Quinto Ano - F5TB
Ensino Fundamental
Relatório do Primeiro Semestre de 2008
bernardo tonini oliveira telles / caio vieira fagundes / carolina
ferreira de oliveira cardoso / clara nathalie cezario de melo /
clarissa maia porto cosenza / irene porto struchiner / ivo
mineiro teixeira / joão pedro grillo coutinho leonardo da silva /
joaquim villas bôas costa ribeiro / mariana barrozo de paula f
lula de farias / marina castro pinto mahfuz / matheus costa da
rocha gonçalves / mayara fernandes tubino / nina linhales
barker / pedro paulo dias ramalho / sofia paiva pougy / thiago
rohen de queiroz carvalho leal / tom raitzik zonenschein /
valentina coutinho herszage
O momento do relaxamento, que continua presente em todas
as Tribos, é uma oportunidade de se sentir como um ser único
e muito importante ao lado de tantos outros seres tão
singulares e essenciais, permitindo o exercício de estar no
mundo com responsabilidade e compromisso por nós e pelos
outros.
O momento das conversas espontâneas garante a certeza de
um espaço de escuta e de expressão, sempre bem aproveitado
por todos.
E, finalmente, o momento de discutir e se informar mais sobre
algum tema de estudo trazido por nós fecha o nosso pequeno,
mas intenso, tempo semanal de Tribo.
TRIBO
Cecília Moura
Nosso último ano de Tribo. Muito familiarizadas e maduras, as
crianças participam desses encontros de uma forma
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organizada, aproveitando essas aulas como um espaço de
expressão de idéias e troca de opiniões.
Depois do registro do desejo, do sonho vinculado à vida de
estudante nesse novo momento (ano) que se inicia, trouxemos,
como todos os anos, o tema As Regras de Convivência da
Escola. Relemos, discutimos, problematizamos a fim de
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entender cada uma delas, cada vez mais e melhor, e buscar
uma postura de auto-avaliação sobre as que cada um já dá
conta de respeitar e cumprir e aquelas em que é preciso um
cuidado maior. Ainda tem sido importante uma parada para
repensar, refletir e reavaliar a postura de estudante. Apesar dos
muitos avanços enquanto grupo ao longo desses anos falta, em
algumas crianças, o reconhecimento de seu papel e sua
responsabilidade dentro da dinâmica de um grupo escolar. Em
algumas Tribos, ainda foi preciso nos dedicar a esse assunto.
No final de junho, iniciamos o assunto de estudo do próximo
semestre: Na Escola, quem trabalha? Em sintonia com o
Projeto Institucional A Aventura Do Trabalho, assistimos alguns
DVDs da Série “Minha Escola”, já conhecida das crianças. Ao
término de cada filme, conversamos sobre os diversos
trabalhos observados e o quanto todos são importantes. Muitos
desdobramentos, no próximo semestre, estão por vir nessa
nova aventura.
PROJETO
Flavia Lopes Lobão
... não entender, não entender, até se virar menino... O
menino via, vislumbrava. Respirava muito. Ele queria poder
ver ainda mais vívido – as novas tantas coisas – o que para
os seus olhos se pronunciava.
Guimarães Rosa
E este texto terá como motivação o menino!
Será este texto capaz de revelar o tamanho e a força de uma
emoção? É no encontro diário com esse grupo, infância, que
vamos percebendo o quê em nós não está pronto, instauramos
nossa própria infância e nos humanizamos – menino, menina:
Bernardo, Caio, Carlolina, Clara, Clarissa, Irene, Ivo, João,
Joaquim, Mariana, Marina, Matheus, Mayara, Nina, Pedro,
Sofia, Thiago, Tom e Valentina, no encontro, recriamos o mundo
das coisas, gostamos de rir de nossos saberes e dar vivas à
imaginação! A aventura? Ah, são muitas... comecemos pela
aventura do trabalho. Iniciamos escovando a contrapelo,
escolhendo as férias e a preguiça para tematizar, valorizandoas e ampliando a possibilidade de pensar o trabalho também
como ação criadora. A metáfora da cigarra e da formiga, em
suas diferentes versões, nos ajudou nessa reflexão. Ainda
contávamos com a Tarsila, com seus operários já na capa da
agenda anunciado a tal aventura, mobilizando e sensibilizando
para o que estava por vir. Outras obras foram chegando, as
Costureiras da mesma artista, variadas canções: O dia que a
Terra parou, Cidadão, Construção, O Operário em Construção –
Raul, Zé Geraldo, Chico e Vinícius – ajudaram a tecer com o
fio da poesia, irreverente ou crítica, essa trama que se chama
trabalho. O filme Tapete Vermelho, de Luiz Alberto Pereira, nos
lança a um outro universo de trabalho ainda mais desconhecido
da meninada porque tematiza o rural. Além disso, o filme nos
ajudou a pensar as diferentes maneiras de se falar o português
do Brasil e também o fato dessas maneiras terem a ver com
quem fala a língua, onde, por que, em que situação e cultura,
ou seja, possuírem uma lógica interna e responderem ao
processo de transformação da própria língua. Trouxemos
Adoniram Barbosa, como possibilidade de apresentar uma
linguagem mais popular e cutucar, bulir, com o preconceito
lingüístico. Para nós, também faz parte do estudo da língua,
uma aproximação de suas variedades e complexidade,
reconhecendo que tantas vezes “Para milho, dizem mio / Para
melhor, mió / Para pior, pió / Para telhado, teiado / E vão
construindo telhados... (Oswald de Andrade) É claro que toda
essa conversa acaba nos levando a uma reflexão sobre a
nossa própria gramática normativa. As crianças, já muito
perspicazes, começam a ensaiar suas críticas às regras e à
sua própria funcionalidade, como a Emília que, em sua
aventura pelo país da Gramática, é capaz de exprimir uma
quantidade enorme de questionamentos interessantes e que
nos dão o que pensar. É nossa intenção e esforço que o ensino
da gramática esteja relacionado às práticas de uso, ou seja,
que esteja a serviço da leitura, da escrita e da oralidade,
contribuindo para que as crianças sejam usuárias da língua
ainda mais competentes.
O que desejamos é que leiam, escrevam, falem, argumentem
cada vez mais e melhor. Optamos pela leitura diária, em voz
alta, dos textos de própria autoria ou de outros autores e
gêneros textuais estudados. É assim que vão ganhando
consciência do que lêem. O conjunto dessas práticas vem
fomentando o desejo de autoria dessa meninada. Querem ser
lidos! Então, já entendem que é necessário o exercício de
escrita e reescrita, das correções, revisões. É preciso a
disposição para mergulhar no texto, adentrá-lo, aprimorá-lo; aos
poucos vão naturalizando essas práticas, como pequenos
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nossa turma: A história das invenções. “ A necessidade põe a
lebre a caminho – torna terrivelmente alerta o trabalhador, e foi
a necessidade que botou no caminho do progresso os nossos
antepassados peludos...” (Lobato) O livro traz a idéia
interessante de considerar os inventos como ampliação do
poder dos olhos, da boca, dos pés, das mãos, ouvidos e
resistência da pele. A idéia fundamental é a do trabalho como o
próprio modo humano de estar vivo, no mundo, no ambiente
que ocupa. Assim, o grande trabalho humano é inventar;
invenções que levam a novas invenções, sempre, desde
sempre, do início do homo até agora... Das nossas invenções
decorre a nossa forma de viver, da mesma forma que a nossa
forma de viver promove a necessidade de novas invenções e o
que faz isso se chama trabalho.
escritores que são. Mas não se trata apenas disso! Devagar,
nesse processo de criação, vão construindo certo estilo, vão
cuidando da invenção das personagens, gostam de mantê-las
em diferentes textos, vão construindo caracterizações cada vez
mais elaboradas e apresentando ambientes dos mais
irreverentes, enigmáticos e criativos. Ousam algumas
interseções de textos e discursos produzidos socialmente,
entrelaçando o extraliterário das tantas histórias vividas ou
contadas ao que se aprende, ao que se reflete de valor ou se
experimenta de artístico.
“no escrever o menino viu que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo. O menino aprendeu
a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as
palavras. E começou a fazer peraltagens.”
Manoel de Barros
Assim é que temos personagens cativos, muitos inspirados em
Emília ou Marcelo, personagem de Ruth Rocha, tematizando,
especialmente, a própria língua; temos pequenas biografias
dos operários e costureiras de Tarsila, trazendo um pouco do
que puderam compreender sobre a rotina e a vida do
trabalhador assalariado; e poemas, inspirados em Drummond e
Manoel de Barros; crônicas do cachorro Gabriel, que
conhecemos num passeio na Quinta da Boa Vista; alguns
contos sobre o mundo da perspectiva dos animais,
questionamento à perspectiva antropocêntrica, em algumas
falas de Dona Benta, no Livro História das Invenções; cartas a
Lobato, agradecimentos de seus personagens e respostas do
próprio autor... Assim, o menino “foi capaz de interromper o vôo
de um pássaro botando ponto no final da frase. Foi capaz de
modificar a tarde botando uma chuva nela.” (Manoel de Barros)
Nesse processo vamos entendendo que o trabalho humano de
inventar e reinventar modificou, ao longo do tempo, a geografia
e a estrutura do planeta. De onde de pode compreender que
uma história do trabalho é também uma história das invenções
humanas. Optamos por nos demorar um pouco nos capítulos
iniciais do livro porque foi muito o que nos deram a falar, tantas
possibilidades de desdobramento. Gostamos de conhecer um
pouco os cientistas que causaram trapalhadas nas idéias
“assentes”, como diz Lobato, e perceber que a imaginação era
o meio essencial do conhecimento, que uma nova idéia ou
teoria poderia representar grande ameaça para o momento
histórico e, sobretudo que, para além da genialidade, é preciso
compreender que existe um aspecto social, mais coletivo no
desenvolvimento também da ciência, dos inventos, da
tecnologia.
Difíceis e complexas nossas conversas, discussões... mas, por
sorte, vez ou outra, o menino, “que tinha por sestro jogar
pedrinhas no bom senso” pergunta: “- E se o avião tropicar num
passarinho triste?” (Manoel de Barros). Pronto! Já somos
remetidos a um outro lugar. A série “Poeira nas estrelas”, com
apresentação de Marcelo Gleiser, nos encheu de
encantamento. De Copérnico a Einstein, quanta coisa
Nosso desafio é experimentar alguns gêneros textuais e, de
agora em diante, tendo como fio norteador a apostila de
Literatura, estudar mais aprofundadamente alguns deles. A
opção é começar pela poesia, com os pequenos hai-cais e com
a brincadeira da poesia concreta. “É Língua de brincar! Coisa
de menino... que “aprendera no circo, há idos, que a palavra
tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria de rir.”
(Manoel de Barros)
Também escolhemos a Literatura para conduzir o projeto da
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Dessa forma, ações como ler, escrever e comparar números
com mais de seis ordens e, sobretudo, ter senso numérico ao
lidar e operar com eles, são competências necessárias para a
compreensão de notações numéricas presentes em textos
científicos ou jornalísticos. Para ajudar na compreensão dessas
grandezas, exploramos onde aparecem, pesquisamos algumas
curiosidades e fizemos alguns jogos.
Conhecendo mais sobre a História da Matemática
A apostila da História dos Números despertou interesse e gerou
uma importante descoberta: Matemática tem uma longa
história, é dinâmica, não está parada ou pronta e é uma
produção cultural, como muitos outros conhecimentos,
invenção de muitos.
aconteceu! De certo modo, as explicações preencheram as
pesquisas que a meninada pôde realizar sobre isso. Num
momento seguinte, partimos curiosamente para alguns
inventos destacados, com uma pequena pesquisa realizada
entre as famílias sobre sua importância. Em sala, nos
dedicamos, à pesquisa de suas histórias, para, então, à
organização de um fragmento de sua evolução, especialmente
com a utilização de imagens. No passeio à fábrica de roupas
“Mercado Infantil”, pudemos reconhecer muitos inventos, dos
mais modestos aos mais sofisticados, e também retomar, em
sala, a conversa inicial sobre o trabalho e suas relações e
colocá-los novamente no centro da discussão com a leitura de
“O trabalho e o dinheiro”.
Sobre o projeto, ainda contamos com uma terceira abertura,
que é conhecer um pouco mais as experiências da Física, que
se relacionam a alguns inventos apresentados por Lobato.
Realizamos algumas tentando um tipo de registro que se
assemelha ao registro científico, com levantamento de
hipóteses, comparações e conclusões, acompanhado de algum
estudo dos conceitos de térmica, mecânica, óptica, e
eletromagnetismo. Tais experiências e estudos nos
acompanharão durante o próximo semestre.
Nossa abordagem não pode ficar só no passado, como não
pode prescindir de uma reflexão que passe pelo social,
relacionado às invenções e, tantas vezes já sinalizado pelo
próprio Lobato, como podemos ser capazes de tantos inventos
e descobertas, e não darmos conta de inventar um sistema
histórico capaz de maximizar a igualdade e a justiça, e de
libertar a imaginação? Este é o sonho... de todo menino... “ele
tinha no rosto um sonho de ave extraviada. Falava em língua
de ave e de criança.” (Manoel de Barros)
É curioso como freqüentemente circulam nas aulas notícias,
textos ou livros de literatura que abordam a Matemática, algum
cientista da área ou algum novo estudo.
Uma tarefa que envolveu muito as turmas foi descobrir quanta
Matemática está por trás das diferentes profissões exercidas
por seus pais. Chegamos a brincar de montar, com as
informações conseguidas, uma empresa onde todos os pais
trabalhariam juntos e teriam sua atividade profissional
altamente valorizada. Foi divertido e, extrapolando o que
poderia ser chamado de limite entre as áreas do conhecimento,
refletimos como todos os trabalhos se complementam e são
importantes numa engrenagem social justa e harmoniosa.
Já sabemos contar...
As crianças chegam ao Quinto Ano sabendo as quatro
operações, compreendendo suas propriedades e
características e dominando suas técnicas operatórias. Por
isso, apresentar as expressões numéricas traz um desafio de
outra ordem: aprender a obedecer a convenções e regras.
Primeiramente, as expressões apareceram como tradução de
atividades com a calculadora e situações-problema, e definiam
uma seqüência para a execução das operações. Depois,
apareceram soltas, como se apresentam há tempos nos livros e
aulas de Matemática. Nossa tarefa é ajudá-los a perceber como
a ordem, as regras e os parênteses são importantes e implicam
nos resultados.
De todas as operações, a que ainda nos mantinha limitados era
MATEMÁTICA
Andréa Nívea Neves Santos
O que já sabem sobre números?
As crianças têm muitos conhecimentos sobre números, mas
quando chegam ao quinto ano precisam ser desafiadas a
aplicá-los em grandezas numéricas ainda pouco utilizadas.
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a divisão. Com as crianças usando ainda o procedimento mais
longo, evitávamos números grandes, situações em que a
extensão do cálculo dava chance a muitos erros. Foi
apresentada então, a técnica da divisão mais abreviada próxima da técnica usada pelos adultos. Para ajudar na
apropriação, propusemos alguns jogos envolvendo as
tabuadas, mas, antes, buscamos retomar as relações
existentes entre seus resultados. Depois de descobrirem a
complexidade da divisão e perceberem que nela estão
presentes a subtração e a multiplicação, estão mais seguros,
apoiando-se nas multiplicações e começando a desenvolver
recursos de verificação e controle dos resultados.
Posso dividir?
Paralela à apresentação do algoritmo da divisão, surgiu a
necessidade de determinar se um número é divisível ou não por
outro. Os critérios de divisibilidade - e seu nome quase travalíngua – foram trazidos em atividades que exigem muita
reflexão e capacidade de generalização sobre os números. No
próximo semestre nos aprofundaremos no estudo dos Divisores
e, em seguida, dos Números Primos, Múltiplos – matériasprimas para MDC e MMC, úteis nas operações com frações.
Vêm por aí todas as operações e muitos problemas envolvendo
as frações. O ponto de transição para um novo conteúdo será,
já no segundo semestre, o contato com as frações decimais e a
notação decimal. Partiremos para os números decimais,
faremos a conversão para porcentagens e traremos situações
práticas de uso, como medidas, gráficos e problemas.
Parada para abastecer!
É hora de dar uma parada para descansar e repor as energias.
Mas ainda há uma longa viagem pela frente que, traduzida em
propostas desafiadoras, instigantes e construtivas para as
crianças, resultará em competência em ler e escrever números,
medidas e quantias, destreza em calcular, habilidade em
resolver problemas e recursos para compreender e transmitir
informações. Todos estão convidados!
Bem-vindos ao país das frações!
Começamos o trabalho com Frações valendo-nos dos
exercícios do livro do quarto ano. Caminhamos por 22 páginas
dele e partimos para o do quinto ano. Fizemos uma série de
atividades usando as coleções trazidas pelas crianças, para
aprenderem a calcular frações de quantidades e resolverem
problemas de forma mais lúdica e concreta. Começamos uma
apostila e faremos, ainda, muitas fichas sobre esse assunto.
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INGLÊS
Renata Santos Barbosa
Mais um começo, todos reunidos, e novos trabalhos pela frente!
Que tal saber um pouco mais sobre as profissões dos pais?
Como entrevistadores, as crianças entraram no universo dos
diferentes tipos de trabalho. Trouxeram informações e materiais
diversos. Falaram sobre suas descobertas – era um novo e
variado acervo de vocabulário que se tornava parte da nossa
rotina. Foi necessário recorrer ao dicionário para dar conta de
tantas palavras e expressões. Elaboramos painéis com o
material trazido e um banco de palavras relacionado às
profissões.
As crianças estão cada vez mais seguras e mostram muita
competência em relação às propostas. Exploramos, bastante,
um texto no qual um menino nova-iorquino fala sobre a
profissão dos pais. O trabalho de interpretação desse texto foi
muito proveitoso com tudo que essa leitura pôde nos
apresentar! Organizamos atividades com objetivo de entender e
apreciar o texto que se tornou uma fonte inesgotável de jogos,
fichas e registros nos cadernos.
Nada melhor do que trabalhar com música! "It´s been a hard
days night", cantada pelos Beatles, embalou algumas de
nossas aulas. Exploramos, bastante, a letra, fizemos exercícios
e novas descobertas relacionadas à língua inglesa. Trabalhar
com música nos proporciona a construção de um conhecimento
objetivo, através da observação da letra (texto) e ao mesmo
tempo uma vivência subjetiva e lúdica, ao cantarmos,
dançarmos.
Ao longo do semestre buscamos uma integração com o Projeto
Institucional, mas dedicamos atenção, através de diferentes
estratégias didáticas, a conteúdos específicos da língua
selecionados para cada ano. Uma novidade na F5 é a
coletânea de fichas "Lets Talk About...", que têm como objetivo
trabalhar o conteúdo gramatical de maneira objetiva e prática.
Com essa divertida empreitada pelas ruas, reunimos bastante
material para nossas colagens. Ilustramos, em grupos, o
trabalho de diversos profissionais dos arredores da escola com
nossas fotografias e materiais que trouxemos de casa, como
papelão, recortes de jornais e revistas, adesivos, misturando-os
ao guache, nanquim, lápis de cor e muitos outros escolhidos
livremente pelas crianças.
Ousadia pouca, é bobagem. Criamos um video clipe para a
Mostra de Artes. Unimos o trabalho de Teatro com Artes
Plásticas. Foi interessante entender como a atuação para o
teatro é diferente da atuação para o vídeo. Filmamos cada
personagem em cima de um tecido verde, técnica chamada de
"chroma key" e, depois, vimos como esse fundo é retirado num
programa de edição. A praia, os coqueiros e o resto do cenário
foram produzidos com aquarela pelas crianças. Como foi
mágico ver os personagens passeando por cima de nossas
aquarelas!
MÚSICA
Manoela Marinho Rego
ARTES
Moema Moura Santos
Começamos o ano com uma tarefa diferente. Inspirados na
observação dos diários gráficos de artistas como Leonardo Da
Vinci, Frida Khalo, Yomar, Renato Alarcão, resolvemos
transformar o caderno de desenho em nosso diário gráfico. A
partir daí, toda a nossa percepção sobre ele foi alterada. Com
esse novo título, percebemos que poderíamos usar materiais
diferentes das nossas canetinhas e lápis. Agora, tudo que
achávamos interessante podia ser transformado em colagens.
Começamos esse processo nas aulas de artes e, depois,
levamos nosso diário para a sala de aula para darmos
continuidade ao trabalho.
A partir da apreciação dos trabalhadores rurais de Portinari
resolvemos fazer nossa versão fotografica sobre os
trabalhadores urbanos do entorno da escola. Nos preparando
para essa tarefa, fizemos um estudo sobre os planos de
filmagem e fotografia. Desenhamos três planos diferentes de
uma mesma cena em que aparecesse um trabalhador.
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O semestre foi dedicado à aprendizagem do pandeiro. Para
começar, as crianças receberam uma apostila com várias
informações. Iniciamos o estudo aprendendo o nome de cada
parte do instrumento e a postura correta de segurá-lo. Depois,
passamos a estudar quatro movimentos básicos: “P” - toque
com o polegar, “D” - toque com os dedos, “B” - toque com a
base da mão e “T” - tapa. Com esses movimentos
experimentados e entendidos, passamos a aprender as batidas.
O samba, partido-alto, capoeira, xote, funk e marcha foram
alguns dos ritmos estudados. Todas as batidas apresentadas
na apostila, foram escritas utilizando a linguagem rítmica
formal. Visando uma maior apropriação de tantas informações,
iniciamos uma alegre “gincana musical”. Dividido em equipes, o
grupo foi desafiado a cumprir uma série de tarefas envolvendo
leitura e escrita rítmica, composição, improvisação e técnica do
pandeiro. Chegou a hora de colocar em prática! Fizemos uma
parceria com as aulas de Projeto, nas quais a turma estudava
sobre a diversidade lingüística do nosso povo, quando surgiu a
idéia de arranjar a música
"Tiro ao álvaro", de Adoniram Barbosa
Escola Sá Pereira – Relatório Semestral 2008 – Ensino Fundamental – F5TB
Falamos um pouco sobre a história do compositor e sobre sua
habilidade para criar um dialeto particular, o "adonirês", a partir
da escuta atenta do linguajar popular. Aprendemos a cantar a
música e partimos para o arranjo da nossa “Orquestra de
Pandeiros”. O resultado foi apresentado na Mostra de Artes.
Dando continuidade às aulas de Música, aproveitamos o clima
de festa junina e aprendemos o xote Sala de Reboco, de José
Marcolino. Nesse arranjo as crianças ficaram livres para
escolher quais instrumentos queriam tocar, incluindo os
instrumentos que porventura aprendam foram da escola, como
violão e piano, por exemplo. Assim, o nosso arranjo contou com
violão, piano, metalofone, pandeiro, surdo, agogô, triângulo e
flauta doce.
É gratificante constatar o entusiasmo demonstrado por elas.
Estavam felizes e realizadas com o resultado da cantoria.
TEATRO
Raquel Liborio
CORAL
Fernando Ariani, Raimundo Niccioli e Rosângela
Nosso coral é mais uma oportunidade de exercitar o trabalho
coletivo.
Todos participam congregando diversas características, tanto
musicais como de personalidade, festejando toda essa
diversidade.
Buscamos o aprendizado e o exercício da linguagem musical,
desenvolvendo os diversos fatores que se fazem necessários à
prática coral concentração, domínio do corpo, do ritmo, da
respiração e a percepção musical.
Com exercícios e o repertório que está sendo preparado,
exercitamos a consciência e o controle da respiração como
mola mestra do canto e da música. Buscamos desenvolver a
técnica vocal, para desenvolver e dominar, cada vez mais, o
instrumento natural de cada um. Os objetivos são abrir os
ouvidos, utilizar, lúdica e intuitivamente os fundamentos
musicais como registros (graves e agudos), usar a energia
adequada para executá-los e perceber os intervalos, impulsos e
apoios, harmonia vocal, dinâmica (alterações de intensidade) e
agógica (alterações do tempo musical).
Dividimos o repertório em duas vertentes: músicas novas
(Homenagem ao Malandro, de Chico Buarque, e O Dia em que
a Terra Parou, de Raul Seixas, que foram pesquisadas e
arranjadas em função do projeto deste ano "Aventura do
Trabalho") e músicas que já faziam parte do repertório
anteriormente, que cumprem o papel essencial de favorecer a
acolhida dos alunos do Quarto Ano, que iniciam a atividade. Os
do Quinto Ano, já experientes na atividade, têm uma função
importante nesse momento.
Montamos um repertório aparentemente pequeno, mas
razoavelmente complexo, a várias vozes, incluindo alguma
encenação, e que foi trabalhado no sentido de se realizar o
melhor possível, dentro das limitações reais de idade das
crianças.
Fizemos grandes conquistas até chegarmos à apresentação da
Mostra de Artes. Na avaliação do evento as crianças disseram:
“Não imaginava que ficaria tão bom” ... “No dia, me concentrei e
deu tudo certo!” ... “A gente estava concentrado porque tinha
muita gente lá” .
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Como seria a vida se todos os trabalhadores resolvessem, em
um determinado dia, que ninguém sairia de casa para ir
trabalhar? Ninguém!
Essa foi a pergunta que o Raul Seixas deve ter feito a si mesmo
quando compôs “O dia em que a terra parou”. A partir dessa
reflexão, que parece coisa de maluco, mas não é, começamos
a simular, nas aulas de Teatro, algumas situações provocadas
pela ausência de determinados trabalhadores em suas
respectivas funções. Percebemos o quanto fazemos parte de
uma grande engrenagem, onde cada parte é fundamental para
garantir o funcionamento do todo. O trabalho organiza a
sociedade. É como num time de futebol. Dá para jogar faltando
um jogador? Até dá. Mas desestrutura tudo. Todo mundo tem
que jogar junto, fazer a sua parte. E não é diferente no teatro.
À medida que essas questões foram sendo levantadas,
aproveitamos para construir cenas. Daí, lembramos da música
do Raul, e assistimos o clipe “O dia em que a terra parou”, no
"You Tube". Daí prá frente muito trabalho rolou.
O processo de “O dia em que a terra parou” deu-se em duas
etapas distintas: a primeira, a partir da própria seqüência
musical, cada um escolheu o seu personagem. Depois,
encaixamos os movimentos de cada um na música e criamos
as dinâmicas entre os personagens, como num clipe ao vivo.
Essa primeira etapa foi apresentada aos trabalhadores da
escola (professores e serventes), em homenagem ao dia do
trabalho. Foi o dia em que a escola parou para assistir à
apresentação das F5.
A segunda etapa foi a concepção, organização do roteiro e
filmagem do nosso “clipe”, onde as três turmas trabalharam em
conjunto, sendo que cada uma ficou responsável por uma
parte da música. Nessa fase surgiram novas situações e
personagens, muito em função do cenário escolhido ter sido
uma praia, espécie de “paraíso mítico”, onde hipoteticamente
todos iriam, caso não fossem trabalhar naquele dia. Foi feita em
Escola Sá Pereira – Relatório Semestral 2008 – Ensino Fundamental – F5TB
trabalhadores. Criamos uma coreografia com peneiras
inspiradas nessas canções.
Para fecharmos o semestre, preparamos uma quadrilha para
nossa festa junina
EDUCAÇÃO FÍSICA
Renata Regazzi Aveleira Teixeira
Nossas crianças chegaram aos recreios ansiosas para saber se
vai ter pátio sobre rodas, quando?, e o torneio de futebol e
queimado?, e as olimpíadas?. Como tudo vem a seu tempo, as
coisas começaram a acontecer.
parceria com a professora de Artes, Moema, que filmou e editou
o clipe. Essa experiência proporcionou às crianças, além de
momentos que integraram diversão e trabalho, a possibilidade
de perceberem algumas nuances que diferenciam a atuação
teatral da cinematográfica.
EXPRESSÃO CORPORAL
Ana Cecilia Pinheiro Guimarães
Logo no início do ano, nos debruçamos sobre o tema do Projeto
Institucional, traçando sua relação com o corpo. Sem perder de
vista os objetivos das rodas de aquecimento, que nos preparam
para a aula, debatemos o assunto sobre diferentes
perspectivas. Estudamos como cada função de trabalho exige
uma maneira de se mover. Falamos dos trabalhos que usam o
corpo como ferramenta, o corpo como arte e da relação do
corpo na utilização das máquinas. Citamos trabalhos mais
braçais e a evolução da tecnologia, exigindo menores esforços
físicos de alguns profissionais.
Todos contribuíram com suas opiniões, conhecimento e as
nossas conversas deram início a um vasto estudo sobre a
qualidade dos movimentos. Nomeamos e identificamos, através
da experiência corporal, diferentes conceitos e qualidades de
movimentos como força, peso, equilíbrio, sustentação, impacto,
impulso; movimentos contínuos e descontínuos; gravidade.
As reproduções das obras de Portinari, utilizadas na sinalização
da escola, serviram de base para desenvolver nosso estudo.
Projetadas no telão, inspiraram as crianças em elaboradas
criações de seqüências coreográficas em grupos, combinando
a ação representada com alguns movimentos sincronizados.
O pátio sobre rodas aconteceu logo, e as crianças, felizes,
trouxeram seus patins, patinetes e skates a fim de curtir um
recreio diferente. Um circuito foi montado para desafiá-las,
testando seu equilíbrio, atenção, destreza, percepção do
espaço e o cuidado com os outros. Nos casos de excesso de
velocidade, ultrapassagens perigosas, tráfego na contramão e
avanço de sinal, eram multadas ficando um minuto do lado de
fora e estimuladas a trocar de brinquedo com um colega ou
emprestá-lo aos que não haviam trazido.
O sucesso foi grande e, não raro, pudemos ouvir: “Eu amei!”,
“Eu adorei!”, “Vai ter outro?!”
Este grupo apresenta um vínculo afetivo bastante forte. É
comum ouvir, dos meninos, pedidos para que a bola seja
lançada para que uma das meninas conclua a jogada. Também
é comum ouvir, da torcida, gritos de incentivo aos colegas.
É um grupo muito alegre e unido.
Os recreios, normalmente, são muito bem aproveitados, pois
não querem perder tempo com bobagens. Os times são
escolhidos rapidamente e as partidas transcorrem tranqüilas,
seja qual for o jogo.
O torneio de futebol e queimado se realizou e, através dele,
nossas meninas e meninos puderam testar e treinar suas
habilidades e colocar à prova suas emoções.
As torcidas estavam afinadas e animadas, e as crianças
tiveram a oportunidade de exercitar o respeito, o cuidado com o
outro e a cooperação com o grupo, além de lidar com as
vitórias e derrotas.
Experimentando, no próprio corpo, a qualidade dos movimentos
apreciados, improvisamos combinando as ações sugeridas nas
telas. Dedicamos algumas aulas à investigação das
possibilidades de sincronizar diferentes ritmos e timbres com as
coreografias criadas. Filmamos e trocamos impressões sobre a
produção de todos.
Os “Cantos de Trabalho” foram apresentados em dois vídeos
para a turma, um documentário da TVE e um curta de
Humberto Mauro. Aprendemos que essa prática musical é
realizada para amenizar o esforço do trabalho através de
canções que são sincronizadas com o movimento dos
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Quinto Ano B - Tarde