a alma não é vítima de disputa entre a natureza e o
espírito, mas é colocada em um tensão benéfica dentro da qual ela
se movimenta com a devida autoconfiança.
No início de uma época que trouxe enfraquecimento da
vida interior, em consequência do excesso de uma civilização
orientada para o lado exterior, ele [Schiller] oferece à alma um
impulso para uma atividade forte e pura.
Quando se trata de vida prática externa, as
Pessoas têm justamente o seguinte ponto
de vista: primeiro vem isto, depois vem aquilo.
Com isto não se progride no mundo. Só se
Progride quando se pensa em círculo. [...] É
preciso pensar em círculo, é preciso pensar
quando se olha para as circunstâncias externas,
que elas são feitas pelas pessoas mas também
fazem as pessoas; ou, quando se olha para as
ações das pessoas, que elas fazem as
circunstâncias externas mas, por sua vez,
também são apoiadas pelas circunstâncias
externas.
Rudolf Steiner
Alguém afirmou a um homem que, no dia em que ele encontrasse o
Pássaro Azul, encontraria a verdade e a felicidade. Esse homem correu a vida
toda à procura do Pássaro Azul e nunca o encontrou... Um dia, idoso, cansado,
descobriu que o Pássaro Azul estava no telhado de sua própria casa, esperando
por ele...
Reiki
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