[ Perfil ]
Figura incontornável da alta-relojoaria e da joalharia no Algarve, Paulo Miranda carrega no apelido muitas décadas
dedicadas ao comércio de relojoaria e ourivesaria. Agora acrescenta os seus 20 anos de experiência
e prepara-se, confiante, para uma bem ponderada expansão. Com uma nova loja a abrir
no coração de Faro, junta mais marcas às anteriormente trabalhadas, acreditando
que é na alta-relojoaria e na joalharia de qualidade que está o seu futuro.
texto Paulo Costa Dias | fotos Nuno Correia
O caçador
O negócio de relojoaria e ourivesaria na família
Miranda remonta ao início do século passado,
quando um bisavô, oriundo da região de Cantanhede, o fundou. Em meados do século, o avô
estabelece-se no Algarve e é já sob a batuta do
pai, Manuel de Oliveira Miranda, que a sua rede
de lojas se torna na maior referência do sector a
nível regional. Paulo Miranda seguiu as pisadas
dos seus antepassados e, há dez anos, decide criar
a sua própria empresa. Em 2002, abre uma excelente loja no Fórum Algarve, que se viria a tornar
o motor da firma e uma referência na região e
no País. Depois de alargada, a loja proporciona
agora uma enorme modernidade e visibilidade
para as marcas.
É com os olhos experimentados e a agilidade do
caçador – a caça é outra das suas paixões – que
Paulo Miranda analisa o mercado e os tempos
que correm. E correm de feição, ao que parece!
Para que isso acontecesse, soube esperar. Apostou
Dois amores
Desde miúdo que Paulo Miranda está ligado ao desporto. Primeiro, jogou basquetebol e mais tarde nasceu
a paixão pelo tiro. Seleccionado, representou muitas vezes Portugal continuando ainda a praticar, «mas
cada vez é mais difícil». São curiosas as semelhanças que se podem encontrar nos produtos. Ambos,
relógios e espingardas, são máquinas que se pretendem precisas e fiáveis, tendo ainda em comum a
faceta mecânica e a elegância que as grandes marcas lhes emprestam através do design e da decoração.
numa loja de centro comercial quando o comércio de rua se degradou, optando pela qualidade
e facilidades oferecidas por espaços novos, concebidos com qualidade para a actividade comercial. Expande-se agora, regressando à rua – no
centro histórico de Faro –, quando os preços do
imobiliário estão mais realistas; as lojas de luxo
começam a florescer; o público-alvo consolida-se; e as perspectivas criadas pelas novas apostas turísticas fazem prever novos clientes com
um mais forte poder de compra. Assim, Paulo
Miranda pretende proporcionar diversidade na
oferta, porque julga que o público que compra
numa loja de rua nem sempre se desloca ao centro comercial e vice-versa.
A arma
A sua Purdey é a mulher, Margarida Miranda,
que empresta a confiança e dinâmica necessárias à expansão. A visão e a argúcia femininas
percebem-se em muitos pormenores e sensibilidades, como quando afirma, com uma graça e
Perfil Paulo Miranda
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um riso cúmplice que não escondem a atenção ao
mercado, «o homem contemporâneo preocupa-se mais com a imagem pessoal que os homens
da geração aqui do senhor Paulo Miranda…»
Por isso, a perspectiva das lojas é de serem complementares, quer em termos de oferta relojoeira,
quer de joalharia. Uma das vantagens de ter os
dois produtos é poder ter uma oferta relojoeira
diversificada para um público eminentemente
masculino e o mesmo em relação à joalharia e
ao público feminino. Até porque, acrescenta
Margarida Miranda prevendo os arrufos da vida,
«o homem preocupa-se muito em compensar
a mulher das situações que correm menos bem
no casal – quando eles vão para a caça ou para o
golfe, por exemplo…»
O saber
Apesar das perspectivas, ou por causa delas, Paulo Miranda sabe que não pode estar desatento.
Pelo conhecimento que tem do mercado e pela
experiência de vida, faz uma leitura panorâmica
e compreende os desafios dos novos tempos,
vendo neles uma oportunidade de trabalhar com
excelência. Sabe, por exemplo, que as vendas de
hoje não são feitas apenas na loja. Sabe que tem
de comunicar e apresentar-se dentro e fora de
portas, sempre com o nível que a alta-relojoaria
exige. Não se limita a esperar pelo cliente, por
isso trabalha via Internet – «hoje temos o mundo
inteiro como clientes» –, faz mailings e publicidade, organiza eventos e aposta na formação dos
colaboradores. «Temos de manter os funcionários
actualizados e essa é uma grande aposta da nossa
parte. Neste momento, temos uma colaboradora
em formação na Suíça. Mas o acompanhamento
da formação é também da responsabilidade de
quem representa as marcas. Precisamos desse
apoio e que sejam desenvolvidas importantes iniciativas de formação para os pontos de venda»,
dispara Paulo Miranda.
O alvo
Profundo conhecedor da região e do seu tecido
social, o joalheiro e relojoeiro diz que são seus
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Espiral do Tempo 28 Primavera 2007
clientes «os algarvios, mas também quem se
desloca do norte e do centro do País em negócios
ou férias e os muitos estrangeiros residentes ou
de férias. Há vários resorts de qualidade a nascerem e que potenciam as taxas de ocupação,
tornando-as mais consistentes ao longo do ano
e com pessoas com maior capacidade económica. Turismo de qualidade é o que pretendemos
no Algarve e é essa a aposta neste momento. E
esse é, claramente, um público mais virado para
a loja de rua!» Em comum entre o consumidor
português e estrangeiro está a noção do que se
pretende comprar. «Já ninguém compra alta-relojoaria para ostentação ou só para ver as horas.
As pessoas já estão muito informadas sobre os
movimentos; sobre os argumentos dos diversos
modelos; sobre as características, a história e a
imagem das marcas. O consumidor português de
há 20 anos, por exemplo, era muito diferente do
de hoje. Antes vendia-se pelo nome e pelo design, mas sem um real conhecimento do produto.
Hoje, o cliente olha para as características técnicas de um relógio e pondera a sua fiabilidade,
conhece os movimentos, as evoluções dos mode­
los e o posicionamento das marcas.»
A caça
Aquilo que todos querem caçar, os troféus que
todos querem possuir, é o resultado do que a
indústria consegue hoje fazer e apresentar. São
«os novos materiais, as evoluções tecnológicas,
a decoração e o design que, além de fascinantes,
se transformam em importantes argumentos de
venda». A dinâmica e inovação que a indústria
demonstra são fundamentais e tornam tudo
ainda mais aliciante, tanto para quem compra
como para quem vende. O reverso da medalha
é que, em consequência das altíssimas taxas de
crescimento, fruto da aceleração da procura nos
mercados emergentes – e não só – dá-se alguma
escassez de produto. Coisa que, diga-se, não faz
esmorecer Paulo Miranda, que prefere deixar-se
arrebatar pelas belas peças que elegantemente se
encontram expostas na sua loja.
“Temos de manter os
funcionários actualizados e essa é uma
grande aposta da nossa parte. Neste momento,
temos uma colaboradora em formação
na Suíça.”
Paulo Miranda
Duas ofertas para
o mesmo segmento
Com um conceito e uma imagem semelhantes
e destinadas ao mesmo target, pretende-se,
no entanto, que as marcas a expor na Paulo
Miranda Joalheiro não sejam coincidentes nos
dois espaços, salvo uma ou outra excepção.
A joalharia estará mais bem posicionada
na loja da Baixa, enquanto a do Fórum será
mais relojoeira. Não se vão repetir porque há
nuances a considerar «uma está aberta à noite,
a outra não», por exemplo. «No Fórum, teremos
a Porsche Design e a Jaeger-LeCoultre enquanto
na Baixa vamos ter Franck Muller e TAG Heuer.»
Paulo Miranda Joalheiro
Faro
Fórum Algarve, Loja 35 • 8000-125 Faro
Faro
Rua de Santo António, 21 • 8000-282 Faro
T: 289 865 433
[email protected]
www.paulomirandajoalheiro.com
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