UMA REVISTA
PARA ADULTOS
EM CRISTO
EXPEDIENTE
IGREJA LUTERANA
Revista Teológica-Pastoral
du Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Departamento de Comunicação
"Uma revista para os adultos em Cristo"
Ano: 41
Número: 2." Trimestre de 1981
Assinatura anual:
Cr$ 390,OO para 1981
No exterior U S S 1 1
Número avulso: Cr$ 110,00
Tiragem: 510
REDACÃO CENTRAL
Rev. Leopoldo Heimann, Diretor
Ceixe Postal 202, 93.000 São Leopoldo, RS e
Caixa Postal 3019, 90.000 Porto Alegre, RS.
Fones 92-18-22 e 92-18-23, a quem devem ser
remetidos os manuscritos, cartas, crftlcas e
sugsstões.
CONSELHO- REDATORIAL
Johannes Rottmann
Donaldo Schuler
Acir Raymann
Paulo Weirich
Leopoldo Heimann
QUADRO DE COLABORADORES
-
Rudi Zimmer
Gerhard Grasel
Vilson Scholz
Darlei Gunther
EXPEDIGÃO E ENCOMENDAS:
Concórdia S.A.
Av. S5o Pedro, 53s
Cx. Postal 323C
90.000 Porto Alegre,
RS
APRESENTANDO
"Deus age através da igreja na história" é um estudo que merece destaque. Ao mesmo tempo, claro, conciso, simples e profundo, é uma pesquisa que mostra que Deus vem agindo, guiando e orientando a igreja ao
longo dos sécu!os. Será difícil encontrar uma matéria em nossa literatura
que, em tão breve análise, apresente
uma visão tão clara das atividades da
igreja.
Além deste destaque, há outros estudos, comentários e informacões que
serão de grande utiiidade aos que
amam seu Senhor e estão empenhados na tarefa de divulgar a mensagem
da reconciliacáo.
Tudo que aqui foi escrito f o i escrito
com vistas ao aperfeicoamenio
dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo.
L.
O Novo Testamento apresenta os
primeiros e grandes missionários da
igreja cristã. Mas o Novo Testarnento não emprega a palavra missionário.
Para descrever a atividade daqueles
que foram "escolhidos para !evar o
meu nome perante oç gentios e reis",
o Novo Testamento usa outros termos,
entre os quais "servos de Cristo",
"embaixadores",
-bisposn,
"ministros", "evangelistas", "pastores".
O conceito de missionário muda de
épocas em
tempos em tempos. !-!OU&
que apenas era reconhecido corno
missionário aquele pastor que fosse
exercer o seu ministério no estrangeiro, r120 importando se ali ele estivesse desenvolvendo suas atividades entre "Indios", gentios ou ateus",
cu numa congregação crista organizada, ou num educandárío da igreja.
Outros classificam como missionirio
todo aquele ministro que vai iniciar
um novo trabalho, num estado ou cidade onde a @reja ainda não tem
congregacões formadas. Seriam aqueles que abrem "novos campoç de missão" e "pontos de pregacão". E há
quem defenda a posiqão de que "ca
da pastor é um missionário".
O que, na rea!idade, importa e é
decisivo é que cada pastor, sendo conhecido como "servo d e Cristo, ou
embaixador, ou ministro, ou mestre,
ou diácono, ou bispo, ou cooperador
de Deus, ou missionário", exercendo
seu ministério no exterior ou em sua
própria pátria, iniciando u m novo
"campo de missão" ou atendendo uma
congregacão já estruturada, não perca nunca as características de u m
missionário, pois, "a obra missionária
não é somente uma das atividades da
igreja, mas também o critério de todas as suas atividades."
Atos dos Apóstolos e as próprias
Epístolas de Paulo apresentam o apóstoio Paulo como o grande missionário do Novo Testamento. E como
missionário experiente, Paulo é u m
sábio conselheiro pastoral que, especialmente em suas Epístolas Pastorais, aconselha, orienta e estimufa todos os jovens missionários sobre a
visão missionária, a mensagem missionária, a perseveranca missionária,
os métodos missionários,
Recentemente, um missionário japonês, idoso e experiente, após analisar o seu trabalho, após meditar sobre as Epístolas de Paula, e vendo
corno "muitos jovens missionários encaram a missão em terra estranha como uma aventura, ou como autros
desanimam e fracassam", preparou
uma circular com os "dez mandamentos do novo missionário", trazendo
os primeiros cinco como "mandamentos" negativos e os outros cinco como positívos. Emborõ alguém pudesse elaborar outros tantos "mandamentos", talvez eté melhores, julgamos que estes conselhos do vefho
missionário japonês merecem rafiexão:
1 - Náo saia ao campo, imaginando-se a quarta pessoa da Trindade. U m missionário 6 apenas "um
mendigo mostrando a outro mendigo
onde achar pão".
2 - Não espere boas vindas. Você está sendo enviado, não convidado. Caso você tenha sido convidado,
bem pode ser que não seja por causa
do evangelho. A cruz é repuisão, não
atração. Você terá de conquistar o
direito à afeicão e confianca do povo.
Então eles irão implorar que vocD volte, ainda que agora já não precise
deste encorajamento.
3 - Não espere ganhar seu respeito, sua atençzo e seus coracões sem
conceder-ihes a honra de aprender a
sua língua e, com esta, sua cultura.
4 - Não deixe seu lar. . . a menos que t e n c i o ~ ever os obreiros nacionais assumindo o seu- trabalho tão
logo quanto possível e você trabalhando sob sua direcão, numa iuncão
de apoio.
5 - Não seja um solitário. O cristão solitário é uma contradição de
termos. O missionário solItárlo é uma
ameaça para si mesmo e u m joguete
do diabo. Certifique-se que um grupo
de servos de Deus - poucos ou rntaltos - se propõs orar reguiarmente
por você. Peça oracões mesmo d o
mais humilde dos crentes.
6 - Desfaça suas malas - então
esconda-as e esqueça-as. Alguns mis-
sionários nunca desfazem realmente
suas malas!
7 - Exercite a paciência. Observe
que esta é a primeira das evidências
do apostolado ( 2 Co 12.12). Você
precisará de paciência para o aprendizado da llngua, para entender os
missionários veteranos, para adquirir
novos hábitos de sono, para se acostumar a odores indescritíveis, a alimentos intragáveis, a inacreditáveis
insetos, a barulhos insuportáveis, a
ouvintes incrivelmente insensíveis, a
correio demorado, a interminável burocracia e, pior que tudo, tomar conhecimentos de um EU que voc5 nunca pensou que tivesse!
8 - Peça a Deus a ajuda especial
de duas pessoas: primeiro, u m missionário estrangeiro, veterano, que
lhe mostrará o que NÃO fazer. Voc6
aprenderá muitos dos seus erros. Secjttndo, u m líder nacional muito usado
por Deus, que ihe mostrará o que deve ser feito, ainda que ele saiba que
você não possa consegui-ia.
9 - Mantenha abertos os canais
de comunicacão. Escreva cartas pessoais não apenas para ss doadores
mas também para os oradores, aiimentando as suas oraqões.
10 - Seja você mesmo! Você nem
o corpo, as habiiidades, 3 remperamento e o rosto que o Senhor quis
que você tivesse. Mão seja escravo de
uma imagem daquilo que v ~ c âpensa
que um missionário deva ser. Eescanse em Cristo. Rea!ize-se somente
NELE. Sua contribuiçBo como missionário será aque!a que só você poderá
fazer. Tudo o que você tem a fazer 6
agradá-lo!
Três lembretes finais de Paulo:
- Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer nso, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina;
- Faze a obra de evangelista,
cumpre cabalmente o teu ministério;
- Eu plantei, Apoio iegou; mas
O crescimenro veio de Deus.
L.
Mário L e h f e l d t
O lema da Igreja Evangélica Luterana
do Brasil (IELB) para os anos 19798 0 foram as palavras de Efés!os 4.15:
"Cresçamos em tudo naquele que é
o c a b q a , Cristo". Toda a programação da !ELB girava em torno de seu
75." aniversjrio de organizacão, festividade que culminou com a 47."
Convenção Nacional que se realizou
em janeiro'de 1980, no Instituto Concórdia, São Leopoldo, RS. Sob a temáiica geraf " A Igreja, Corpo de Cristo" foram apresentados, em p!enário,
três estudos. Diante da profundidade,
importância e atualidade, julgamos
por bem reproduzir os mesmos nesta
revista. Na edição "I Trimestre-8 1"
reproduzimos o primeiro estudo: "O
Senhor Faz Surgir e Crescer a Igreja". Hoje apresentamos o trabaiho do
Prof. Mário L. Rehfeldt, um estudo que, de maneira clara e concha,
nos dá uma visão geraf do comportamento da igreja ao longo dos 20
séculos, mostrando os antecedentes
históricos da Igreja Evangélica Luterãna d o Brasi! (L.)
A história da Igreja Evangélica l u terana do Brasil principiou em SZo
Pedio, no sul da Rio Grande do Sul,
há oitenta anos, mas por pertencer ela
à igreja cristã universal, seu início
verdadeiro deu-se há 1950 anos atrás
quando o Senhor Jesus Cristo disse:
"Toda a autoridade me foi dada
rio céu e na terra. !de, portanto, fazei discípulos de todas as naqões batizando-os em nome do Pai e do FIlho e do Espírito Santo, ensinando-os
a guardar todas as coisas que vas tenho ordenado." E eis que estou convosco todos os dias até a consumacáo do século." ( M t 28.19.79). Os
discípulos do Senhor foram acompanhados do poder prometido por Cristo nos vinte séculos que nos separam da ordem e promessa do Mestre,
por isso estamos aqui fazendo com
que se cumpram ainda no final d o
século XX. Neste, como em todos os
cjutros séculos da história da igreja
cristã, problemas e ameaças dificultaram ou tentaram impedir que os
cristãos cumprissem sua missão.
Quais foram e como os enfrentaram,
tentaremos descrever, sucintamente,
a seguir, citando apenas os episódios
principais e os que mais diretamente
se relacionam com o passado de nossa igreja. Costuma-se dividir a História da Igreja em: História da Igreja
(30-590); História da Igreja Medieval (590-1 51 7); História da Reforma (1517-1648); e História da Igreja Moderna de 1648 até nossos dias.
A IGREJA ANTIGA
(30-590)
A igreja cristã, nos primeiros seis
séculos de sua existência, viveu no
mundo greco-romano. Já na primeira
geracão de sua existência, o cristianismo, por ter sido rejeitado pela
maioria do povo e pelos líderes de
Israel, foi obrigado a transplanzar-se
para o mundo greco-romano, onde todas as espécies de religiões e fiiosofias se combatiam para obter o domínio: a religião tradicional dos gregos e romanos: filosofias gregas: o
platonismo, o aristotelismo, o cinismo, o estoicismo, o epicurismo; religiões de mistérios; culto a Cibele, a
Serápis, mistérios eleusianos, m i traísmo; e o culto ao imperador. Foi
por não se curvarem perante a estátua do imperador, oferecendo-lhe incenso, que os cristãos foram martirizados. Durante três séculos, "o sangue dos mártires foi a semente d o
(Tertuliano),
porque
cristianismo"
embora os cristãos dessem a César
o que era de César, César também
exigia dos cristãos o que pertencia a
Deus (a adoração) e isto lho negavam. O batismo de sangue, ou melhor, de fogo, receberam os cristãos
- embora alguns líderes como Estêvão e Tiago já tivessem sido mortos
pelos judeus antes - do imperador
Nero que, em 64, para desviar de si
as suspeitas de ser o incendiário de
Roma, acusou os cristãos desta cidade e os transformou em tochas vivas nos jardins de seu palácio abertos ao público, pelos quais guiava os
cavalos de seu carro. Perseguições
isoladas e esporádicas seguiram-se
até 250 quando o imperador Décio
(249-251), depois de Roma ter celebrado m i l anos de existência (248)
em meio a desgraças, concluiu que
elas eram devidas ao abandono da
religião tradicional por tantos súditos
e ordenou a primeira perseguição geral aos cristãos, que f o i continuada
por seu segundo sucessor Valeriano.
Houve quem negasse a f é ameaçado
de morte, mas vários bispos famosos
e multidões de leigos incógnitos ali
alcançaram a coroa da glória. Quarenta anos de paz para a igreja seguiram-se até Diocleciano iniciar a
última e mais feroz perseguição (3033C5), que tal)'ez tenha produzido mais
mártires qu- :odas as outras anteriores juntas e que f o i continuada mais
seis anos por Galério, seu verdadeiro
instigador. Depois do mais sangrento massacre de inocentes cujo único
crime era nzo adorar a dois senhores, no leito de morte, em mejo a
dores e angústias que lembram as
infernais, êalério fala a boa palavra
acs cristãos: "estais livres, orai tarnbem por mim". O império reconhece
a futilidade das perseguiç8es. os cristãos triunfam. Que fizeram eles nes-
tes três séculos além de serem perseguidos? Anunciaram o evangelho
com suas palavras, com suas vidas,
com suas mortes.
Comecando em Jerusalém, ali perseguidos, espalharam-se pela Judéia
e Sesmaria. Logo estavam em Damasco, em seguida em Antioquia da Síria, onde pela primeira vez gentios
converteram-se diretamente ao cristianismo sem passar primeiro pelo
judaísmo e onde também e l a vez primeira são chamados de cristãos. Antioquia f o i grande centro missionário,
ponto de partida do apóstolo Paulo
para suas viagens missionárias que
resultaram no estabelecimento de c m gregações cristãs em todas as grandes cidades da Asia Menor e da Grécia.
Enquanto isso, em Roma, surgia a
mais numerosa, rica e dedicada comunidade cristã de onde o evangelho
se espalhou por toda a Itálía. Os cristãos de Roma, já em 55 ou 56, recebem a mais importante epístola de
Paulo. No segundo século h9 cristãos
no norte da África: Cartago, ali em
200 ensina Tertuliano, o primeiro teólogo a gsar o latim: no Egito, onde
surge o mais notável curso superior
de teologia cristá da antiguidade; na
Gália (franca) er,? Lyons. Nesta cidade, em 177, algumas dezenas de
cristãos foram martirizados.
Por volta de 180 a igreja estava
estabelecida em tocias as partes d o
império Romano e provavelmente
além de suas fronteiras a sul e a
leste. Depois da morte do apóstofo
Paulo não houve missionários famosos. No segundo século nem mais
havia o cargo de missionário. A mais
notáve! expansão missionária de todos os tempos f o i realizada sem missionários profissionais. Foi feita pe-
los cristãos todos. Confiavam em seu
Salvador e amavam-se uns aos outros
mais do que tem acontecido em outras épocas porque arriscavam tudo,
at6 a própria vida, ao fazê-lo. Num
mundo em que a imoralidade era moda, suo vida pura, exemplar, era u m
ímã que atraia as pessoas serias que
desejavam conhecer seu segredo.
Dentro das comunidades todos eram
de fato irmãos, desde escravos a exmeretrizes até damas da sociedade.
A constância no martírio, por vezes,
convertia os próprios algozes. Os
cristãos viviam e morriam seu cristiânismo, mas também falavam dele.
O parente falava ao parente, o amigo ao amigo, o hóspede ao hospedeiro e este aos hóspedes que não conheciam a Cristo. Os viajantes levavam a mensagem da cruz a todos os
recantos do Império Romano, bem
como o faziam os soldados que eram
transferidos de fronteira a fronteira.
A perseouicão a Igreja Antiga respondeu com vida exemplar, profissác
de fé, propagacão do evangelho a todo o império, e martírio heróico.
Mas a existência da Igreja Antiga
não f o i ameaçada apenas de fora.
Houve também crises internas que
poderiam ter deturpado irremediaveimente sua doutrina. Já no segundo
século, o gnosticismo, o marcionismo
e o montanismo perturbaram a igreja.
O gnosticismo foi a tentativa de
misturar as religiões e fiiosofias da
época, como hoje fazem 3s cowentes espirituafistas, Rosa Cruz, teosofismo, Seicho-No-Yê ou umbanda.
Inclusive empregavam palavrãs ie
teoiogia cristã, mas seu conteúdo era
esvasiado. O gnosticismo pretendia
ter conhecimento superior à f é simples dos cris$ãos. Gnose significa conhecimento. Os gnósticos dkiâm que
entre o Deus superior e o mundo dos
homens havia grande número de seres intermediários e Cristo era apanas um deles; que a matéria é má
em si e foi criada por u m ser inferior, não pelo Deus supremo. Também diziam que Cristo tinha apenas
u m corpo aparente e não morreu nem
ressuscitou rea!mente. Através de
propaganda bem estruturada esta
corrente conseguiu enganar a muitos
cristãos.
O marcionismo - o nome vem de
ívlarcião, rico negociante que, por
volta de 140, em Roma, quis impor
suas idéias à congregacão, mas f o i
expulso. Acreditava que todos os
apóstolos, exceto Paulo, tinham deturpado o cristianismo no sentido judaizante. Queria purificar o evangelho, separando-o da lei. Tão radical era que dizia ser a criacão má e
o deus criador mau, e que não era Q
Deus do Novo Testamento revelado
por Cristo, pois este é u m Deus de
amor. Só nas epístolas de Paulo e no
evangelho de Lucas acreditava encontrar apoio para sua doutrina. Para tanto, mutilou estes livros, eliminando tudo que não lhe agradasse e
rejeitando todos os outros livros do
Movo Testamento. Pode ser considerado o pai da teologia liberal moderna, que rejeita algumas partes d o
Novo Testamento e tira outras d o
contexto para defender uma teoria
racionalista preconcebida. Marciáo e
seus seguidores foram e x c o m u n ~ d o s ,
porém ele fundou comunidades em
várias partes do império, as quais
existiram por mais de dois séculos.
O rnonranismo surgiu por volta de
170 e é extraordinariamente semelhante ao pentecostalismo e movimentos de renovação cong2neres que
hoje pretende ser a novidade saiva-
dera do igreja. Naquele tempo só
produziu confusão. Seu líder f o i Montano e, como geralmente acontece
nesses movimentos exageradamente
sentimentalistas, eiz se fazia acompanhar por duas mulheres "profetizas": Priscila e Maximiia. Pretendiam
que o Espírito Santo falava atravos
deles e segundo Eusébio, o pai da
História Eclesiástica, deliravam e comecavam a emitir sons estranhos semelhantes a esses "falar em !ínguasP'
de que se ouve atualmente. Aceítávam eles todos os livros da Biblia
mas davam mais atencão õs "profecias" que Montano dizia receber diretamente do Espírito Santo. Ele anunciou que em breve a Jerusalém
Celeste desceria ao lado de Pepusa,
sua cidade natal. E até hoje, 1700
anos depois, parece que a Jerusalém
de cima ainda náo chegou lá nem a
qualquer outro lugar para onde profetas do tipo deíe vem impingindo
aos cristãos até aos dias de hoje que
e!a deva vir. Ainda assim se consideravam superiores aos demais cristãos.
A igreja enfrentou estas tres grandes ameacas com sucesso definindo
o cânone do Novo Testamento, estabelecendo a regra de fe, isto é, o
Credo Apostólico, e aumentando a autoridade dos bispos.
Desde o início, as cristãos liam em
seus cultos e reverenciavam o Antigo
Testamento pois viam neie o pre.aro para a- vinda de Cristo. Desde
muito cedo também as cartas d s
apóstolo Pauto e os Evangelhos eram
lido às congregações. Quando os
gnjsticos tentaram iludir os cristãos
com evmge!hos, epístotas e atos de
apbsto!os iantasiosos, que eles mesmos cempunhanl, quando Marcião
rejeitou todos os fívros de apóstoios
menos os de Paulo e Lucas que ele gnósticos e marcionitas negaram que
ainda deturpou, quando os montanis- o criador do universo materiai é o
tas afirmaram que além dos livros Deus supremo, Pai de nosso Senhor
inspirados apostóiicos era necessá- Jesus Cristo. Sabia-se então que s6
rio dar atencao a novas revelações do confessariam essa frase os cristsos u
Espírito Santo que só eles recebiam as congregacões que mantinham a
e que tinham o mesmo v d ó r da men- doutrina correta e não podiam iazê-i0
sagem apostólica, a igreja viu-se for- os que deturpavam o evangelho. %o
cada a examinar que livros eram au- seio da comunidade de Romo elabotenticamente de origem divina, sur- rou-se o que, com pequenas aIteragindo assim, aos poucos, a colecão cões, chamamos de Credo Apost6ilde vinte e sete livros do Novo Testa- co, esse baluarte doutrinário de todos
mento. Muito cedo, no segundo sé- os cristãos de qualquer época, que
culo, chegou-se a conclusão que os aceitam os fundamentos bSsicos dos
evangelhos eram nem mais nem me- ensinamentos apostólicos.
nos do que quatro. As epístolas de
Os líderes das congregaçóes faiam
Paulo, 1 Pedro, 1 João também fo- um
dos mais eficazes meios de corri;ram logo aceitas por todos. Outros
bater
as heresias do segundo sécuio.
livros: Apocalipse, Xebreus, Tiago, 2
Pedro e 2 e 3 João ainda n o século A princípio, cada comunida8e possuía
IV não eram considerados tão seçu- vários, que eram denominados indisramente apostólicos como os demais. tintamente presbíteros ou bispos. Mas
A primeira lista, que chegou até nós, a partir d o final do primeiro sécuio,
dos vinte e sete livros do Novo Tes- em várias reçióes, um dentre os iitamento como o temos hoje data de deres comecou a destacar-se. Meio
367 e é da autoria do bispo Ataná- século depois, as congregacóes em
toda parte tinham u m ;[der 5 siia tessio de dlexandria.
ta, a saber, o bispo, que tinha c o m
Enquanto os apóstolos viviam, era subordinados vários presSíteros e
possívei, da boca deles, saber exata- diáconos. Em breve os bispos foram
mente o qcie Cristo ensinara. Porém considerados sucessores dos apóstodepois que morreram, quando prin- tos. Esta evolucão foi em parte natucipalmente gn0sticos, marcionitas e roi: onde há um grupo dirigente, via
montanistas ensinavam doutrina con- de regra, um se destaca: pela piedatraditória - como distinguir a verda- de, pelo espírito de lideranca, pela
de do erro? Ao serem batizados, os idade, pela sabedoria, peia am5icáz-.
candidatos ao ingresso na igreja i a - Em parte, ela também f o i conseqGGnziam sua profissão de fé. E a ordem cia da propaganda de iíd,pres XKC..
de Cristo: "batizando-os em nome do lnácio de Antioquia (m. l l5), que dlzia: "Ninguém faca nada na i g l j a
Pai, e do Filho e do Espírito Santo",
~ ~ em
v a
niver
tornou-se o núcleo desta confissáo, sem o bispo" e o coionn
denominada "regra de fé" que rece- superior aos presbíteros. Ferarn 6s
bia acréscimos à medida que outras bispos, em grande parte, responsáveis
doutrinas falsas surgiam. Por exem- pelo sucesso na luta contra o gnosplo, à frase: "Creio em Deus Pai todo- ticismo por sua firmeza na fé. Com
-poderosow foi necessário adicionar o correr do tempo, os bispos de ca"criador do céu e da terra" quando pitais de províncias passaram a sü-
pervisionar os bispos de seu território, sendo chamados metropolitanos
ou arcebispos. Finalmente, os bispos
de cidades onde tinham trabalhado
apóstolos, ou se supunha que o tivessem feito, receberam o título de
patriarcas. Eram quatro na parte
oriental do lmpério Romano: o de
Alexandria, Jerusalém, Antioquia e
Consrantinopla, e só um no Ocidente: o de Roma, onde não só atuaram
os dois mais importantes apóstolos,
Paulo e Pedro, mas também nela foram martirizados. Assim, a igreja estruturou-se numa hierarquia' seguindo
em linhas gerais a organizacão polít i c a do Império Ramano.
Nos séculos li1 e IV não cessaram
os cot-iflitos doutrinários: giraram em
torno da pessoa de Cristo, sua refacão com Deus Pai, resultando disso
as controvérsias trinitárias e as cristotógicas, essas tratando da relacão
entre a divindade e a humanidade na
pessoa de Cristo.
No século 111, começaram as especulações em torno da unidade d o Ser
Divino e da relacão entre Cristo e o
mesmo. Várias heresias surgiram com
o nome de monarquianisrno. A intencão era boa. Num mundo polipeísta
queriam ressaltar que Deus é u m só,
mas também de alguma forma queriam ensinar a divindade de Cristo.
Alguns, como Paulo de Samósata,
acreditavam que u m poder divino
desceu sobre o homem Jesus e o capacitou a realizar as obras de Detis.
Em vista disso teria sido "adotado"
como Fitho de D w s . Por isso sua
heresia denominou-se adopcionisrno.
Outros, como Sabélio, ensinavam
que Deus, às vezes, apresentou-se
como Pai, às vezes como Filho, e outras vezes como Espírito Santo, mas
era sempre a mesma pessoa divina
embora manifestada de maneiras diferentes. Esta corrente f o i chamada
nodalismo, ou sabelianismo, por causa de seu fundador. Ambas as doutrinas foram condenadas juntamente
com seus líderes.
Aneaca maior para a doutrina e
para a unidade da igreja constituiu
Ario, Presbítero de Alexandria, que
no início do século I\/ (318) passou
a ensinar que o Filho não era eterno,
que fora criado e por isso náo
era Deus no mesmo sentido que o
Pai. Ele é a primeira e mais nobre
das criaturas de Deus, mas apenas
criatura. Pregador eloqüente, Ario teve grande sucesso até entre bispos
importantes. Quando o conflito entre
arianos e seus adversários atingiu
oroporcõzs aiarmantes, o Imperador
Constantino, que dera liberdade de
culto aos cristãos e esperava apoiar-se na igreja como maior forca
unificadora do lmpério Romano, convccou o primeiro concílio ecumênico
{isto é, universal), que se reuniu em
IVicéia em 325. Ali, o grande defensor da ortodoxia f o i Atanásio, u m
diácono de Alexandria. Sua defesa
apaixsnada da verdade resultou na
i i c ~ i t a c 2 0 do Credo Niceno - com
pequenos acréscimos, confessado por
36s ainda hoje - em que é expressa
a plena divindade de Cristo: "Deus
cie Deus, luz de luz, verdadeiro Deus
d a verdadeiro Deus". Conflitos doutrinários náo se resolvem de vez, por
decreto. A corte imperial, por meio
século, foi influenciada por idéias semi-acianas. sendo Atanásio. que iogo
depois do Concílio ficara bispo de
Alexandria, banido cinco vezes, por
não ceder. Pouco depois de sua morte (3731 no segundo Concílio Ecumênico, o de Ccnstantinopia (381),o
Credo Niceno, agora completo, f o i
reafirmado. Neste concilio também
foi condenado Apolinário, que de
tanto enfatizar a divindade de Cristo, negava sua plena humanidade.
No terceiro concílio, o de Éfeso, em
431, foi condenado Nestório, que
isolava a tal ponto a parte humana
da divina de Cristo que sofreu a
acusação de separar Cristo em duas
pessoas, e finalmente no quarto e último concílio dos grandes Concílios
Ecumênicos, o de Calcedônia (451 ),
foi cocdenado Eutiques, que misturava a tal ponto a natureza humana e
divina de Cristo chegando a ensinar
que Cristo tinha só uma natureza a divina. Em resumo: o Concílio de
Nicéia (325) afirmou ser Cristo verdadeiro Deus; o de Constantinopla
(381) que Cristo é verdadeiro homem, o de Éfeso (431) que ele é uma
s6 pessoa e o de Calcedônia (451f
que em Cristo encontram-se duas
naturezas: a divina e a humana. Afirmada a plena divindade do Filho,
também o f o i a do Espírito Santo e
assim a igreja crista, por todos os
séculos, pode adorar a Trindade na
Unidade e a Unidade na Trindade,
como era no princípio e por todo o
sempre há de ser.
Os concílios foram convocados pelos imperadores e seus decretos foram por eles implementados. A partir do século IV, ou mais precisamente, desde Constantino, o estado passa
a proteger a igreja e a interferir ne!a.
Que mudanca brusca. Poucos anos
antes, o estado tentara exterminar o
cristianismo e no concílio de Nicéia
muitos dos bispos ainda traziam no
corpo as marcas das torturas, arguns
até eram cegos, outros aleijados. De
agora em diante e por toda a Idade
Média, pelo menos em Constantinopia, a igreja participava da pompa
imperial. ,4 igreja, de perseguida, em
pouco tempo passou a ser perseguidora: em 392 o cristianismo foi tornado a única religião legal no império e sacrifícios a deuses pagãos foram proibidos. Essa união de Igreja
e estado favoreceu a igreja exteriormente: contribuiu para seu enriquecimento, mas também lhe trouxe sérios prejuízos internos. Constantino
proibiu a luta de gladiadores, subvencionou a construcão de igrejas e cópias do Novo Testamento, perrniliu a
igreja receber legados - o que em
pouco tempo tornou a igreja grande
proprietária de terras, e em 32'1 decretou ser o domingo dia de descanso obrigatório. Tomou como conselheiros bispos cristãos e lhes deu encargos políticos. E a igreja, para seu
próprio prejuízo, passou a envolver-se
na política.
A esta altura, apenas 10% da população do império era cristã. Tornou-se moda filiar-se ao cristianismo. As grandes massas pagãs afluíram à igreja; deixaram-se batizar sem
muita instrução prévia ou convicqão,
trazendo para dentro da igreja muito
de seu paganismo e baixa moralidade.
A Santa Ceia tornou-se o sacrifício
da missa, substituindo os sacrifícios
pagãos, o ministério transformotl-se
em sacerdócio, os cléricos passaram a distinguir-se dos leigos, peios
privilégios, até pelas vestes, o culto
à Virgem e aos santos assemelhou-se à adoração de divindades
pagãs anteriormente invocadas em
necessidades especificas. Houve os
que se desiludiram com a imperfeição da igreja, achavam que se corrompera fazendo parte do mundo e
fugiram, a princípio, literalmente, para o deserto, pretendendo servi; melhor a Deus e garantir me!hor sua
própria salvacão no isolamento; com
o correr do tempo afastaram-se da
sociedade em grupos. Eram os monges e as freiras. Essa corrida para
os desertos e depois para mosteiros
e conventos foi motivada pe!o descontentamento de muitos com a baixa moralidade geral da igreja, a impossibilidade de sofrer martírio, a
idéia que o mundo, a sociedade, a
matéria e o corpo não são irremediavelmente maus, que a salvacão pode
ser merecida, que é mais santo aquele que realiza coisas mais difíceis
por causa da religião - pensamento
esse não-biblico também trazido do
paganismo. Até certo ponto o monasticismo foi u m movimento egocêntrico pois não pretendia salvar o
mundo e sim fugir dele para garaniir
a salvacão própria. Comecou no Egito, onde pouco é necessário à sobrevivência devido a seu clima quente e
seco. Nos fins do século li1 e início
do século IV Antônio criou fama como eremita e foi imitado por muitos.
Pacômio, também no Egito, na mesma época, fundou o primeiro monastério e sua irmã u m convento de freiras. De lá o monaquismo propagou-se
para a Síria e demais regiões @o Império Bizantino. O conhecido teólogo
Atanásio ajudou a propagá-!o no Ocidente. Quando banido de Alexandria,
visitou Roma. Jerônimo e Agostinho
também foram entusiastas deste modo de vida. Os monges dividiam seu
tempo em oracão, trabalho manuai e
estudo. Faziam os votos de pobreza,
obediência e castidade. Apesar dos
defeitos e do caráter antl-evangélico
de vários aspectos do monaquismo
durante a Idade Média, todos os movimentos de reforma da igreja brotaram em mosteiros, inclusive a Reforma tuterana. Foi ao mesmo tempo a
grande instituicão missionária medieval, a grande responsável pela cristianizacão dos povos bárbaros germonicos que invadiram o Impkrio Romano
e contribuíram para sua derrocada
em 476. Durante as invasões dos
bárbaros viveu um dos maiores teólogos do cristianismo ocidental de roda sua história: Agostinho f m ,430).
Sua mente genial abordou quase todos os temas da teo1oc;ia desde a
Trindade até a reiacdo entre igreja u
estado. Também defendeu a doutrina
da salvacão pela cjraca divina contra
Pelágio que atribuía ao homem a capacidade de contribuir decisivamente
para sua safvação. As Confissões de
Agostinho sZo o mais belo documento do caminho percorrido por um homem at8 encontrar paz em Deus.
Agostinho morreu em 430 quando vs
vzndaios estavam sitiando sua cidade, Hipo Regio,
Estes mesmos vândalos,
além
de visigodos, ostrogodos, atemanos,
francos, burgúndios e outros bárbaros gerrndnicos fizeram ruir todas as
instituicões do mundo greco-romano
quando invadiram e em parte saquearam o Império Romano, decretando
deste modo o f i m do mundo antigo.
A única instituicão que sobreviveu a
esta destruicão foi a igreja crista, o
que reveia, que apesar de seus defeltos ela sempre continuou e continua
a ser o alvo da promessa d e Cristo
de jamais abandoná-la. Mostra que
cinda tinha vigor, pois não só continuou a existir como também cristianizou e trouxe à civifizacZo estes mesmos povos germânicos. Este é o grande tema do cristianismo medieval que
vai do s8culo VI até o século XV.
O CRISTIANISMO MEDIEVAL
(590-1 51 7)
O primeiro grupo germânico a ser
convertido ao cristianismo foi o dos
godos no sudeste da Europa no século IV. Úifilas converteu ao cristianismo semi-ariano seus compatriotas,
porque este era dominante em Constantinopla em seu tempo. Traduziu a
Bíblia à 'língua gótica, dando a seu
povo até mesmo a escrita. Dos godos
o cristianismo passou à maioria dos
povos germânicos antes ainda que
eles invadiram o império. No outro
extremo da Europa, a Irlanda f o i cristianizada no século V por Patricia,
que na juventude fora raptado por piratas e vendido como escravo. Fundou mosteiros e os monges instruíam
o povo. Os monges irlandeses também adotaram o costume de peregrinar em grupos de doze com u m líder, lembrando o Senhor Jesus e os
doze apóstolos. Partiam da Irlanda,
foram para a Escócia, cujo grande
inissionário foi Columba, para o norts
da Inglaterra e várias regiões da Europa Ocidental e Central. A l i os francos tinham sido o único povo germânico a invadir o império, ainda pagãos. Foram batizados em massa como em geral aconteceu na conversão dos germanos na Idade Média quando seu rei Clóvis, que era casado com uma princesa cristã, jurou
tornar-se cristão caso vencesse a batalha contra os alemanos em 496, o
que realmente aconteceu. Deixou-se
batizar com 3000 guerreiros no Natal do mesmo ano. Mão se tornou
ariano, mas católico, e em poucas décadas os demais povos germânicos
também abandonaram seu arianismo
e igualmente se ligaram ao papa cie
Roma.
Na fnglaterra, por volta do c;no
500, os emissários do primeiro
grande papa medieval, GregOrio I
(590-604), converteram o rei de
Kent, casado com uma princesa cristã, passo inicial para a subordinacão
do cristianismo britânico ao papado.
No Sínodo de Whitby (664) a forma romana de cristianismo prevaleceu sobre a céltica irlandesa estreitando as relacões entre a Inglaterra e
o bispo de Roma.
Na Alemanha os monges missioi:ários irlandeses já tinham trabalhado com sucesso em várias reçiões,
quando Bonifácio ( m . 754) ali organizou a igreja, especialmente em
Hesse e Turíngia. Causou profunda
impressão aos pagãos ao cortar com
um machado o carvalho sagrado de
Odim em Geismar, Hesse. Julgaram
os pagãos que seu deus o destruiria
com um raio, e quando nada lhe aconteceu convenceram-se da supericridade de Cristo. Com a madeira, Bonifácio ergueu uma capela a S . Pedro, cujo sucessor considerava o papa de Roma, e por isso esforcoa-se ao
máximo para submeter a igreja alemã ao papado, vendo seu trabalho
coroado com êxito.
A última grande tribo pagã germânica, a dos saxóes, foi convertida
à força pelas tropas de Carlos Magno em mais de vinte campanhas m i litares. Ao norte da Germânia, na EScandinavia, viviam os viclcings, que
por três séculos assolaram a Europa
Ocidental com suas incursões de saque. Chegaram a conquistar parte da
Franca e da Inglaterra e dela fevaram
o cristianismo para seus !ares por
volta do ano 1000.
t\Aais ou menos na mesma &oca,
na Europa Oriental, vários povos foram convertidos, em geral por rnis-
sionários ligados a Constantinopla.
Foram os búlgaros, boêmios, poioneses, russos e húngaros.
Enquanto na Idade Média o cristianismo se expandia para o norte e
o oeste conquistando toda a Europa
pura Cristo, no sul e no leste, nos
territórios que por primeiro tinham
ouvido a mensagem da salvacão,
abateu-se a maior rragédia da história da cristandade. Os seguidores de
Maomé, em menos de u m século.
conquistaram e eliminaram o cristianismo quase totalmente da Palestina,
Síria, Egito, Norte da Africa, ameacando depois tomar a Europa toda,
ameaça esta ainda muito viva na i p o ca da Reforma.
superstic5es. Prevaleceu a idéia que
os ministros são sacerdotes do tipo
dos do Antigo Testamento. Tornaram-se uma classe separada e no
Ocidente deles se exigiu o celibato.
Quanto 2 organizacáo eclesial na
Idade Média, houve sempre duas igrejas cristas aut6nornas e rivais: a
Oriental, com sede em Constanrinop!a, e a Ocidenzai com seu centro
em Roma. O patriarca de Constantinopla e o papa de Roma nunca aceitaram u m a autoridade do outro sobre o território sob sua própria jurisdicão. Eepois de v á r b s conflitos hotive a separação definitiva entre as
duas igrejas em 1054.
Mais de perto nos interessa a !greja Ocidental. Nela, aos poucos, os
ta, porque perfeita só será no céu. Mas papas, reivindicando ser sucessores
na Idade Média, a tática de conver- do apóstolo Pedro, conseguiram. desões em massa contribuía para a de- pois de séculos de conflitos, ser reccturpacão do evangelho a ta! ponto que nhecidos ccimo chefes. A transferênmuitas vezes a mensagem do perdgo cia da sede do Império da Roma para
dos pecados pelos méritos de Cristo Constantinopla em 330 aumentou o
ficava totalmente obscurecida, trans- prestígio do bispo de Roma já muito
formando o cristianismo em grande respeitado por terem Fedro e Pauio
parte numa religião de obras. Mão só; trabalhado e sido martirizados em
os ignorantes o fizeram, mas também sua cidade. Um s i c u l o depois da
os líderes da igreja para tal contri- transferência, Leão i (44-0-62 ), elabuíram. A Santa Ceia passou a ser bora a doutrina que dizia ser Pedra
considerada um sacrifício e, mais a rocha, o fundamento, o porteiro do
tarde, (em 121 5) foi decretada a dou- céu para iigar e des!igar e que, atratrina da Transubstanciação. A i d é i ~ vés do papa (título reservado só ao
de u m purgatório, onde as almas se- bispo de Roma pelo Concilio de Cairiam purificadas pelo fogo depois des- ced6nia em 4-51), como seu sucesta vida, foi defendida p e ! ~papa Gre- sor, Pedio continua a cumprir SUE:
gório i e desde entZo era geraimente miss8o. Esta reivií;dicacáo foi aceita
aceita. Ao mesmo tempo comecaram nc. Ocidente, exceto pelos cristaos
a ser celebradas missas pelos mortos ce!tas (ir!andeses!, mas repudiada no
e os mártires e outros considerados Oriente. Llm século e meio depois
santcs, tornaram-se objeto de venera- dele, torna-se papa Gregório i , o
cão, sendo feitas orações aos mesmos. Grande (590-6041, considerado o
Desde que o Concílio de Éfeso (431) primeiro papa medieval. Centra!izott
declarou ser Maria mãe de Deus, au- a administracão dos iatifúndios da
mentou o culto à Virgem com muitas igreja romana, defendeu a cidade 6 s
Reformas,
a igreja sempre necessi-
período do apogeu d o - papado e sua
tentativa de transformar o mundo no
reino de Cristo através do domínio
papal da sociedade, tanto a religiosa
como a poiítica. O papa afirmava ter
autoridade até para depor imperadnres. Este mesmo Gregório Vil tornou
obrigatório o celibato dos padres,
No século Vil1 o poder papal foi
fortalecido com a entrega ao papa pojs a maioria eram casados na época,
dos territarios conquistados dos lom- provocando, o que um historiador
bardos pelos reis dos francos, Pepi- chamou, "o maior divórcio coletivo
no, o Breve, e Carlos Magno. Na da história". Ele também obrigou o
imperador Henrique IV a pedir permesma época foi elaborado um dodão
de pés descalcos na neve em
cumento forjado, "a Doação de ConsCanossa
em 1077. Mais tarde tutero
tantino", pelo qcai este imperader teconsideraria
esta época o início d o
ría entregue ao papa a "cidade de
despotismo
papal.
U m século depois,
Roma e todas as províncias, distritos
o
papa
Inocêncio
li1 (1198-1216)
e cidades da Itália e das regiões
exerceria maior poder sobre monarocidentais". Apesar de falso, foi
cas do que qualquer outro papa na
utilizado pelos papas para aumentar seu poder poiítico a t é ser expos- história: Na Alemanha excomungou
Oto IV e fomentou a oposiçbo que
to como fraudulento em 7440 por
lhe custou seu trono, conseguiu que
Lourenco Valia, um humanista.
Frederico ll fosse eleito imperador,
Com a derrocada do império de tirando dos alemáes o direito de eleCarlos Magno, a igreja em geral, e ger até os seus bispos. Na Franca,
o papado em particular, sofreram.
obrigou Filipe Augusto a receber de
Em Roma houve a maior degradacão.
volta a esposa de quem se divorciaNo século X alguns papas notabiliza- ra. Coroou o rei de Aragão (na Esparam-se pela imoralidade. Três fatores,
nha) em Roma como seu vassalo.
em meados do século Xl, contribuíPortugal, Polônia, Hungria e Sérvia
ram decisivamente para tirar o pa- tornâram-se vassalos papais. Na Inpado de sua mais profunda decadênglaterra obrigou o rei João Sem Tercia e elevá-lo a seu ponto culminan-' ra a entregar o seu reino ao papa e
te em toda sua história: ( 1 ) a acZo recebê-lo de volta como vassalo pados imperadores alemães que o liberpal.
taram da política das grandes famílias de Roma; ( 2 ) a reforma monásDepois de lnocêncio lll veio a detica, iniciada pelo mosteiro de Cluny cadência do papado. Para exercer
que se propagou pela igreja toda, vi- tamanho domínio sobre a igreja, a
sava moralizar a igreja, libertá-la do sociedade e os governantes, o papapoder dos leigos e tornar o papa se- do organizara a mais numerosa e
nhor absoluto da igreja; e (3) a pes- complexa burocracia européia. Com
soa de Hildebrando, depois papa, o tempo as burocracias, em lugar de
com o nome de Gregório Vll (1073- serem um meio, passam a tornar-se
1085). Dominou vários papas até ser um f i m em si mesmas e normaimeneleito em 1073. Com ele comeca o te são as pessoas mais ambiciosas ou
!?orna dos lombardos, fez com eles
tratado de paz. Tornou-se a figura
mais notõvel da Itália na época, tanto no setor político, como no eclesial. Exerceu autoridade na Gália e
Espanha e, como vimos, iniciou a
missão na Inglaterra.
inescrupulosas que mais depressa
galgam seus postos mais elevados.
Foi o- que aconteceu com o papado
em seu apogeu. O instrumento para
moralizar e purificar a igreja e os povos cristãos bem como seus governantes, isto é, a burocracia papai,
tornou-se a principal fonte de corrupção da igreja. A evolucão política da
época igualmente contribuiu para a
decadência do papado. No século
que seguiu ao pontificado de Inocêncio lll, o Império Alemão desintegrou-se, mas as nacóes européias
ocidentais experimentaram um processo de centralização política. Os
reis adq~iirirampoder cada vez maior.
O rei Felipe IV, o Belo, da França,
chegou a mandar prender o papa Bonifácio V l l l em 1303 e em 1309 forcou o papado a se transferir para
Avignon em território francês, onde
ficou cerca de 70 anos, período esse,
apelidado de "Cativeiro Babilônico do
Papado". Tal foi o resultado da intromissão da igreja em assuntos políticos.
Sem dúvida, o mais flagrante
exemplo medieval de mistura de
quesróes espirituais e seculares, isto
é, a confusão entre a cruz e a espada, f o i o movimento das Cruzadas,
iniciado pelo papa Urbano I1 em 1095,
que, após o êxito inicial da Primeira
Cruzada, que tomou Jerusalém em
1099, só conheceu fracassos. A tentativa de trazer d e volta, pela forca,
ao cristianismo os lugares sagrados
da Palestina, perdidos para os istamitas, e o empenho em convertê-10s
pela espada, só trouxeram resultados
extremamente negativos.
Conseqüências tanto positivas com o negativas produziu o esforço em
repensar os problemas teológlcos
com o auxílio da filosofia arlstot8ii-
ca, denoin inado escolasticismo. Gigantes intelectuais tentaram harmonizar f é e razão, teologia e filosofia,
tornar os dogmas da igreja compreensíveis ou ao menos retacioná!os com a razao. Para Tomás de
Aquino não há contradição entre as
doutrinas reveladas por Deus e o raciocínio, auxiliado pela filosofia de
Aristóteles. Posição contrária a Aquino tomaram Duns Scotus que salientava a vontade livre de Deus, e Guilherme de Occam que acentuou o divórcio entre fé e razão e afirmava
não se poder provar pela lógica nenhuma doutrina cristã mas que devemos aceitá-las pela fé por que estáo
contidas na Bíblia e a igreja as ensina. lutero depois seria aluno de
seguidores de Occam.
Apesar de seus defeitos, apesar de
subordinar demais a teologia cristã
à filosofia grega, a escolástica teve
seus méritos. Numa época de efervecência intelectual conseguiu tornar o
cristianismo o centro das indagações
das mais nobres inteligências e contribuiu decisivamente para o surgimento das Universidades, sem as
quais a própria Reforma Luterana seria inconcebível.
Na mesma época em que comecavam a surgir Universidades, aumentava a populacão das cidades e, como sempre, mais de 90% dos que
nelas viviam eram pobres e nem a
igreja e nem o estado estavam preparados para solucionar seus probiemas. Foi ent%o que apareceu uma
das mais simpáticas figuras da história do cristianismo medieva! ou de
qua!quer época: S. Francisco 'de Assis ( 1 182-1 226) cujo amor ao próximo, humildade, pobieza espontânea, alegria face à natureza serviram
de ii?c,plraçáo a grande número de
seguidores que dedicaram suas vidas
a ministrar especialmente as massas
urbanas desarnparadas. Já durante
sua vida, e depois de sua morte, seu
movimento foi organizado numa ordem monástica mendicante que se
assemelhava à fundada por Domingos, a dos Dominicanos, que se destacaria no ensino (os maiores mestres escolásticos pertenceriam a ela)
e como responsáveis pela lnquisi+o.
Esta, a Inquisicão, foi reestruturada quando comecaram a surgir movimentas de protesto contra a corrupcão do papado e da igreja já no seu
período de apogeu: o movimento dos
cátaros ou a!bigenses que nos sé;
culos XII e Xlll conquistou muitos
adeptos no sul da Franca, apesar de
também deturpar completamente o
cristianismo com seu dualismo, ensinando haver dois poderes eternos,
u m bom e outro mau, que a matéria
é má em si, que Cristo não poderia
ter tido u m corpo real. Uma cruzada
e, depois dela, a Inquisicão, aniquilaram este movimento.
Diferentes eram os Vaidenses que
ensinavam trechos da Bíblia na IFngua do povo, condenavam os abusos
da igreja mas também foram perseguidos pelo papado. N o século XIV,
quando os papas estiveram em Avignon e depois, voltando para Roma,
houve um confiito entre o papa e os
cardeais e estes elegeram u m segundo papa, os protestos aumentaram.
Na Inglaterra, J. Wiciif (1320-1384)
rejeitou a doutrina da transubstanciacão, do purgatjrio, do culto aos santos, a venerac2io de relíquias e chamou o papa de Anticristo. Além disso
traduziu, com a-colaboracão de discípulos, a Bíblia para o inglês, a língua de seu povo, pois a considerava
a autoridade suprema na igreja. Foi
condenado depois de morrer e seus
ossos foram queimados. Suas idéias
foram retomadas por J. Huss (73601415 ) na Boêmia. Foi seguido por
muitos, compareceu ao Concíiio de
Constanca ( o mesmo que conseauiu a
deposicão de três papas concorrentes
e elzgeu outro, a c a b a ~ d ocom o papado duplo e triplo) que o condenou
e queimou vivo. Contudo, em sua terra surgiu uma igrejo independente de
Roma, um século antes da Reforma.
Assim concluímos o rápido exame
de alguns aspectos importantes da
História da Igreja Cristã na idade Média (500-151 7 ) . Apesar da mistura de
erros com a verdade bíblica e de seus
fracassos, neste período a igreja preservou a fé cristã, unificou a Europa,
cristianizou e civilizou os povos Sárbaros.
Por volta de 1500 o mundo medieval chegava a seu ocaso e u m novo
mundo nascia, o nosso mundo ocidental moderno. As descobertas geoçrificas ampliavam os horizontes dos 96vos europeus com a descoberta da
América, do caminho às índias, China e Japão. A situação política européia modificava-se considsravefmente. O Sacro Império deixava de ser
uma potência enquanto os reis de
Franca, Espanha e Inglaterra conseguiam subordinar a si as forcas vivas
de suas respectivas nacCtes, inclusive a igreja em seus territórios. Enquanto isso, Aiemanha e itália continuavam divididas em grande número
de pequenos territórios mais ou menos autônomos. No campo cultura!. o
entusiasmo pelos clássicos greços e
romanos, a veneracão da arte grega
produziram principalmente na It0iia
tendsncias paganizantes e secu!arizadoras que afetaram inclusive o papado, que na época conheceu sua pior
degradação moral em toda sua história, com Inocêncio VI1 e Alexandre VI.
este o pai de César e Lucrécia Bórgia,
e de vários outros filhos com diversas
amantes. Foi o papa durante a infância de Lutero. Na época também a religiosidade do povo decaiu. Embora
intensa, eia era mal dirigida. Concentrava-se em formas exteriores, materiais de religião, em geral supersticiosas. Aumentou a crença em bruxaria,
em intervenções de anjos e demônios
a todo o instante, na eficácia do culto
às relíquias e das romarias a santuhrios. Predominava u m temor mórbido
do futuro, que se pretendia desvendar. c o m a astrologia. A venda de indulgências era alto negócio. InduIgGncias eram certificados de diminuiçáo
das penalidades que a pessoa deveria sofrer na terra e no purgatório por
causa dos seus pecados mesmo depois de perdoada a culpa eterna na
abso!vição. Foi para debater este abuso no âmbito universitário que Lutero
escreveu as 95 Teses que afixou na
porta da Igreja do Castelo em Wittemberg a 31 de outubro de 15?7.
Contra seu desejo, foram pubiicadas
por outros e. em pouco tempo, o tornaram conhecido por toda a Aiemanha e até fora dela, marcando o Início da Reforma. As 95 Teses náo foram o grito de guerra de u m revoluciongrio mas o protesto de u m cura
de almas que passara por profundas
crises espirituais e agora via os riscos que este materialismo reiigioso
constituía pora as almas abiitas.
A ÉPOCA DA REFORMA
( 151 7-1 648)
Lutero nascera em 10 de navembro de. 1483, filho de mineiro e neto
de camponês. Estudara em Erfurt, nu-
ma das mais famosas universidades alemás, graduando-se bacharel
5G5). In( 1502) e mestre em artes ('i
gressou, a secjuir, na- Faculdade de
Direito para contentar seu pai. Mas
uma pergunta vital o atormentava:
"Como posso encontrar um Deus m.Esericordioso?". Esta era ao mesmo
tempo a questão existencial de todiis
as pessoas sérias de sua geraczo a é
a pergunta mais importante que se
pode fazer em qualquer geração. Para encontrar resposta, Lutero, depois
de quase atingido por u m raio, e m
meio à floresta, voltando de easa à
universidade, decidiu tornar-se monge, pois a igreja da época ensinava
ser este o caminho mais seguro para
o céu. Ingressou no mosteiro mais rigoroso dos vários de Erfurt, o dos
Agostinianos Eremitas Observantes.
Ao fazê-lo, conscientemente recusou
carreira briihante, vida fácil e fama
como advogado.
No mosteiro Lutero foi monge
exemplar. Em 1506 tomou os votos.
Em 2 507 foi ordenado sacerdote. Por
ser estudioso de méritos invulgares
foi instado pelos superiores a continuar s e m estudos, agora de teologia.
Em 1508 foi chamado para !ecionar
na Universidade de Wittemberg :fundada em 'i592 pelo eleitor, duque
Frederico, o Sábio, da Saxônia) onde em 1509 tornou-se bacharel em
Eíblia. Vo!tando a Erfurt foi escolhido, juntamente com u m companheiro, para representar a causa de 30
mosteiros agostinianos perante o geral da ordem em Roma. Em ? 510 e
151 1 visitou Roma, aproveitando a
ocasiio para venerar as reiiquias como fiiho fiel da igreja. Pouco depois
de retornar, em t5l l , f o i transferido
definitivamente para a pequena Universidade de 'flirternberg. A l i douto-
rou-se em teologia, em 151 2. No mes- grada, que i u t e r o redescobriu o evanmo ano tornou-se sub-prior. Em 1515 gelho obscurecido desde a época dos
ficou diretor dos estudos no mostei- discíputos dos apóstolos. Já a seçUnr o e f o i eleito vigário distrital com a da geracão de mestres cristZos ensisupervisão de onze mosteiros. Nova- nava que no relacionamento entre os
mente iniciara uma carreira brilhan- homens e Deus as obras desempete, desta vez na igreja; poderia che- nham o papel principal e, depois degar a geral da ordem ou, quem sa- les, todos os teólogos, até Lutero, o
repetiram. Mas oucamos d o próprio
be, até a cardeal.
Com as 95 Teses de 3 1 de outu- Lutero a narrativa da experiGncIa que
bro de 1517, pela segunda vez, re- se tornou fundamento da Reforrnz
nuncia a u m futuro promissor por Luterana: "Desejando conhecer mecausa de sua consciê;ncia, devido a lhor o. autor da C a r b aos Romasua sinceridade consigo mesmo e nos. . . tropecei nas palavras (! .17)
com seu Deus. Os anos no rnosreiro, referentes à 'justica de Deus revejade monge exemplar, foram para ele da no evangelho'. . Depois de tutar
anos de tormento interior. O cumpri- -dias e noites com o prob!ema, Deus
mento criterioso das obrigações que finalmente teve piedade de mim, de
visavam conduzir o monge 2 paz com modo que compreendi a conexão InDeus através da obtenczo de ,méritos terna entre as duas expressóes 'a juspróprios levou-o à certeza de que é tiça de Deus é revelada no evangeimpossível ao homem agradar a Deus lho' e 'o justo viver8 pefa fé'. Enráe
com suas próprias obras, pois proce- comecei a entender a 'justiça d e
dem de u m coração pecaminoso. %o Deus' através da qual os justos são
confessionário era oferecido o perdão saivos pela graca de Deus, a saber,
mas com a exigência de arrependi- pela fé; que a 'justiça de Deus', que
mento adequado, e Lutero náo conse- é revelada através do evange!ho, deguia convencer-se de que seu arrepen- ve ser entendida e m sentido passivo,
dimento era suficientemente adequado isto é, que Eeus, por misericórdia,
perante Deus. A doutrina da predes- justifica o homem pela fé, como est5
tinacão o conduziu ao desespero pois escrito: 'O j w t o viverá gela fé'. Agonão via em si o amor de Deus e a paz ra senti como se tivesse nascido de
interna que ensinavam ser o fruto da novo e acreditei ter entrado pelas iarvida monacal, chegando a acreditar gas portas do paraíso."
que estava entre os predestinados ao
A justiça de Deus não é aigo que
inferno (Agostinho, cuja teologia Lu- se pode merecer ou conquistâr pai estero em grande parte seguia, ensina- force próprio, mas apenas d8diva diva a dupla predestinacão).
vina, por causa do sacrifício da CrisA primeira ajuda Lutero recebeu de to, concedida por misericórdia aos
seu superior Staupitz que o ensinou que cr&em. SS contempiancic com féi
a contemplar o arnor d~ Deus nas o Cristo crucificado por tiós, 6 que
chagas de Cristo crucificado por n6s. percebemos a relaçzo entre a justiça
Mas f o i sól com seu estudo da Síblia e o amor de Deus. A justiça, porque
(mais especificamente da êartc! aos mostra a seriedade com que Deus enRomanos) no preparo para suas au- cara o pecado, não pode deixá-!o imIas d a interpretação da Escritura âa- pune, nem que isto custa z vida de
.
seu F i h o unigênito; o amor, porque
tão somente por se compadecer de
nós, e não por qualquer mereciment o nosso, Deus entregou seu Filho
para cumprir a lei como nosso substituto, para sofrer a punição que nós
merecíamos por causa de nossos pecados. Esta dádiva imerecida de
Deus nos leva a confiar nele como
filhos num Pai amado, mas também
nos leva a odiar o pecado, pois para
nos salvar de suas conseq~ências, o
Filho de Deus tanto padeceu. Visto
Deus nos ter amado sem que o merecêssemos, podemos agora, libertados
por ele do pecado, também amar o
nosso próximo, mereca ele o nosso
amor ou não. Boas obras não sZo
mais as que fazemos para ajudar nossa situacão perante Deus, mas para
ajudar o próximo.para que ele veja
em nós o reflexo d o amor de Deus
d o aual n6s fomos alvo. Este é o centro da Reforma Luterana e seu mais
precioso legado à cristandade e que
interrompeu um desenvolvimento histórico da teologia crisid no tocante
a relação entre o homem e Deus, de
já quase uin milênio e meio. Eutero
chegou a esta redescoberta d o evangelho autêntico, não procurando corrigir os abusos externos da igreja de
seu tempo, mas apenas buscando paz
para sua alma aflita. De sua experiência pessoat resultou ttm movimento explosivo porque sua pergunta existencial "como posso encontrar
u m Deus miserjcordioso" sempre foi
e continua a ser a mais importante
da vida de cada homem. Através da
resposta que encontrou no estudo da
~ í b ~ i aLutero
,
coloca o homem diretamente diante de Deus sem a necessidade de papa nem concilio, sem intermediacão de sacerdote. Por isso
Lutero não podia ter sucesso com a
igreja papaf. Desra maneira ela não
se queria deixar reformar. Este fato
fez da Reforma uma cisão. A segunda grande cisão na história da cristandade. A primeira acontecera em
1054 quando a Igreja Ortodoxa Oriental e a Igreja Católica Ocidental se
separaram definitivamente.
Aos olhos do público, Lutero apareceu apenas depois de sua "teciogta da cruz" ter conquistado os alunos e todos os 22 professores da
Universidade de Wittemberg. Ao desejar debater nc contexto universitsrio o escandaloso abuso da venda de
indulgências Lutero escreveu em iatim V 5 Teses qge afixou à porta da
Igreja do Castelo de Wittemberg (que
servia de quadrc de aniincios da t'niversidade) a 31 de outubro de 1517.
Som seu conhecimento principatmente os humanistas tomaram as Teses
e as difundiram por toda a Alemanha
e fora de!a. Quando os lucros auferidos com a venda de indulgências
cessaram, o papa Leão X (Giovanni de
Médici, fi!ho do banqueiro e mecenas de Florença, Lourenço, o Magnífico) tomou várias medidas, sem sucesso, para silenciar Lutero: quis que
em Heidelberg (abril d e 1508) eç
egostinianos o silenciassem, mas eles
o aclamaram: conseguiu que se entrevistasse com o caróeai Cajetano
(outubro 1518) sem resuifâdo positivo. Em 1 519, no mais nemcráve! debate da História Ocidentai, Lutero declarou a Eck, e.m Leipzig, que tanto
papas como conciiios náo são infalíveis, o que só 2 Bíb!ia é, sendo a!!
já chamado de herege. Em 1 5 2 0 é
excomungado pelo papa (caso não se
retratasse dentro de 60 dias, o que
não fez). Como resposta, Lutero, a
10 de dezembro de 1520, em praça
pública, queima a bula papal.
ses em 1525 e foram dizimados r?eia;
Zwínglio, o reformador suíço, que divergia de Lutero na doutrina da presença de Cristo na Santa Ceia e exigia mudanças mais radicais e extremas na implantacão da Reforma pela
forca e morreu em combate d, armas
na mão em 1531; Caivino, o reformador francês que criou fama na Suíca, ensinava a predestinaczo tambbm
para o inferno, tentou subordinar e
governo 2 igreja em Genebra, e influenciou decisivamente a Reforma-na
I-folanda, Franca, Sul da Alemanha,
Escócia e Inglaterra.
Enquanto isso, o luteranismo se
sxpandia para o norte da Europa conquistando por inteiro Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Isiânda, Lituonia, Letônia e Estônia.
Nos países latinos, a penetração da
Reforma foi sustada pela inquisição
e pela atividade dos jesurtas, organizados em i540 por inácio de Loyola,
cujos discipulos inclusive reconquistaram parte da Alemanha para o papado.
O ccnflito entre interpretacões divergentes do cristianismo não se
restringiu à troca de palavras ásperas, provocou guerras. Em 153C- os
gcvernantes luteranos apresentaram
sua confissão de fé, a "Confissão de
Augsburgo", ao imperador Carios V
na Dieta de Augsburgo, o qual, depois de ouví-la a mandou refutar e
estabeleceu o !imite de 'I5 de abril
de 1531 para o retorno à Igreja Romana. Mas a ameaça de invasao dos
turcos levou-o a fazer Gma trégua
Por este motivo e por outros gru- com os governantes Iuteranos, que se
pos, que uma vez tinham apfaudido tinham unido na !iga de Esmalcalde.
Lufero, separaram-se dele: humanis- A trégua durou até pouco depois da
tas como Erasmo: revolucionários morte de Lutero em 1546. Seguiu-se
sociais como Tomás Muenfzer, que a guerra, sendo os príncipes iuteraprovocaram a guerra dos Campone- nos derrotados pelo imperador, mzs
Nada lhe acontece par ser protegido pelo governante mais capaz da
Alemanha: o eleitor, duque Frederico, o Sábio, da Saxônia, e porque
conseguira que a opinião pública da
Alemanha se colocasse a seu lado
através de seus escritos ( A nobreza
cristã da nacão alemã; Sobre o catF
veiro babiiônico da igreja; Sobre a
fiberdade do cristão) que se tornaram
os maiores best-sellers da história da
imprensa até então: entre 1517 e
1520 cerca de 3 7 0 edições de escritos de Lutero apareceram num total
de cerca de 300 0 0 0 exemplares, enquanto antes de Lutero, na Alemanha
toda, eram impressos 50 livros por
ano, em média.
Em 1521, Lutero compareceu perante o imperador Carlos V na Dieta
de Worms. Instado a retratar-se, ficou firme em suas convicções. Banid o pelo império, refugiou-se durante
quase u m ano no castelo do Wartburgo onde traduziu o Novo Testamento para a língua do povo. impresso em 1522 tornou-se a obra mais
lida no século XVI na Alemznha. Enquanto Lutero estava no Wartburgo,
colaboradores extremistas tentaram
forcar reformas exteriores em Wittemberg, provocando distúrbios. Lutero, embora excomungado e banido,
isto é, ameaçacio de morte a qualquer instante, voltou e, através de
sermões diários duranie uma semana, fez voltar a tranqiiilidade Imprimindo u m caráter definitivo à Eeforma iuterana, fazendo dela um movlmento exclusivamente reiigioso.
esta vitória e a ameaca de recatolizacão só durou até 1552 quando, por
sua vez, o imperador foi derrotado
por Maurício Saxônio, o mesmo que
anteriormente havia traído seus corre!igionários luteranos. A paz de
Augsburgo de 1555 estabeleceu a paz
po!ítica entre os estados luteranos e
cat5licos na A!emanha para o restante do século XVI. Na história do iuteranismo este período ( 1550-1 580)
caracterizou-se pelas controvérsias
teológicas que grandes danos causaram. A Fórmula de Concórdia de
1577 pôs f i m às divergências e o
Livro d e Concórdia, publ icado exatamente há quatro séculos, em 1580,
reunindo todas as confissóes da igrei
jc: Ltiterana - o Credo Apostólico, o
1 Credo Niceno, o Credo Atanasiano, a
Confissão de Augsburgo, a Apologia
i. da Confissão de Augsburgo, os Artigos d e Esmalcalde, o Catecismo Ma/ nor e o Catecismo Maior de Lutero e
/ a Fórmula de Concórdia -, marca o
i inicio de nova etapa na história da
' Igreja Luterana.
Como nosso objetivo é traçar antecedentes da Igreja Evangélica Luterana do Brasil e não uma história
ectesiástica geral, seguiremos tracando os aspectos mais importantes do
desenvolvimento do luteranismo.
i
A IGREJA LUTERANA MO
MUNDO MODERNO
f i580-1 980)
0 período entre 1580 e 1675 é
geralmente denominado Era dâ Ortodoxia. Nele, te0logos de ext-aordinário gabarito procuraram aprofundar
e pormenorizar, com base na Escritura e em toda a !iteratura anterior, as
dout~inas expostas nas Confissões
iuteranas e defendê-las de ataques
dos jesuítas, ca!vinisias e sincrefis-
tas, estes seguidores d o teólogo luterano George Caiixt, um dos precursores do ecumenismo, que defendia a posição que todas as igrejas cristãs deviam unir-se com base
na teologia cristã dos primeiros cinco séculos. Mas esse período de Ortodoxia, que durou até fins d o século XVII, foi uma época extremamente conturbacta e trágica na pátria
de Lutero. A Guerra dos Trkta Anos,
de 1618 a ? 648, devastou e desmoralizou a Aiemanha que, segundo afguns historiadores, perdeu nela cerca de terca parte cie sua população, isto é, de 16 miihões de habitantes que iinha antes dela, passou a ter 11 ml!hóes em seu fina!.
P.s eonsequências morais foram ainda mais desastrosas, como sempre
acontece durante e depois de guerras proiongadas. A i h disso, as igrejas luteranas e mesmo calvinistas,
nos vários estados alemães, cada vez
mais reduziam-se a meras engrenagens da burocracia governamental.
isto é, os governantes as dirigi'271
., a
seu bel-prazer por intermédio dos
consistórios, em geral com a aprovacáo submissa e bajuiadora dos teólogos e capelões das cortes.
Surgiram teólagos e pastores dentro da ortodoxia qüe procuraram estimular uma reforma nos costumes e
na vida cristã, mas quem maior sucesso alcançou nesses esforcos f o i
Fefipe J. Spener, o fundador c'o Pie- tismo. Com seu escrito Pia Desiclerb
de 1675 deu irnpuiso ao movimento
que visava c ~ i t i i ~ aar pjedade cristii
através do estudo blblico, reuniões de
grupinhos de cristãos sérios, afastatnento
de prazeres considerados
mundanos como teatro, jogos e danca, abandono de guerelas e questlúncuias teo!ógicas, avivamento de
atividades dos leigos na igreja, d o res, foram alvo das medidas restritiespírito missionário e assistenciai aos vas de 1830, com prisão de pastores
cristãos. Spener propôs, em lugar do e dissolução de congregacões. Para
intelectualismo unilateral da ortodo- escapar à perseguição, O Rev. A.L.C.
xia, u m ernocionalismo religioso que, Kavel, em 1838, emigrou da PrUssia
em breve, também se caracterizou por para a Austrália com 700 luteranos
seus exageros. Passaram os pietistas e -no ano seguinte o Rev. J. A. Graa considerar cristãos autênticos ape- bau pelo mesmo motivo emigrou com
nas aqueles que tivessem passado m i l luteranos para os Estados Unipor uma experiência de conversão dos.
precedida de terríveis conflitos de
Na Saxônia o racionalismo também
consciência segundo o molde da ex- predominava entre os burocratas da
periência vivida por A. H. Franke. o igreja e havia temor que também aii
grande filantropo e professor da Uni- a união seria imposta, o que, no enversidade de Halle.
tanto, não aconteceria. Pastores de
Entretanto, o pietismo, com seu convicções ortodoxas em geral só enantiintelectualismo, foi presa fácil contravam colocação quando indicapara o racionalismo, preparando-lhe dos por algum nobre com direitos de
até mesmo o caminho. A Universida- patronato. O consistório em geral os
de de Halle, a primeira a adotar o reprovava.
pietismo em sua faculdade de teoloNa reação ao racionalismo ocorreu
gia, f o i também uma das primeiras uma fusão de pietismo e ortodoxia.
em que se esposou o racionalismo. E, em torno de u m líder, de tendênRacionalistas eram denominados a- cias ortodoxas e pietistas, na cidade
queles que faziam do raciocínio hu- de Dresden, formou-se u m grande
mano o árbitro final de todas as circulo de seguidores. O nome do ilquestões, também as referentes à der era rev. Martin Stephan. Era pasteologia e 2 religião. O resu!tado f o i tor da comunidade boêmia de Dresa proclamacão das doutrinas de den, desde 1810. Tornou-se também
Deus, virtude e imortalidade, e a ne- conselheiro espiritual de pessoas d e
gação de um número maior ou me- outras paróquias, inclusive de u m
nor das doutrinas cristãs tradicio- grupo de estudantes de teologia da
nais e dos milagres registrados na Universidade de Leipzig que já antes
Bíblia. O raciona!ismo teve maior pe- formara u m grupo pietista. Este grunetraç.50 entre as elites, consequen- po - E. Keyl, E. Buerger, T. Zrohm.
temente nas esferas d o governo e na O. Fuerbringer, J. Buenger, O. WaldirecSo das igrejas.
ther e C. Walther
forneceria a IiNa Prússia, o principal estado da deranca para o futuro Sínodo de MisAlemanha dividida da primeira me- souri.
Sofrendo oposicão, até da parte da
tade d o s6cu!o X!X, o fato de ser o
rei u m calvinista, aliado à penetracão polícia, o rev. M. Stephan resoiveu
do pietismo e d o racionaiismo orodci- emigrar com seus seguidores. Dizia
\i ziu "Un-o P L X , isto é,.a uni- que a igreja na Alemanha se corromficacão dTs hreias luterana F! Refor- pera irremediaveimente. Os que timada em 18";7.-0s que nao
X -se con- nham pertencido ao grupo de Leiptig
formaram, os luteran-os conservado- decidiram acompanhá-lo e esi-irntifa-
-
i
Fam seus paroquianos a fazer o rnmmo. Organizou-se uma Cornpanbia de
Emigracão que elaborou o regulamento e recolheu os fundos para a
mesma. Em novembro de 2 838 cerca
de 700 pessoas, entre elas 7 pastores e 10 candidatos de teologia, portanto, dezessete teólogos com formação universitária completa, embarcaram em 5 navios em Bremen ( u m
deles naufragou sem deixar sobreviventes) com destino a M. Orleans,
Estados Unidos. De N. Orleans a St.
Louis, Missúri, navegaram pelo rio
Mississippi em embarcações filuviais
em princípios d e 1839. Compraram
cerca de dois m i l hectares de terra
virgem coberta de matas junto ao rio
Mississippi no sul do estado de Missúri e centenas de imigrantes i6 se
estabeleceram nas condições mais
primitivas. Os restantes formaram
uma congregacão e m S.Louis. O I!der M. Stephan, acusado de graves
faltas, foi deposto e expulso do grupo. Por dois anos, fome, frio, doença
e falta de iideranca ceifaram muitas
vidas e trouxeram desespero aos restantes até que, sob a liderança d o
mais jovem dos pastores, C. Walther,
que sucedeu a seu irmão Otto, prematuramente falecido, como pastor
da congregacáo de St. Louis, os saxões encontraram o que tinham buscado: uma terra onde havia liberdade re!igiosa e onde, sob guias espirituais autênticos e capazes, podiam
cultuar a Deus e educar seus fi!hos
de acordo com as Confissões Luteranas.
Na mesma época em Indiana e
Ohio, estados mais a leste, outras
futeranas
recebiam
congregacões
pastores com as mesmas conviccões
teológicas, iideracias pelos pastores
F. Wyneken e Dr. W. Siehier. 0 s dois
grupos se reuniram a, depois da várias reunioes pre!iminares, fundaram
o Sínodo de Missúri em 26 de abrii
de 9847, na cidade de Chicago. Seu
primeiro presidente f o i o rev. C.
Walther. O periódico Der Lutheraner
tornou-se o 6rgão oficia! do Sínodo.
Os dois Seminsrios, um em Perry
County e depois em St. LOU~S
e o
outro em Fort Wayne, tornaram-se
escolas sinociais. As grandes massas
de imigrantes alemzes da segunda
metade do século XiX, que buscaram
o centro-oeste americano, ofereceram
ao novo Sínodo desafios missionários excepcionais, que foram enfrentadus com grande abnegacão e sucesso a ponto de hoje contar com
mais de três milhões ae membros bãtizados. Até o final d o século passado, todo o esiorco nissionEcr.lo do ÇInodo de Missouri estava voltado p2ra dentro dos Estados Llnidcs. A partir da última década d o século X!X
este sínodo começou a enviar missionários para o exterior. Em 9896
foi iniciado o trabalho na irdia, sendo os primeiros missionários T. Naether e F. 4. Mohn.
A esta altura o Sínodo de Míssúri
ainda tinha cunho tipicamente Sermânico. A língua da instrução teológica e d o culto ora a afern8, e era
perfeitamente natural que seus membros se Iníeressassern pela situacão
espiritual de imigrantes a!ernães que
se tivessem estabeiecido fora dcs
Estados Unidos, aos quais, muitas
vezes, estavam ligados gelos dacos
de parentesco ou amizade formada
antes de emigrarem. BIQz mesma dgcada mencionada acima, a última do
século XIX, nota-se nas revistas do
Sínodo uma crescente preocupacão
com os imigrantes de origem alemá
que viviam no Brasil sem o a t o ~ d i -
mento da parte de qualquer igreja lu- 1 9 0 4 - Fundacão d o Sínodo Evangélico Luterano do Brasil
terana. Em 7899 o Sínodo recebeu do
(15." distrito d o Sínodo de
pastor J. Brutschin, de Estância VeMissúri)
lha, RS, o pedido de u m substituto,
- \<\<\o à0 +saha\o no h\\.
pò\s p\e\en<\a \e\wna\ à P\\emanha.
Taquari (Roca Sates)
Em 1900 f o i enviado ao Brasil, pela
Comissão Missionária do Sínodo de 1905 - Inicio do trabalho na regiáo
de Ijuí (noroeste do RS)
Missouri, o rev. C. Broders para verificar se havia possibilidades missio- 1906 - Início do trabalho em Rolante (nordeste d o RS)
nárias, especialmente no Rio Grande
do Sul. Após experiências iniciais 1907 - Reabertura do Seminário
Concórdia em Porto Alegre
frustrantes encontrou em São Pedro,
1911 - Início do trabalho na r e g i i o
não muito longe de Pelotas, u m grunorte do RS (Erechlm)
po de luteranos que, sob sua direcão,
fundaram uma congregacão a 1 de 1922 - Colação de grau dos primeiros professores iormajulho de 1900. Esta congregacão endos n o SeminBrio Cdncórdia
viou o chamado para um pastor ao
Sínodo de Missouri. Este pastor veio 1913 - Primeiro sermão proferido
em língua portuguesa
em 1901. Foi o rev. W. Mahler.
1914
Retorno do rev. W. Mahler
Caso pretendêssemos fazer justiça
aos
Estados Unidos
aos oitenta anos da histbria d o trabalho do Sínodo de Missúri no Bra- 1915 - Colacão de grau dos primeiros pastores formados no
sil, necessitaríamos, no mínimo, mais
Semin6rio Concórdia
trinta páginas. Achei por bem, pois,
1918 - Dificuldades cau1914
sumaria; os principais fatos numa
sadas pelo sentimento antibreve cronologia:
germânico provocado peta
1900 - Viagem
do
"garimpeiro"
1 ." Guerra Mundial
rev. C. Broder.
1917
Fundacão da revista Mensa- Fundacão da primeira Cogeiro Luterano
munidade Evangélica Luterana em São Pedro, Petotas, 1918 - Início da missão. Luso-brasíleira em Lagoa Vermelha
RS
1919 - Início da missão entre pes1901 - Chegada do grande líder,
soas de cor em Solidez
rev. W. Mahler
Início do trabalho em Santa
1921
1902 - Fundaçãcr da Comunidade
Catarina
Evangélica Luterana Cris- Início d o trabalho no Paran6
to de Porto Alegre, início do
(em Cruz Machado)
trabalho na capital do Esta- Transferência do Seminário
do do Rio Grande do Sul
Concórdia para o Mont- Início d o trabalho no centroSerrat
oeste d o Estado do RS
1903
Fundacão do lnstituio em 1923 - Fundacão da Casa Publicador8 Concórdia
6orn Jesus (futuro Seminá1925 - Fundacão da Liga Wafther
r i o Concórdia)
- Fundacão da revista Kir(depois: Juventude Luterachenbiatt
na
-
1929 - Fundação da Revista Der
Waither Liga Bote (Depois:
O Jovem Luterano)
- Início d o trabalho na Espírito Santo
Início do trabalho no Ria de
Janeiro
- Primeiro culto radiofônico
1931 - Início do trabalho em São
Paulo
1933 - Início do trabalho em Minas
Gerais
1936
Fundação da revista teológica Wacht und V/eide, desde 1940 Igreja Luterane
1937 - Início da Hora Luierana
1945 - Fundação do Orfanato de
Moreira
1948 - lnício d o curso preparatório
em Espírito Santo
1951 - Início do trabalho na Sahia
e em Pernambuco
1952
Início do trabalho em Portugal, 1 ." congregação organizada em 1958
1955 - Início do traba!ho em Goiás
1956 - Fundação da Liga de Senhoras Luteranas do Brasil
1957 - Início do trabalho no Mato
Grosso
- início em Brasília (núcleo
Bandeirante)
1968 - lnício do trabalho no %ar6
1969 - Transferoncia do pr6-teológico para São Leopoldo
1970 - Início do trabalho na Paraíba
1971 - Fundacão da Liga de Leigos
tuteranos do Brasil
- Início da missão no Paraguai
Início da missZo em Rondõnia
- Início da missão no Maranhão
- lnício da missão no Piauí
1979 - Inicia da missão no Ceará
-
-(
-
-
1980
-
fndependgncia administrativa da IELB
Olhando para o passado, 1950
anos (Pentecostes
3 marco inicia!
da História da igreja Cristá ocorrec!
no ano 30 de nossa era) de bénçzos
divinas aos homens através da igreja
e 80 anos de benefícios temporais e
eternos prodigalizados a multidões
em nossa pátria mediante ação de
nossa igreja, nos movem a u m sentimento de profunda gratidáo ao Senhor da igreja e do universo que,
através de seu Filho, nos livrou d o
desespero, que 4 a tônica do mundo
d e hoje, e nos concedeu vida e saivação pelo seu sacrifício na cruz do
Gó!gota. Mas, o momento atual, em
que nossa igreja adquire independgncia administrativa, é também a hora
de olhar para o futuro, quando nossas
responsabiiidades c~escerão, pois as
decisões sobre nosso futuro, a parfir
de agora, não mais serão tomadas no
exterior, mas sim aqui por nós mesmos. Que o Senhor da igreja nos ilumine para tomarmos sempre as decisões mais proveitosas para o trabaiho
da igreja e não as que possam ser
mais proveitosas para nossos interesses pessoais ou, quem sabe, até motivadas por invejas, ciitmes ou outros
sentimentos semeihantes eu frustracões pessoais que já desde a época
apostólica tantos danos causaram à
igreja de Cristo. Que o Senhoi- nos
livre disto e nos mantenha fiéis na
doutrina verdedeira, fiéis na esperanca inaba!8veI, fiéis no sincero amor
fraternal, o mesmo que deu tamanho
poder aos cristãos persecjuidos dos
primeiros sécu2os. Somente acontecendo isto - que nossa igreja estará
apta a enfrentar os desafios que o
presente e o futuro lhe Impõem. Que
Deus o conceda.
-
CULPA E Y&DO
Estudo elaborado como atividade prática n o curso de
pós-graduacão sobre Aconselhamento Pastoral n o Seminário Concórdia, em julho 79.
Ronaldo Steffen
Há um conceito popular corrente
em que se crê que tudo o que sofre
alguma doenca ou atravessa problemas emocionais e/ou de relacionamento, está "pagando" algum pecado
que cometeu. C difícil as pessoas escaparem desta ideia e sentimento que
Deus as está punindo, ainda mais pelo fato de depositarem suas esperanças no incorreto pensamento de que,
sofrendo, estarão pagando suas faltas e que, através disso, Deus restaurará sua paz. Com este conceito, preferem sofrer verdadeiras crises de
sentimento de culpa ao invés de levarem à Cristo suas ansiedades, angústias e culpa.
Já, por outro lado, Freud assevera
não haver culpa real, e, por isso, são
falsos todos os sentimentos de culpa,
os quais devem ser eliminados a f i m
de a pessoa sentir-se bem.
Esta posição colide com a palavra
de Deus, embora não desmereça o
aspecto científico desenvolvido por
Freud. Daí não podermos partir dessa
posicão em nossa inferência n o trato
com pessoas que passam por crise
provocada por sentimento de cuipa e
o consequente medo, já que este é o
objetivo e intencão do trabalho, sob
o ponto de vista cristão.
Assim, delimitamos o traba!ho ao
campo teológico, partindo do pecado
original e passando ao pecado atual,
tirando dessa posicão bíblica as devidas conc!usóes e aliando-as aos
processos e meios científicos com o
f i m de entender o desenvohimento do
sentimento de culpa nc pessoa e com
o intuito de ajudá-la a resolver sua
crise.
O trabalho está, ainda, delimitado
ao sentimento de culpa provocado
por u m pecado atual específica e d o
qual o indivíduo está consciente. Não
se aborda, aqui, o sentimento de ciilpa decorrente de u m pecado não conhecido.
Quanto ao medo, o trabalho iinníta-se apenas àquele originado pele
sentimento de cu!pa, não tocondo-se
no medo provocado por outras in-
-
fluências ou acontecimentos relacionados ao passado ou ao futuro.
pecado e esta disposto a afirmar
que os problemas d o homem
têm suas raizes na natureza pecaminosa. Esta qualidade d o pecado perverte o ser humano na
sua totalidade, e contamina tudo o que ele toca e faz. Sem
dúvida, a totalidade da natureza
geme debaixo desta carga cio
pecado. Em resumo, o homem 6
mau e necessita mujto mais do
que mero aperfeiçoamento. Ele
necessita uma redencão total.
Esta redencáo é encontrada no
Cristo do evangelho.
1 - Estado de culpa
Haroll J. Hass, em seu livro "Pastoral Counseling w i t h People i n D!stress", faz duas colocações importantes sobre a natureza humana, das
quais a segunda o pastor não deve
perder de vista no aconselhamenio.
Diz ele:
U m dos pontos de vista é propenso a depreciar a severidade
da corrupção moral do homem
e sua responsabilidade para
com ela. Este ponto de vista enquadra os homens como basicamente bons, mas, por alguma razão, vivendo numa conduta errada. Exatamente por algum desafortunado ( e inexplicável) acidente, uma pessoa chega ao
ponto de macular-se na corrup_ ção. Este ponto de vista sobre o
1 homem é, no fundo, otimista.
devido ao fato de manter a idéia
da bondade inata. Assevera que
a bondade humana, em iiiltima
análise, é que irá triunfar e, com
a ajuda eventual de Deus, sobrepujará seus problemas. Deste
modo, uma ordem social aperfeicoada repousa err, algum
ponto no futuro. Em aIguns pontos de vista o homem é visto
como que movendo-se em direção a este melhor estado como
parte do processo de evoluçZo.
r-.
O outro ponto de vista é muito
mais pessimista em relação ao
,homem. Ele vê o homem como
:u m ser corrompido e contamina:d o profundamente. Ele não se
acovarda diante do conceito de
Este segundo ponto de vista sobre o homem ajusta-se ao panorama de angústia que temos descrito. Como vimos, a angústia
perverte cada aspecto d o homem, o físico e o psicológico, o
consciente e o inconsciente. Vista teologicamente, esta angústia
é u m dos produtos da natureza
pecadora do homem. E isto inc!ui angústias de toda a espécie - aflicáo provinda de injúria e enfermídade, medo e ansiedade, vergonha e culpa, depressão e so!ídão, tormento 6e
uma relaczo com Deus, desgosto e mágoa
e cada ccmbinaçao possível destas e doutras
experisncias angustianae~.~
Partindo disso, podemcs afirmar o
mesmo que Hass afiimou sobre angústia, que a culpa e o medo são
.' produtos da natureza humana pecaminosa. Num sentido mais profundo, diríamos qtre m i p a e medo são estadcs que estão na natureza humana,
provenientes d o pecado. Isto nos !eva. teolcgicamenie, a afirmar que. o
estado d e culpa e medo é proveniente de duas direções:
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1 - O Pecado Original - Quando do-se a si mesma, ou b) voltar-se paAdão pecou, quebrou as relacões ra Deus.
com Deus. Quando Adão pecou, nós
Mo primeiro caso, O sentimento de
tâmbém pecamos (Romanos 5 . I$),
culpa é destrutivo e não cumpre seu
assim que sua culpa é nossa culpa e papel. Já, no segundo caso, o sentiseu medo A nosso medo, pois o peca- mento de culpa é conctrutivo. O sendo de Adão não apenas originou a timento de culpa, que atua como lei e
depravacão mas, também, transmitiu evangelho, funciona como sinal india corrupcão a nós, assim que "em cativo da parte de Deus mostrando
Adão" somos culpados.
que houve realmente quebra de rela2 - O Pecado Atual - Sendo nós, çOes com Deus e/ou com os homens.
por natureza, depravados, isto nos le- Este sinal procura nos mostrar o esva a pecar, a quebrar reiações, em tado em que estamos, provocando u m
dois níveis: a) em relacão a Deus e inquietante pavor pelas consequênb) em reiação aos homens. Daí que cias que podem nos advir (este seria
a quebra de relacões em qualquer dos u m funcionamento análogo â iei).
níveis nos coloca, pela segunda vez, ?errnanecando neste pavor, cria-se
em estado de culpa e medo. Culpa mecanismos de defesa com o propópor quebrarmos relacões e medo pe- sito de eximir-se o indivíduo de eslo que nos sobrevirá. Esta quebra de tado de culpa, originado pelo pecado
relações, em nível de pecado atual atual.
pode ser, ainda, consciente o u inMas, cremos não ser este o objeticonsciente, mas sempre nos deixa- vo do sentimento de culpa. É bem
rá em estado de culpa e medo. Po- verdade que seu primeiro objetivo 6
rém na quebra de relacões conscien- alertar-nos para uma quebra específites é que surge um elemento novo e ca de relacões, mas não para nos volobjeto de nosso estudo: o sentimento tarmos sobre nós mesmos. O sentide culpa, que definiríamos como a mento de culpa que nos alerta para
manifestaeão do estado de culpa uma quebra específica de refações
oriundo de uma quebra específica de quer nos conduzir a um passo mais
relacões com Deus e/ou com os ho- profundo, o da transposicão do pavor,
mens, e que está bem viva na cons- co~duzindo-nosa uma inquietante asciência da pessoa.
piracáo: a da melhora, a da esperanca de um reatamento de relaciona2 - Sentimento de culpa
mento que nos !anca diretamente para dentro do amor de Deus que em
Uma vez que sentimento de culpa Cristo nos perdoâ, quando confrontaA a manifestaqão do estado de culpa, dos com sua paiavra. Esta funcão do
oriundo da quebra especifica de reia- sentimento de culpa B desencadeada
cões com Deus e/ou com os homens, pelo evangelho e, por Isso, é neste
e que está. bem viva na consciência estsgio comparado ao doce evangeda pessoa, esta é constantemente le- lho da reconciliacão. Assim, o sentivnda a sentir remorso pelo que fez e mento de culpa, enquanto lei, serve
isto a inqtiieta ou angustia. A partir de aio para nos conduzir a Cristo, a
dessa conseqúente anglistia, a pessoa inquietante esperanca. Para usar a
tem a sua frente dois caminhos: a) terminologia de Arthur H. Becker e m
voltar-se sobre si mesma, castigan- seu livro Guilt: Curse or Btessi!?~?,
diríamos que o sentimento de cu!pa
não é uma maldicáo, mas uma bêncão quando nos leva a Cristo, ou melhor, quando o perdão nos é trazido
na palavra, garantindo-nos completa
paz na obra redentora da única esperanca, Cristo Jesus.
Este processo, sem dúvida, pode
ser equiparado aos estágios do arrependimento: tristeza pelo pecado e f é
em Cristo, que perdoou o pecado.
Assim como lei e evangelho devem estar em equilíbrio para que
cumpram suas finalidades, do mesmo
modo deve haver um equilíbrio entre
\ o inquietante pavor e a inquietante
\ aspiração ou esperança. Quando estas duas inquietações afastam-se uma
da outra, dá-se a desequilíbria e, neste sentido, o sentimento de culpa é
uma maldiqão. Havendo apenas o inquietante pavor do que nos sobrevirá
por termos quebrado relações com
Deus e/ou com os homens, este não
nos conduzirá 5 reconciliacão, já adquirida por Cristo Jesus. Não nos
conduzindo à reconciliacão, o pavor
inquietante causa ou desencadeia o
medo.
Aqui queremos nos deter u m poui
co mais no medo, pois ele é o causa! d o r do desequil íbrio. Sendo o senti:mente de culpa u m sinal de Deus
q u e algo vai ma!, atuando como
ilei, ele quer nos levar a - uma reconciliação, atuando como evangelho. O medo A exatamente o processo de não enxergar ou não deixar
o sentimento de culpa seguir sua dinbmica, bloqueando a passagem para
a reconciliacão ou reconstruçio de
uma quebra de reiações. Por definição, então teríamos que o medo 4
uma manifestação de bloqueio em nõo
aceitar a reconciliação, dando origem
a mecanismos de defesa para abafar
o sentimento de culpa.
3 - Exemplo de sentimento de
culpa desequiiibrado
Em Josué 7 temos um vívido
exemplo da atuacáo do medo que
causa desequilíbrjo na dinâmica de
sentimento de culpa. O povo de fsrael havia tido uma soberba vitória
sobre Jericó. Acã, contrariando as ordens divinas, tOm6U para si uma capa Sabilônica, duzentos siclos de prata e uma barra de ouro. Isso ocasionou a derrota de Israel contra o pequenina cidade de Ai. Acã quebrara
as relacões com Deus e Israei f o i punido. k c á estava ciente de seu pecado e o sentimento de culpa que disto
se originou levou-o ac pavor pela pun i @ ~que podia receber. O medo teve lugar, dentro desse processo, o
que o induziu a esconder os objetos,
criando assim um- mecanismo de defesa: a negac%o de sua cu!pa a s i
mesmo e aos outros, inclusive esperando que na busca dos objetos roubados, no diâ imediato, estes não
fossem encontrados.
Conclusão
Estamos cientes de que nem tudo
o que parece ser, à primeira vista.
sentimento de culpa realmente o é.
Mas, por oiatrc lado, sabemos quão
danosas têm sido as conseqüências
na vida daqueles que enfrentam ou
enfrentaram sentimentos reais de cuipa e a que conseqüências o medo os
têm conduzido.
Ao pastor, como conselheiro, é importante ter a visão correta do sentimento de cukpa e do medo a fim de
que possa fazer as colocacões certas
quando no trato com pessoas em crise, causada por sentimento de culpa.
aconseUma visáo confusa levará
i
lhado a uma de duas posições, uma NOTAS
não menos danosa que a outra: ou o
levará a uma profunda depressão lHarold J. Hass. Pastoral Counseting with
quando da tentativa de encontrar O
People in Distress. pp. 30-3?
CArthr H. Becker. Guilt: Curse or Blessing?.
pecado que o
ou o conduzipp. 31-32
rá e estimulará a criar mecanismos
de defesa, eliminando a culpa real e BIBLIOGRAFIA
pessoal.
Becker, Arthur H. Guilt: Curse or Blessing?
Creio que o mais difícil no trataMinneapolis:
Augsburg
Pubiishing
mento d o sentimento de culpa 6 diaMouse. s . d .
gnosticar se é, realmente, sentimento Bonnel. Psychology For Pastor and Peop!e.
de culpa. Pois uma vez diagnosticaNew York: Harper and Brothers Publishers, 1948.
do 'Om0
real* processo de
Elert, Werner. The Christian Ethos. PhiiaIhamento deverá concentrar-se na elidelphia: Muhlenberg Press, 1957.
minaçáo do medo, deixando que a boa! Hasa, Hsroll J. Pastoral Counsaiing with
People in Distress. Saint touis: Connova do perdão em Cristo Jesus rescordia Publishing House, s.d.
taure o equilíbrio, conduzindo o indi- .
Muedeking. Emotional Problems and the Bividuo a uma reiacão de amor com
ble. Philadelphia: Muhlenberg Press,
Deus e com os homens.
1956.
COMPARANDO
O ler ou o estudar as Santas Escrituras, servindo-se de diferentes
traducões, faz com que o significado
de u m texto, de repente, cumpra
muito melhor e mais ciaramente a
indispensável finalidade de "comunicar" a verdade à nossa mente. Como
dizia o meu antigo professor da faculdade: "só há comunicacão quando
há compreensão".
Creio que, assim como o Senhor
inspirou os escritores bíblicos, ele
inspira, também, de alguma maneira,
os tradutores. Essa é, pois, uma razão ponderável para, nas leituras d o
Sagrado Livro, valer-se de diferentes
traducões.
Aponto, a seguir, alguns exemplos,
para ver como essa leiturz é sumamente importante.
Em Mateus 5 : 2 2 , lemos, "Eu, porém, vos digo que todo aquele que
(sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e
quem proferir u m insulto a seu irmão estará suieito a ju\gamento do
tribuna!".
Moffatt traduz". . . todo aquele
que DIFAMAR seu irmão. . ."
Que terrível pecado está sendo
muitas vezes cometido contra nosso
irmão!
Mateus 6:22 - "Se os teus olhos
forem bons. . ."
Moffatt tem: "Se os teus olhos forem GENEROSOS. .
Com que olhos vemos os outros?
É bom pensar seriamente. antes, de
fazer u m julgamento.
Mateus 9:!3 - . . .pois não v i m
chamar os justos e, sim, os pecadores ao arrependimento. . ."
Goodspeed diz: ". . .pois n8o v i m
chamar os justos e, sim, os iRREtiGIOSOS. . ."
É claro que a Bíblia usa a pa!avra
"pecadores". Mas como é profundamente significativa a traducão de
."
"
Goodspeed? Os IRRELIGIOSOS são
aquele tipo de indivíduos, comum
em nossos dias, que nada querem
com a religião. São uma classe muit o difícil de alcançar;
Mateus 10:21 - "Um irmão entregará a morte outro irmão e o pai ao
filho. . ."
Weyrnouth tem assim: ". . . o pai
TRAIRÁ seu filho"
Que coisa dolorosa, trágica! Mas
nesta nossa sociedade é isso que
constantemente estamos vendo.
U m colega contou-me, há algum
tempo, sobre uma conversa que teve
com um pai, homem muito importante. sobre seu filho único, viciado em
drogas e vivendo na rua. O pai, para
surpresa do colega, durante a entrevista, estava apenas interessado em
lhe mostrar seus títulos, medalhas e
troféus.
Aborrecido de ver a indiferença
daquele pai, o colega f o i áspero com
ele, dizendo: "Estou aqui para !he $alar de seu filho, seu filho único, e o
senhor vem me falar de suas vitórias
o sucessos. C senhor é u m tremendo
fracasso!"
Arrependido e em prantos, aquele
pai confessou sua falta e recenciiiou-se com o filho.
Durante todo aquele tempo doloroso de abandono e vício, o pai estivera
TRAINDO o filho, pela indiferença!
Lucas 2:38 - " . r . a todos os que
esperavam a redencão de Jerusalém".
Goodspeed diz: . . . a todos que
estavam VIVENDO N A EXPECTACÃO da redencão de JerusaZém".
Que maneira extraordinária de viver. Viver expectantemente! Se alguém tem razões sobejas para viver
assim, esse alguém é o cristáol
Lucas 35:29 - "Há tantos anos
que te sirvo. . ."
"
Phillíps tem assim: "por quantos
anos eu tenho me ESCRAVIZADO
por ti. ." Assim, também está na
Bíblia de Jerusalém, considerada
uma das melhores traducóes modernas.
Aquele era o espírito com que o
filho mais velho, na história contada
por Jesus, trabalhara para o pai!
Lucas 24:: 'i - "Tais palavras Ihes
pareciam como um delírio. . .".
Moffat e Goodspeed trazem: "Mas
esta história das mulheres pareceulhes ABSURDA.
Quando o "absurdo" se tornou realidade para Pedro, que extraordinária transformitqão se operou em sua
instável personalidade.
U m exemplo final: João 2:4
"Mas Jesus lhe disse: Mulher, que
tenho eu contigo?
edição de seu
Weymouth, na 3
Novo Testamento, dizia assim: "Mulher, deixa o assunto comigo", Na 5."
edição, diz: "Deixa comigo".
Devemos colocar todos os nossos
problemas, afiicões e dificuldades
nas mãos de Jesus. em aracão. Eie
sempre tem a melhor sofuçãoi
Para quem náo conhece outra iíngua senão a sua, existem em portugu5s várias vers6es. Da SBB: Almeída Atualizada, A!rneida Corrigi&.
Linguagem de Hoje e Figueiredo.
Existem, também, várias edicões cató!icas que podem ser consultadas.
Estudando a Siblia assim, pode
Ter-se muitas surpresas: a repreensão
pode ser mais forte, o apelo mais
veemente, a orientacão mais clara, â
verdade muito mais contundente.
mas, acima de tudo, a vida espiritual,
muito mais enriquecida.
.
-
."
Wilson Villanova
A Bíblia no Brasil, n." 116
c
"NUCA
TAL SE FEZ
Há muitos e muitos anos, um homem se afeiçoou de uma mulher que
conheceu em suas andanças e tomau-a por esposa. Algum tempo depois o matrimônio entrou em pane e
a mulhei, aborrecendo-se de seu marido, deixou-o e se mandou para a
casa do pai. Passados quatro meses,
o Iiomem resolveu tentar reconciliação e viajou até a cidade do sogro,
sendo por este recebido efusivamente. A l i mesmo os esposos se entenderam e o casamento f o i salvo.
No regresso ao lar, felizes outra
vez, o casal houve por bem não pernoitar em certa cidade por questão
de segurança (não havia ali o conhecimento e o temor de Deus). Preferiram avançar mais u m pouco e passar aquela noite na localidade seguinte. Aconteceu, porém, que não
f o i fácil conseguir alojamento para
dormir e o casal não teve outro remedi0 senão passar a noite na praça.
Mas um trabalhador rural, já velho, ao
chegar do campo, tarde, viu-os ali e
fez questão de hospedá-los. Os esposos comeram, beberam e se alegraram com aquele senhor. Havia,
contudo, na cidade, alguns indivíduos
levianos, de baixo caráter - diríamos, tarados - e eles cercaram a casa do velho e exigiram que ele lhes
eniregasse seu hóspede para práticas
sexuais inconfessáveis. O velho se
viu em apuros e s6 encontrou uma
solucão - proteger a integridade de
seu hóspede à custa do sacrifício da
esposa deste, que f o i coiocada nas
mãos da turba tresloucada.
No dia seguinte encontraram a pobre mulher morta, à porta da casa,
com as mãos sobre o limiar. O marido levou o cadáver até sua própria
cidade e, num acesso de indígnaqão
e revolta, dividiu o corpo em pedaços e despachou-os para diversos lugares do país, com a notícia do que
havia acontecido. A intencáo era sacudir a opinião pública e sugeri; uma
punição à altura do crime perpetrado
contra ele.
A reaqão veio em termos de violência. O povo se reuniu e exigiu que as
autoridades daquela unidade da federaçáo entregassem os responsAveis
para serem punidos, mas o pedido não
f o i atendido. As cousas se agravaram
de tal maneira que rebentou uma
guerra civil. Houve três batalhas.
Nas duas primeiras quem levou a pior
foram os que desejavam reparar o
mal. 0 s mortos subiram a dezenas
de milhares. Ma terceira, os conterrâneos daqueles homens levianos homens, mulheres e crianças - foram riscados da face da terra, com
exceção de 600 soldados que conseguiram fugir. E, não fora 2 contencáo
da violência e a prática da misericórdia, os sobreviventes não teriam se
reorganizado e aquela unidade nacional deixaria de existir.
Depois de tudo, em meio aos escombros, abismados com a rapidez e
o voiume da destruicáo, o povo se
reuniu diante de Deus. "Levantaram
a sua voz, e prantearam com cjrmde
pranto" e saíram-se com esiz perçunTa: "Ah! Senhor, Deus de israei, ,por
que sucedeu isto em Isroet, que hoje
lhe falte urna tribo?" (Juízes, 21 -3.)
Nao há o que tirar
.
.-
O relato acima é verdadeiro em
seus mínimos detalhes. A tragédia
ocorreu no período da História de Israel compreendido entre a posse da
terra prometida e o início da monarquia, de 1.400 a 1 .I00 anos antes de
Cristo. A cidade do crime chamava-se Gibeá, a moderna Tel-El-Fur, a
çeie quilômetros de Jerusalém. A tribo envolvida é a lribo de Benjamim,
à qual pertenciam Eúde, o rei Saul,
a rainha Ester e o apóstoto Paulo, em
épocas diferentes. 0 s benjamitas
eram notáveis no uso da funda (apare!ho de arremesso) e de arco e fiecha. No tempo dos juízes havia 700
deles capazes de atirar uma pedra
num fio de cabelo. Serviam-se de
ambas as mãos com a mesma facilidade. A cidade anterior, onde o casal
não quis pernoitar, era Jebuç (Jerusalém), naquele tempo habitada por
um povo incircunciso e idólatra, os
jebuseus. A tragédia, pois, mais se
avoluma por este pormenor da histSria, que se acha registrada nos três
últimos capitulos do livro de Juízes.
Escavacões arqueológicas lideradas pelo norte-americano W.F. Albright, por volta de 1922-3,dão conta de uma destruicão em Gibeá de
Benjamim, que bem pode ser a que
foi imposta por Israel para vingar o
ultrage cometido contra o levita e
sua esposa. O que aconteceu em Gibe5 tornou-se o máximo em matéria
de atrevimento e vilania.
Por que?
É natural e até oportuno que, depois de um desastre, se pergunte:
"Por qu$?" Por que o edifício foelma
pegou fogo? por que o supersônico
Tu,oolev se espatifou de encontro ao
solo? por que o Titsnic afundou? por
que houve a Segunda Guerra Mundial? por que o meu casamento se
desfez? por que a minha igreja não
mais existe? por quê. . . ? A resposta
não será simpibria, há de envolver
acontecimentos recentes e remotos,
mais próximos e mais distantes, direta ou indiretamente relacionados
com a explosão fina!. Mais ainda: a
resposta não será apenas para satisfazer a curiosidade e o desejo de
análise. Anres, ela terá que constituir-se numa mensagem, num aviso,
-num sermão, numa advertincia, num
grito de perigo: "Cuidado, Benjzmim!" (Oséias, 5.8.1
Finalmente, a resposta
Se você quer saber por que sucedeu aquela tragédia em Israel, abra
sua Bíblia e vamos verificar juntos as
respostas que o próprio texto nos fornece.
Primeira: A recusa de Benjarni~n
em entregar os culpados (Juizes,
2 0 . 1 3 ) . A tragédia não teria ido t5o
longe se a tribo d e Benjamim não livesse acobertado o pecado daqueles
"filhos de Belial" (em hebraico beli
ya'al quer dizer "sem valor"}. A guerra interna e a incrível mortandade
que se seguiu ( a Bíbiia menciona mais
de 55000 mortos, fora a p o p ~ l a ç ã o
civil de Benjamim) foram consequências desta atitude.
Segunda: O crime daquela noite
em Gibeá. 9 registro sagrado diz que
foi urna cousa inédita em Israel:
"Nunca tal se fez, nem se viu desde
o dia em que os filhos de israe! subiram da terra do Egito, até ao dia
de hoje" (19.30).O livro de Gênesis
(19.1-20) narra fato semelhante e,
talvez, até mais hediondo, porém não
foi no seio de uma nação fundada e
separada por Deus para ser diferente das outras. O crime de Gibeá f o i
tido como Ltma loucura, isto é, u m
atrevimento, uma vilania (19.23 e
20.6 e 10)
Terceira: O critério de condura.
Duas vezes se diz que naquele tempo "Cada um fazia o que achava mais
reto" (17.6 e 21.25). O critério era
pessoal, dependia do conceito de cada um. Isto quer dizer que não havia
padrões fixos de conduta, tudo era
variável e relativo. Naturalmente, os
"filhos de Belial" acharam que não
havia nada de mais em fazer o que
fizeram naquela noite. A liberdade deles esmagou a liberdade do levita e
da sua esposa. Não teria sido por
causa desta filosofia de vida que
Benjamim se negou a entregar os responsáveis?
Quarta: As reicidências de Israel.
O autor do livro de Juizes analisa a
história do povo eleito neste período
de mais de 300 anos e anota as vezes em que Israe! reincidiu no erro,
no pecado (3.7,12;4. ?;6.1; 8.33;
10.6; 13. I ) Oia, as reincidências
enfraquecem, abrem valas fundas, viciam, levam ao cinismo. A prova dist o é que o desastre de Gibeá acha-se
.
no final do livro, após sucessivos períodos de queda e levantamento.
Quinta: A decadência progressiva.
Os dias áureos de Moisés e Josué,
do Êxodo e da ocupacáo de Canaã,
ficaram muito para trás. O nível espiritual e moral do povo ia de mal
a pior. Antes da tragédia de Gibeá,
de âmbito nacional, registra-se a fabricacão, o roubo e a entronizacão
de uma imagem de escultura, fato
que rebaixou Israel ao nível das nações vizinhas e idólatras. Se o culto
estava deturpado, como evitar a decadência nos costumes?
Sexta: A ausência de liderança.
P.elo menos quatro vezes, a partir da
morte de Sansão, diz-se que "naqueles dias não havia rei em Israel" (17.
6; 18.1;19.1 e 21.25). E a declaracão de que "cada qual fazia o que
achava mais reto" está relacionada
com a informacão acima. Urn pais
sem governo, uma universidade sem
reitor, uma igreja sem pastor, sina $2mília sem chefe - significa cvnfusão,
desordem, bagunça. A ausGncIo não
é meramente a ausência física porque, se a lideranca não tem autoridade moral e sabedoriz, então a presenca física não faz sentido.
(Ultimato, nov/dez. 3980)
O E A E MORTB SERA
NG.AFEEr+TE ENCHLDB
U m projeto já apoiado na mudanca do século por Theodor Herzl, v
fundador espiritual de Israel, recebeu
agora a aprovacão do governo em
Jerusalém: os israelenses querem retirar água do Mar Mediterrâneo,
conduzindo-a ao Mar Morto, ameaçado de secar devido B evaporacão,
gerando ainda energia elétrica, fazendo acudeç para criacão de peixes,
atraindo turistas a u m lago salgado
artificial - e possivelmente resfriando a primeira usina nuclear do país.
Os crescentes precos do petró!e3
elevaram de tai maneira os custos de
energia do estado judeu, que o investimento ca!culado para a ligacão
de água do Mar Mediterrâneo para o
Mar Morto e para a usina hidroeletrica
parece, pela primeira vez, economicamente compensador. Os israelenses,
entretanto, espera% ofertas do exterior para conseguirem o va!or total
de 50 bilhões de cruzeiros. Dificuidades politícas, possivelmente protestos da Jordania, cuja fronteira com
israet iocaiiza-se na direcão norÉesul no meio do Mar Morto, poderão
sinda ser asresceníados aos probiemas financeiros.
Nesse projeto, que poder6 estar
concluído, o mais cedo possível apenas, em ?090,dever5 ser uti!izada a
água do Mar Mediterrâneo diante da
costa da Faixa de Gaza, ocupada por
tsraef. De i5 eia seria conduzida, num
trecho d s 80 qui!âmetros, ni! maior
parte, subterraneamente, através do
deserto de Negev até 3 cadeia de
montanhas na margem ocidental do
Mar Morto.
Essas montanhas serão perfuradas
e no outro lado as massas de água
poderão então cair para o ponto mais
baixo da teria (aproximadamente 4 0 0
metros abaixo do nível do mar), movimentando as turbinas da usina elétrica. A instalacão está projetada para uma produção máxima de 600
megawatt (um quinto do consumo
atual).
Ao mesmo tempo evita-se que o
Mar Morto seque: esse lago salgado,
de características únicas no mundo,
teve seu nível reduzido de 393 metros originais para 401 metros abaixo do nível do mar, porque seu mais
importante afluente, o Jordão, tem
que fornecer água para fins industriais e agrícolas: da sua água, que
antigamente fluía num volume de 1.2
bilhões de metros cúbicos anuais para o Mar Morto, hoje são desviados
aproximadamente 1 bilhão de metros
cúbicos.
Por isso, a superfície do Mar Morto, onde há forte evaporacão, desceu
tanto que se formou uma faixa de
terra em direção leste-oeste e a parte mais rasa ao sul ameaça secar dentro de 1 0 anos. Através da água do
Mar Mediterrâneo, o Mar Morto atingiria seu nível original dentro de 2 0
anos. ("Chamada da Meia-Noite"
10/80)
Essa notícia, deveras interessante
para um teólogo, porque se trata da
terra bíblica, é, no entanto, pela revista citada, tomada como cumprimento de profecias do AT. O redator
aponta para passagens como Zc 14.4,
8 e Ez 47.1 -12, caindo no erro hoje
tão comum entre os evangelicais de
identificar o Estado de Israel de hoje
com o Israel de Deus do A i . Os
acontecimentos no Oriente Próximo
fomentam mais e mais essas noções
erradas. Convém estudarmos de novo
o que Paulo diz sobre o verdadeiro
Israel e o "Israel segundo a carne".
Uma identificação daquele organismo
artificial, que hoje se chama o Estado
de Israel, com o Israel de Deus
torna-se
simplesmente
impossívei
diante das claras passagens neotestamentários sobre história e o eventual
futuro de Israel como nação. .
A CHINA ESTA
'
MUDANDO?
Visitando a China recentemente,
uma equipe do conjunto mission8rio
"Portas Abertas" ficou impressionada
com o bom inglês demonstrado paio
guia turístico. Rápido para compreender as perguntas e respondendo-as
com facilidade, o guia mostrou u m
vivo interesse quando o assunto de
religião surgiu. "Você acredita em
Deus?" perguntaram a ele. "AS vezes",
respondeu enigmaticamente.
"Você lê a Bíblia?" "As vezes." "Nós
ouvimos dizer que vocês têm Bíbiias
aqui", o homem de "Portas Abertas"
continuou. Com esta afirmaçso o
guia levou seu hóspede para u m canto. "Venha, venha", disse entusiasmado. "Vamos conversar: eu tenho
uma Bíblia em inglês e chines. Eu a
leio às vezes." "Você ora?" PJ~SCSSG
homem perguntou, mais entusiasmado
ainda. "Não, eu não sei orar." "Você
deve aprender, e assim terá comunicacão direta com Deus." "Ah, é verdade?" perguntou o jovem chings
com os olhos iluminados. "Ensine-me
a orar!" 0 s ocidentais compartilharam com ele a mensagem de salva-
cão e perguntaram se ele queria receber a Jesus como Salvador. "Sim,
sim!" ele gritou, e transmitia no olhar
profunda fome espiritual. Enquanto
ele fazia sua primeira oracão, a igreja
sofredora ganhava um novo membro.
Jesus prometeu que edificaria sua
igreja, e a China não tem sido uma
excecão. Mas a vitória comunista, há
trinta anos, comecou uma era de intensa perseguicão contra crentes naquela terra, atingindo seu auge com
a Revolucão Cultural no f i m da década de 1970. Agora, a China está
mostrando uma face mutável ao mundo, uma nova abertura e imagem de
liberdade. Seria real a mudanca? Como isto afeta os milhões de chineses
que seguem a Jesus Cristo num ambiente hostil ?
Enquanto de um modo geral os chineses misturam religiões com supersticões, como o culto dos ancestrais,
existe um novo reconhecimento do
governo de que as crencas religiosas
estão alí para ficar. Delegações de Iíderes religiosos e humanistas estão
sendo enviadas ao exterior para estudar e conhecer religiões equivalentes às suas. Algumas igrejas e
centros religiosos que foram fechados durante a Revolucão Cultural têm
sido reabertos e a Constituicão de
1978 garante ao povo "liberdade para crer em religião e liberdade para
não crer."
De acordo com Zhau Fu-San, do
Instituto de Pesquisa de Religiões do
Mundo em Beijing (Pequim), crist5-os
chineses não são mais ligados ao passado colonial. E porque eles provaram sua identidade como parte do
povo chinês sofrendo durante a Revolução Cultural, os cristãos chineses agora têm raízes profundas no
solo natal, ao invés de serem ligados
à influência missionária estrangeira.
Um sinal cheio de esperanca nes:a
nova atitude é a publicacão que
está para ser feita dentro da China,
de um Novo Testamento Simplificado. & uma versão atualizada do texto de 1919. A nova traducão usará os
mesmos carateres chineses modernos usados em jornais como "Peoples's Daily". Resta saber quantas
destas Bíblias alcançar30 as pessoas
que realmente as querem; ou se serão mandadas apenas a um pequeno
número de igrejas só como amostras,
como já aconteceu em outros países
comunistas.
Como os cristãos da Igreja Subterrânea vêem esses eventos? Informacoes de dentro da China mostram
que e!es estão mais céticos quanto a
tudo isto do que cristãos que estão
fora de lá; e não é difícil entender
sua cautela. Forçados pela Guarda
Vermelha a adorarem em segredo, em
meio a perigo extremo e a opressÊo,
confiam pouco em mudanças de ventos que sopram através do seu governo comunista.
Prédios de igrejas foram saqueados e transformados em armazéns:
Bíblias foram publicamente queimadas e cristãos torturados e mortos por sua fé, o que transformou
a igreja em pequenos grupos escondidos. Encontram-se em grupos de
dois ou três em lares e celeiros:
Cantam, oram e estudam a Bíblia,
através de porcões da Escritura cuidadosamente copiadas.
Tais reuniões são ilegais e muitas
vezes resultam em prisões dos crentes, se são descobertos. J6 que a
Igreja Subterrânea foi criada a custa
de sangue e tristeza, seus membros
não v30 sair por aí só porque o go-
verno promete nova tolerância. Eles
ouviram esta mensagem antes. . .
Um crente jovem contou que orava secretamente com sua esposa
quando estavam na cama, por não
querer dizer à sua filhinha a respeito
de Jesus, com medo que ela mencionasse o nome de Jesus na escola.
Outro jovem frequentou cultos de
adoracão na casa de u m professor,
onde crentes liam, em voz baixa, uma
Bíblia, que era guardada dentro de
u m vaso de flores; viviam constantemente na expectativa de uma descoberta.
Muitos outros fatos podem ser ouvidos sobre prisóes, humilhação pública e martírio pela causa de Cristo
e, os cristãos que passaram por tais
sofrimentos, não planejam união com
as igrejas "oficiais" novas. Eles encaram a presente mudanca de atitude
simplesmente como u m retorno ao
esforco pela unidade nacional, que
caraterizou a China antes da Revolucão Cultural. Religião era tolerada
mas ligada a fins políticos.
Agora, dando ênfase a modernizacão, o governo busca outra vez alistar
a comunidade religiosa para ajudar a
reconstruir o país. Mas mesmo assim
o conflito básico entre comunismo e
cristianismo permanece.
Evidência disto pode ser encontrada nas dificuldades crescentes que os
mensageiros de Bíblias estão tendo
com os oficiais da fronteira chinesa.
O povo chinês é admoestado a não
aceitar Bíblias de turistas e há cristãos que ainda estão presos por causa de sua fé. O movimento patriótico
"Three-Self", u m tipo de Super Igreja Protestante duramente controlada
pelo governo foi reorganizado; também u m novo bispo católico foi "elei-
to" e não é reconhecido pelo Vaticano.
Fora de dúvida, a porta foi aberta para os cristãos da China, mas só
uma fresta. Pode ser fechada a qualquer momento.
Enquanto isto temos que fazer o
que pudermos para ajudar a Igreja
Sofredora de lá e trabalhar para satisfazer a evidente fome espiritual entre os jovens. Os cristãos na China
precisam, desesperadamente, de Bíblias e a missão "Portas Abertas" está
mandando-as aos milhares. Mais que
isto, eles precisam de nossas oracões
para que o Senhor os sustente na sua
fé e Ihes dê nova liberdade para adorarem e testemunharem.
Temos informações de que um real
avivamento está inundando parte da
China e muitos jovens estão reconhecendo o Senhor - não "crentes de
nome", mas homens e mulheres prontos a pagar o preco por segui: a Jesus.
Dez m i l estudantes e cientistas estão vindo a universidades e centros
de pesquisas no Ocidente para estudar. Que poderão ver estes líderes de
amanhã? Só o materialismo? Ou encontrarão cris?ãos que podem mostrar-lhes o Senhor? A resposta depende de nós.
Também estão aumentando as possibilidades para que professores, pessoas de negócics e profissionais ocidentais entrem na China para trabalhar. Que grande oportunidade para
u m cristão espalhar as Boas Movas no
maior campo missionário do mundo!
Pergunte ao Senhor como você pode ajudar a alcançar o povo chinês
enquanto a porta permanece entreaberta. Orando, comprando Bíblias,
apresentando-se como voluntário para trabalhar lá - seja qua! far o seu
chamado, lembre-se por favor da igreja da China durante este momento
de oportunidade.
Se Deus o chamar para ensinar na
China, entre em contato com a missão "Portas Abertas". Eles necessitam de professores licenciados em
Inglês, Ciências e Artes Cênicas.
("Portas Abertas" 4 / 2 )
A BÍBLIA TAKBBM
-ARA O hNDIB
Extraímos do relatório do SlL Summer lnstitute of Linguistics - alguns dados referentes às tribos indígenas do Brasil. Trabalho meticuloso
que merece ser divulgado, não só pela oportunidade de se conhecer o que
ainda resta daqueles que, em verdade, são os donos da terra, como, e
especialmente, a dedicacão dos que
se inflaram de zelo pelo imperativo
de Cristo: "lde por todo o mundo e
pregai o evangelho a toda criatura."
Tribos não pacificadas - 29; tribos sem qualquer material bíblico 67; tribos bilingues, falando o português, e com algum material bíblico 10; tribos com material bíblico,
mas em dialeto diferente, porém parecido com o das tribos - 10; tribos
que recebem influência de países vizinhos - 14; tribos, cujos trabalhos
de traducão do SIL foram interrompidos - 40; tribos sob influência de
outras missões - 49; tribos de orientacão católica - 32. Total 251 tribos.
Essas tribos estão localizadas nos
seguintes Estados: Amazonas - 85;
Amapá - 6; Acre - 23; Bahia - 2:
Espírito Santo - 1; Goiás
8; Maranhão - 8; Mato Grosso do Norte
-
- 41; Mato Grosso do Sul = 7; Minas Gerais = 2; Pernambuco - 2;
Pará - 38; Paraná - 2; Rondônia
25; Roraima - 12; São Paulo - 2;
Santa Catarina - 3; Rio Grande do
Su - 2. Algumas dessas tribos estão
em diversos Estados, daí o número
ser maior que 252.
As famílias indígenas (idiomas)
conhecidas são 1 1, e desconhecidas
(das não pacificadas) 27, assim distribuídas: Aruak, 37 tribos; Chapakura, 3; J P , 20; Karib, 29; Maku, 4:
Nambikuara, 5; Pano, 21 : Tupi, 50:
Tukana, 23; Yanomam, 14; Isolada,
17, e desconhecidas, 28. Total 25:
tribos.
A população indígena é cerca de
200.000.
O novo Testamento completo já
está traduzido para as seguintes 1 0
Baniwa/Kuripaco/Karutana,
tribos:
Maquiritori/Mayongong,
Nyengatul
Werekena, Kaingang, Hixkaryana, Piro/Mantineri,
Munduruku, Palikur,
Ticuna e Witoto.
-
A Lei 6.802, de 30 de junho de
1980 estabelece:
"É declarado feriado nacional o dia
1 2 de outubro, para culto público e
oficial à Nossa Senhora Aparecida,
Padroeira do Brasil "
Tal lei é inconstitucional. Nossa
constituição proíbe ao governo o estabe!ecimento de culto religioso. Ela
fere, frontalmente, os princípios de
liberdade religiosa. Essa lei atenta
contra o princípio de "uma igreja livre dentro de u m Estado livre".
Uma lei como essa gera grandes
problemas para os evangéiicos do
Brasil que são minoria, mâs minoria
de elite. De elite no sentido moral.
Não dá trabalho ao governo, pelo
contrário, trabalha ordeira e educadamente. Não gera presidiários, mas
transforma criminosos e viciados em
cidadãos honrados E minoria que deve ser respeitada. E minoria de, pelo
menos, dez milhões. É, portanto, minoria expressiva.
Que farão estudantes e militares
evang6lico.s quando vierem as comemoracões desse feriado idólatra nas
escolas e quartéis? Os evangélicos
não concordam com a idolatria tão
veementemente condenada pelas Escrituras Sagradas.
Sugiro que todos os pastores, diretores e presidentes de instituições
evangélicas telegrafem ou escrevam
aos Deputados Federais e aos Senadores mostrando o nosso repúdio pela lei idólatra e inconstitucional.
(Alberto Blanco de Oliveira,
Diretor "Cruzada Mundial de
Literatura")
VOCE SABE QUE O LIVRO DE CONCÓRDIA DE 1580 EXISTE EM LíNGUA
NACIONAL? VOCP JÁ O ADQUIRIU?
MAS VOCE QUER SABER COMO SURGIU CADA UMA DAS CONFISSÓES
LUTERANAS E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA HOJE?
AS CONFISSÕES LUTLRANAS - J.
Th. Mualler e Mário L. Rehfeldt, 66 páginas,
formato 10,5xl8cm, prego Cr$ 75,OO.
1 - Como igreja confessional e confessante, a Igreja Luterana tem consciência
do que crê, ensina e confessa.
Mo Copítulo II, Artigo 3.O de seus Estatutos, a Igreja Evangélica Luterana do Brasil
assim define os seus fundamentos doutrinários:
"A IELB aceita todos os livros canôniccs das Escrituras Sagradas, do
Antigo e do Novo Testamrnto, como
palavra infalível, revelada e inspirada por Deus. Como única exposição correta da Escritura Sagrada,
aceita ela os livios simbólicos da
Igreja Evangélica Luterana, reunidos
no Livro de Concórdia da ano mil
quinhentos e oitenta (1580), e não
admitirá alteraçáo alguma desta
norma."
2 - Não, a Igreja Luterana não defende a existência de duas fontes doutrinárias.
Pelc contrário, ela faz absoluta diferença
entre as Sagradas Escrituras e as Confissóes
Luteranas. Ainda que os escritos confessionais tenham sido elaborados, explicados e
harmonizodos de acordo com a palavra de
Deus, eles "não devem ser equiparados h
Escritura Sagrada, porém todos lhe devem
ser completamente subordinados" (Livro de
Concórdia, pág. 499).
Esta clara diferença entre as Sagradas
Escrituras e as Confissóes Luteranas é assim
expressa pelos próprios autores dos documentos confessionais:
"Cremos, ensinamos e confessamos
que somente os escritos proféticos e
apostólicos do Antigo e do Novo
Testamento são a única regra e ncrma segundo a qual devem ser ajui-
zadas e julgadas igualmente todas
as doutrinas e todos os mestres.
Os demais Syrnbola, todavia, e os
outros escritos citados, náo são juízes como o é a Escritura Sagrada,
porém apenas testemunho e exposição da fé, que mostram como em
cada tempo a Escritura Sagrada foi
entendi- e explicada na igreja de
Deus, no respeitante a artigos controvertidos, pelos que então viviam,
e ensinamentos contrários a ela reieitados e condenados" (Livro de
Concórdia, pág. 499 e 501).
3 - 0 s Livros Simbólicos, que se encontram reunidos no Livro de Concórdia de
1580, dividem-se em confissões universais
e confissões luteranas. O primeiro grupo
é formado pelos três Credcs Ecumênicos,
aceitos e confessados por todas as igrejas
cristãs:
i - Credo Apostólico
-
data des-
conhecida
2 - Credo Niceno
-
ano 325
3 - Credo Afanasiano
-
século V.
Além destas "confissões breves e categóricas, que foram consideradas como a
fé e confissáo unânimes, universais, cristãs
da igreia ortodoxa e verdadeira" (Livro
de Concórdia, pág. 499), a Igreja Luterana aceita mais documentos, elaborados pelos teólogos luteranos do século XVI:
1 - Catecismo Maior - Lutero
1529
2
- Catecismo
Menor
-
Lutero
1529
3
- Confissáo
4
- Apologia
de Augsburgo Melanchton, 1530
de Augsburgo
Melanchton, 153 1
de Esmalcalde - Lutero, 1537
6 - Fórmula de Concórdia - Equipe de Teólogos, 1577
5
- Artigos
-
4 - A Igreja Evangélica Luterana do
Brasil designou o ano de 1980 como sendo
o "Ano das Confissões Luteranas", e escolheu como lema de sua programaçáo nacional as palavras de Hebreus 10.23:
"Guardemos firme a confissáo da esperança". Por quê? Para assim celebrar, com
júbilo e gratidão a Deus, os 450 anos da
Confissão de Augsburgo - a confissão b6sica e fundamental do luteranismo - e os
400 anos do Livro de Concórdia - e seu
lançamento em língua nacional.
5 - Como não basta ser apenas urna
igreja confessional, mas como é absolutamente necessário- ser também uma igreia
confecsante, isto é, uma igreja viva e di-nâmica no ensino, na confissão e no testemunho, a nossa igreja está procurando,
cada vez mais mobilizar e envolver todos
os seus 180.000 membros - pastcres, professores e leigos - na urgente e necessária obra de evangelização de nosso povo.
Mas só é apto para ensinar, pregar e testemunhar aquele que tem conhecimento da
sã dõutrina. Esta é a razão porque, além
da Sagrada Escritura, recomendamos, especialmente, o estudo destes livros:
1 - Livro de Concórdia
-
contendo todas as Confissões Luteranas, agora em língua nacional
2 - Confisstio da Esperança - contendo o texto da Confissão de
Augsburgo e um comentário
sobre seus 28 artigos, para
USO no lar e na congregação
3 - Cremos Por Isso Falamos
Fórmula de Concórdia
contendo o texto da F. C., uma
análise de todas as controvérsias teológicas do século
XVI e um estudo homilético
sobre cada um de seus artigos
4 - Fórmula para a Concórdia
contendo três estudos sobre
a F. C., preparados por três
-
-
-
teólogos: A Base para a Concórdia, o Caminho para a
Concórdia e a Celebraçáo do
Concórdia.
6 - O livro "AS COMilSSÓtS LUTERANAS" quer mostrar a história, o ensino,
a importância e a atualidade das Confissões Luteranas. Além de ser uma instrutiva
leitura individual, este estudo é próprio para ser usado no instrução dos confirmandos
e nos diversos departamentos da congregaçãc. Ele pretende levar o leitor ao estudo da Sagrada Escritura e ao exame dos
documentos confessionais da lgreia Luterana.
- O livro se divide em duas partes:
1P Parte: História e Ensino das Confissões Luteranas, um estudo preparado em
1953, pelo conhecido teólogo J. Th. Mueller,
quando administrava aulas de Simbólica no
Semin.Úrio Concórdia de São Luís, USA. A
tradução é do Rev. Erni W. Seibert.
2.4 Parte: Importância e Atualidade
das Confissões Luteranas, um estudo elaborado pelo professor Mário Luiz Rehfeldt,
iesponsável pela Cadeira de Teologia Histórica na Faculdade de Teologia do Seminário Concórdia, de Porto Alegre, RS.
7 - Que o Senhor da igreja nos faça
crescer no conhecimento e fé, no amor e
testemunho, na fidelidade e consagração
para que possamos ser, cada vez mais, uma
igreja verdadeiramente confessional e confessante,
guardando firme a confissúo da esperancu.
L.
-000-
--
QUEM DEVE SER BATIZADO?
O BATISMO SE DESTINA
Só A ADgLTOS? S ó A CRIANÇAS?
QUE ENSINA A SAGRADA
ESCRITURA?
BATISMO DE CRI.ANÇAS - Johannes
H. Roitmann, 88 páginas, formato . . . . . .
1015x18cm, preço Cr$ 75,OO
A lgreia Luterana crê, ensina e confessa a existência de três meios da graça,
através dos quais o Espirito Santo atua no
pecador: a palavra de Deus e os sacramentos do santo batismo e da santa ceia.
Todas as religiões realizam alguma
forma de cerimônias batismais. Para as
religiões não-cristãs, o "batismo" não passa de uma solenidade supersticiosa com
muitas significações mágicas. Para as religiões pseudo-cristás, o batismo é administrado como um simples simbolismo cristão, negando-lhe qualquer valor sacramental. As igrejas verdadeiramente cristãs,
porém, com base na Sagrada Escritura,
aceitam o santo batismo ccmo uma instituição do próprio Deus e o administram como
um "lavar regenerador e renovador do Espirito Santo" (Tifo 3.5).
Ainda que haja conc~rdância quanto
o sacramentalidade do batismo, nem todas
as igrejas cristãs, porém, têm o mesmo posicionamento diante da pergunta: Quem
deve ser batizudo? Esta é a questão: O
batismo se destina só a adultos? só a cnanças? ou a adultos e crianças?
Qual é a resposta correta? Que respendem os Escrituras? Que respondem OS
pais eclesiásticos? Que respondem as Confissões Luteranas? No Catecismo Menor,
Lutero ignora a pergunta. No Catecismo
Maior, porém, o reformador eln
ba
ir
que
"aqui ocorre uma questão com que o diabo, através de suas seitas, confunde o mundo, a saber, a questáo do batismo infantil:
se os infantes também crêem, ou se é acertado batizá-tos", e aconselha que "quanto
a isso dizemos, brevemente: quem é simples desista da questão e o remeta aos doutos". E então oferece uma resposta: "Se,
porém, queres dar uma resposta, então replica: Que o batismo infantil agrada a
Cristo, prova-o suficientemente sua própria
obra" (Livro de Concórdia, pág. 480). A
Confissão de Augsburgo, contudo, além de
afirmar que "o batismo é necessário e que
por ele se oferece graça", afirma categoricamente "que também se devem batizar as
crianças". E a Apologia confirma: "Em cegundo lugar, é manifesto que Deus aprova
o batismo dos pequeninos" (Livro de Concórdia, pág. 66 e 187).
v o c ~PECOU?
SEU IRMÁO
PECOU? QUE FAZER? QUE
DIZ A BIBLIA SOBRE A
ADEAOESTAÇÃO FRATERNAL
NA DISCIPLINA CRISTA?
SE TEU IRMO PECAR - Johannes H.
Rottmann, 86 páginas, formato 10,5xl8cm,
preço Cr$ 75,OO.
Se teu irmão pecar, vai argüi-lo enSabendo que nem sempre os cristãos tre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a
luteranos sabem valorizar as bénçãos do teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma
batismo, e que constantemente são assaltaainda contigo uma ou duas pessoas, para
dos por dúvidas sobre o batismo de crianque, pelo depoimento de duas ou três testeças especialmente quando recebem visitas munhas, toda palavra se estabelega. E, se
d i "missionárics anabatistas" ou quando se ele não os atender, dize-o & igreja; e, se
encontram diante de problemas como os carecusar ouvir também a igreja, considera-o
samentos mistos, solicitamos ao Professor -corno gentio e publicano (Mt 18.15-17).
Johannes H. Rottmann que ncs preparasse
É um aconselhamento pastoral de
uma pequena matéria sobre o batismo de
Cristo.
crianças. Feita c! pesquisa, o professor resÉ uma metodolqia válida para o crispondeu: "O tema é tão importante e maratão, para as congregações cristãs, para a
vilhoso que foi impossível escrever menos".
igreja em geral.
O Dr. Rottmann - Professcr da CaÉ uma recomendação que exige prindeira do Novo Testamento na Faculdade
cípios de ordem e decência, de firmeza e
de Teologia do Seminário Concórdia, Porprudbncia, de amor e sabedoria no tratato Alegre, autor de diversos livros teológimento com o irmão faltoso.
cos e de uma infinidade de estudos puNa prática, porém, quantas vezes este
blicados nos periódicos de nossa igreja além de examinar os documento^ dos pais texto é ignorada? quantas vezes é lembrado tardiamente? quantas vezes é transgreeclesiásticos, analisa os principais textos bídido?
quantas vezes é mal citado e mal
blicos referentes ao assunto, concluindo que
aplicado?
"para o batismo de crianças as igrejas tradicionais têm provas claras e suficientemete fortes, tanto da própria Bíblia como da
história."
Estamos certos de que através do estudo de o Batismo de-Crianps, o povo de
Deus saberá valorizar e encontrar grande
consolo no sacramento do batismo, e estará
mais habilitado para
guardar firme a confissão da esperansa.
A Escritura é rica em textos que apontam para a necessidade da disciplina cristã
na igreja. Não é admissível que haja confusão, indecência e irresponsabilidade entre os irmãos da família de Deus.
A palavra do Senhor também apresenta uma relação muito extensa de passagens que falam sobre a importtincia e
finalidade última da admoestação fraternal entre os filhos de Deus: Salvar o irmão!
Os cristãos precisam refletir sobre o significado do "setenta vezes sete" e sobre o
"ganhaste a teu irmão", sabendo que o
valor de uma alma está acima de todas as
riquezas do mundo (Mc 8.36) e que há
alegria e júbilo entre os anios do céu pelo
arrependimento e reconquista de um pecadcr (Lc 15.7).
Não, não é tão fácil assim compreender, aceitar e praticar este aconselhamento pastoral de Cristo. Surgem tantas perguntas: Quem é o irmão? quando ele deve ser admoestado? quem o deve disciplinar? quais são os caminhos a seguir?
que significa ganhar o irmão? quando deve ser considerado gentio e publicano?
qual a finalidade última de toda a disciplina?
Estas e tantas outras perguntas, o
Professor Johannes H. Rottmann procura
respsnder neste SE TEU IRMÃO PECAR. Os
quase vinte anos de pastor em diversas
congregações e os trinta anos como Professor do Novo Testamento na Faculdade de
Teologia do Seminário Concórdia, deram
ao Dr. Rottmann experiências pastorais e
habilidades teológicas suficientes para falar com conhecimento de causa sobre uma
temática tão delicada e necessária do aconselhamento pastoral.
Que o Senhor da igreia derrame rica
medida de seu Santo Espírito sobre os leitores de SE TEU I R M O PECAR para que
o Salvador também possa dizer, muitas vezes, de cada um de nós:
Tu
também ganhaste a teu irmão.
L.
-000-
VOCE VIVE A ERA DA MAGIA
E DA SUPERSTIÇÁO. HÁ REALMENTE CURAS E MILAGRES?
QUAL É SUA RESPOSTA?
CURAS E MILAGRES - Otto A. Goerl,
39 páginas, formato 10,5x18 cm, preso
Cr$ 50,OO
Há razões para dúvidas.
.
inquietantes. Mesmo que sempre ocorressem, apenas eram praticodos por um reduzido número de adeptos. Hoje, porém,
o grande público é atingido, pois o assunto Tornou-se matéria quente para todos os
grandes veículos de comunicaçáo massiva.
Diante da acelerada multiplicação de
milagreiros, da agressiva exploração da f6
ingênua, da abusiva distorção das verdades bíblicas, o povo de Deus passou a viver momentos de confusão, angústia e desorientação.
E o povo de Deus quer e precisa conhecer a verdade biblica. Além de almeiar
sua própria tranqüilidade espiritual, os cristács querem "estar preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão
da esperanca que há em vós'' (1 Pe 3.15).
CURAS E MILAGRES surgiu dentro deste contexto. Foi, originalmente, preparado
como resposta a perguntas concretas. A
tematica foi estudada em grupos, congregações e conferências regionais, e, poster iorrrente, publicada no Mensageiro Luterano. Diante de muitos e insistentes pedidos por parte de leigos e pastores, estamos publicando CURAS E MILAGRES em
forma de livreto.
Estamoç certos que CURAS E MILAGRES, elaborado pelo Dr. O. A. Goerl,
Professor da Faculdade de Teologia do Seminário Concórdia e conhecido autor de
vários livros, desfará muitas dúvidas e servirá para aperfeiçoar, firmar, fortificar e
Fundamentar (1 Pe 5.10) o povo de Deus
no conhecimento da santa vontade de
Deus.
L.
WALTHER, G. F. W. DIE EVANGELlSCH-LUTHERiSCHE KIRCHE DIE WAHRE SICHTSARE KIRCHE GOTTES AUF
ERDEN. ST. LOUIS, MO.:
.
Nossa sociedade está sendo sacudida por uma série de fenômenos religiosos
Lutherischer Concordia
1891. Pp. 168. Brochura.
-
Verlag,
É sabido que a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) é fruto da lgreia
Luterana-Sínodo Missúri dos Estados Unidos da América. Este fato por s i já dá
características especiais à IELB, tanto em
matéria de ênfases teológicas como na sua
prática.
Uma das doutrinas que distingue fundamentalmente o Sínodo Missúri e, portanto também, a IELB de outras denominações
cristãs é a doutrina da igreia. Diferente
de outras denominações, falamos em igreja invisível, verdadeira igreia visível, autonomia e autoridade da congregação local,
que chama e instala ministros que julga
doutrina, etc. A clareza que temos nesta
doutrina deve-se principalmente a tr&
tratados escritos pelo Rev. Dr. Carl
Ferdinand Wilhelm Walther, um dos fundadores e primeiro presidente do Sínodo
de Missúri e primeiro presidente do Seminário Concórdia de São Luís, Missúri. Jamais Walther considerou-se o criador desta doutrina, pois ela é claramente ensinada
na Escritura e nas Confissões da Igreja
Evangélica Luterana. Ele foi, sim, o seu
sistematizador.
O primeiro tratado Walther entitulou
de Die Stimme unserer Kirche in der Frage
von Kirche und Amt ("A voz de nossa igreja na questão da igreia e mistério"). Foi
um tratado polêmico, publicado em 1852,
que define o relscionamento entre igreja
e ministério. O segundo tratado, Die rechte
Gestalt einer vorn Staate unabhaengigeh
Evangelisch-Lutherischen Ortsgemeinde ("A
forma correta de uma congregação evangélica Iuterana independente do estado"),
foi publicado em 1863. Este descreve a
congregação cristã ideal. Finalmente, em
1866, surge Die Evangelisch-Lutherische
Kirche die wahre sichtbare Kirche Gottes
auf Erden ("A Igreja Evangélica Luterana,
a verdadeira igreia visível de Deus sobre a
terra"). Tendo recebido um grande número destes últimos dois tratados, a Concórda S. A. lançou-os no ano passado em
brochura plastificada feita aqui mesmo.
Talvez o leitor se pergunte: Mas estes tratados ainda são relevantes para nós
hoje? Respondemos que sim. Pois certamente nenhum pastor tem sido imune de
perguntas como estas: Será que tem alguma diferença em ser membro da Igreja
Luterana ou de alguma outra denominação? Eu nãc poderia servir a Deus da
mesma forma em qualquer congregação de
outra denominação? Por que a igreja Luterana, quando entra em contato com outra denominação, logo parte para a
discussão doutrinária? Por que se insiste
tanto na palavra de Deus e nos sacramentos? Não é muita arrogância a Igreja
Luterana considerar-se a verdadeira igreia
visível sobre a terra? Perguntas como estas receberão resposta na obra (a última
das trgs) que estamos apresentando.
A matéria do livro é apresentada em
forma de teses, seguidas de provas tiradas
da Escritura Sagrada acompanhadas de
citações das Confissões Luterana:, dos dogmáticos da ortodoxia luterana e de outros
teólogos cristãos, demonstrando que as verdades expostas têm sua fonte na Escritura
e foram ensinadas através de toda a história da igreja. A propósito, este é o método que Walther emprega na maior parte
de suas obras.
Eis, portanto, uma obra que não pode
faltar na estante do pastor que n6o deixa
de estudar e está atento às tendências da
eclesiologia em nossos dias. E mesmo o
leigo que ainda lê a língua alemã poderá
tirar imenso proveito intelectual como edificação espiritual desta obra, sendo que
Walther não escreve apenas para teólogos
mas principalmente para leigos.
Rudi Zimmw
APRESENTANDO
EDITORIAL
Aos novos missionários / 1
DESTAQUE
Deus age através da Igreja na História / 4
ESTUDOS
Culpa e Medo / 26
Leia Comparando / 30
Nunca Tal se Fez / 32
ATUALIDADES
O Mar Morto Será Novamente Enchido / 35
A China Está Mudando7 / 36
A Blblia Também Para o Indio / 39
Feriados à Aparecida / 39
As Confissões Luteranas / 41
Batismo d e Crianças / 43
S e Teu Irmão Pecar / 44
Curas e Milagres / 45
Die Evangelisch-Lutherische Kirche die wahre çichtbare Kirche
Gottes auf Erden / 45
Composicán, impressáo e acabamento Iia
Tipografia e Editora LA SALLE - Canoas, RS
1 9 8 1
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UMA REVISTA PARA ADULTOS