ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE GÁS NATURAL - CEEGAN
MANOEL TRAJANO LEAL DE ANDRADE
SEGURANÇA EM INTERVENÇÕES
ENVOLVENDO GASODUTOS ENTERRADOS NA
CIDADE DE SALVADOR -BA
SALVADOR
2011
MONOGRAFIA CEEGAN VI
ORIENTADOR PROFESSOR D.Sc SILVIO ALEXANDRE BEISL VIEIRA DE MELO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA DA UFBA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PEI – PROGRAMA DE POS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL
CURSO DE ESPECIALIZAÇAO EM ENGENHARIA DE GÁS NATURAL – CEEGAN VI
MONOGRAFIA
SEGURANÇA EM INTERVENÇÕES ENVOLVENDO
GASODUTOS ENTERRADOS NA CIDADE DE
SALVADOR - BAHIA
SALVADOR, BAHIA
MARÇO/2011
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MONOGRAFIA CEEGAN VI
ORIENTADOR PROFESSOR D.Sc SILVIO ALEXANDRE BEISL VIEIRA DE MELO
Monografia apresentada a Universidade Federal da Bahia,
como requisito para a conclusão do Curso de
Pós Graduação em Especialização em Engenharia de Gás Natural
sob a orientação do
Professor D.Sc Silvio Alexandre Beisl Vieira de Melo
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ORIENTADOR PROFESSOR D.Sc SILVIO ALEXANDRE BEISL VIEIRA DE MELO
Aprovada em 25 de Maio de 2011
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
Prof. DSc. Silvio Alexandre Beisl Vieira de Melo
(Orientador)
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“Grandes coisas fez o Senhor por nós, e
por isso estamos alegres”.
(Salmos 126:3)
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AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais Osvaldo José de Andrade e Dinalva Leal de Andrade pelo
dom da vida.
Agradeço aos meus irmãos Osvaldo José de Andrade Filho, Cheherazade Leal de
Andrade e Marcus Vinícius Leal de Andrade pela contribuição de sempre na minha
vida desde a infância até os dias atuais.
Agradeço a minha namorada Glória Mariani pelo seu amor e apoio irrestrito nos
desafios constantes da vida.
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Dedico este material a Jorge Lucio Dalcum, in memorian,
Que durante toda a existência da CCOS até a sua desencarnação este sempre presente e ativos nas Reuniões da CCOS e do Grupo de
Intervenções, assim como nos treinamentos.
Comprometimento sincero e verdadeiro.
Saudade do amigo Manoel Trajano
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RESUMO
ANDRADE, Manoel Trajano Leal de.(2011). SEGURANÇA EM INTERVENÇOES
ENVOLVENDO GASODUTOS ENTERRADOS NA CIDADE DE SALVADOR –
BAHIA – Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia,Salvador,Bahia,2011.
A presente monografia tem como propósito abordar um estudo sobre um tema pouco
explorado e vivenciado pela minha pessoa durante minhas atividades profissionais
numa Companhia de Gás Natural do Estado da Bahia, em Salvador durante o
período de 2004 a 2007 onde foi identificada uma carência prevencionista na interrelação entre as concessionárias públicas e privadas que atuam com fornecimento
de serviços na cidade de Salvador, descuidadas de uma visão de Segurança
Preventiva que gerencie os riscos de seu serviço ou produto.
O trabalho propõe uma melhor comunicação entre as empresas públicas e privadas
assim como implantação de cultura preventiva e de uma rápida resposta a
emergências visando manter a integridade física e psicológica do trabalhador
envolvido na tarefa e da população, sem falar na necessidade de se evitar
interrupção no fornecimento de serviços essenciais a sociedade como energia
elétrica, água, esgotamento sanitário e telefonia, embora o gás natural ainda não
seja considerado neste grupo mas faz parte de uma nova realidade soteropolitana,
embora já comum em centros urbanos maiores como São Paulo e Rio de Janeiro há
cerca de 5 décadas.
Palavras Chave: Prevencionista; Comunicação; Segurança;Riscos.
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ABSTRACT
This monograph is intended to address a study on a topic little explored and
experienced by my person during my professional activities in Natural Gas Company
of the State of Bahia in Salvador during the period 2004 to 2007 where a shortage
has been identified in the inter preventionist -relationship between public and private
utilities that operate with supply of services in the city of Salvador, careless of a vision
of the Preventive Security who manage the risks of your service or product.
This document proposes a better communication between the public and private
companies as well as implementing preventive culture and a rapid response to
emergencies in order to maintain physical and psychological integrity of the employee
involved in the task and elsewhere, not to mention the need to avoid disruption in
provision of essential services to society such as electricity, water, sewerage and
telephone services, although gas is still not considered in this group but part of a new
reality Salvadoran, although already common in larger cities like Sao Paulo and Rio
de Janeiro about five decades.
Key Words: Risks; Safety; Events.
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SUMÁRIO
RESUMO………………………………………………………………………………………..7
ABSTRACT……………………………………………………………………………………..8
SUMÁRIO……………………………………………………………………………………….9
1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………...11
1.1 A CIDADE……………………………………………………………………………..11
1.2 AS CONCESSIONÁRIAS…………………………………………………………...12
1.3. FATOR MOTIVADOR……………………………………………………………….14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................................17
2.1 O GASODUTO SEM O GÁS NATURAL……....................................................17
2.2 O GAS NATURAL..............................................................................................18
2.3 O CAMINHO DO GÁS NATURAL ATÉ SALVADOR........................................21
2.4 SINALIZAÇÃO E PROTEÇÃO CATÓDICA.......................................................23
2.5 GASODUTO EM OPERAÇÃO...........................................................................24
3. METODOLOGIA...................................................................................................25
3.1 INTERVENÇÕES E RISCOS..............................................................................25
3.2 CONSCIENTIZAÇÃO E TREINAMENTO..........................................................32
3.3 PASSO A PASSO DA INTERVENÇÃO SEGURA..............................................35
3.4.MÉTODO NÃO DESTRUTIVO OU FURO DIRECIONAL...................................35
3.5 GESTÃO DE RISCOS.........................................................................................37
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES...........................................................................41
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CONCLUSÃO
E
SUGESTÃO
PARA
TRABALHOS
FUTUROS...................................................................................................................47
5..1 CONCLUSÃO
5.2 O FUTURO............................................................................................................48
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................49
ANEXOS.....................................................................................................................51
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1. INTRODUÇÃO
1.1.. A CIDADE
A cidade de São Salvador foi fundada em 29 de Março de 1549 pelo então
Governador Geral Tomé de Souza e nestes 462 anos viveu grandes momentos na
sua história pelos personagens que a marcaram, principalmente na efervescência de
suas manifestações afro-descendentes e pelas mulheres inesquecíveis como Joana
Angélica, Catarina Paraguassu e Irmã Dulce.
Salvador era formada por grandes fazendas com a da Graça, da Pituba e da Barra,
por exemplo. O bonde marcou momentos de romantismo no deslocamento entre
aqueles que jamais esquecem os tempos de outrora, como os que iam e vinha dos
encontros amorosos, dos trabalhos e da vida boemia.
A cidade cresceu, sua população aumentou consideravelmente numa vertiginosa
incrementada e a infraestrutura foi se fazendo cada vez mais necessária desde a
época das velas, que passaram pelo inicio da energia elétrica, do uso do telefone por
cabos que transpassavam e introduziam nas casas a modernidade. Os recursos de
abastecimento de água e esgoto foram se fazendo necessários, sendo que este
último numa velocidade bem menor, haja vista pelo numero de fossas ainda
presentes nos dias atuais utilizadas pela grande maioria da população.
A cidade tem peculiaridades ímpares, por se situar na Baía de Todos os Santos com
um litoral enorme de areias atraentes em um mar que recebe todos os dias um sol
escaldante típico de uma área tropical brasileira. A intensidade do salitre impõe
manutenção preventiva e corretiva a todas as instalações publica e privadas mesmo
a muitos metros de continente adentro.
Há anos atrás, durante a reforma da Praça da Sé foi encontrado um cemitério dos
Jesuítas até então desconhecido. Mais recentemente durante as escavações para
construção da estação do Metrô no Campo da Pólvora, encontrou-se restos de
ossadas de animais juntamente com pratos e talheres típicos de um cultura diferente
da nossa época, provavelmente de índios que viviam há muitos séculos atrás.
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A cidade do Salvador, no auge dos seus 462 anos completados agora em 29 de
Março de 2011 ainda carece de infra-estrutura do mais básico que atenda as
necessidades da sua população. Pistas de rolamento esburacadas, meio-fios sem
manutenção de pintura sinalizadora, ausência de drenagem pluvial muitas vezes
destruída pelas próprias pessoas ao fazerem rampas para suas garagens, rede de
drenagem entupida provocando alagamentos em época de chuva, ausência de
contenções de encostas na maior parte dos riscos, prédios em ruínas tombados pelo
patrimônio histórico e que dificulta com enorme burocracia oportunidades de melhora
por aqueles que têm interesse em recuperar levando muitas vezes a desabamentos
com vítimas fatais inocentes. Salvador vive com um trânsito caótico que tem no
poder publico muitas vezes dificuldades e interesses de resolver a falta de uma
engenharia de tráfego de verdade que somada a condutores mal educados e
despreparados com a conivência de auto-escolas desqualificadas no ensino.
A depender do grau de interesse as administrações estadual e municipal muitas
vezes não dão a devida a atenção a prevenção de acidentes, mesmo que para isso
ignore as condições urbanas básicas para o cidadão poder se deslocar e mesmo
morar, incluindo aí o turista que passa um tempo e não tem envolvimento com os
problemas da cidade, muitas vezes não enxergando os problemas da capital
ofuscado pelas suas belezas naturais conhecidas internacionalmente.
E neste contexto se tem um colapso da aplicação de um plano de emergência, pois
para o Corpo de Bombeiros, Policia Militar, agentes de transito, Ambulâncias
particulares ou públicas, concessionárias e demais autoridades se deslocarem, pode
significar a diferença entre a vida e a morte, mesmo que seja com o uso de
motocicletas, tidas como mais rápidas e eficientes.
1.2. AS CONCESSIONÁRIAS
Ao longo dos últimos séculos, com o advento da energia elétrica e da telefonia, que
se somaram aos serviços de abastecimento de água cada vez mais acessíveis à
população nos grandes centros urbanos, o subsolo começou a se tornar um lugar
congestionado, principalmente porque, devido ao excesso de fiação aérea e
exposição às intempéries, começou-se a ter a necessidade de protegê-las enterradas
no subsolo, há pouco mais de 1 m do nível da rua.
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Um bom exemplo disso é a cidade de São Paulo, onde em cada metro quadrado do
subsolo tem sido um espaço disputado bem próximo uns dos outros, com o
crescimento de instalações enterradas sejam elas de luz,água,telefonia,gás,TV a
cabo, dados,esgotamento sanitário para atender as necessidades da população.
O que se entende por concessionárias são aquelas empresas que por lei (federal,
estadual, municipal) obtêm a concessão de um serviço, seja ele por monopólio ou
não. Pode ser pública, privada ou mista, de acordo com o mercado a ser objeto da
concessão. No caso de serviços essenciais os serviços são municipais ou estaduais.
Vejam-se, por exemplo, os serviços de abastecimento de água em Salvador, foco
deste trabalho. Antes da chegada dos gasodutos, já se tinha rede pluvial do
município cuja manutenção é de responsabilidade da SUCOP (Superintendência de
Controle e Operação, antiga SUMAC – Superintendência de Manutenção da Capital)
que cuida de estar sempre mantendo a tubulação limpa para evitar alagamentos na
cidade. Outro exemplo é a telefonia fixa, através de fibra óptica, para transmissão de
dados (internet, transferência de débito/crédito de administradoras de cartões etc.).
Cada concessionária é responsável, pelo cadastro do que instala no subsolo para
fins de controle e intervenções futuras, mas na prática não funciona bem assim
devido a ausência de uma cultura prevencionista ao longo de décadas de história e
desenvolvimento, visando unicamente atender os clientes consumidores dos seus
serviços, no caso de água e esgoto, atender a exigências normativas e legais para
evitar sobrecarga da rede e danos ao patrimônio e a própria população. No caso de
Salvador, que tem na sua história imóveis tombados e instalações antigas, que
comprovam a passagem de momentos de lutas e conquistas, como tubulações em
ferro fundido escondida nas encostas que são descobertas em deslizamentos de
terra, como a testemunhada durante diligencia pela Defesa Civil Municipal
(CODESAL) no inicio do século XXI, mostraram surpresas que surpreendem até a
Empresa Baiana de Águas e Saneamento – EMBASA – concessionária estadual
responsável pelo serviço de abastecimento de água. Ou com os dois tanques de
combustível de 6,00 x 3,00 x 2,00 encontrados no Terminal da França durante
escavação para assentamento de manilhas do Projeto Bahia Azul na mesma época.
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Em 1991 o Governo do Estado criou uma companhia de gás natural à qual foi dada a
concessão exclusiva (monopólio) do serviço nos limites territoriais baianos por 50
anos. Esta empresa iniciou sua operação no Pólo Petroquímico de Camaçari em
1994 e a partir daí, vindo pela BR-324 sentido Salvador, em 2001 iniciou o
fornecimento de gás natural para o primeiro cliente residencial no Edifício
Michelangelo no bairro Aquarius, distrito da Pituba. Esta concessão diz respeito à
distribuição de gás natural canalizado, seja enterrado ou em carretas-feixe (postos de
combustíveis). A empresa é composta em capital votante por 49% do Governo do
Estado e 51% divididos igualmente em duas empresas privadas,ou seja, sua diretoria
é subordinada ao controle público através da Secretaria de Infra-Estrutura e é
regulada pela Agencia de Regulação do Estado da Bahia – AGERBA.
1.3. FATOR MOTIVADOR
Em 2001 foi criada o uma comissão chamada CCOS – Comissão de Coordenação
de Obras e Serviços pela Prefeitura Municipal do Salvador composto de
concessionárias publicas e privadas municipais, estaduais e federais, com o objetivo
de nortear as ações de planejamento, intervenções, ações, eventos e discussões que
interessassem a todos os membros participantes, visando prevenir acidentes que
levassem
danos
patrimoniais,
lesões
pessoais
e
interrupção
de
serviços,principalmente ao consumidor final ou beneficiário. Era composta pelas
empresas de telefonia, esgotamento sanitário, abastecimento de água, TV a cabo,
gás natural, órgãos de infraestrutura e manutenção municipal e estadual, entre
outras. Inicialmente suas reuniões eram mensais e de acordo com a necessidade
poderiam passar a ser quinzenais. A comissão era presidida por representante
designado do Prefeito, no caso o Sub-Secretario de Urbanização e Infraestrutura da
Capital, com um secretário que fazia as atas.
O numero de intervenções da concessionária de água e esgoto – EMBASA era muito
alto e leva muitas vezes a danos ao cabeamento e a fiação elétrica, às vezes mesmo
a aérea. Isso levava à interrupção de serviços e danos físicos que implicava em
custos e perda de tempo.
Nesse ínterim surge um risco novo até então desconhecido em Salvador: o gás
natural canalizado e enterrado, com suas propriedades tais como inflamabilidade,
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pressão elevada (pelo menos o trecho em aço carbono até os Postos de
Combustíveis e na entrada da cidade pela BR-324 e Heitor Dias /Largo do Retiro, por
onde a diretriz estava chegando para distribuição). Muitos questionamentos
chegaram através da Prefeitura e à própria concessionária de gás natural
diretamente, pois se achava que era passível de explosão e incêndio a despeito das
causas ainda desconhecidas por trabalhadores e dirigentes das mesmas. Os órgãos
fiscalizadores do exercício profissional e da liberação de serviços (SUCOM –
Superintendência de Controle, Uso e Ordenamento do Solo do Município) tinham
muitas dúvidas e precisaram de palestras e seminários esclarecedores que visassem
esclarecer, tranqüilizar e operacionalizar a novidade no mercado baiano e
soteropolitano. A concessionária chegava com Planos de Contingência e Emergência
definidos por profissionais capacitados e experientes em área , com uma substância
desconhecida, odorizada com mercaptana, que dava o odor característico em caso
de vazamento e a grandes distancias. A despeito da pressão citada, esta diminuía
com a proximidade do centro, e a pressão baixa é mais perigosa do que a alta, o que
é explicado no decorrer do presente texto.
Esta concessionária é hoje a terceira maior do Brasil, atrás de São Paulo, a primeira,
e do Rio de Janeiro, a segunda,, levando-se em conta comoparâmetros
o
patrimônio, a rede de gaosutos e o volume de gás vendido.
A concessionária de gás natural é formada por engenheiros mecânicos, engenheiros
químicos,
engenheiros
de
segurança,
engenheiros
civis,
administradores,
contadores, economistas, operadores, técnicos de contabilidade, publicitários,
advogados, técnicos de segurança, técnicos administrativos, entre outros, atuando
em Salvador,Camaçari, Feira de Santana, Simões Filho, Candeias, Catu, Pojuca, Ilha
de Itaparica e em breve Teixeira de Freitas, Itabuna, entre outras, na dinâmica de
conquista de mercados.
Na parte inicial desse trabalho, é feita a descrição das substâncias antes e durante a
operação do gasoduto.
Um fato curioso
ocorrido na companhia de gás natural da Bahia foi o pequeno
buraco que apareceu na frente de um grande shopping de Salvador, mais
precisamente no meio da pista de rolamento. Um buraco aparentemente inocente
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começou a crescer e foi necessária uma intervenção pelo poder publico municipal
para fazer a recuperação da via, pois, pela experiência, um buraco significa muitas
vezes fuga de material devido ao carreamento de finos que compõem a base de
qualquer pista. E qual foi a surpresa ao ver que já se havia um câmara de 6 m de
comprimento por 3 m de largura e 1,5 m de altura, cuja sustentação estava sendo
feita pela própria capa asfáltica.
No local passavam redes de água, esgoto, telefonia e bem próximo uma rede de gás
natural. Era importante saber quem fez a última intervenção no local, pois assim se
investigariam melhor as causas do acidente.
Um item importante na execução de qualquer escavação, que é sempre feita na
grande maioria das vezes, é o reaterro. Um item exigido na legislação municipal e
contido no alvará de qualquer obra que escave o solo é deixá-lo igual ou melhor do
que quando encontraram, mas quase sempre isso não é cumprido. As boas práticas
de Engenharia em Mecânica dos Solos contêm em seu conhecimento o fato de que a
terra uma vez modificada, desagregado seu coeficiente de coesão dos grãos e
condições originais de umidade, é preciso que sua reposição seja feita com
compactação adequada e com a chamada umidade ótima. A depender do solo, esse
reaterro deve ser feito com a técnica peculiar, seja o solo um arenoso, areia, barro
com fator de coesão baixo, etc. O que se vê na prática é muitas vezes uma reposição
feita com lançamento com pá ou com retroescavadeira, sem a mínima preocupação
com a sobrecarga de veículos que virá adiante, e meses depois o terreno começa a
ceder e as instalações começam a se espremer, envergando, flexionado e levando a
vazamentos e contaminação do subsolo, seja qualquer que seja a concessionária ou
órgão municipal interventor, inclusive a própria empresa de gás natural.
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Figura 1- Danos ocorridos em instalações devido a intervenções mal feitas. Exemplos de escavação, fita de sinalização
Avariada e “ferimento” em tubulação de aço carbono
(Arquivo pessoal do autor do trabalho)
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.. O GASODUTO SEM O GÁS NATURAL
Para melhor entendimento do tema deste trabalho vamos discorrer sobre dois
ângulos distintos: o gasoduto enterrado já existente e a intervenção de redes
vizinhas, e as instalações já existentes onde o gasoduto será enterrado.
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O Gasoduto no seu processo construtivo pode ser feito de duas formas: por
escavação mecânica ou por método não destrutivo (MND), também conhecido com
furo direcional.
No primeiro método, como o próprio nome diz, é feita a escavação seguindo as boas
práticas da engenharia com o devido escoramento, onde as tubulações são
instaladas por métodos diferentes, caso seja em Polietileno de Alta Densidade
(PEAD) ou Aço Carbono.
No método não destrutivo ou furo direcional são definidos dois pontos a montante ou
a jusante por onde o gasoduto se ligará e é feito através de inserção de fluido com
escavadora mecânica com perfuratriz para lançar a diretriz desejada.
Ambos os métodos devem preceder de análise do subsolo por solicitação de
catálogo de diretriz da possível rede vizinha (geralmente identificada por placas de
sinalização na superfície, caixas de inspeção, poços de visita, etc.). E é nesse ponto
que se encontra o fator motivador do presente trabalho, que está relacionado a
confiabilidade dos documentos e os bem conhecidos “as built” ou “conforme
construído”. A companhia de gás natural da Bahia, por ser mais nova e dispor de
mais recursos tecnológicos e softwares que possam atuar preventivamente visando
acidentes,
naturalmente
acabou
conduzindo
trabalhos
de
discussão
que
amadurecessem essa comunicação escrita e falada, que se verá mais adiante.
Uma vez instalado o gasoduto, o mesmo é inertizado, ou seja, é introduzido
Nitrogênio (N 2 ) para melhor conservação das paredes internas da tubulação. O
Nitrogênio (N 2 ) está presente na natureza com cerca de 78% em volume do ar
respirável e ao contrario do que as pessoas pensam, por ser inerte, tem riscos para a
saúde quando em excesso na sua concentração ou inalado isoladamente, pela sua
característica de asfixiante simples, que desloca o Oxigênio (O 2 ) na atmosfera, cuja
concentração que se respira gira em torno dos 21%. Abaixo de 19,5% podem-se ter
problemas de tontura, desmaio e até mesmo a morte.
Durante as escavações das outras concessionárias para manutenção ou novas
instalações, deve-se ter o cuidado necessário para evitar furar a rede de gás natural,
mesmo inertizada.
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Por outro lado, os executores das instalações de gasodutos devem estar atentos
para quando da colocação de sua rede, não atingir as demais redes existentes de
energia elétrica, telefonia, dados, água, esgoto, drenagem pluvial, etc.
2.2. O GÁS NATURAL
O gás natural é encontrado na natureza no subsolo junto com o petróleo e água
intersticial nas rochas, originado da decomposição de fósseis que viveram milhões de
anos atrás pela ação de bactérias na matéria orgânica. O poço de gás pode ser do
tipo associado, quando se tem na maioria óleo, ou não associado, quando o gás
natural predomina em volume em relação ao óleo.
Tem na sua composição a
predominância do gás metano (cerca de 78% em concentração), seguido de etano,
propano, butano em bem menores concentrações, além de pequenas frações de
nitrogênio e gás carbônico, dependendo do poço onde é encontrado. O gás natural
que vem para a Bahia é da bacia de Camamu, localizada no Recôncavo Baiano, e
mais recentemente passou a ter a participação da bacia de Manati, na mesma
região. Originalmente ele é encontrado inodoro na natureza, com contaminantes e
altamente úmido.Caso fossem utilizados de imediato, seriam danosos às instalações
e teriam seu pode calorífico diminuído para o uso do consumidor final. Para isso
existem as Unidade de Processamento de Gás Natural – UPGN – que desde a
exploração, sua produção e tratamento são de responsabilidade da Petróleo
Brasileiro S.A – Petrobras, tendo em seguida feito seu transporte pela
TRANSPETRO até as Estações de Transferências de Custodia – ETC - na empresa
de distribuição estadual no Pólo Petroquímico de Camaçari. O gás é medido na saída
do transportador e na chegada no distribuidor e existe um range de aceitabilidade
regulada pela Agencia Nacional do Petróleo – ANP. A odorização com mercaptana
fica regulada de acordo com o mercado a ser beneficiado. Por exemplo, a unidades
termelétricas da Companhia do Vale do São Francisco, no Pólo Petroquímico de
Camaçari, não recebem gás odorizado, pois a substancia danificaria os
equipamentos. Já para clientes residenciais, comerciais e postos de combustíveis a
odorizaçao é obrigatória por questão de segurança.
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Figura 2 – O Gás Natural: da fonte até a comercialização
(Arquivo pessoal do autor do trabalho)
Para efeito de esclarecimento, o gás natural é mais leve do que o ar, é asfixiante
simples, inflamável e é odorizado. O Gás Liquefeito de Petróleo – GLP – conhecido
como gás de cozinha, é mais pesado que o ar, é asfixiante simples, odorizado,
inflamável e tem na sua constituição a predominância de butano e propano, além de
pequenas concentrações de substancias contidas no Gás Natural.
FICHA TÉCNICA:
Gás Natural
O gás natural é uma fonte de energia de origem fóssil, constituído por uma mistura
de hidrocarbonetos leves, entre os quais se destaca o metano (CH 4 ), que se localiza
no subsolo da terra e é procedente da decomposição da matéria orgânica espalhada
entre os extratos rochosos. Tal e como é extraído das jazidas, o gás natural é um
produto incolor e inodoro, não é tóxico e é mais leve que o ar. O gás natural não tem
cheiro, por isso é odorizado, para que seja percebido em caso de vazamentos. Além
disso, o gás natural é uma fonte de energia carente de enxofre e a sua combustão é
completa, liberando como produtos da mesma o dióxido de carbono (CO 2 ) e vapor
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de água, sendo os dois componentes não tóxicos, o que faz do gás natural uma fonte
de energia ecológica e não poluente.
Composição Típica
Elemento
Percentual %
Metano
89%
Etano
6%
Propano
1,8%
C4+
1,0%
CO2
1,5%
N2
0,7%
Tabela 01
Características: Segurança; Baixa densidade, menor que a do ar, dispersando-se
rapidamente na atmosfera em caso de vazamento; não tóxico; inflamabilidade
reduzida;
O combustível : Poder calorífico superior a 9400kcal/m³; Limite de inflamabilidade:515% em volume; Temperatura de ignição espontânea: 540ºC; Velocidade de chama:
35 a 50 cm/s; Temperatura de chama: 1.945ºC com ar e 2.810ºC com oxigênio;
Ponto de ebulição: -162°C; Ponto de Fulgor: - 189°C; Densidade absoluta: 0,766
kg/m3 (@ 20°C; 1 atm).
2.3. O CAMINHO DO GÁS NATURAL ATÉ SALVADOR
A partir das ETC situadas em Candeias, Simões Filho, Camaçari, Salvador (Aratu) e
Catu o gás natural é odorizado para atender os mercados industrial (exceto
Termoelétrica da Chesf), automotivo (GNV- Gás natural veicular, também conhecido
como gás metano veicular), residencial e comercial.
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O caminho do gás natural vem através de tubulação de aço carbono, na margem da
pista sentido Salvador-Feira, tendo em seu caminho algumas derivações para
clientes automotivos incluindo alguns cruzamentos sob a pista para atender
estabelecimentos do outro lado. A pressão do gás neste eixo principal é da ordem de
21 Kgf/cm2, reduzido para 7 ou mesmo 4 Kgf/cm2
em algumas destas ligações.
Chegando no largo do Retiro se encontra uma estação de regulação chamada ERP –
Estação de Redução de Pressão, onde após a passagem por ela o gás natural segue
com pressão de 14 Kgf/cm2 até a Estação de Distribuição do STIEP de onde toma
três caminhos: Avenida Magahães Neto, visando a rede da Pituba e adjacências,
Avenida Bonocô e Avenida Paralela em direção ao Imbuí e Postos de GNV da via
principal. A partir destes caminhos a rede toma novas derivações para o status atual
que inclui a Avenida Vasco da Gama, Avenida Antonio Carlos Magalhães, Vale do
Ogunjá, Avenida Heitor Dias até as 7 Portas.
No trecho entre as ETC e Salvador existem estações chamadas Hi-Low que tem por
finalidade estabilizar a pressão na rede caso a pressão diminua ou suba
consideravelmente.
Dentro da cidade, devido a orientações legais do poder municipal, existem ERP
enterradas e trancadas com cadeados, sinalizações de piso no asfalto ou passeio e
marcos em alto relevo em canteiros que reforçam a prevenção ante a escavação
aleatória e indiscriminada.
Na frente dos estabelecimentos residenciais e comerciais existem ainda válvulas de
bloqueio na cor azul que servem para interrupção em caso de inadimplência ou em
caso de vazamentos e manutenção.
A tubulação dentro da cidade é aço carbono (clientes automotivos) e polietileno de
alta densidade (comerciais e residenciais) com pressões entre 4 e 7 Kgf/cm2, sendo
que na interligação até ERPM – Estação de Redução de Pressão e Medição tem-se
a pressão de 1,5 Kgf/cm2. Esta estação, de responsabilidade da concessionária mas
dentro da area do cliente, é na prática uma ETC, onde passa-se para a
responsabilidade do cliente consumidor sua rede canalizada interna que foi
executada por ele.
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A ED do Stiep monitora a rede de gás com equipamentos sofisticados e é através
deste sistema que a concessionária oferece um serviço de plantão 24 h através de
um telefone 0800. Da mesma forma há uma ED no Pólo Petroquímico que monitora a
rede naquela área. O telefone de emergência cobre toda área atendida pela
concessionária, inclusive Feira de Santana e outras cidades beneficiadas pelo gás
natural.
2.4. SINALIZAÇÃO E PROTEÇÃO CATÓDICA
Toda a malha de gasoduto é sinalizada interna e externamente através de placas
verticais tipo “PROIBIDO ESCAVAR – GASODUTO”, “PERIGO – NÃO ESCAVAR”
indicando o nome da concessionária e telefone de emergência. No caso de gasoduto
em aço carbono geralmente são colocadas placas de concreto e uma fita plástica
com os dizeres de “PERIGO – NÃO ESCAVAR”. No caso do gasoduto em polietileno
de alta densidade, só se usa a fita, pois o concreto pode deformar a tubulação.
Estas duas situações só são possíveis quando o gasoduto for assentado em
escavação a céu aberto, pois em furo direcional é impossível aquela prática
sinalizadora.
Em ambas as situações, escavação ou método não destrutivo, a
superfície é obrigatoriamente sinalizada. Na zona rural são colocados piquetes de
quase 1 m semi-enterrados (as empresas de telefonia também os utilizam) com os
dizeres citados acima. Na área urbana, as opções são marcos prismáticos com os
dizeres acima nos canteiros da cidade e as placas de aço no asfalto/passeio.
A proteção catódica é um recurso utilizado na tubulação em aço para evitar corrosão
e conseqüentemente pontos de vazamento por diminuição da espessura da peça,
através de passagem de corrente com ligação em anodos.
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Marco de Concreto para
uso em canteiros
Áreas Urbanas
Placa de aço para calçada e vias
Pavimentadas
Áreas Urbanas
Marco de Concreto e Placa
Metálica Área Rural / Rodovias
Figura 3 – Formas de sinalização de gasodutos de acordo com o ambiente (urbano ou rural)
(Arquivo pessoal do autor do trabalho)
2.5. GASODUTO EM OPERAÇÃO
Sempre poderá haver trechos inertizados e, para entrar em operação, é feito um
planejamento operacional de abertura e fechamento de válvulas, de acordo com o
trecho a ser pressurizado com gás natural, em que a partir de certo momento ele
deslocará o volume de nitrogênio do trecho envolvido, que será liberado a jusante da
diretriz. Esta operação é de risco e normalmente não há isolamento de área para a
população que circula no local, indepedentemente do horário em que está sendo
realizada. Mesmo em situações em que há despressurização de trecho, não é feito
qualquer isolamento da área, a despeito do odor característico que é percebido pela
população, que entende o fato como vazamento e ameaça de explosão, pela
semelhança do cheiro com o conhecido gás de cozinha (GLP).
Trata-se de uma pressão baixa no centro urbano e por esse motivo, em caso de
vazamento ,seu processo é mais lento, até encontrar possíveis galerias onde possa
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se acumular. E aí que está o foco desse trabalho: a segurança do gasoduto
enterrado. Para o gás, enquanto está fluindo no subsolo, isolado por uma tubulação
de aço ou PEAD, as chances de transpassar o subsolo que o enterra e ir em direção
a atmosfera sem nenhum efeito externo e provocar um desatre são nulas. Nesse
ponto que poder-se-ão entender os chamados “efeitos externos”, pois os fenômenos
que envolvem o contato do gás com a atmosfera tem um comportamento que foge ao
escopo do presente trabalho, mas passa pela formação da nuvem de gás e das
faixas de inflamabilidade e explosividade que dirão os potenciais riscos de ocorrer
um acidente.
Por isso, faz-se necessário um Plano de Contingência e um Plano de Emergência,
que contemplem o que e como fazer em caso de sinistro, mobilizando entidades
internas e externas, partindo da premissa de uma comunidade treinada e parceira da
concessionária, através de um trabalho de socialização; este processo existe em
Salvador e por onde passa o gasoduto na rede baiana, organizado e executado por
ela.
3. METODOLOGIA
3,1, INTERVENÇÕES E RISCOS
Em dados de 2006 a concessionária de abastecimento de água da Bahia – EMBASA
possuía cerca 500 intervenções diárias na cidade de Salvador, segundo informações
de seus prepostos durante as reuniões entre concessionárias de serviços,
coordenadas pela companhia de gás natural baiana. Essas reuniões surgiram a partir
de um processo de amadurecimento da CCOS, que em suas reuniões mensais
sentiu a necessidade de se criar um grupo especifico para tratar de intervenções
programadas ou emergenciais, visto que a comissão até então tratava o assunto de
forma genérica, superficial e incluía temas como planejamento a curto, médio e longo
prazos.
A evolução do Grupo de Intervenções se deu a partir do dia 20/01/, quando da 3º
Reunião Extraordinária da CCOS – Comissão de Coordenação de Obras e
Serviços,presidida pela Prefeitura Municipal do Salvador.
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Seus participantes eram compostos por Concessionárias públicas municipais e
estaduais, além das privadas. Ao longo dos debates e apontadas as necessidades
dos trabalhos, foi criado e divulgado amplamente o Cartão de Emergência dos
participantes do Grupo onde foram realizadas duas revisões de atualização.
Ao longo dos processos de melhoria de comunicação e ações entre empresas e
formas de contato rápidas e eficientes foi criada uma Diretriz de Intervenções Política única visando prevenção de acidentes, procedimentos, responsabilidades de
ações e custos envolvidos acerca de intervenções Programadas ou Emergenciais.
Ao longo do período de ação do Grupo foram
Treinamentos
(2005
e
2006)
para
os
realizadas 30 Reuniões e 2
trabalhadores
e
terceirizados
das
Concessionárias sendo mais de 200 participantes no primeiro ano e 150 participantes
no segundo ano em 2 dias de evento. Em 2007, a inclusão do Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREA-BA passou a dar mais credibilidade às
ações do Grupo, tendo neste órgão um convidado com poder de fiscalização e
contribuindo muito nas orientações. Assim foram definidas e alinhadas técnicas e
responsabilidades profissionais dentro dos propósitos do Grupo. A área de
abrangência do Grupo de Intervenções contemplou cidades como Salvador,
Catu,Alagoinhas, Feira de Santana, Santo Amaro, Simões Filho, Linha Verde,
Estrada do Côco, Pojuca, Candeias,etc.
Esta seqüência é item de um material elaborado pelo autor do presente trabalho, que
durante quase 3 anos coordenou o presente Grupo, como representante direto da
concessionária escolhida como coordenadora que era a concessionária de gás
natural da Bahia.
As reuniões do Grupo eram mensais, sem coincidir com a da CCOS. Além dos
membros citados, era facultada a presença de outra concessionária que se
interessasse mesmo o estado (a CONDER era parte interessada). Da prefeitura
vinha varias partes de sua estrutura, como manutenção, obra, árvores. Iluminação
publica de acordo com a necessidade e convite.
O fator motivador principal do Grupo foram os crescentes sustos envolvendo as
linhas de gás ainda intertizadas no Parque Nossa Senhora da Luz na Pituba, quando
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uma escavadeira furou um trecho de gasoduto em PEAD em que vazou Nitrogênio,
pois a linha estava inertizada. Tratava-se de um serviço de manutenção de rede de
água que estava vazando. Pelo mesmo tipo de serviço uma rede em PEAD com gás
natural foi furada na Avenida Paralela próximo a um grande supermercado. O
vazamento foi logo sanado pelo rápido deslocamento e intervenção dos operadores.
Por sorte, também não houve fagulha e inflamabilidade.
Muito se questiona se uma retroescavadeira bater em cheio numa tubulação em aço
carbono ou mesmo furando uma em PEAD pode ocasionar explosão. De imediato é
muito difícil porque não há acúmulo de gás e não há oxigênio na interface do subsolo
com a camada da tubulação que possa gerar imediata reação explosiva. Mas se
houver um vazamento e nada for feito rápido poderá haver a nuvem de gás e ser
gerado incêndio ou mesmo explosão. Outro fator importante é a combinação. Se
houver rede elétrica por perto ou mesmo bem próximo poderá ocorrer uma reação
rápida do triangulo do fogo (combustível, comburente e fonte de ignição) que dentro
da faixa de inflamabilidade possa levar a um sinistro grave.
Até a presente data desconhecem-se casos com gás natural ocorridos na Bahia
envolvendo gasodutos. Os dois acidentes que tiveram aqui envolvendo GNV foram
de responsabilidade do usuário que usavam cilindros inadequados no porta-malas de
seus carros e por não resistir a pressão, explodiram,deixando feridos no segundo
caso. No primeiro não houve vitimas.
É sabido também que na cidade do Rio de Janeiro já, por duas vezes, um tampão de
bueiro voou batendo na fachada de um prédio, sem deixar feridos, ocasionado por
uma explosão de gás que vazou no subsolo e que por algum motivo acumulou em
algum ponto. A concessionária de lá tem mais de 50 anos, é da época do gás de
coque e dentro dessa idade mostra o quanto são raros os acidentes dessa ordem.
Na cidade de São Paulo há alguns anos atrás, durante um serviço de escavação da
prefeitura. houve grande vazamento na ruptura de uma linha de gás natural e que
levou a uma interdição do quarteirão com acesso dos bombeiros e equipe técnica
com faróis a prova de explosão. Toda a energia elétrica de um quarteirão teve que
ser desligada para evitar explosão do gás. Tudo foi resolvido e ninguém se feriu.
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As grandes dificuldades encontradas nas concessionárias, sejam elas publicas ou
privadas, sempre foram a confiabilidade do cadastro do subsolo, principalmente “as
bult” (conforme construído) e a comunicação, independentemente do serviço ser
emergencial ou programado(novo,rotineiro,manutenção).
Daí foi discutido e aprovado pelas equipes técnicas, a nível experimental, um
Relatório de Ocorrência – RO, que servisse de registro e estatística para efeito de
controle e correção. Esse documento nunca conseguiu ser integrado à rotina das
empresas por limitações jurídicas e de suas lideranças, ou seja, burocracia. Nele se
previa até o custo do responsável.
Com relação às estatísticas até o presente período que a iniciativa foi lançada, não
existia nas empresas números que expressassem uma realidade que muitas vezes
impactavam em custos medidos em dólares (US$) devido ao material ser importado.
Que o diga a concessionária de energia elétrica que perdia milhares de dólares
quando tinha seus dutos e equipamentos atingidos em escavações negligentes e
sem apoio técnico do responsável pelas instalações.
Em nível de projeto novo, já ocorreu de uma diretriz do gasoduto ser modificada por
determinação do órgão fiscalizador de obras municipal, por estar coincidindo com
uma diretriz de uma linha 69 kV que alimentava uma Subestação. Uma obra em sua
escavação poderia acertar a linha e matar um trabalhador, alem do mais gás não
combina com eletricidade.
Podem-se listar uma série de transtornos causados por uma intervenção em
ambiente urbano que muitas vezes podem levar a prejuízos a população,
principalmente em época de chuvas em que se exige o pleno funcionamento do
sistema de drenagem pluvial que deve estar sempre intacto, livre de obstruções e em
declividade aceitável.
Acerca dos impactos temporários se tem as freqüentes inserções no solo, para a
manutenção das redes de infra-estrutura, através da instalação de canteiros de obras
nos centros urbanos. Este tipo de mudança terá como consequência a geração de
diversos impactos ao meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas, tais como:
resíduos, lamas nos arruamentos ,danos usados a canteiros e árvores, geração de
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ruído, aumento do volume do tráfego, lentidão local no fluxo de veículos, e interdição
de vias e passeio público, interferência na atividade comerciais, problemas de
natureza econômica, ambiental, além de quedas e atropelamentos de pedestres e
geração de poeira.
Alem das questões de segurança que estão sendo abordadas no presente material,
os transtornos causados acima levam a denegrir o que as empresas hoje tem de
maior prioridade que é a sua imagem. Até que se esclareça que a culpa do problema
foi de uma empresa interventora de uma instalação vizinha a interrupção no
fornecimento de gás, de água, de energia elétrica, de telefonia,de dados(compras em
forma de débito, crédito, transferência,etc.). O que se dizer de uma rede de esgoto
vazando e exalando mau cheiro e insalubridade por contato de liquido?
Em relação aos resíduos, a geração é praticamente inevitável nas intervenções
realizadas no solo pelas concessionárias, por disponibilizar infra-estrutura nos grades
centros urbanos, uma vez que para acessar uma rede subterrânea, tem-se que
muitas vezes remover o material de cobertura do solo além de varias camadas do
subsolo até que se tenha acesso às instalações.
Importante ressaltar também a troca de materiais desde a remoção até a sua
substituição. Normalmente o estado natural do terreno contempla um grau de coesão
que quando mexido precisa ser substituído por um material de melhor qualidade e
com a devida compactação com umidade ótima (15%). E esse é um fator tão
importante que as concessionárias não dão a devida importância e acaba por ocorrer
o rebaixamento do volume de terra o que compromete a estabilidade do subsolo e
das relações de tensão e é nesse ínterim que se deve ficar atento às área
compartilhadas com dutos
de gás, água,telefonia, principalmente em grandes
avenidas.
É uma prática do poder municipal controlar os dias, os horários e os métodos para
que causem o menor dano possível a vizinhança e a comunidade local, além de estar
atento à meteorologia, porque pior do que a intervenção mal sucedida é agregar
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lama e buracos às já conhecidas péssimas condições do pavimento asfáltico dos
grandes centros urbanos.
Outro item que não se pode deixar de lado junto com a segurança é o paisagismo, ou
o aspecto harmônico encontrado no local antes da intervenção. Muitas vezes as
concessionárias realizam compensações ou contrapartidas como construção de
praças que passam a ser “adotadas” como forma de manter uma boa imagem no
bairro ou logradouro de uma determinada área da cidade. Esse trabalho muitas
vezes é feito em parceria com o poder publico municipal ou associação de
moradores. É comum, em cidades do interior, uma concessionária reformar um
cinema ou teatro local como forma de expor sua responsabilidade social e passar a
ser bem vista pelas pessoas, apesar dos buracos abertos e trânsito alterado por suas
obras ou manutenção preventiva ou corretiva.
A visão dos construtores não pode se restringir à qualidade técnica dos seus serviços
meramente de Engenharia, mas devem ter noções básicas ambientais, ou até
mesmo um profissional desta área para não ter surpresas indesejadas como matar
uma árvore pelo caule rompido, uma erosão não prevista porque faltou uma
avaliação prévia de impacto ambiental (muito comum em áreas rurais mesmo sem
dutos na vizinhança). Até registro de boi ou vaca que caiu em vala deixada aberta se
tem na história das obras de gasodutos. Caberia um isolamento físico e forte no
local, pois o animal não tem muitas vezes percepção de risco, muitas vezes
escondido por trás de vegetação alta, ou seja, uma armadilha.
Grandes gasodutos como o Brasil-Bolívia (GASBOL) tiveram que se adaptar e
respeitar a natureza, inclusive esperando períodos de reprodução de animais para
que a biodiversidade local não fosse atingida. Seria desejável que esse exemplo
fosse inserido no contexto dos grandes centrros urbanos cortados por lençóis
freáticos,rios,bacias e claro,outras instalações físicas como pedras que muitas vezes
são responsáveis por perda de dutos no furo direcional ou Método Não Destrutivo
(MND).
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Uma forma de intervenção também prejudicial é o ruído gerado por máquinas e
equipamentos, por ser uma questão de poluição sonora, consequentemente, com
impacto na saúde dos trabalhadores, da população e não dá para se falar de
segurança do trabalho sem falar de saúde ocupacional e saúde pública. Stress,
agitação, nervosismo, alterações fisiológicas diversas são sintomas causados pela
exposição ao ruído. Ruído é som. Som é energia e tem perturbação ambiental por
vibração nas instalações e do solo. É inevitável, mas pode ser dosado, controlado,
monitorado e planejado inclusive em horários e dias da semana. E o poder municipal
fiscalizador deve estar atento a isso independentemente do grau de consciência da
empresa executora.
A Engenharia de Tráfego (se houver) também é envolvida no processo de
intervenção. Em se tratando de uma obra ou manutenção programada deverá ser
feita solicitação de alvará a Prefeitura local e esta deverá verificar as condições da
via, do fluxo de veículos incluindo horários de pico, do número de pedestres nos
diversos horários para viabilizar a liberação do serviço. Infelizmente, grandes cidades
como Salvador tem entendido e banalizado esta Engenharia como colocar cones,
barreiras físicas (gelo baiano) e agentes no local dando apoio. É muito mais do que
isso. É um estudo que contempla uma análise detalhada do lay-out de intervenção da
obra ou manutenção e recursos não faltam hoje com softwares e outros recursos
tecnológicos para prover um planejamento adequado. Não se prevê muitas vezes o
que fazer em caso de emergência como um vazamento de gás ou incêndio.
Numa cidade como Salvador, a depender do horário que ocorra um sinistro durante
um serviço programado ou emergencial o acesso de ambulâncias, bombeiros
militares, polícia, concessionária e o próprio gestor do trânsito fica dificultado ou
mesmo impossível. Daí a importância de se realizarem seminários, simulados no
local, porque a população sempre sai prejudicada com falta de planejamento de
serviços e obras, literalmente “travando” o trânsito que lentamente se move no já
caótico grande centro urbano.
As empresas têm procurado por terrenos apropriados para montar seus canteiros
urbanos para implantação de gasodutos, eletrodutos, rede de telefonia e dados para
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poder gerir o estacionamento de máquinas, veículos pesados e dutos para trazer o
mínimo possível de transtorno a população. Veículos pesados devem ser sempre
acompanhados de veículos batedores (veículos comuns que evitam na frente e atrás
do veiculo pesado a aproximação de veículos comuns e consequentemente
acidentes). Infelizmente esta não é a realidade de Salvador onde se testemunha
quase que diariamente riscos a população veículos pesados sem qualquer
preocupação com tombamentos e materiais ou colisões.
Não se pode esquecer da geração de poeiras, em quase a totalidade das obras e
serviços de intervenção em instalações enterradas. Isso ocorre devido à remoção do
pavimento e camadas do subsolo, necessárias para o acesso as redes. A poeira
gerada não apenas suja as residências, comércios e veículos estacionados nas
proximidades do canteiro como também pode provocar ou agravar problemas
respiratórios, especialmente em pessoas com doenças respiratórias crônicas.
Crianças e idosos são também mais sensíveis a níveis altos de poeira, o que vai
interferir de maneira significativa na qualidade de vida desta parcela da população.
3.2 CONSCIENTIZAÇÃO E TREINAMENTO
As reuniões do Grupo de Intervenções foram evoluindo e chegou-se a conclusão de
que se fazia necessário conscientizar todos os envolvidos nas escavações,
operações, instalações e mudanças desde a diretoria das empresas, os secretários
de estado e município, os presidentes de grupos operadores até o chão de fábrica,
ou seja, os operários mais simples, e daí surgiu a idéia dos treinamentos em massa e
no período avaliado ocorreram dois. A companhia de gás promoveu no Edifício
Suarez Trade na Pituba para 200 participantes de empregados próprios dos
membros do Grupo, suas terceirizadas e até quarterizadas. Nestas oportunidades
são informados como são constituídas as instituições, os serviços por ela
executados, os riscos envolvidos, o que fazer em caso de emergência e
principalmente a comunicação entre os membros intervencionistas. Lotação
esgotada.
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No ano seguinte a EMBASA cedeu o espaço em sua UCE – Universidade
Corporativa Embasa, no Rio Vermelho, com lotação esgotada para 150 participantes,
em dois dias de evento. Nestas oportunidades mostrava-se a evolução do quadro de
acidentes e o tipo de aviso, se avisado ou não, de forma que as oportunidades de
melhoria fossem difundidas, após consolidadas e abertas a sugestões. O grau de
satisfação daqueles participantes, principalmente com menor grau de escolaridade e
conhecimento, era alto pela oportunidade de trocar idéias com coordenadores,
gerentes,diretores,presidentes e representantes do poder publico, principalmente o
municipal.
Cartilhas e cartões de visitas com telefones de contato e passo a passo do que fazer
em caso de intervenções eram distribuídos e a idéia extrapolou os limites do
município. Já havia representantes das concessionárias estaduais de Feira de
Santana, a 110 km de Salvador, querendo propor levar o Grupo para reuniões lá com
as autoridades municipais. A maturidade do grupo fazia o mesmo ganhar força e
confiabilidade. Infelizmente a idéia não foi adiante e desde 2008 as reuniões não
ocorrem mais devido ao descompromentimento das lideranças dos envolvidos
(diretores, presidentes, secretários, subsecretários,etc.). Não daqueles que se
interessavam
proativamente
em
participar
das
reuniões
do
grupo,
mas
principalmente pelo desinteresse da coordenação do grupo, após a saída do autor do
presente trabalho.
Mas voltando ao foco, o desenvolvimento deste Grupo visando prevenir acidentes é
algo pioneiro na historia do país, após longa pesquisa feita e reconhecida esta
inovação por uma concessionária paulista de gás natural quando aqui esteve.
Não se conhece trabalho para isso similar que tenha na prevenção de acidentes, na
comunicação interinstituições e poderes públicos, na confiabilidade cadastral do
subsolo algo para se preocupar com o trabalhador, a comunidade e os bens
patrimoniais envolvidos. Algo parecido que se vê a nível de projeto é o PMI – Project
Management Institute, que promove o conhecimento através do Gerenciamento de
Projetos a nível de gestão, e tem como principal objetivo a melhoria dos documentos
que levam a execução. Mas aí se tem uma grande distanciadistância, principalmente
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quando não se preocupa quando o que se está ao lado bem próximo seja ele um
duto telefônico, de água, de gás natural, de esgoto, de eletricidade.
Após os treinamentos, todos recebiam seu certificado assinado pelo realizador do
evento e seus responsáveis, contendo no verso a carga horária e o conteúdo dos
mesmos.
Durante uma exposição de uma concessionária pelos serviços de esgotamento
sanitário uma reflexão foi promovida pelo expositor: serviços de água, luz, telefonia,
dados, satélite podem ser interrompidos, mas e o esgoto? De fato não há como parar
os fluidos do que eliminamos nos sanitários de nossas residências, trabalho, lazer,
unidades públicas, etc. A manutenção de uma rede de esgoto é feita nas piores
condições possíveis em termos de insalubridade e riscos de doenças para os
trabalhadores daquele tipo de serviço e, a depender do estrago feito por um furo
inconseqüente de uma concessionária vizinha, pode levar ao transbordamento e
riscos para população que passa naquele local, alem do desconforto criado pelo mal
cheiro.
O Plano de Emergência da concessionária de gás natural pode ser acionado diante
de escavação ou invasão da faixa de influência da rede de gás; vazamento de gás
com ou sem incêndio, incêndio na faixa de domínio, acidente nas instalações de
gás,intervenções de Terceiros, acionamento da Companhia de Gás Natural para
atender emergências nas empresas parceiras e ou clientes, entre outros motivos.
O Plano de emergência contempla toda uma mobilização de recursos internos e
externos, sejam eles materiais, mão de obra, disparado através do telefone de
emergência gratuito e 24 horas. Para a garantia da eficiência deste plano, cabe a
empresa realizar anualmente treinamentos e simulados teóricos e práticos de forma
a garantir o adestramento de todos os envolvidos, inclusive com comunidades por
onde passa uma diretriz de gasoduto.
Mas o que fazer no instante imediato em que ocorre um vazamento de gás
natural?Seguem as orientações básicas tais como isolar área, se afastar do local e
afastar os curiosos, não utilizar o telefone celular próximo ao local, orientar as
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pessoas para, não fumar, não produzir faíscas,
não correr, evitar o pânico.
Complementarmente e não menos importante deve-se ligar imediatamente para o
telefone de emergência ou para um dos telefones da lista de contatos de emergência
da Companhia de Gás Natural e aguarde um técnico.
3.3. PASSO A PASSO DA INTERVENÇÃO SEGURA
Uma intervenção pode ser do tipo programada ou não programada. Para o tipo
programada deve-se partir da premissa de uma rotina de manutenção ou instalação
de um trecho novo a ser interligado com os temais. Dentro dessa abrangência a
mais perigosa intervenção é a de terceiros, sejam eles pessoas comuns ou ligações
clandestinas de serviços básicos de água, esgoto, telefonia e eletricidade e, para
tanto, o maior fiscal é a própria população, haja vista que pela cultura não
prevencionista de nosso país, uma ação conscientizadora popular só ocorreria se
houvesse primeiramente um desastre com
várias vítimas. Mas mesmo com
empresas publicas e privadas esse nível de consciência não é muito diferente. Vivese em risco constante de ocorrer algo grave.
Uma intervenção programada deve ser anunciada na reunião de discussão do grupo
com antecedência ou por outros meios como telefone, correio eletrônico ou
pessoalmente. Se for passível de uma anuência prévia do poder municipal ou
estadual estes também podem interagir com a área interferida ou exigir do interventor
a comunicação necessária. Durante as discussões de melhoria do processo no
Grupo, um dos itens seria fixar essa exigência como condição para liberação do
alvará de construção, execução e reforma do empreendimento em questão, mesmo
que fosse uma interligação. Infelizmente esta idéia não vingou para os dias atuais.
Alem disso, cabe exigir o cadastro do subsolo das instalações vizinhas e suspeitas
no local.
Um aparelho conhecido como Pipe Locator (localizador de duto) é uma peça
fundamental na fase de pré-projeto, antes mesmo da concepção da diretriz ou rotina
da manutenção a ser executada ou ainda o Georadar, que funciona tal como um
veículo e, tal qual o anterior, emite sinais através de ultrassom e pelo tempo de
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resposta se tem a informação da presença ou não de obstáculos como pedras ou
instalações.
Figura 4- Pipe Locator
(Arquivo pessoal – Engenheiro Manoel Trajano)
O Gasdouto em geral está a 1,20 m de profundidade, acima dos dutos de esgoto e
de água e lateral de cabos de telefonia e dados, salvo se ter sido executado por furo
direcional que implica em uma profundidade variável (profundidade cresce à medida
que se afasta de montante e a partir de certo ponto volta a diminuir em direção a
jusante, tal qual uma parábola invertida). Há placas sinalizatórias na superfície com
telefone de emergência e profundidade. Alem disso, nos treinamentos eram
distribuídas cartilhas com os números de contato dos prepostos (sem nomes) por
função e também o de emergência. Ou seja, sempre há como contatar, além de
poder salvar em seus telefones celulares pelos envolvidos na intervenção.
A outra opção é em caso de emergência, pois em caso de vazamento de nitrogênio
ou pior ainda gás natural, nada melhor do que a equipe especializada vir
rapidamente para atuar fechando a válvula mais próxima de forma a preservar a vida
nos arredores e evitar interrupção de fornecimento de clientes residenciais,
automotivos, comerciais e até mesmo de potencial industrial na cidade. Como
exemplo tem-se a co-geração, onde o gás natural, através da ação de turbinas,
produz eletricidade e ar refrigerado, como é o caso de um grande shopping da
cidade.
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Vive-se fazendo serviços de execução e manutenção pensando-se no resultado, em
resolver o problema o mais rápido possível ignorando a possibilidade de um
acidentes muitas vezes de proporções gigantescas. Transportar fluidos inflamáveis
dentro de um centro urbano faz parte de uma novidade ainda desconhecida por
muitos que sequer sabem o que é o gás natural. Este tipo de conscientização era
feito pela companhia responsável pela distribuição junto aos consumidores finais
antes de receber o combustível, assim como os órgãos do poder publico municipal e
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA.
O perfil de um subsolo onde está instalado um gasoduto segundo as boas práticas
da Engenharia Civil deve conter 4 camadas, sendo que a primeira é formada pelo
Revestimento
Asfáltico
ou
cimento
asfáltico
de
petróleo
(CAP)
e
tem
aproximadamente cerca de 5 cm de espessura. Comumente é de CBUQ (Concreto
Betuminoso Usinado a Quente), podendo ser também de outros materiais. A
segunda camada é a concreto e deve ser empregada com o interesse de reduzir os
esforços na estrutura (duto). A terceira camada é o aterro e é constituída de areia,
geralmente obtida da própria escavação. Caso o material de aterro possua um alto
grau de material orgânico o mesmo é substituído por material de boa qualidade.
Dessa forma pode-se modelar essa camada como sendo o mesmo material da base
da vala. A quarta e última camada é conhecida como Berço ou Base e é idêntica à
terceira camada.
3.4 MÉTODO NÃO DESTRUTIVO OU FURO DIRECIONAL
O método não destrutivo ou furo direcional é uma forma de instalação de duto, por
qualquer concessionária, que tem como grande vantagem a não escavação da
superfície, de tal forma que não comprometa o tráfego local de veículos e pessoas,
principalmente nas áreas mais densamente movimentadas dos centros urbanos.
Trata-se do uso de máquinas com abertura de shafts com injeção de fluido com
perfuratriz de forma a fazer um caminho para a inserção do duto. É um método que
precede de uma inspeção no subsolo com Pipe Locator ou Georadar, mas não é
totalmente preciso, tanto que vez ou outra se acertam rochas e perde-se o tubo piloto
ou mesmo o duto definitivo.
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A experiência tem demonstrado que uma operação de furo direcional mal planejada
ou mal executada pode trazer destruição de dutos vizinhos, principalmente mais
profundos como rede de esgoto que trabalha por gravidade. E é em cotas maiores
que este método trabalha perfazendo uma parábola até o ponto a jusante.
Como se trata de uma atividade de elevado índice de ruído, cabe ao poder público
disciplinar os horários e dias da semana em que poderá ser executada.
Sua aplicabilidade é destinada à execução de serviços em tubulações de polietileno
e aço para trabalhos até 2 metros de profundidade, que podem ser: transmissão e
distribuição de energia elétrica; telecomunicações; transmissão e distribuição de
televisão,via cabo; distribuição de derivados de petróleo e gás; travessia de
avenidas, rodovias, rios e ferrovias; sistemas de drenagem de subsolo; instalações
industriais; substituição de tubulações, etc. O custo direto em muitos casos já é
equivalente ao método com abertura de valas contínuas, mas as vantagens são
enormes: precisão na execução da obra; redução de prazos; não interrupção do
trânsito na área de trabalho; grande redução do custo social.
Apesar de suas vantagens, o MND tem restrições que são representadas por
situações onde o espaço seja pequeno para inserção dos equipamentos, pela grande
densidade de instalações subterrâneas existentes na área a ser perfurada, em
diâmetros acima de 14” e em terrenos muito duros e de rocha.
O que ocorre também com o PEAD, que ainda não é habitual para pressões acima
de 4 bar. Considerando-se a dinâmica das cidades, o uso do MND atua como agente
difusor e otimizador da expansão da rede de canalizada de gás natural, facilitando
sua introdução sustentável nos usos urbanos cotidianos.
Além do MND existem ainda outros tipos de tecnologias consideradas menos
impactantes, disponíveis no mercado, que tem maior aplicabilidade no segmento da
infra-estrutura subterrânea.Quando utilizadas concomitantemente com o Método Não
Destrutivo – MND, sem abertura de valas continuas, minimizam significativamente as
interferências que estas obras trazem para a qualidade de vida das pessoas, além de
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mitigar ou até mesmo eliminar os impactos temporários que são gerados ao meio
ambiente.Os Métodos Não Destrutivos-MND, cujo processo é de inserção no
subsolo, buscam eliminar ou mitigar os impactos provocados ao meio ambiente e a
população em grandes centros urbanos,quando da instalação ou manutenção das
redes de infra-estrutura, que são responsáveis pela disponibilização do bem estar e
do conforto as pessoas. Esta técnica elimina a necessidade da abertura de valas
contínuas a céu aberto com grandes extensões (ABRATT). Tem-se ainda a Base
Digital Cartográfica: importante ferramenta de banco de dados para as empresas
responsáveis pelo segmento da infra-estrutura subterrânea nos grandes centros
urbanos. Esta ferramenta fornece informações preciosas através das coordenadas
do complexo sistema de redes instaladas no subsolo, facilitando significativamente o
acesso pontual a uma rede.
Vale lembrar que, quanto mais atualizados estiverem os dados da base cartográfica
da extensa malha de redes instaladas no subsolo de uma cidade, menor será a
probabilidade da ocorrência de um acidente. Conseqüentemente, menor serão os
impactos gerados por estas obras ao meio ambiente e a qualidade de vida da
população; Filmadora:
Equipamento
eletrônico, portátil, alimentado por bateria e de fácil
transporte e operação. É constituído por uma câmera de alta resolução, acoplada a
uma das extremidades de um cabo extensível que fica conectado a um monitor.
Sendo este cabo flexível favorece manobras em curvas de 90º em tubos de até 50
mm. Uma vez inserido dentro de uma duto (seco ou alagado) de uma rede
subterrânea de infra-estrutura, sua câmera transfere as imagens de seu interior para
o monitor na superfície, o que favorece o diagnóstico e a identificação das possíveis
causas de falhas, defeitos, rompimentos, além de fornecer o ponto exato em que se
deve realizar a inserção no solo para a realização da obra de manutenção; Insuflador
de Fumaça: equipamento portátil utilizado pelas empresas do segmento da infraestrutura de subsolo tendo como principal aplicação a detecção das interligações
existentes nas redes/ductos subterrâneos nos grandes centros urbanos. Como é um
equipamento investigativo o seu operador ao insuflar fumaça não tóxica gerada pela
queima de óleo mineral, através do insuflador no interior dos dutos de redes
subterrâneas, consegue mapear as interligações existentes no local, através da
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expansão / liberação da fumaça pelas extremidades existente no trecho investigado,
sem que se tenha a necessidade da abertura de valas; Geofonamento: é um
procedimento especifico utilizado por empresas do seguimento da infra-estrutura
subterrânea nos grandes centros urbanos, onde através do método de ensaio não
destrutivo (END), um técnico, equipado com geofones eletrônicos de alta
performance, realiza a sondagem e detecção de possíveis falhas em uma rede,
localizando o ponto exato em que se deve realizar inserção no solo para a
manutenção, o que diminui significativamente a quantidade de valas para a solução
do problema; Mini Retroescavadeira: indicada para escavação de valas com
profundidade média e devido ao seu pequeno porte pode ser operada em locais de
difícil acesso ou em áreas com perímetro reduzido para instalação do canteiro de
obras. Tal característica favorece os processos de manutenção e ou instalação de
redes subterrâneas de infra-estrutura em vias públicas nos grandes centros urbanos
sem que se tenha a necessidade de desviar ou mesmo isolar totalmente a área,
gerando dessa forma menor interferência no fluxo local de veículos ou pessoas;
Hidrojato: veículo de grande porte operado por dois técnicos, os quais através
dossistemas de hidrojateamento a alta pressão, combinado com sucção a vácuo,
bomba de pressão, vácuo-compressor, tanque reservatório, carretéis e mangueiras,
realizam a limpeza e a desobstrução dos dutos subterrâneos responsáveis pela
veiculação hídrica pertinentes aos seguimentos de infra-estrutura de saneamento e
águas pluviais. Para a realização da manutenção nessas redes, não é necessária a
abertura de uma vala, pois toda manobra ocorre através da introdução ou
acoplamento da mangueira do hidrojato em pontos de inspeção e ou acesso a esses
ductos, presentes na superfície, localizados em pontos estratégicos por toda
extensão da rede; Detector de Metal: equipamento eletrônico, portátil, alimentado por
bateria e de fácil transporte e operação, cuja principal finalidade para as empresas
que possuem infraestruturas no subsolo é o de captar e identificar, a presença do
metal que compõem as diversas estruturas da malha subterrânea existente nos
grandes centros urbanos. Este equipamento, além de facilitar a localização de
conectores metálicos presentes na maioria das extremidades das redes, também
favorece na identificação de um provável ponto de interferência que a rede de um
segmento pode provocar em outra.
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Figura 5- Furo Direcional – Diagrama e foto de execução
(Arquivo pessoal do autor do trabalho)
Figura 5- Furo Direcional – Diagrama e foto de execução
(Arquivo pessoal – Eng. Manoel Trajano)
3.5. GESTÃO DE RISCOS
É
condição
fundamental
que
as
empresas
públicas
e
privadas,
sendo
concessionárias de serviços e órgãos públicos municipais, federais e estaduais,
concebam em seus procedimentos mecanismos que levem em consideração a
possibilidade de suas instalações serem interferidas e que os posicionem também na
condição de interventores que possam levar a situações de risco para as instalações
envolvidas, trabalhadores e a comunidade local. É preciso ainda que os órgãos
fiscalizadores de serviços e profissionais tenham contemplado também em suas
ações mecanismos que condicionem, limitem e responsabilizem aqueles que
exercem atividades com risco de danificarem as partes vizinhas no subsolo urbano,
pois na parte aérea tudo se vê e está em fase de extinção. Um bom exemplo desta
ação coordenada e preventiva foi a reestruturação da Avenida Manoel Dias da Silva
e da construção da Avenida Luiz Eduardo Magalhães em Salvador. Em ambos os
logradouros, a prefeitura convocou todas as concessionárias de serviços públicos e
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privados e promoveu que todas atuassem conjuntamente de forma a evitar
intervenções futuras que abrissem e fechassem passeio e pista, que, além de tornar
o aspecto horroroso de cimentos de diferentes traços misturados com concreto de
dosagem diferente e asfalto, ainda aumentava o risco de danos e diminuía as ações
fiscalizadoras do poder publico municipal. A concessionária de energia elétrica
aproveitou o ensejo para substituir o cabeamento aéreo pelo subterrâneo e assim se
teria podemos dizer uma vala compartilhada e os espaços entre dutos, cabos e tubos
bem definidos no âmbito vertical e horizontal.
Hoje se discute a execução de uma vala técnica, que nada mais é do que a vala
compartilhada e organizada, com poços de visita previamente locados e projetos
intercomunicados com as demais empresas de forma a não se ter coincidência de
diretriz e retrabalho futuro.
Outro recurso hoje discutido é a geovala, que consiste numa técnica em que se leva
em consideração a geomorfologia do subsolo.
Administrar riscos somados a um planejamento ordenado, calculado e compartilhado
com as demais empresas é um caminho de amadurecimento que evita surpresas
indesejadas e a concessionária de gás natural, sendo a mais nova deste grupo de
empresas e instituições publicas e privadas já consolidadas, traz consigo a
experiência de ações em estados mais adiantados neste quesito como São Paulo e
Rio de Janeiro, que indispõem de espaço hoje para compartilhar fios e cabos.
Inclusive, hoje se discute como utilizar os gasodutos para passar juntos a diretriz de
cabos de fibra ótica, pois não há riscos de centelhamento e conseqüentemente
inflamabilidade e explosão.
A iniciativa por parte daquela empresa, que traz um novo risco, dispõe de recursos
cadastrais mais confiáveis, softwares como o GIS – Global Infomation System, ou
Sistema de Informação Global, cuja abrangência é através do geoprocessamento a
partir da aerofotogrametria, tal qual o Google Mapas e o Apontador atuam hoje, com
camadas a partir de figuras em 2D ou 3D. A Prefeitura Municipal do Salvador possui
o
recurso
do
Mapa
Digital
(http://www.mapadigital.salvador.ba.gov.br/),
cuja
localização dos logradouros pode ser feita por descrição de ruas e avenidas ou
pontos de referência.
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A gestão de riscos deve levar em consideração o histórico da área, o requerimento
de plantas finais das instalações (“as built”), conhecimento dos riscos estáticos e
dinâmicos das instalações, do que fazer em caso de emergência, telefones de
contato e salvaguardas necessárias a partir de uma qualificação e capacitação prévia
de quem irá executar o serviço e anuência do responsável pela empresa cujas
instalações serão acessadas direta ou indiretamente.
O Geoprocessamento e os Conflitos com Outras Redes Subterrâneas
Em grandes cidades, a infra-estrutura urbana de serviços públicos tende a ser
caótica do ponto de vista de sua proteção, principalmente quando não há
planejamento e controle sobre ela. São Paulo, a exemplo de outras metrópoles, tem
uma ocupação de seu subsolo e do espaço aéreo muito congestionado e beirando o
limite da intolerância (SMIEU, 2005).
Com o advento da globalização e principalmente do avanço das novas tecnologias e
do
aumento
significativo
das
empresas
prestadoras
de
serviços
de
telecomunicações, a capital paulista viveu um caos em termos de obras para
instalação de novas redes, dado o freqüente e desenfreado aumento da construção
civil, gerando novas demandas de serviços públicos até então vistos com
crescimento regular.
Através do desenvolvimento das geotecnologias, muito pode se fazer para conhecer,
gerenciar e proteger a infra-estrutura de serviços públicos. A par destas inovações é
mister que sejam difundidas e conhecidas desde a fase de projeto as diversas
opções de rastreamento para proteger a infra-estrutura das cidades.
A falta de mapeamento do subsolo gera problemas técnicos e financeiros, tal que a
escavação manual, ou seja, uma atitude simples como uso de picaretas nas
escavações, pode ser de alto risco porque não há certeza do que está embaixo. Para
minimizar os danos e direcionar a escavação aleatória é utilizada tecnologia que,
baseada em recursos de computação gráfica e processamento digital de imagens,
associa informações geográficas a um bancos de dados alfanuméricos, indicando a
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presença de outras redes. Existem equipamentos para elaboração do plano de furo e
mapeamento de interferências são demonstrados abaixo. O pipe locator ou
localizador eletromagnético e o robot georreferenciado ou georadar. O primeiro deles
é utilizado para verificação pontual, o segundo faz uma “varredura” da área.
O futuro dependerá do que se está fazendo hoje, a depender do grau de
comprometimento de cada concessionária estendendo desde o mais simples
operário até sua liderança maior, mesmo que ela esteja em outro estado ou país. E a
medida que as redes se expandam para outros centros cujas redes são consolidadas
há décadas, sempre se fará necessária a liderança da companhia de gás que
chegará com um novo fluido, com um novo risco, com novas tecnologias e
conhecimento. No momento atual, através de pesquisa com colegas de diversas
concessionárias, é sabido que este trabalho foi encerrado no final de 2007.
Como extensão deste trabalho, foi desenvolvido
pelo autor um trabalho sócio-
educativo junto a obras próximas de gasodutos onde eram proferidas palestras para
operários em canteiros de obras, visando prevenir acidentes quando de suas
ligações prediais com rede de água, esgoto e telefonia, além de construção de caixas
de gordura, de esgoto sanitário e caixas de hidrantes, muito comuns na construção
civil. Esta ação é multiplicadora por parte dos Engenheiros Civis nas futuras obras
que serão responsáveis. Isso é atuar proativamente e está diretamente relacionado
com a segurança preventiva de gasodutos enterrados na cidade de Salvador e no
interior do estado onde há malha de gás natural.
É impossível se falar em gestão de riscos sem falar de gestão pública porque é
através de decretos, leis e portarias que se impõe aquilo que se recomenda em
normas técnicas, normas internacionais, recomendações técnicas e principalmente
aquilo que é aprendido com a experiência de incidentes, acidentes ou até mesmo
fatalidades, seja em Salvador ou em outras cidades brasileiras ou ainda de outros
países. E ainda entra a Parceria Político-Privada – PPP em que o órgão regualador
(AGERBA, ANEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica), ANP – Agencia Nacional
do Petróleo, Gás e Biocombustiveis, entre outros) representante do município, estado
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ou união, faz valer a defesa dos direitos do cidadão e o equilíbrio entre o direito de
concessão, de forma a evitar o beneficio ou prejuízo de outrem. Itens relacionados a
Segurança são encontrados timidamente ou mesmo generalizados na legislação
vigente de forma que não impõe a prevenção por parte do executante do serviço..
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 1 apresenta os dados referentes aos acidentes ocorridos entre os anos de
2005 a 2007 que possibilitam visualizar de forma quantitativa a relação com a origem
da intervenção (programada ou emergencial) e se houve comunicação, seja por
qualquer meio (telefone, pessoal,correio eletrônico,etc) nos referidos anos.
Observa-se que há um acréscimo quantitativo num momento em que havia um
grande número de obras e serviços novos na cidade de Salvador, com aumento da
competitividade entre as empresas de telefonia ligando pontos de consumo novos e
redes de gás,mas o que mais motivou estas ocorrências foi o fato de uma empresa
pública de água, que por falta de qualificação de suas empresas terceirizadas e pela
falta de cultura fiscalizadora destes cuidados intervencionistas, acabou por ser o
maior terror das intervenções, tanto por questões estas qualitativas como
quantitativas,a prova disso foi a grande maioria no público treinado nos dois anos de
evento, algo como 60% do público,no mínimo.
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TIPO DE COMUNICAÇÃO
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NÚMERO DE
OCORRÊNCIAS
16
15
13
PROGRAMADO
10
EMERGENCIAL
6
4
5
4
0
0
2005
NÚMERO DE OCORRÊNCIA
TIPO DE OBRA / SERVIÇO
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
2007
2006
12
12
AVISADO
6
5
NÃO AVISADO
5
1
2005
2006
ANO
2007
ANO
7
6
7
7
PROGRAMADO
6
5
44
4
3
3
4
EMERGENCIAL
2
CLIENTE
1
PREFEITURA
1
INTELIG
1
TELEMAR
1
COELBA
1
EMBRATEL
22
4
3
TERCEIROS
4
EMBASAEsgoto
8
7
6
5
4
3
2
1
0
EMBASAÁgua
NÚMERO DE OCORRÊNCIA
TIPOS OBRA/SERVIÇO E COMUNICAÇÃO POR INTERFERENTE
AVISADO
NÃO AVISADO
CONCESSIONÁRIA
Figura 6- Estatística das ocorrências de acordo com intervenão e comunicação
(Arquivo pessoal do autor do trabalho)
Não se pode desconsiderar o surpreendente número de intervenções de terceiros
que ocasionou danos na rede, público esse mais difícil de conscientizar pela sua
complexidade por se tratar da própria população. Fato este comprovado pela
clandestinidade em obras e serviços particulares que só são fiscalizados por
denúncia e aí entra outro fator, o baixo número de fiscais disponíveis nas ruas, seja
do órgão principal fiscalizador que é Prefeitura através da SUCOM, como do próprio
CREA-BA.
São ligações de esgoto, água, telefonia, caixas de inspeção, drenagens pluviais etc.
Ligações num centro urbano complexo como Salvador e seu inchamento
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demográfico e totalmente sem controle de zoneamento e aplicação de políticas
habitacionais urbanas.
5. CONCLUSÃO E SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS
5.1. CONCLUSÃO
As tubulações de gás compartilham o subsolo das cidades com as redes de outras
companhias nos segmentos de água, esgoto, eletricidade, telefonia, TV a cabo,
Internet e outros. Dentre as ameaças às quais as redes de gás são sujeitas estão a
falha nos materiais, as movimentações de terra, erosões, corrosão, sendo as de
maior relevância aquelas causadas pelas obras de terceiros e este é um aspecto de
suma importância quando da utilização de métodos não-destrutivos.
Isso ocorre também com o PEAD, que ainda não é habitual para pressões acima de
4 bar. Falar em prevenção é falar em preservar vidas humanas, em redução de
custos com um comprometimento que esteja a altura do investimento nestas áreas,
sejam elas públicas ou privadas. O entendimento da prevenção se dá porque para
cada real investido em prevenção se economiza 5 em supostos gastos com os danos
do problema e as vezes contempla uma vida perdida que destrói uma família inteira
em muitos casos. Sugere-se, portanto, que temas como este sejam incluídos nos
cursos técnicos, preparatórios, faculdades e pós-graduações,
como também na
Política de Segurança e Saúde de todas as empresas, além da legislação nas três
esferas (municipal, estadual e federal).
5.2. O FUTURO
O futuro pertence ao que se plantar hoje na mudança de atitude, comprometimento
entre as parcerias públicas e privadas, confiabilidade cadastral do subsolo,
comunicação desde o “chão de fábrica”, que neste caso é o trabalhador em áreas a
céu aberto ou semi-aberto, ou em casos remotos em instalações subterrâneas como
galerias. Conceitos com Espaço Confinado, Segurança em Eletricidade, Análise de
Riscos, Segurança em Trabalho em Altura, Ergonomia, Prevenção e combate ao
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incêndio, Equipamentos de proteção individual – EPI, entre outros, devem fazer parte
de todos aqueles que se envolvam em intervenções entre instalações desde a
liderança, seja esta um secretário, prefeito, presidente de companhia, diretor, gerente
e supervisor. Não importa. Deve-se fazer um trabalho constante e incansável de
conscientização e no que tange ao gasoduto que leva material inflamável, explosivo
e fluido mais ainda do que eletricidade, esgoto, água em alta pressão, faz-se
necessário a perpetuação de uma liderança que não deveria ter sido interrompida
pela concessionária de gás natural. Futuramente teremos dutos de hidrogênio que
abastecerão os postos e como se estará pronto para as inovações tecnológicas
agregadas a segurança se ainda se cometem tantos erros básicos que ainda estão
na fase de incidentes ou no máximo acidentes com danos materiais. A pirâmide de
BIRD tem que ser aplicada na vida e no cotidiano das empresas publicas e privadas.
Trata-se de um conceito de que a prevenção se trabalha na base. Para cada número
de desvios ou comportamentos críticos, caso não sejam tratados, haverá um numero
de incidentes ou quase acidentes proporcionalmente(exemplo 600 para 30),por sua
vez os incidentes podem virar acidentes com lesão ou danos materiais e por sua vez
a morte. É um conceito estatístico, empírico, ajustável de acordo a área avaliada e os
riscos inerentes a ela.
E não se pode esquecer a capacidade de multiplicação da informação pela
população. Cada concessionária ou construtora pode disseminar os cuidados
necessários antes de qualquer intervenção particular nas vias públicas, haja vista o
alto índice de modificações feitas pela população principalmente levando-se em
consideração a pouca fiscalização disponível pelo serviço público municipal, estadual
e federal. Cada um pode ser um agente de replicação prevencionista, tarefa esta não
fácil devido ao baixo índice de escolaridade e de conhecimento da população, em
particular a soteropolitana.
Espera-se que num futuro próximo os órgãos públicos e privados possam
amadurecer a idéia do compartilhamento, da responsabilidade solidária, da
prevenção de acidentes e do aprendizado para que se possa evitar problemas
futuros seja por danos materiais ou principalmente vidas humanas.
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PARAMÉTRICA DE DUTOS ENTERRADOS SOB CONDIÇÃO DE VALA.Maceió.
Ano não informado.
. Júnior. Valdeir de Sousa Galindo ; Lages. Eduardo Nobre Ramos.Viviane Carrilho
Leão; Silva.Rodrigo Mero Sarmento da .Silva, Rodrigo Mero Sarmento..UMA
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DO
COMPORTAMENTO
MECÂNICO
DE
DUTOS
ENTERRADOS UMA METODOLOGIA PARA O TRATAMENTO DE PROBLEMAS
DA MECÂNICA DOS SÓLIDOS COM REDEFINIÇÃO DE DOMÍNIO UTILIZANDO A
TÉCNICA DE RELAXAÇÃO DINÂMICA, Maceió. 2005.
Massara.Vanessa Meloni;Fagá..Murilo Tadeu Weneck;,Udeta. Miguel Edgar Morales.
A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO NÃO DESTRUTIVO NA IMPLANTAÇÃO DE
REDES DE GÁS NATURAL EM CIDADES CONSOLIDADAS.São Paulo.2007.
SCHIMIEGUEL ARIOLI, Carolina; CASTRO, Fabio J.R, PELLICIOLLI,
Tatiane;ESTUDO DO AMBIENTE PERIFÉRICO PARA INSPEÇÃO E
MAPEAMENTO DE DUTOS METÁLICOS SUBTERRÂNEOS UTILIZANDO O
MÉTODO DE ATENUAÇÃO DE CORRENTE.Curitiba.2004.
PIERDONÁ .DALTON HAICK; FERNANDES. MARCELO ALVARES; HLEMMER
ONEIL TERLUK VALMIR. ESTUDO COMPARATIVO TÉCNICO/FINANCEIRO
ENTRE LINHAS DE TRANSMISSÃO AÉREAS E SUBTERRÂNEAS, EM
GRANDES CENTROS URBANOS. Curitiba. 2003
Massiani.Luiz Carlos;Callegariz.Mirian de Cássia Cintra; ,Meredes.Moises Moreira
de.OBRAS
DE
INSTALAÇÃO
E
MANUTENÇÃO
EM
REDES
DE
INFRAESTRUTURA SUBTERRÂNEAS EM GRANDES CENTROS URBANOS:
IMPACTO AO MEIO AMBIENTE E INTERFERÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA
DA POPULAÇÃO.Campinas-2006.
VIANA.Paulo Fernandes. GEOVALA: Um novo processo construtivo para dutos
enterrrados. Escola de Engenharia de São Carlos da USP.São Carlos.2003.
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SEGURANÇA EM INTERVENÇOES ENVOLVENDO GASODUTOS ENTERRADOS NA CIDADE DE SALVADOR - BAHIA
MONOGRAFIA CEEGAN VI
ORIENTADOR PROFESSOR D.Sc SILVIO ALEXANDRE BEISL VIEIRA DE MELO
- ABEGAS – Associação Brasileira do Gás - Disponível em <http://www.abegas.org.br>
Acesso em 01.Fev.2011.
- SALVADOR. PREFEITURA MUNICIPAL.– SECOM - Secretaria Municipal de
Comunicação.Salvador
em
Números.
Disponível
em
<http://www.salvador.ba.gov.br/Paginas/Cortina_Salvador_Numeros.aspx>Acesso
em
01.Fev.2011.
- SALVADOR. PREFEITURA MUNICIPAL - SUCOM – Superintendência de Controle
e Ordenamento do Uso do Solo do Município – Código de Obras do Município de
Salvador – Disponível em < www.sucom.ba.gov.br > - Acesso em 01.Fev.2011.
ANEXOS
1 -Implanta ção de duto na vala
2 - Implanta ção de placa de concreto
3 - Implanta ção de fita de sinaliza ção sobre placa de 4 - Vista da fita de sinaliza ção do gasoduto em fase de reaterro
concreto
Figura 3 7 - Seqüência de implantação de gasoduto
em via pública
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Formatado: Português (Brasil)
MONOGRAFIA CEEGAN VI
ORIENTADOR PROFESSOR D.Sc SILVIO ALEXANDRE BEISL VIEIRA DE MELO
1 -Implantação de duto na vala
2 - Implantação de placa de concreto
3 - Implantação de fita de sinalização sobre placa de 4 - Vista da fita de sinalização do gasoduto em fase de reaterro
concreto
Figura 8 – Poligonal de diretriz de gasodutos
em Salvador até o final de 2010 (Arquivo pessoal – Eng. Manoel Trajano e Google Mapas
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Salvador em Números
Censo Municipal 2009 Fonte:SECOM
Fundação: 29/03/1549
População: 2.948.733 habitantes
Densidade populacional: 9 mil habitantes por km²
Média de habitantes: 3,2 por domicílio
Previsão: 2.759.744 habitantes em 2010 e 3.060.540
habitantes em 2020
Região Metropolitana: Camaçari, Candeias, Dias D'Ávila,
Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, São Francisco
do Conde, Simões Filho e Vera Cruz.
Estrutura político-administrativa da PMS: 18 unidades
de atendimento regional (Siga)
Administração direta: 10.412 servidores ativos
Administração indireta: 5.318 servidores
Aposentados e pensionistas: 10.521
Economia urbana
ICMS
Comércio e serviços: 75%
Atividade industrial: 25%
Localização e características geográficas
Latitude: 12º58'39" de Latitude Sul
Longitude: 38º31'24" a oeste de Greenwich
Altitude: 50 m (Praça Municipal)
Área: 709,50 Km2
Clima: quente e úmido
Temperatura do ar - média anual: 25,5ºC
Umidade relativa do ar: média de 80%
Faixa litorânea: 69,5 Km
Ilhas: Bom Jesus dos Passos, Santo Antônio, dos Frades,
Maré e dos Santos
Ilhotas: Coqueiros, Pagões, Itapipuca e Capeta
Acessos: BR-324, BR-242, BR-116, BA-099, BA-001
Terminais: Rodoviário, Marítimo São Joaquim e Aeroporto
Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães
Morfologia e Bacias Hidrográficas
Falha geológica: Cidades Alta e Baixa
Planície litorânea: terras baixas, planas e contínuas
Feição: dunas residuais, praias, brejos, mangues e falésias
Corpos hídricos
Rios: Joanes e Ipitanga (que abastecem a cidade),
Camurugipe, Pedras, Cobre e Jaguaribe
Lagoas: da Paixão, Iemanjá, Abaeté e dos Frades
Diques: do Tororó, Ladrão, Campinas e de São Caetano
Baía: de Todos os Santos
Saúde
Figura 9 – Salvador em Números
Fonte: http://qssmanapratica.blogspot.com/2010/08/piramide-de-acidentes-perda.html
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Figura 10 – Pirâmide de BIRD
Fonte: http://qssmanapratica.blogspot.com/2010/08/piramide-de-acidentes-perda.html
Código de campo alterado
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UFBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL - PEI
Rua Aristides Novis, 02, 6º andar, Federação, Salvador BA
CEP: 40.210-630
E-mail: [email protected]
Telefone: (71) 3283-9800
Home page: http://www.pei.ufba.br
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