O Evangelho meditado
para cada dia do ano
Advento • Natal • Quaresma
Páscoa • Tempo Comum
Palavras prévias
O Evangelho não pode ser letra escrita.
O Evangelho, antes de mais nada, é Vida.
Porém, não alcançaremos a Vida, se não lermos
e meditarmos no espírito e, pelo espírito, à Vida.
Somente assim conseguiremos que nossa vida
converta-se no verdadeiro Evangelho profético.
Neste volume, apresentaremos somente os
evangelhos correspondentes aos dias feriais; não
apresentaremos os evangelhos dos domingos:
•porque já existe muita literatura sobre eles;
•porque se consegue com muita facilidade livros
que explicam os evangelhos dominicais;
•porque os fiéis cristãos já estão acostumados a escutar as homilias sobre os evangelhos dominicais;
•e porque nas reuniões das diferentes Associações
e Movimentos, aos quais pertence a maioria dos
fiéis, é comum escutar apropriados e benéficos
comentários dos evangelhos dominicais.
Pelo contrário, não é tão fácil encontrar comentários breves e apropriados dos evangelhos dos
dias de semana. Quisemos com esta obra resolver,
em parte, esse problema.
A quem é dirigido este livro?
Diríamos que a todos aqueles que desejam conhecer o Evangelho em sua essência; porém, oferecemo-lo de modo muito particular:
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Palavras prévias
1)ao sacerdote que queira presentear os fiéis
com um comentário breve do evangelho de
cada dia;
2)aos cristãos comprometidos que buscam a
vida espiritual na palavra de Deus;
3)àqueles que integram diferentes tipos de grupos que fazem reflexões conjuntas sobre o
Evangelho.
Uma última informação: este livro exige ter a
Bíblia em mãos e ler todo o evangelho correspondente ao dia, conforme a citação que indicamos.
Em seguida, tomam-se as duas ou três frases escolhidas para a meditação.
Assim como você faz sua higiene pessoal, é importante diariamente arejar o espírito com a meditação do Evangelho.
A dvento
Primeira semana do Advento
Segunda-feira da primeira semana do Advento
Mateus 8,5-11
Em verdade vos digo:
não encontrei semelhante fé
em ninguém de Israel.
As palavras de Jesus redescobertas neste evangelho destinam-se à educação da fé dos que creem
nele, até que consigam por meio delas um aprofundamento e uma maturidade que os conduzam
a uma autenticidade sincera.
Porém, neste evangelho, propõe-se por um
lado a fé escassa e vacilante da maioria dos judeus
e, por outro, a fé sincera e profunda de um centurião romano, oficial de cem soldados que, apesar
de não pertencer ao povo de Deus, foi capaz de
confiar no poder de Jesus e humilhou-se, pedindo
a Deus com uma humildade que comove.
A liturgia conservou as palavras do centurião a
fim de que sacerdotes e fiéis repitam-nas com humildade, antes de receberem a Sagrada Comunhão.
Jesus exige sempre a fé, que seja um impulso de
confiança e de abandono, pelo qual o homem deixe
de apoiar-se em si próprio, para se entregar à Palavra
e ao poder daquele em quem crê.
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A dvento – 1_a Semana
Cafarnaum (kapernaum) é uma cidade situada na
margem noroeste do lago de Genesaré, chamado
também lago de Tiberíades, ou com o nome mais
antigo de Kinnereth, ou comumente chamado lago
da Galileia.
A oração do centurião é repleta de fé, reverência e humildade; já ouvira falar das inúmeras curas
realizadas por Jesus e, por isso, tem dele alto conceito, como se percebe pela designação que lhe dá:
“Senhor”. Não lhe faz, portanto, diretamente, nenhum pedido, e quando Jesus se mostra disposto a
ir à sua casa, confessa-lhe que acreditava no poder
da sua Palavra, pois mesmo à distância poderia realizar o milagre:
Senhor, eu não sou digno
de que entreis em minha casa.
(João 8,8)
São notáveis os sentimentos humanísticos do
oficial romano para com um dos servidores, uma
vez que o doente não era propriamente da família,
mas simplesmente um servidor ou membro doméstico. No entanto, preocupa-se com sua saúde, sofre
por ele e intercede perante Jesus com o mesmo empenho como se fosse um de seus filhos.
A caridade transpõe limites, fronteiras, raças,
classes sociais; é esta a verdadeira e, de fato, a única
caridade cristã.
Nossa caridade não deve perguntar por quem
está sofrendo, mas simplesmente se alguém sofre;
e, se devemos aceitar alguma preferência na prática
1_a Semana – A dvento
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da caridade ou do amor cristão, tem de ser exatamente a favor dos doentes, dos idosos e desvalidos
e dos pobres e necessitados em geral, porque, não
podendo esperar deles nenhuma contribuição material, nosso amor será, assim, mais desinteressado
e evangélico.
Vivência
O exemplo de um pagão, como o era o oficial romano, deve ser estímulo para nós cristãos,
que devemos saber mais que ele quem é Jesus e o
que ele pode fazer em nós e por nós.
A humildade é a fonte das graças, que o
Senhor derramará sobre nós; não nos consideremos jamais nem maiores, nem menores que os
outros; tratemos com bondade e doçura os pobres
e não fechemos nunca nosso coração a nenhum
necessitado.
Terça-feira da primeira semana do Advento
Lucas 10,21-24
Escondeste estas coisas aos sábios
e inteligentes e as revelaste aos pequenos.
É esta uma das poucas orações de Jesus conservadas no texto original, e que Ele pronunciou em
voz alta diante dos apóstolos.
Diferente do Pai-nosso, ao simples vocativo Pai
acrescenta-se o título de Senhor do céu e da terra, frequente no judaísmo.
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A dvento – 1_a Semana
Fala-nos Jesus destas coisas, referindo-se ao
Reino de Deus, a tudo o que Jesus veio revelar-nos.
É indubitável que os caminhos dos homens
não são os mesmos de Deus. O profeta Isaías já
põe na boca de Yahvé as afirmações: Pois meus pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir não são os
meus, diz o Senhor, mas tanto quanto o céu domina a terra,
tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos
ultrapassam os vossos (Isaías 55,8-9).
E no salmo afirma: Porque tanto os céus distam da
terra, quanto sua misericórdia é grande para os que o temem
[Salmo 102(103),11].
O único caminho para se encontrar com Deus é a
humildade: assim lemos no livro dos Provérbios 3,34:
Se ele escarnece dos zombadores, concede a graça aos humildes;
texto que, quando citado por São Tiago e São Pedro,
fazem-no da seguinte forma: Deus resiste aos soberbos,
mas dá sua graça aos humildes (Tiago 4,6 e 1Pedro 5,5).
Ninguém conhece [...] quem é o Pai, senão o Filho e
aquele a quem o Filho o quiser revelar.
(Lucas, 10,22)
Se os sábios e inteligentes, equiparados com os
soberbos e donos de si próprios, não entenderem
as coisas do Reino, muito menos poderão chegar a
conhecer o Pai.
Jesus, que é o Filho, veio para nos revelar o Pai;
porém, somente têm acesso a esta revelação os humildes, os de coração humilde, capazes de conhecer
as coisas de Deus pelos próprios meios e esforços;
os soberbos fecharam-se ao Evangelho e somente
os humildes se abriram à verdade de Deus.
1_a Semana – A dvento
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Destes pequeninos nos fala Jesus, quando nos diz
que deles é o Reino dos céus (Mateus 18,4).
Conhecer o Filho é receber a revelação de que
Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus. Não
confiemos, pois, demasiado em nosso talento e em
nossa ciência, para entender as coisas de Deus.
Entendimento humano algum pode conhecer
o Filho, porque nenhuma inteligência finita pode
conhecer o infinito.
Vivência
Esforce-se para chegar a ser simples de coração, pois o Senhor Jesus afirma que somente
aos que assim são, ser-lhes-ão reveladas as coisas
do Reino; a revelação não se faz ao talento, ou
à sabedoria humana; mas à fé, que somente encontraremos nos humildes; o orgulho impede aos
soberbos e cheios de si mesmos penetrarem nas
coisas de Deus.
Não se pode entender as coisas de Deus com
critérios humanos; nem é suficiente a ciência humana para ter fé.
Quarta-feira da primeira semana do Advento
Mateus 15,29-37
O povo estava admirado […]
e glorificavam o Deus de Israel.
É esta a segunda vez que Jesus realiza o milagre
da multiplicação dos pães; a primeira é apresentada
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A dvento – 1_a Semana
por São Mateus no capítulo 14,13-21; entre ambos
os milagres, existem diferenças notáveis.
As pessoas seguiram Jesus sem se preocuparem
com suas necessidades mais peremptórias, como
era o alimento, pois a Palavra de Jesus cativava-os,
e seu poder atraía-os irresistivelmente, a ponto de
esquecerem-se do mais necessário para a vida: o
alimento.
Este é um exemplo para muitos cristãos que
seguem Jesus Cristo apenas até não sofrerem
depreciação de seus interesses materiais, e não
tentarem mexer-lhes no bolso, pois, quando o
cumprimento da lei de Deus implicar-lhes algum
sacrifício material, antepõem os benefícios ao
cumprimento do dever.
O povo estava admirado (Mateus 15,31) ao ver
as obras que Jesus realizava, e nós somos obrigados a apresentar nossas obras diárias com tal
atitude e santidade, que quantos nos observam
não tenham mais remédio que louvar a Deus, glorificar ao Deus de Israel (Mateus 15,31), como diz
o Evangelho.
Maria Santíssima dizia de si mesma que Deus
tinha realizado nela maravilhas (Lucas 1,49) e
que, por isso, louvava ao Senhor. Reconheça com
humildade, mas verdadeiramente, que Deus também realizou em você as obras de seu poder e de
sua misericórdia e, por isso, como as pessoas do
Evangelho e como a Virgem de Nazaré, “glorifique”, isto é: dê graças ao Senhor e louve sua bondade para com você.
1_a Semana – A dvento
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Tenho piedade desta multidão.
(Mateus 15,32)
O milagre realizado por Jesus é uma nova manifestação do poder e da misericórdia dele, que se
compadece das pessoas e socorre suas necessidades.
A verdadeira compaixão não se contenta em lamentar o mal; remedeia-o, se estiver a seu alcance,
e, quando não o pode remediar, compartilha pelo
menos a aflição e a dor.
Jesus coloca toda onipotência que lhe é própria
a serviço da compaixão e, assim, realiza o estupendo milagre da multiplicação dos pães e dos peixes.
Não diga que não se lhe apresentam centenas de
milhares de ocasiões para exercitar a compaixão com
seu próximo que sofre; aceite voluntariamente e com
coração sincero o sacrifício que se lhe impõe, para ajudar nas necessidades de seu próximo; sinta, como suas,
as penas e aflições dele e cumpra, assim, o mandamento
da caridade, amando, como diz São João: Não amemos
com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade (1João
3,18). Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram (Romanos 12,15), aconselha-nos São Paulo; aquele
que não se preocupa com as situações aflitivas do próximo não o ama e aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é
incapaz de amar a Deus, a quem não vê (1João 4,20).
Vivência
Em algumas ocasiões, com certeza, Deus procurará servir-se de você, apesar de sua pequenez e
miséria, para chegar até seu próximo, a fim de levar-lhe o Pão da Palavra divina e o peixe da Eucaristia.
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A dvento – 1_a Semana
Deus não lhe pede que disponha de grandes coisas, grandes talentos e qualidades para ser
instrumento de sua graça; porém, pede-lhe que
ponha à sua disposição o pouco que possui, deixando o resto para que a Providência do Senhor
o socorra.
Quinta-feira da primeira semana do Advento
Mateus 7,21.24-27
Nem todo aquele que me diz
“Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos céus,
mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai
que está nos céus.
Poucas coisas repete Jesus com tanta ênfase no
Evangelho como a afirmação de que Ele veio ao
mundo para cumprir a vontade do Pai, que está no
céu; e que não tem outro alimento, nem outra preocupação a não ser cumprir a vontade do Pai.
Se todo discípulo perfeito será como o seu mestre (Lucas
6,40), nós também devemos pôr nosso empenho
em imitar Jesus, aceitando e fazendo a vontade do
Pai celestial; porém no Evangelho, Jesus nos ensina
que não é suficiente uma mera ou teórica aceitação
da Palavra do Pai, mas que se exige o cumprimento
prático e real da vontade divina.
Para pertencer ao Reino, não basta invocar o
Senhor, embora se faça com fé viva; é necessário
cumprir a vontade divina, acomo­dando nossa vida
aos princípios estabelecidos por Jesus Cristo.
1_a Semana – A dvento
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No Antigo Testamento, já encontramos uma
página de Jeremias semelhante a essa, a respeito do
culto autêntico. Diz o profeta: Não vos fieis em palavras enganadoras, semelhantes a estas: “Templo do Senhor,
Templo do Senhor, aqui está o Templo do Senhor”. Se reformardes vossos costumes e modos de proceder, se verdadeiramente praticardes a justiça; se não oprimirdes o estrangeiro, o órfão, a viúva […] permitirei que permaneçais neste
lugar, nesta terra que dei a vossos pais por todos os séculos
(Jeremias 7,4-7).
Não basta que você aceite Jesus como seu
Mestre, se não põe em prática seus ensinamentos;
se não vive suas palavras e sua Verdade; assim, Jesus
o alerta contra um cristianismo de meras fórmulas
ou de simples aceitações de verdades e de dogmas,
porém, que não se transformam em vida.
Vieram as enchentes, sopraram os ventos.
(Mateus 7,25.27)
Jesus confirma a doutrina que acaba de expor,
com uma comparação, com a qual anima os ouvintes a pôr em prática os ensinamentos que acaba de
propor.
A chuva, os rios, os ventos, as tormentas são
imagens que significam as dificuldades de todo gênero, as quais se apresentarão ao homem crente no
edifício espiritual da vida cristã.
Os elementos usados pela parábola têm um
sentido alegórico e, assim, a chuva são as tentações
carnais; os rios, as tentações da avareza; os ventos,
as tentações da soberba; por mais que a aplicação
seja alegórica e aplicável, indica bem toda classe de
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A dvento – 1_a Semana
perigos e de dificuldades que o cristão encontrará
na vida, se quiser ser fiel em tudo, às exigências do
Evangelho, as quais não são fáceis de cumprir.
A santidade não consiste em dizer, senão em fazer; não em aparecer, senão em ser. O princípio de
toda perfeição é fazer fielmente a vontade de Deus.
Vivência
Frequentemente reze o pai-nosso e nele a petição: Seja feita a vossa vontade. Preste atenção ao
que diz e ao que pede.
Se Jesus teve diante de si a vontade do Pai e a
cumpriu, você também há de ser fidelíssimo na
aceitação da vontade de Deus, vivendo sempre
em conformidade com ela. Para isso, leia com
frequência e com vagar a Palavra de Deus, escrita nos Santos Evangelhos, e saberá, então, o que
Deus lhe pede.
A Palavra de Deus é que o iluminará, para
que em cada momento possa saber qual seja a
vontade do Pai. Não esqueça o que disse Jesus:
Antes, bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de
Deus e a observam! (Lucas 11,28).
Sexta-feira da primeira semana do Advento
Mateus 9,27-31
Filho de Davi, tem piedade de nós!
O título Filho de Davi é um título messiânico, comumente aceito no judaísmo e aplicado, às vezes, a
1_a Semana – A dvento
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Jesus, como vemos em Mateus 12,23; 15,22 e em
outros textos.
Esse título era, entre os judeus contemporâneos de Jesus Cristo, comum para designar o Messias,
que todos esperavam, e fundamentava-se nos antigos vaticínios, nos quais se descreve o Messias
como outro Davi, ou como descendência que Deus
há de suscitar a Davi; assim diz Yahvé em Jeremias
23,5: Dias virão – oráculo do Senhor – em que farei
brotar de Davi um rebento justo.
No entanto, Jesus aceita-o com reservas, porque implicava uma concepção humana do Messias
e prefere o misterioso título de Filho do Homem.
Os cegos pedem a cura a Jesus e o seguem, repetindo o pedido. Jesus pergunta-lhes se realmente
acreditavam que Ele poderia curá-los; a pergunta tinha como objetivo mostrar aos próprios cegos e àqueles que se encontravam presentes, que
para conseguir uma graça de Deus exige-se como
condição prévia uma fé repleta de confiança; eles
respondem afirmativamente, demonstrando ter as
condições que Cristo lhes pede, para receber a cura.
Assim você deve perseverar em oração, e somente assim poderá obter o que pede, pois não
poucas vezes Deus, para provar nossa fé, demora
em conceder-nos suas graças.
Os seus olhos se abriram.
(Mateus 9,30)
Jesus tocou os olhos dos cegos e no mesmo instante enxergaram: frequentemente evangelistas descrevem Cristo tocando os enfermos, enquanto os cura.
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A dvento – 1_a Semana
É sinal de império ou mandato sobre a enfermidade e quer tornar patente a virtude da santíssima humanidade, para curar as enfermidades dos homens.
Hoje também, uns mais outros menos, todos
necessitamos que nossos olhos sejam abertos, para
podermos ver melhor as coisas de Deus. Nossos
olhos, frequentemente, ou se fecham, ou têm dificuldades para ver as coisas do Espírito. E Jesus nos
adverte noutro lugar do evangelho que, para ver as
coisas de Deus, é necessário ter o coração limpo.
[Salmo 26(27),3-4].
Limpeza dos olhos, limpeza do coração, retidão de consciência para poder ver a Deus e chegar
ao conhecimento dos segredos divinos.
Vivência
Em sua oração diária, não deixe de pedir ao
Senhor Jesus que lhe descubra e faça conhecer os
segredos do Reino.
Esforce-se para conseguir as condições de
fé, humildade e perseverança de que necessita para que sua oração seja ouvida; porque não
basta orar, é preciso orar com as condições ou
disposições de espírito exigidas.
A liturgia oferece-lhe a oração repetida no
Sacrifício Eucarístico e que é tão simples e, ao
mesmo tempo tão expressiva: Cristo, tem piedade
de nós.
Repita com o coração e com os lábios e não
duvide de que a misericórdia e infinita bondade
de Jesus virão sobre você.
1_a Semana – A dvento
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Sábado da primeira semana do Advento
Mateus 9,35-38 e 10,1-5-8
A messe é grande, mas os operários
são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe
que envie operários para sua messe.
Depois que o evangelista escreveu com ampla
pincelada a vida missionária de Jesus Cristo, relata-nos que ao ver a multidão desamparada ficou tomado
de compaixão (Mateus 9,36); é esta uma das mais belas imagens do Cristo Missionário.
Jesus compadeceu-se das pessoas, as quais via
humilhadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor;
e essa situação repete-se também em nossos dias:
existe um desconhecimento universal por falta de
bons pastores. Vendo o Senhor a situação, que se
repetiria ao longo dos séculos, investiu de seus poderes os discípulos e enviou-os por todo o mundo
e ao longo dos tempos para que cumprissem a missão de salvar todos os homens.
Jesus expõe a situação com uma comparação
bastante bíblica: a multidão é como uma imensa
messe; para colhê-la são necessários muitos braços.
A comparação não se referia somente ao Povo de
Israel; o olhar de Jesus dirigiu-se para o futuro e via
a mesma situação aflitiva.
O Senhor da messe é o Pai celestial, a quem se
deverá pedir insistentemente que envie operários para
a sua messe.
O evangelho faz-nos refletir também sobre a
necessidade de pedir, sem descanso, pelas vocações
sacerdotais, religiosas e missionárias.
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A dvento – 1_a Semana
Ide [...] anunciai que
o Reino dos céus está próximo.
(Mateus 10,6-7)
Jesus desenvolvia seu plano de pregação pelas
cidades e aldeias, nos campos, às pessoas simples
e nas sinagogas, às pessoas mais cultas, e seu argumento era sempre o mesmo: a doutrina do novo
Reino que viria estabelecer-se na terra.
É o poder de Jesus Cristo que se firma por todas as cidades e aldeias.
Deve ser este o tema da pregação de todos os
apóstolos de Jesus em todos os tempos: a iminente
proximidade do Reino messiânico e, por conseguinte, a preparação dos ânimos por meio da penitência.
É o homem que deve aproximar-se do Reino
de Deus e é ele quem deve aproximar o Reino do
mundo de hoje, antecipando-o, adiantando-o, fazendo-o estar presente no mundo de hoje.
Vivência
A messe é grande; no meio de nós ainda são
muitos os que não conhecem a Deus; embora
tendo recebido o batismo, não têm consciência
de que são filhos de Deus e, por conseguinte,
não se comportam como filhos verdadeiros
e fiéis.
A messe é enorme; poucos são ainda entre
os católicos praticantes os que entenderam a renúncia que o apostolado exige, e por isso não se
entregaram por completo.
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O EvangElhO mEditadO para cada dia dO anO - Editora Ave