Editorial
Ciclo virtuoso
Professor doutor
Marcelo Antonio
Pavanello
Vice-reitor de
Ensino e Pesquisa
Centro
Universitário da FEI
Todos os que estão envolvidos com pesquisas científicas conhecem de perto as dificuldades
para se chegar a resultados concretos, o que demanda volume de recursos, equipamentos
especializados, pessoal disponível e anos de trabalho. É consenso mundial de que só é possível fazer pesquisas de alto nível por meio de parcerias, que envolvam diferentes atores – da
Iniciação Científica ao pós-doutorado – e, na maioria das vezes, diferentes instituições.
Além de possibilitarem pesquisas de alto nível, com impacto na sociedade pela geração de
conhecimento e inovação, as parcerias também têm uma importante conotação econômica,
pois permitem o compartilhamento de equipamentos e de infraestrutura, maximizando
os investimentos realizados. Além da questão econômica, outro aspecto fundamental nas
parcerias em pesquisa é a possibilidade de compartilhar e complementar conhecimentos para
atingir resultados que, isoladamente, seriam menos possíveis ou, na melhor das hipóteses,
muito mais demorados.
Essa é uma das propostas do Simpósio de Pesquisa do Grande ABC, que envolve sete instituições de ensino superior da região – entre elas o Centro Universitário da FEI. A iniciativa,
que partiu dos pró-reitores de Pesquisa, visa inicialmente compartilhar conhecimentos sobre
os diferentes temas pesquisados nas universidades para, em um futuro próximo, congregar
cientistas das diferentes instituições, o que vai permitir capilarizar conhecimentos gerados.
Dependendo do tipo de pesquisa desenvolvido é necessário envolver, além da academia,
o setor industrial. Esse trabalho conjunto entre universidades e empresas é muito forte em
países desenvolvidos, como Alemanha e Estados Unidos, por exemplo, onde está claramente
manifestado que não se desenvolve conhecimento sem a universidade, que é virtuosa nesse
aspecto. No Brasil, entretanto, ainda estamos iniciando este processo de forma mais efetiva.
Por isso, teremos de nos mover assertivamente para congregar esses dois atores, até que se
tornem verdadeiros parceiros.
No Centro Universitário da FEI já temos exemplos concretos de parcerias com empresas
em áreas como aeroespacial, eletroeletrônica, têxtil e de alimentos, para citar algumas, pois
nossa Instituição mantém grande proximidade com o setor produtivo desde a sua origem.
Atualmente, trabalhamos para ampliar o conjunto de empresas parceiras. A boa receptividade
do setor industrial à possibilidade de novas parcerias com a FEI demonstra a compreensão
de que cada ator tem um papel importante a cumprir nesta tarefa fundamental de gerar
inovação e desenvolvimento.
Um dos desafios para essa parceria com o setor produtivo é o tempo de obtenção dos
resultados (ou tempo de resposta) que, na universidade, pode ser superior ao requerido pela
indústria. No entanto, com a mútua compreensão de qual é a sua função nesta cadeia, essa
dificuldade pode ser facilmente superada, para que ocorra um ciclo virtuoso de parceria. Cabe
ressaltar, também, que toda pesquisa precisa de um tempo de maturação, que não pode ser
artificialmente acelerado. Esse intervalo deve ser respeitado para que a pesquisa adquira
maturidade suficiente para se transformar em um produto ou serviço com benefícios sociais.
“Quanto mais sabe, mais sabe que não sabe”. A frase resume bem o espírito que se
espera de um profissional, seja ele pesquisador ou não, pois a busca de conhecimento não
tem horizontes. Nos últimos 50 anos houve grandes avanços em todos os campos do saber
humano, especialmente em tecnologia, mas temos de estar conscientes de que o conhecimento é infinito. Somente com a busca constante pelo conhecimento poderemos encontrar
respostas para gerar inovações e desenvolvimento e, assim, continuar colaborando para o
bem-estar geral da humanidade.
outubro a dezembro 2013 | Domínio fei
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Espaço do Leitor
Revista Domínio FEI
Publicação do Centro
Universitário da FEI
expediente
Centro Universitário da FEI
Campus São Bernardo do Campo
Av. Humberto de Alencar Castelo
Branco, 3972 – Bairro Assunção
São Bernardo do Campo – SP – Brasil
CEP 09850-901 ­– Tel: 55 11 4353-2901
Telefax: 55 11 4109-5994
“A FEI foi fundamental em minha vida profissional, e sempre tive preferências nas oportunidades de emprego das quais participei ao longo da
carreira. O fato de ser graduado nesta Instituição
sempre foi um diferencial positivo nos processos
seletivos, como garantia inicial de competência.”
Téo de Holanda Diniz – Engenharia
Mecânica Industrial – Turma 1974
“Lendo o último número da DOMÍNIO FEI - nº
16 - que meu filho ‘feiano’ recebe regurlamente, em especial a matéria sobre o lançamento do
mestrado em Engenharia Química, lembrei-me
dos velhos idos de 1946, quando engatinhava a
Escola, meio timidamente, com seus poucos alunos da primeira turma de Química. Foram eles
e os da segunda turma que acompanhei, verdadeiros pioneiros, com os quais (alguns sobreviventes) mantive contatos até quando possível,
dados os rumos que tomamos pela vida afora. Fui
o primeiro secretário da FEI desde sua criação,
em 1946, quando da primeira turma de alunos
da Engenharia Química (eram 23 ou 26), em
salas de aulas e laboratórios ainda precários na
rua São Joaquim, na Liberdade, em São Paulo.
Cumprimento a vocês da Redação, responsáveis
pelo êxito da publicação, já no Ano IV, revista
bem feita, agradável de ler e veículo importante
para a divulgação das atividades da Escola, notadamente no campo das pesquisas e outras inovações. De certa forma, sinto-me ligado à FEI por
invisíveis laços de estima e até de orgulho pelo
seu sucesso no mundo do ensino superior e na
cidade em que fui prefeito.”
Antonio Tito Costa
Ex-prefeito de São Bernardo do Campo
(1977-1982) e vice-prefeito (1993-1996).
“A revista é muito bem feita, tem padrão e conteúdo muito bons. Aprecio principalmente as
entrevistas de antigos feianos que ocupam cargos ou funções importantes na nossa sociedade.
Aprecio também as informações sobre as atividades da Instituição em seus diversos departamentos, pois nos mantêm informados sobre a
nossa querida FEI.”
Giuseppe Simone
Engenharia Mecânica Plena
Turma 1972
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A equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber
sugestões e comentários. Escreva para Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972, Bairro Assunção S.B.Campo - SP - CEP 09850-901, mande e-mail para [email protected] ou envie fax para o número
(11) 4353-2901.
Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. Mas a coordenação da
revista Domínio FEI agradece a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação.
As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas, total ou parcialmente, desde que
citada a fonte. Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas à redação pelo
e-mail [email protected].
4
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
Campus São Paulo
Rua Tamandaré, 688 – Liberdade
São Paulo – SP – Brasil – CEP 01525-000
Telefax: 55 11 3274-5200
Presidente
Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J.
Reitor
Prof. Dr. Fábio do Prado
Vice-reitor de Ensino e Pesquisa
Prof. Dr. Marcelo Pavanello
Vice-reitora de Extensão e
Atividades Comunitárias
Profª. Drª. Rivana Basso
Fabbri Marino
Conselho Editorial desta edição
Professores doutores Roberto
Baginski, Ricardo Belchior Tôrres
e Carlos Eduardo Thomaz
Coordenação geral
Andressa Fonseca
Comunicação e Marketing da FEI
Produção editorial e projeto gráfico
Companhia de Imprensa
Divisão Publicações
Edição e coordenação de redação
Adenilde Bringel (Mtb 16.649)
Reportagem
Adenilde Bringel, Vanessa
Azevedo, Elessandra Asevedo,
Fabrício F. Bomfim (FEI)
Fotos
Arquivo FEI, Jésus Perlop,
Cadú Coppini e Ilton Barbosa
Programação visual
Felipe Borges
Tiragem: 17.500 mil exemplares
Centro Universitário da FEI
Instituição associada à ABRUC
www.fei.edu.br
sumário
20
ENTREVISTA
Engenheiro de produção
têxtil, Eduardo Camargo
assume a presidência da
CCR ViaOeste e Rodoanel
Oeste aos 39 anos de idade
06
DEstaques
Docentes da FEI assumem edição de revista de Administração
Palestra aborda negócios sociais no campus São Paulo
SICFEI reúne 102 trabalhos de estudantes pesquisadores
Alunos mostram talento para robótica em competição
Dois encontros reúnem ex-alunos da FEI de 1963 e 1976
Departamento de Engenharia Química discute pré-sal
Concurso Travessia envolveu 235 estudantes de vários níveis
Professor Roberto Bortolussi é premiado pela SAE BRASIL
Simpósio de Pesquisa do Grande ABC está na terceira edição
Evgeny Terentev/istockphoto.com
19
matéria de Capa
Pesquisas realizadas no
Centro Universitário
investigam a radiação
ionizante nos níveis
de Iniciação Científica,
Mestrado e Doutorado
24
30
32
34
DESTAQUE JOVEM
Formado em 2011, engenheiro eletricista é gerente para
o canal OPTO Semicondutores da multinacional Osram
PESQUISA & TECNOLOGIA
Estudo de docente de Engenharia Elétrica ganha destaque
em periódico internacional e investiga sinais cerebrais
GESTÃO & INOVAÇÃO
Pesquisa de professor de Administração avalia de que
forma a propaganda impacta as opções do consumidor
ARQUIVO
A história do movimento estudantil no Brasil também
teve importante participação de ex-alunos da FEI
38
PÓS-GRADUAÇÃO
Especialização em Refrigeração e Ar Condicionado prepara
profissionais para um mercado em franca ascensão no Brasil
40 Mestrado
Seções 41 Agenda
42 Artigo
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5
destaques
Professores do Centro
Universitário da FEI
assumem edição de
revista de Administração
na área socioambiental
om a sustentabilidade como
uma das linhas de pesquisa de
seus programas de mestrado e
doutorado, o curso de Administração do
Centro Universitário da FEI dá mais um
importante passo na consolidação de discussões sobre o tema dentro da Instituição. Durante o segundo semestre deste
ano, a FEI assumiu a editoração da Revista de Gestão Social e Ambiental (RGSA),
publicação que integra os conhecimentos
acadêmicos da Administração a áreas
relacionadas à gestão ambiental. A RGSA
é uma publicação online quadrimestral
que aborda assuntos relacionados a práticas sustentáveis, incluindo cadeia de
suprimentos sustentável, ecoeficiência,
produção mais limpa, marketing verde,
ecodesign, contabilidade ambiental e
responsabilidade socioambiental.
À frente da edição científica da revista
está o professor doutor Jacques
Demajorovic, do Departamento
de Administração da
FEI, escolhido pelo
conselho editorial
da publicação durante
o Encontro Internacional
sobre Gestão Empresarial
e Meio Ambiente (Engema) de
2012 para desempenhar a função
pelos próximos dois anos. Além disso,
a coeditoria está a cargo da professora
doutora Maria Tereza Saraiva de Souza,
do mesmo departamento. “Trata-se de
uma das poucas revistas acadêmicas no
Brasil na área de administração dedicadas exclusivamente ao tema”, destaca o
novo editor-chefe.
Segundo o docente, a RGSA fortalece
o Programa de Pós-Graduação na FEI,
pois ter uma revista científica indexada na Instituição é um dos critérios
importantes na pontuação dos cursos.
“Especificamente no campo da sustentabilidade, a revista também contribui
para dar maior visibilidade a esta área na
FEI”, diz. O público alvo da revista é composto de pesquisadores de programas de
pós-­graduação stricto sensu, gestores da
área socioambiental dos setores público,
O professor Jacques Demajorovic: editor
A professora Maria Tereza Saraiva de Souza
C
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Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
Ricardo Infante Alvarez/istockphoto.com
Gestão de conteúdo
privado e de organizações não governamentais. Por edição do periódico são publicados entre 8 e 12 artigos científicos,
com até 17 páginas cada um. A professora Maria Tereza Saraiva de Souza, que
já foi editora da publicação, reforça que
os artigos veiculados na revista passam
por seleção por meio de desk-review e
por uma dupla de avaliadores de blind
review, além de revisões normativas e
ortográficas.
Entre os critérios de avaliação dos
textos estão revisão de literatura em
periódicos nacionais e estrangeiros,
uso de procedimentos metodológicos
rigorosos, qualidade na discussão de
resultados e contribuição crítica para
o resultado socioambiental. Além de
participar dos processos descritos acima,
os professores Jacques Demajorovic e
Maria Tereza Saraiva também têm como
responsabilidade a representação da
revista em fóruns e encontros de editores. “As despesas referentes ao processo
de editoração e publicação também são
custeadas pela FEI”, completa o professor. A Revista de Gestão Ambiental e
Social é classificada como B2 no Qualis/
Capes e está indexada em importantes
bases internacionais, como Latinindex,
EBSCO, ProQuest e Scopus. Os interessados podem acessar a publicação pelo
site www.revistargsa.org.
Lucro que transforma vidas
Auditório do campus São Paulo ficou lotado
Palestra para estudantes de
Administração, no campus São
Paulo, aborda negócios sociais
J
ovem integrante de um dos clãs de empreendedores
mais poderosos do País, Antonio Ermirio de Moraes Neto
é um dos cinco sócios da Vox Capital, a primeira empresa
a praticar 'investimento de impacto' no Brasil, segmento que
pode sinalizar o nascimento de um quarto setor econômico
em nível global. Criada em 2009, a Vox Capital é gestora de um
fundo de investimentos de R$ 80 milhões e possui um portfólio
composto de 10 empresas. A meta de cada uma delas é causar
impacto social em 1 milhão de pessoas de baixa renda (classes
C, D e E) em cinco anos.
O executivo apresentou a palestra 'Negócios Sociais: Alternativas para Transformar o Brasil', para uma atenta plateia de
estudantes de Administração do Centro Universitário da FEI
– campus São Paulo, e também de novos administradores, em
parceria com a Empresa Júnior de Administração da FEI-SP e da
Junior Chamber International (JCI) Brasil/Japão, organização
mundial sem fins lucrativos que reúne mais de 200 mil membros
voluntários pelo mundo. “É possível ganhar dinheiro e, ao mesmo
tempo, causar profundas transformações na vida da população
de baixa renda”, assegura.
Antonio Ermirio de Moraes Neto conta que sua empresa
funciona como um empreendedor atrás do empreendedor,
orientando o gestor em reuniões mensais com estratégias de
Antonio Ermirio de Moraes Neto (ao centro): investimento de impacto
governança, de expansão e até na contratação de pessoas chave
para a equipe. A Vox Capital analisou 900 iniciativas nos últimos
anos e escolheu apenas 10. “Buscamos ótimos empreendedores
que criaram negócios com fins lucrativos, mas que tenham impacto social no produto, ou seja, no core business da operação”,
explica. O empresário ressalta, entretanto, que a proposta não
é de responsabilidade social, filantropia ou investimento social.
Um dos três critérios analisados para escolha da empresa
investida é quanto o negócio está focado nas classes C, D e E e,
quanto mais próximo estiver da E, melhor. A Vox Capital também analisa o critério quantitativo (meta de impactar 1 milhão
de pessoas) e qualitativo, que avalia o tamanho e a perenidade
da mudança sistêmica que o produto ou serviço pode causar.
“Ficar esperando o dinheiro aparecer para colocar em prática a
sua ideia não é desculpa. Como vou investir em um negócio que
nem o seu idealizador acreditou?”, questiona.
Ao ser indagado sobre a mensagem que deixaria aos novos
administradores, Antonio Ermirio Neto recorreu ao filósofo
grego Aristóteles (384 a.C – 322 a.C). “Onde sua grande paixão
(aquilo que te faz acordar todo dia) se une com sua grande competência (aquilo em que você acredita que pode ser o melhor do
mundo) e encontra a necessidade do mundo, ali está o seu propósito, a sua voz interior. Comecem amanhã mesmo a buscar o
seu propósito”, orienta. O professor doutor Edson Sadao Iizuka,
docente do curso de Administração da FEI – campus São Paulo,
acrescenta que os negócios sociais, tema central do evento, estão
em sintonia com o direcionamento estratégico da Instituição,
pois são iniciativas que desenvolvem simultaneamente o emprendedorismo, a sustentabilidade e a inovação.
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destaques
Pesquisadores se reúnem para
Estudantes mostram
projetos no terceiro
Simpósio de Iniciação
Científica, Didática
e de Ações Sociais
I
mplantadas no Brasil em 1988,
por meio do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnoló­
gico (CNPq), as pesquisas de Iniciação
Científica têm por objetivo introduzir
os estudantes às práticas científicas e
formar profissionais para atuar na área
acadêmica. Atualmente, além do CNPq,
outras fundações de amparo aos estudos
científicos, assim como as universidades, fomentam pesquisas desenvolvidas
por estudantes ainda na graduação. No
Centro­Universitário da FEI, além das 120
bolsas disponibilizadas anualmente pela
Instituição, e 23 conquistadas junto ao
CNPq como cota institucional, os jovens
pesquisadores recebem muitos estímulos
para desenvolver os seus projetos, apresentados anualmente no Simpósio de
Iniciação Científica, Didá­tica e de Ações
Sociais e de Extensão da FEI (SICFEI).
Na terceira edição, realizada em 17 de
outubro, o SICFEI reuniu projetos de 102
estudantes dos cursos de Administração,
Ciência da Computação e Engenharia.
O coordenador do SICFEI e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica (PBIC) do Centro Universitário,­
professor doutor Gustavo Henrique Bo­
log­nesi Donato, do Departamento de
Enge­nharia Mecânica, afirma que neste
ano houve aumento de 15% no total de
trabalhos inscritos e apresentados, em
relação a 2012. “A atividade tem como
propósitos a introdução dos estudantes
de iniciação à prática de apresentação de
projetos e a disseminação da cultura cien-
8
Grupo de alunos participantes do SICFEI
tífica. O incentivo ao desenvolvimento de
pesquisas complementa as vertentes técnica e humana que a FEI se preocupa em
oferecer aos seus alunos, buscando a formação integral dos indivíduos”, destaca.
A professora doutora Maria Cláudia
Ferrari de Castro, docente do curso de
Engenharia Elétrica e coordenadora do
Programa de Iniciação Didática (ProBID), destaca que os conhecimentos obtidos por meio das pesquisas científicas,
didáticas e de ação social são passíveis de
serem utilizados em muitos segmentos.
“Esse tipo de projeto permite o aprimoramento orga­nizacional, desenvolvimento
de relatórios, descrição de processos e resultados”, sa­lienta. Segundo a professora
doutora Carla Andrea Soares de Araújo,
coordenadora do Programa de Ações
Sociais e de Extensão (ProBase) e chefe
do Departamento de Ciências Sociais e
Jurídicas da FEI, a vivência humanística
é outro importante ganho possibilitado
pelo desenvolvimento de trabalhos, assim
como a valorização profissional e participação em projetos científicos, didáticos e
sociais é muito enriquecedora para o currículo e para o desenvolvimento pessoal.
Como já realizado em anos anteriores,
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além da participação de professores da
FEI na comissão avaliadora foram convidados profissionais de outras instituições
para analisar os projetos desenvolvidos
pelos alunos. “Convidamos avaliadores
externos para apresentar à sociedade a
importância que a pesquisa tem dentro
da FEI e obter uma avaliação isenta sobre
a qualidade do nosso trabalho”, destaca
o professor Gustavo Henrique Donato.
Esta terceira edição do SICFEI também apresentou diversas novidades para
os jovens pesquisadores. Pela primeira
vez, o simpósio recebeu patrocínio e foi
financiado pela Companhia Brasileira de
Metalurgia e Mineração (CBMM), o que
sinaliza a rele­vância dos programas desenvolvidos. Também a partir deste ano,
todos os trabalhos aprovados passaram
a ter um cadastro no International Standard Serial Number (ISSN), codificação
internacional que identifica publicações
científicas, o que torna a produção
científica em nível de iniciação formalmente documentada e disponível no
www.fei.edu.br/sicfei/. As pesquisas
apresentadas nas edições anteriores do
simpósio também estão disponíveis neste
endereço eletrônico.
apresentar resultados de estudos
PRÁTICAS DE Leitura
A estudante do 5º ciclo de Administração, Janaína Sayuri Maruyama (foto) desenvolveu o projeto ‘Dinamização
dos espaços de formação de leitores da FEI’. A pesquisa contempla, por meio do blog ‘Palavras Conectadas’, a
oferta de textos de diferentes gêneros literários para a comunidade acadêmica da Instituição. A pesquisa foi
desenvolvida sob orientação da professora mestre Gisele Larizatti Agazzi, do Departamento de Ciências Sociais
e Jurídicas, com o objetivo de aprimorar os espaços de aprendizagem e aproximar o olhar dos alunos para a
literatura. Como resultados de seus estudos, Janaína Maruyama identificou a preferência dos leitores pela
coluna ‘Personalidades’ e o predomínio de estudantes de Administração entre o público do portal. “Os desafios
envolvidos na pesquisa foram o planejamento de pautas para atualização do blog, definição de periodicidade das
seções e pesquisas para a redação de textos”, comenta a jovem pesquisadora. Um estudo preliminar foi premiado
no 2º SICFEI. Na ocasião, o projeto foi liderado por Juliana Zocatelli, colega de classe de Janaína Maruyama.
Referências bibliográficas
A proposta de pesquisa de Bianca Minami Rodrigues (foto), do 4º ciclo de Administração, foi avaliar a influência dos docentes da FEI nos hábitos de leitura dos estudantes. Para tanto, a aluna entrevistou, por meio de
questionários, 52 professores dos cursos de Administração e Ciência da Computação. Os aspectos abordados
pelas pesquisas foram os hábitos de leitura dos docentes e as percepções que os mesmos possuem sobre as
práticas de leitura e hábitos dos estudantes. Entre os resultados, a jovem constatou que 75% dos professores
entrevistados utilizam livros como material de apoio, enquanto 17,23% adotam apostilas. Do total de entrevistados, 57,69% afirmaram estimular a leitura de bibliografias complementares. O projeto foi desenvolvido com a
orientação do professor doutor Raul César Gouveia Fernandes, do Departamento de Ciências Sociais e Jurídicas.
“A seleção do meu projeto no SICFEI foi muito gratificante e comprova o valor da minha pesquisa”, avalia a aluna.
Análise de incertezas
O estudante Guilherme Carlos Alves (foto), do 10º ciclo de Engenharia Mecânica, desenvolveu o projeto ‘Análise
de incertezas em medições de desempenho de um trocador de calor cerâmico’. Com orientação do professor
doutor Paulo Eduardo Batista de Mello, do Departamento de Engenharia Mecânica, o aluno avaliou as evidências de limitações tecnológicas envolvidas no processo de medição e a sua relevância nos resultados finais da
medida. Para executar o projeto, o pesquisador construiu uma bancada experimental exclusiva para medir o
desempenho de um trocador de calor cerâmico e realizar uma análise de incerteza sobre as suas quantidades,
como os fatores de Colburn j e o de atrito f, e o número de Reynolds Re, além de grandezas físicas experimentais
independentes. O pesquisador concluiu que a incerteza de um dos instrumentos contribuiu para uma incerteza
de 9,4% no fator de atrito. “Gostei muito de vivenciar o ambiente acadêmico, foi muito enriquecedor”, destaca.
Propriedades de material cerâmico
byryo/istockphoto.com
Aluno do 8º ciclo de Engenharia Mecânica, Lucas Bertolli Parra (foto) desenvolveu a pesquisa ‘Determinação
experimental das propriedades mecânicas monotônicas da alumina (AL203) utilizando ensaios de flexão entre
21oC e 900oC. A pesquisa foi executada por meio da criação de um dispositivo inovador feito em superliga de
níquel para ensaios mecânicos de flexão em temperaturas de até 900oC e também da confecção de corpos de
provas feitos em cerâmica técnica. O dispositivo criado resistiu a todas as temperaturas testadas, preservando
as características autocompensadoras e a integridade estrutural, o que viabilizou os ensaios e garantiu boa
aderência às distribuições estatísticas desejadas. O trabalho foi orientado pelo professor Gustavo Donato. “A
Iniciação Científica me permitiu a vivência de problemas reais da profissão. As perspectivas são diferentes do que
é vivenciado em sala de aula, com a interação entre os laboratórios, os técnicos e os professores”, assegura o aluno.
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9
destaques
Jovens cientistas mostram talento
Competição nacional
reuniu cerca de 2 mil
alunos em Fortaleza e
teve a FEI como uma
das organizadoras
A
nualmente, o governo federal
lança um edital destinado a prover recursos para competições
científicas em diversas áreas do conhecimento, especialmente de Exatas, que
envolvem estudantes de todos os níveis.
A meta é estimular o interesse dos alunos
por essas áreas e, ao longo do tempo,
suprir as demandas por profissionais de
tecnologia no Brasil. A Robotics Trends
é um bom exemplo dessas competições.
Realizada de 17 a 20 de outubro na Universidade de Fortaleza, no Ceará, a competição envolveu quase 2 mil estudantes
de ensino fundamental, médio e superior
de mais de 100 instituições de ensino do
País. Promovido pela Sociedade Brasileira
de Computação (SBC), o evento tem o
Centro Universitário da FEI como uma
das instituições organizadoras.
A Robotics Trends bateu todos os recordes de participação, desde a infraestrutura das regionais e quantidade de participantes até os resultados alcançados pelas
10
equipes, o que demonstra o interesse dos
estudantes pelo tema. O principal objetivo foi apresentar os avanços nacionais na
área, fomentar e desenvolver a robótica,
essencial ao desenvolvimento científico
e tecnológico do Brasil. A competição
foi dividida em três módulos: III Mostra
Nacional de Robótica (MNR), VII Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) e XI
Competição Brasileira de Robótica (CBR),
que inclui as categorias da RoboCup Brasil. “O evento é um grande estímulo para
que os estudantes, principalmente do ensino médio, se interessem cada vez mais
pelas áreas que envolvem a tecnologia”,
destaca a professora do Departamento de
Engenharia Elétrica da FEI e presidente
da CBR, Esther Luna Colombini.
Muitos estudantes que participaram
já tiveram a experiência de competir em
etapas mundiais de eventos do gênero. Um deles é Antonio Manuel Ribas
Gondim Santos, do 1º ano do ensino
médio do Colégio Cândido Portinari, em
Salvador. O estudante, que participa de
projetos com robôs Lego há dois anos, se
interessou pela robótica devido ao gosto
por disciplinas como Física, Matemática e
Geometria. No início deste ano, Antônio
Santos e seus companheiros de equipe
foram aos Estados Unidos participar do
Robô Games – espécie de campeonato
mundial de robótica – e venceram na
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categoria Robô Soccer, deixando para trás
estudantes de escolas de diversos países,
inclusive universitários. “Foi uma experiência incrível. Competir com equipes do
mundo inteiro nos ajudou muito, porque
conhecíamos apenas como eram as competições no Brasil”, conta o aluno, que
também foi campeão em duas categorias
no encontro de Fortaleza.
Há quase dois anos, o aluno da 7ª série
do Colégio Contato, em Maceió (Alagoas),
Eduardo Seabra Melro, resolveu montar
uma equipe com outros colegas de classe
para participar das competições da OBR.
O jovem, que quer cursar Engenharia
de Automação e Controle, explica que
o envolvimento com a tecnologia tem
ajudado em diversas disciplinas no curso
regular. “Desde que comecei a fazer parte
dos projetos de robótica as minhas notas
têm melhorado muito, principalmente
em matérias como Matemática e Física”,
afirma. Para o professor Fabio Ferreira,
do Colégio Anchieta, de Salvador (Bahia), iniciativas como a Robotics Trends
são importantes, porque permitem que
jovens envolvidos com esse universo
da tecnologia deixem de ser meros espectadores e ouvintes para se tornarem
protagonistas da produção do conhecimento. O docente acrescenta que esse
envolvimento com projetos de Iniciação
Científica proporciona uma reflexão sobre
aquilo que os estudantes estão fazendo,
na área de robótica
Da esq.: O estudante Eduardo
Seabra Melro (ao centro) com sua
equipe; Antonio Manuel Ribas
Gondim Santos; e as alunas
Iyadirê Guerra Zidanes Lepê,
Helena Maia dos Anjos, Maria
Carolina do Couto Soares e
Clarissa Cézar Menezes Gusmão
pois terão de buscar a solução para os
problemas que surgem, além de testar
e validar os projetos, aprendizados que
jamais vão esquecer.
Robótica solidária
Quatro alunas do Colégio Apoio, de
Recife (Pernambuco), utilizaram o conhecimento da robótica para desenvolver
um projeto que trará um pouco de alegria
a crianças que vivem em hospitais para
tratamento do câncer. O Robô da Alegria,
das estudantes da 8ª série Clarissa Cézar
Menezes Gusmão, Helena Maia dos Anjos, Iyadirê Guerra Zidanes Lepê e Maria
Carolina do Couto Soares, foi baseado nos
Doutores da Alegria – voluntários que se
vestem de palhaço para alegrar crianças
em hospitais – e tem como objetivo interagir com os pequenos pacientes con-
tando histórias e cantando canções, que
ficam gravadas no robô. “Desenvolvemos
um robô totalmente colorido justamente
para que chame a atenção da criançada,
pois pesquisamos e descobrimos que as
crianças gostam de cores. O que desejamos é que esse robô proporcione momentos de bem-estar, tanto para as crianças
como para os acompanhantes”, explica a
aluna Iyadirê Guerra Zidanes Lepê.
Equipe do Centro Universitário brilha no futebol de robôs
Alunos do Centro Universitário da FEI conquistaram o tetracampeonato nacional no Futebol de Robôs – categoria Small Size.
Formada por seis estudantes de Engenharia Elétrica e Ciência da
Computação, a equipe da FEI conquistou o primeiro lugar ao derrotar por 3 X 1 o time da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Segundo o capitão da equipe FEI, Vitor Hugo Meneses Beck,
o diferencial dos robôs é que são mais modernos e mais robustos e,
com isso, ficam cada vez mais competitivos. O capitão lembra que
há grande expectativa para o campeonato mundial, que será realizado pela primeira vez no Brasil em 2014, em João Pessoa (Paraíba).
“Estamos trabalhando duro desde o Mundial deste ano para chegar
bem na competição. É uma responsabilidade muito grande, afinal,
é a nossa casa e precisamos dar o melhor. Por isso, precisamos da
ajuda de mais alunos da FEI para compor a equipe, principalmente
aqueles que conhecem bem programação”, ressalta.
A Olimpíada Brasileira de Robótica é gerida por um conselho de
professores de diversas instituições do País, e um deles é o professor
doutor Flávio Tonidandel, da FEI. O docente foi escolhido neste ano,
juntamente com a FEI, para ser o responsável nacional da OBR devido ao excelente resultado obtido na organização da etapa regional
da competição, em 2013, e do Joint Conference, em 2010, evento
Time da FEI conquistou o tetracampeonato
internacional que reuniu mais de 1,1 mil estudantes no campus
São Bernardo do Campo. Para o coordenador, a expectativa agora
é em relação ao mundial que será realizado no Brasil. “O RoboCup
é um evento grandioso, o maior de robótica móvel inteligente do
mundo, e deverá motivar ainda mais nossos estudantes a seguirem
carreira nas áreas de tecnologia e robótica nos próximos anos. A FEI,
como organizadora desses eventos, também faz o seu papel como
Instituição que trabalha intensamente com extensão e diretamente
na formação dos jovens”, enfatiza o docente.
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
11
destaques
Meio século de formação
Engenheiros mecânicos
e químicos celebram
50 anos de graduação
O
ano de 1963 foi marcado por
transformações políticas e culturais. Foi neste ano que chegaram ao Brasil os primeiros imigrantes
coreanos; nasceu a personagem Mônica,
do cartunista Maurício­de Sousa; a gaúcha Ieda Maria Vargas venceu o concurso
de Miss Universo e, nas rádios, a canção
Please Please Me, do primeiro álbum dos
The Beatles, alcançou o primeiro lugar nas
paradas britânicas e lançou a banda para o
mundo. Em novembro daquele ano, uma
turma de estudantes recebeu o diploma
de Engenharia Química e Mecânica da
Faculdade de Engenharia Industrial (FEI).
Para comemorar os 50 anos de forma­
tura, parte da turma de 1963 se reuniu em
um animado almoço, dia 12 de novembro.
Na confraternização estavam 22 ex-alunos
– dos 40 que se formaram –, 13 esposas
e o paraninfo da turma, o professor Luiz
Novaes Ferreira França. “Antigamente, as
turmas eram pequenas e havia muito entrosamento entre os estudantes”, destaca
12
o engenheiro mecânico Detlef Werner
Schultze, organizador do encontro. Segundo o ex-aluno, os estudantes da FEI constituíam um retrato do que era o Brasil na
época, com representantes de diferentes
grupos políticos e religiosos, ascendências
e nacionalidades.
Presidente da Associação Atlética Acadêmica de Engenharia Industrial (AAAEI)
em 1960 e 1961, Detlef Schultze­lembra
a importância do esporte na Instituição,
com relevantes resultados em competi­
ções de judô e beisebol, influenciados
pela presença de estudantes de origem
nipônica, além da chegada do handebol ao
País na década de 1960 e de sua inserção
em campeonatos universitários. Para o
engenheiro mecânico Pedro Liguori, a
oportunidade de reencontrar os amigos
de faculdade 50 anos após a formatura
é emocionante. Com carinho, o ex-aluno
reforça a importância dos docentes para a
sua formação técnica, humanística e ética.
Única mulher da turma, a engenheira
química Maria Helena Andrade Orth era
protegida pelos colegas, que a tratavam
com carinho e respeito. Além dela, apenas
duas outras mulheres cursavam a FEI na
época. “Havia muita proximidade entre
os alunos, éramos como uma família”,
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
diz. Durante o quarto ano da graduação, a
então estudante começou a trabalhar como
aluna assistente de Química Geral e, em
1962, tornou-se docente na FEI, onde ministrou aulas de Química Geral e Química
Orgânica, além de laboratório, até 1972.
Com bom humor, o engenheiro mecânico Nasser Chicani conta que passou
no vestibular em 43º lugar, a última colo­
cação daquele processo. “A FEI sempre foi
referência em ensino e representava boas
oportunidades profissionais. Eu tinha
de estudar lá”, enfatiza. Naquele ano, 50
vagas foram abertas para o vestibular
da FEI. Tal situação fez com que Nasser
Chicani e outros estudantes, como o
engenheiro mecânico e ex-presidente do
Centro Acadê­mico, Benedito Nicotero,
se engajassem para a admissão de todos
os estudantes aprovados no vestibular,
especialmente os considerados ‘excedentes’. O professor Luiz Novaes Ferreira
França, paraninfo da turma, formou-se
engenheiro mecânico na FEI em 1951,
deu aulas na Instituição. “A FEI representa um aspecto importante da minha vida
profissional, gosto muito de lá”, afirma.
Aos 86 anos de idade, o engenheiro ficou
muito satisfeito em rever o grupo meio
século após a colação de grau.
Turma formada
pela antiga
Faculdade de
Engenharia
Industrial
(FEI) mantém
tradição de
reuniões sempre
no mesmo
restaurante
Encontro anual há 37 anos
Ex-alunos, graduados
em 1976, se reúnem
desde a formatura
H
á exatos 37 anos, os engenheiros mecânicos plenos formados
pela antiga Faculdade de Enge­
nharia Industrial (FEI) mantém uma
tradição: no fim de ano, o grupo se reúne
para lembrar histórias, contar as novidades
e confraternizar. O encontro é promovido
ininterruptamente desde que a turma
se graduou, em 1976, com pelo menos
a metade dos 70 formandos. A última
confraternização foi realizada em 22 de
novembro no bar e restaurante Estalagem,
em São Paulo, que há mais de 20 anos é o
local escolhido pelo grupo para o evento.
Identificados com crachás que contêm
os nomes e números de matrícula na FEI
– turma 24 mil –, os engenheiros afirmam que o interesse coletivo em manter
contato é um dos fatores que possibilita
a realização anual do encontro. Alguns
ex-alunos, graduados em 1975, também
participam, como o professor José Agostinho Baitello, atualmente docente do curso
de Engenharia de Produção do Centro
Universitário da FEI. “O encontro é uma
ótima oportunidade para estreitar os laços
e é muito divertido”, afirma.
Além de atualizaram os acontecimentos, os engenheiros aproveitam para
recordar algumas histórias dos tempos de
faculdade. O grupo acompanhou algumas
transformações no ensino da Engenharia,
dentre as quais a inserção da régua de cálculo em sala de aula, até então inexistente.
“A prova de Dinâmica das Máquinas era feita em dois períodos. Um para os alunos que
tinham a régua de cálculo e outro para os
que não tinham”, recorda o engenheiro Rui
Rodrigues. Segundo o ex-aluno Roberto
Gremmelmaier, a ausência do instrumento
permitiu o aprendizado das fórmulas e o
desenvolvimento do raciocínio lógico para
a resolução de problemas.
Música e esportes também foram
alguns aspectos que se destacaram entre
os anos de 1972 e 1976, período em que o
grupo estudou na FEI. Segundo os engenheiros Salim Lamha Neto, José Roberto
Florido e Carlos Machado, alguns nomes
importantes da música brasileira se apresentaram na Instituição, como Elis Regina,
Gonzaguinha, Pepeu Gomes e Baby do Brasil, contratados pelo Centro Acadêmico. “O
cantor João Bosco, antes de se tornar um
artista famoso, se apresentava próximo
ao refeitório, em um jardim apelidado de
Babilônia”, recorda Carlos Machado.
A turma também possuía bons jogadores de futebol de salão, o que os levou
a montar uma equipe para disputar os
campeonatos internos da modalidade, até
então dominados pelo time da Atlética.
O ‘Sifunia’ tinha apenas um jogador de
outra turma, o goleiro, que era aluno de
Engenharia Química Têxtil e tinha experiência em defesas de handebol. “O time
foi o primeiro a quebrar a hegemonia de
oito anos da equipe da Atlética. Foi muito
gratificante e fizemos um churrasco para
comemorar”, acrescenta o engenheiro
José Carlos Jodar Lopes.
A turma também esteve envolvida na
organização do torneio Inter República,
que reunia os estudantes vindos de outras
cidades para estudar na FEI. “Futebol de
salão, vôlei, basquete e handebol eram as
modalidades disputadas na competição”,
informa Salim Lamha Neto, que veio do
Rio de Janeiro para estudar na Instituição
e participou da organização do evento esportivo. O engenheiro lembra, ainda, que
uma das regras da competição era que os
times fossem formados por moradores da
mesma república.
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
13
destaques
Desafios e oportunida
I ChEFEI apresentou
as perspectivas
profissionais e
tecnológicas para a
extração de petróleo
em águas profundas
D
iariamente, os campos da pro­
víncia do pré-sal, localizados
nas bacias de Santos e Campos,
no litoral dos estados de São Paulo e Rio
de Janeiro, respectivamente, produzem
volumes superiores a 300 mil barris de
petróleo. Segundo a Petrobras, desde que
o Brasil começou a extrair o óleo de origem fóssil em águas profundas, em 2008,
mais de 100 milhões de barris já foram
extraídos. Atualmente, o País ocupa a 13ª
colocação no ranking mundial de nações
produtoras de petróleo, com mais de 2
milhões de barris produzidos diariamente
e participação de 2,7% no mercado global.
No que se refere às reservas de petróleo em regiões de pré-sal, o cenário não
Professor Ronaldo Gonçalves dos Santos
14
poderia ser mais animador. Segundo a
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP), a exploração
do campo de Libra, a 170 quilômetros do
litoral do Rio de Janeiro, pode alçar o País à
lista dos 10 maiores produtores mundiais,
dobrando as reservas nacionais de petróleo. Com 1.500 km², a área é considerada
pelo governo brasileiro a maior do planeta
e possui potencial para a produção de 1,4
milhão de barris por dia, com reservas que
podem chegar ao equivalente a 12 bilhões
de barris. A ANP estima que, entre 2013 e
2016, R$ 400 bilhões sejam investidos no
setor de petróleo e gás no Brasil.
A exploração das reservas do pré-sal
exigirá vultosos investimentos financeiros
e demandará grandes desenvolvimentos
científicos e tecnológicos e formação de
recursos humanos capacitados para o setor. Complexo, o assunto foi o tema do I
Workshop de Engenharia Química da FEI
(ChEFEI), realizado entre os dias 21 e 23
de outubro no campus São Bernardo do
Campo. Com o tema ‘Exploração e produção no pré-sal: desafios para a Engenharia
Química’, o encontro reuniu estudantes de
graduação e pós-graduação, pesquisadores
brasileiros e estrangeiros e profissionais
com experiência de mercado com o propósito de discutir os diferentes desafios
da exploração do combustível fóssil em
águas profundas.
O professor doutor Ronaldo Gonçalves
dos Santos, organizador do encontro e
docente do Departamento de Engenharia
Química da FEI, ressalta que o objetivo do
workshop foi propor debates avançados
sobre o assunto. “Trata-se de um evento
ousado, que repercute em um ambiente
científico de pesquisas de ponta”, comenta,
ao enfatizar que esta também é uma das
linhas de pesquisa do Programa de Mestrado em Engenharia Química do Centro
Universitário da FEI, que terá início em
março de 2014. O pesquisador ressalta,
ainda, que é importante incentivar a troca
de informações sobre o tema para enriquecer o conhecimento dos profissionais que
poderão atuar na área.
Parceria
Durante o evento, o diretor-presidente
da Associação Brasileira de Engenharia
Química (ABEQ), Edson Bouer, deu posse ao professor doutor Ricardo Belchior
Tôrres, coordenador do curso e chefe do
Departamento de Engenharia Química
da FEI, como ‘Professor ABEQ’, título
que assegura ao docente o exercício de
suas funções por dois anos. Neste período, o professor será o responsável
pelo desenvolvimento de programas de
interesse comum entre o Departamento
de Engenharia Química da FEI e a ABEQ,
disseminando informações e eventos
organizados pela Associação aos
professores e alunos da Instituição.
“É um privi­légio representar a FEI
e levar para a ABEQ as nossas
ideias e discussões sobre os mais
importantes temas relacionados com o desenvolvimento
da Engenharia Química
no Brasil”, comemora o
docente, ao lembrar que
é a primeira vez que a
FEI mantém vínculo
tão próximo com
a entidade.
des do pré-sal
Da esq.: Edson
Bouer, da ABEQ, e
Oswaldo Kawakami,
da Petrobras:
investimentos e
tecnologia
Debates abordaram diferentes temas
Com seis palestras diárias, o ChEFEI abordou vários aspectos da exploração do pré-sal, entre os quais as diretrizes da
indústria do petróleo, com foco em políticas de desenvolvimento e formação de recursos humanos. O diretor-presidente
da ABEQ, Edson Bouer, explicou que somente em exploração
e produção, os investimentos são os maiores realizados
globalmente e estão na ordem dos US$ 700 bilhões. “O combustível fóssil se manterá como a principal fonte de energia
para o crescimento econômico nos próximos anos e o poder
da indústria petrolífera continuará nas mãos dos países que
controlam as reservas”, afirmou, na palestra ‘Desafios tecnológicos do pré-sal para a Engenharia Química’. O engenheiro
também demonstrou preocupação com a formação de mão de
obra para atender às demandas da indústria do petróleo nos
próximos anos, uma vez que, na extensa cadeia de exploração
e produção do óleo, há um déficit de profissionais qualificados.
Elias Ramos de Souza, superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da ANP e professor dos cursos de
graduação do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e do Programa
de Pós-graduação da Universidade Federal da Bahia (UFBA),
lembrou que a legislação para a exploração de bacias, como
leilões e contratos de concessão ou partilha, além das normas
de conteúdo local, exigem o uso de tecnologia nacional em
parte dos equipamentos utilizados na exploração de petróleo
e gás. “Com o uso de alta tecnologia local, o Brasil pode ser
tornar um exportador de instrumentos. Estima-se que, até
2022, o total acumulado investido em pesquisa e
desenvolvimento seja de aproximadamente
R$ 29 bilhões”, salientou, durante a palestra ‘O setor de óleo
e gás no Brasil’.
Segundo Oswaldo Kawakami, gerente geral da unidade
de operação de exploração e produção da Petrobras na bacia
de Santos, os novos equipamentos disponíveis já permitem
a redução de tempo e de custos para a perfuração de poços.
“Atualmente, em 90 dias é possível fazer a perfuração ao custo
de R$ 80 milhões”, enfatizou, ao comparar com a primeira
perfuração realizada pela Petrobras para a extração em águas
profundas, que teve a duração de um ano com gastos de
R$ 240 milhões.
O professor Ronaldo Gonçalves dos Santos, da FEI, acrescenta que há muitos detalhes que devem ser compreendidos
desde a extração do óleo em águas profundas até a chegada
às refinarias, uma vez que o óleo é resultado de compostos
muito complexos. A investigação deve ser iniciada pela origem
do combustível fóssil. ”O advento do pré-sal abre um grande
leque de possibilidades para o engenheiro químico, devido aos
sólidos conteúdos de termodinâmica química e fenômenos de
transporte inseridos em sua formação. Esses conhecimentos
são altamente requeridos para a previsão de propriedades de
misturas complexas, como o petróleo, e de seu escoamento
pelos poros do reservatório”, ressalta. Durante a palestra
‘Propriedades interfaciais e equilíbrio de fases aplicadas na
produção de petróleo’, o professor apresentou alguns aspectos
que serão abordados na linha de pesquisa em petróleo, gás e
biocombustíveis implantada no Programa de Mestrado em
Engenharia Química da FEI.
15
destaques
Travessia desafia estudantes
Na quinta edição,
concurso de
construção de
pontes com palitos
de sorvete reuniu
225 participantes
M
atemática, Física, Geometria, conhecimentos sobre
estruturas e planejamento são
algumas das competências trabalhadas
pelos estudantes que participam do Concurso Travessia, competição realizada pelo
Centro Universitário da FEI que objetiva a
construção de pontes apenas com palitos
de sorvete. A quinta edição, realizada dias
13 e 14 de novembro, reuniu 180 alunos
de ensino médio, organizados em 45 equipes, e 45 estudantes de ensino superior,
divididos em 13 grupos na categoria ABC
e cinco times na categoria PRO. No total,
60 instituições de ensino de 12 municípios
participaram da competição.
No Concurso Travessia, as equipes são
desafiadas a construir uma ponte com tabuleiro celular utilizando palitos de sorvete
e cola, e aquela que desenvolver o projeto
mais eficiente do ponto de vista estrutural
vence a competição. Neste ano, foi permitido também o uso de barbante, de maneira
estendida, e de clipe de papel, mas somente
na fase de construção. Outra novidade
16
trazida por esta edição é a utilização de
células de carga, dispositivo eletrônico que
indica, de maneira simultânea aos testes,
as cargas que estão atuando nos apoios
das estruturas.
O projeto da ponte deve ser inspirado
em um protótipo já existente e a construção tem de ser feita no primeiro dia, em
um período de quatro horas. No segundo
dia do concurso é realizada a apresentação
dos projetos e a submissão dos mesmos a
diferentes cargas para a passagem de um
trem. Para cada nova passagem do veículo
sobre a superfície da ponte, mais carga é
adicionada até que ocorra a iminência de
instabilidade da estrutura ou deformação
vertical da mesma. Os testes são finalizados quando ocorre a ruptura da ponte ou
quando a mesma toca qualquer parte do
equipamento, além dos pontos de apoio,
sendo válida a última carga medida antes
desse comportamento. Além do coeficiente de eficiência estrutural, outros critérios
compõem as notas dos grupos, como criatividade, estética e cooperatividade.
O professor doutor Kurt André Pereira
Amann, organizador do concurso e chefe
do Departamento de Engenharia Civil do
Centro Universitário, afirma que a competição promove o desenvolvimento de habilidades nos participantes, agrega conhecimentos e incentiva o trabalho em equipe
e a cooperação. “O Travessia permite a
vivência em projetos de Engenharia, com
o planejamento, a execução e a verificação
de desempenho da ponte”, observa. Por ser
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
multidisciplinar, o concurso estimula um
rico processo de pesquisa em sistemas de
estrutura e métodos de construção, além
de planejamento, item essencial para o
sucesso no desenvolvimento do protótipo.
Pela quarta vez, o Colégio Viva Vida,
localizado em São Bernardo do Campo,
levou duas equipes à competição. Segundo
Artur Fernando de Vito, docente de Física
da escola, o concurso permite a aplicação
de conteúdos aprendidos pelos estudantes
durante o primeiro ano do ensino médio,
como os princípios de tração, além do
contato dos mesmos com o Centro Universitário, aproximando-os de carreiras
tecnológicas. “O trabalho em equipe é
essencial neste concurso”, observa.
Premiação
A equipe de ensino médio campeã foi a
‘Primeirão’, do Colégio Amorim Ermelino
Matarazo, contemplada com uma lousa
interativa para a escola e um Ipod Nano de
16G para cada integrante do grupo e para o
professor orientador, além de medalhas e
certificados. Na categoria ABC, disputada
por alunos dos ciclos básicos dos cursos
de Administração, Engenharia e Ciência
da Computação, a equipe vencedora foi a
‘RLX tem P3’. Na modalidade PRO, destinada para alunos do 3º ao 10º ciclos dos
cursos de graduação da FEI, o vencedor
foi o time ‘BACON’. A premiação também
consiste em Ipod Nano 16G para cada
participante do grupo, acompanhado de
medalha e certificado.
destaques
Parceria de longa data
Ruy Hizatugu
Chefe do Departamento de
Engenharia Mecânica da FEI é
homenageado no SAE BRASIL 2013
N
o Brasil desde 1991, a Sociedade de Engenheiros
da Mobilidade (SAE BRASIL) é uma associação sem
fins lucrativos que congrega engenheiros, técnicos,
executivos e estudantes que tenham interesse em disseminar
técnicas e conhecimentos relativos à tecnologia da mobilidade
terrestre, marítima e aeroespacial. Anualmente, a entidade
homenageia, durante seu Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade, 10 personalidades do setor
automotivo, de 10 diferentes áreas, por relevante contribuição
para a área no País. Neste ano, o homenageado com o Prêmio
SAE BRASIL 2013 na área de Educação foi o chefe do Departamento de Engenharia Mecânica do Centro Universitário da
FEI, professor doutor Roberto Bortolussi.
Desde que se instalou no Brasil, a SAE BRASIL trabalha
em parceria com instituições de ensino superior, incentivando
projetos científicos e acadêmicos. A entidade também realiza
inúmeras competições que envolvem centenas de estudantes de
vários cursos de Engenharia e instituições de ensino superior.
O professor Roberto Bortolussi ressalta que a SAE é a grande
motivadora do aprendizado com a realização das competições,
pois os alunos conseguem colocar em prática seu aprendizado e
têm de se esforçar para fazer o melhor. “A FEI sempre objetivou
a colocação da teoria junto com a prática, e as competições da
SAE nos permitem fazer isso”, afirma.
O professor doutor Roberto Bortolussi
(ao centro) com representantes da SAE BRASIL
Segundo o docente, os alunos que participam das competições se destacam no mercado de trabalho e levam uma
boa bagagem para a carreira, pois, nas disputas, o conteúdo
ensinado em sala de aula é colocado em prática no aspecto
técnico e humano. “Esta homenagem foi reflexo do trabalho dos
estudantes. O empenho que eles têm nos projetos e na escola
faz com que construam uma carreira profissional brilhante. Eu
dou a direção, mas o empenho é deles. Por isso, dedico muito
mais este prêmio para meus alunos”, enfatiza o professor, que
também é o coordenador dos projetos Baja FEI e Fórmula FEI,
que participam das competições da SAE BRASIL desde a primeira edição, em 1995. Em 2012, o vencedor do Prêmio SAE
BRASIL de Educação foi o professor Ricardo de Andrade Bock,
também do Departamento de Engenharia Mecânica da FEI.
Fórmula FEI segue
para disputa mundial
Depois de vencer a etapa nacional do Fórmula SAE Brasil-Petrobras,
em outubro, a equipe Fórmula FEI ganha o direito de representar o Brasil
na final mundial do Fórmula SAE, em Michigan, nos Estados Unidos, de
14 a 17 de maio de 2014. O protótipo RS8, desenvolvido pelos alunos
de Engenharia Mecânica da Instituição, tem como pontos fortes a manobrabilidade e baixa massa (peso). Entre os destaques do carro estão,
ainda, a utilização do pacote aerodinâmico, que permite maior força de
contato pneu/solo, e o controle de tração inteligente, que faz a leitura das
velocidades nas quatro rodas e coordena o torque disponibilizado pelo
motor, garantindo excelente desempenho em aceleração longitudinal.
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
17
destaques
Pesquisadores estão
unidos no Grande ABC
I
mportante instrumento para a integração das universidades instaladas na região, o Simpósio de Pesquisa do
Grande ABC é uma oportunidade única para os pesquisadores vinculados às instituições de ensino apresentarem seus
estudos. A terceira edição do encontro, realizada em novembro,
foi marcada pela intensa interação entre alunos, professores,
pós-graduandos, mestres e doutores, que reuniram 342 trabalhos das áreas de Biomédicas e Saúde, Administração e Ciências
Sociais, Engenharia, Ciência da Computação e Educação.
O movimento, idealizado pelos vice-reitores de Pesquisa de
sete instituições de ensino superior do Grande ABC – Centro
Universitário da FEI, Centro Universitário Fundação Santo
André (FSA), Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia, Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Universidade
Metodista de São Paulo (UMESP), Universidade Municipal
de São Caetano do Sul (USCS) e Universidade Federal do ABC
(UFABC) – tem como objetivo divulgar e fomentar parcerias
em pesquisa.
O professor doutor Carlos Eduardo Thomaz, do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI, que conduziu alguns
alunos palestrantes da área, aponta um visível aprimoramento
na apresentação dos trabalhos inscritos nesta edição. “Tivemos
sessões específicas de apresentações orais de trabalhos. Isso é
um exercício bastante interessante, principalmente para nossos discentes ingressantes no ambiente acadêmico”, observa.
O docente lembra que faz parte da formação do pesquisador
18
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
expor oralmente, e de forma didática e crítica, os resultados da
pesquisa, a metodologia utilizada e as conclusões, tudo em um
tempo pré-estabelecido.
Para muitos jovens pesquisadores, especialmente de Iniciação Científica, o Simpósio é a primeira oportunidade de
apresentarem seus estudos para um público mais especializado.
“Havia palestrantes de vários níveis acadêmicos e isso é ótimo.
Esse tipo de apresentação, inclusive em outras línguas, fará
parte do dia a dia do pesquisador”, acentua o professor. As apresentações com pôsteres ou painéis também configuram uma
prática enriquecedora para os alunos, pois propiciam diálogo e
conversas proveitosas sobre um mesmo tema de interesse entre
participantes de diferentes níveis de graduação.
O professor doutor Edmilson de Moraes, coordenador do
Programa de Mestrado em Administração da FEI e integrante do
Comitê de Avaliação da área no Simpósio, acrescenta que a troca
de informações sobre as pesquisas em desenvolvimento entre
pesquisadores dessas diversas áreas tem potencial para gerar
pesquisas relevantes, que façam pontes entre áreas distintas
do conhecimento. “O Simpósio é importante para possibilitar
os contatos e abrir perspectivas de parcerias para pesquisas e
publicações futuras”, avalia.
Ampliação
A cada ano, o Simpósio contribui para que se fomente um
ambiente no qual mais parcerias em pesquisas possam ser
efetivadas. Para manter o caráter regional do encontro, todas
as pesquisas apresentadas devem ter, obrigatoriamente, ao
menos um coautor local. “É importante estimular colaborações
científicas e tecnológicas entre as sete instituições, mas, no
futuro, o Simpósio poderá se tornar estadual e até nacional”,
prevê o professor Carlos Eduardo Thomaz.
Fotos: Eduardo Damini/Metodista
Cresce interação entre instituições
de ensino superior da região, que
se reúnem em simpósio anual
destaque jovem
Tecnologia em iluminação
Engenheiro eletricista
é gerente para o canal
OPTO Semicondutores
O
Plano Nacional de Eficácia
Energética do Ministério de
Minas e Energia prevê a proi­
bição da fabricação e da importação de
lâmpadas incandescentes entre 61W e
100W no Brasil após o mês de dezembro
deste ano. A iniciativa tem como objetivo
reduzir o consumo de energia no País em
10% até 2030. O plano também prevê
que, até 2017, seja planejada a suspensão
da produção, importação e comerciali­
zação de iluminação incandescente em
território nacional, considerada uma das
vilãs do consumo energético. A intenção
é substituir integralmente essas lâmpa­
das por opções mais sustentáveis, como
as lâmpadas de LED, que são 80% mais
econômicas.
Para o engenheiro eletricista Marlon
Gaspar, graduado pelo Centro Universitá­
rio da FEI em 2011, a medida é sinônimo
de trabalho. O profissional, que é gerente
nacional para o canal OPTO Semicondu­
tores – Divisão de Diodos LED da Osram,
multinacional alemã fabricante de lâmpa­
das e artigos para iluminação, é o respon­
sável pela avaliação e pelo planejamento
20
de estratégias de vendas em setores em
que são utilizados diodos de LED para
a industrialização de produtos no País,
como os segmentos automotivo e de ilu­
minação. “Um dos desafios envolvidos em
meu trabalho é a apresentação das tecno­
logias em LED aos clientes e ao mercado,
uma vez que ainda estão acostumados às
soluções antigas”, destaca.
Há seis meses, o engenheiro eletricista
trabalha como interface da empre­sa junto
aos públicos de interesse, administran­
do a cartela de clientes em projetos e
deman­das. Para desempenhar a função,
a formação técnica adquirida ao longo da
graduação é fundamental. “A confiança
transmitida pela empresa é determinante
para a realização da venda e, por isso, é
muito importante conhecer os produ­
tos, como funcionam e quais são as suas
tecnologias, além de compreender quais
são os objetivos dos clientes. A FEI, sem
dúvida, é a grande responsável pelos co­
nhecimentos técnicos que utilizo em meu
trabalho”, observa.
Marlon Gaspar ingressou na Osram
há dois anos e meio como engenheiro de
vendas, cuja função era prestar suporte
técnico e fazer prospecção e vendas de
diodos de LED. “Quero contribuir para
a educação das empresas para o uso de
tecnologias de LED”, enfatiza, sobre
as suas perspectivas profissionais, que
compreendem, ainda, a ascensão a cargos
de maiores responsabi­lidades na orga­
nização. As experiências profissionais
anteriores do engenheiro são relaciona­
das à área de eletrônica, ênfase de sua
formação acadêmica. Antes de integrar o
quadro de profissionais da Osram, Marlon
Gaspar foi estagiário em Engenharia e
técnico em eletrônica na SMS Tecnolo­
gia, no Departamento de Engenharia de
Desenvolvimento. No entanto, a carreira
do engenheiro começou quando ainda
tinha 16 anos de idade e trabalhava com
máquinas de automação.
Até chegar à empresa alemã, outras
três vivências profissionais o prepararam
para o mercado de trabalho, com a reali­
zação de atividades de vendas técnicas e a
calibração eletrônica de sensores de termo­
metria. Para o engenheiro, estar aberto a
diferentes possibilidades é uma forma de
conhecer oportunidades que estão além do
que é planejado, e adotar comportamentos
humildes ao buscar projetos e se relacionar
com as pessoas também é um princípio
valioso para uma carreira bem-sucedida. “É
importante traçar metas e comprometer-­
se a seguir em frente. As adversidades e
os aprendizados humanísticos e sociais
vivenciados durante a minha passagem
pelo Centro Universitário me prepararam
para ser persistente e buscar meus objeti­
vos”, acentua.
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
19
Entrevista – eduardo camargo
Um especialista em co
A
os 39 anos de idade, o engenheiro de produção têxtil Eduardo
Camargo já chegou ao topo da
carreira. Formado em julho de 1997 pelo
Centro Universitário da FEI, o engenheiro
assumiu, em setembro, a presidência da
CCR ViaOeste, concessionária de rodovias
da região Oeste do Estado de São Paulo, e
do Rodoanel Oeste, que vai do início da rodovia dos Bandeirantes até a rodovia Régis
Bittencourt. A rápida ascensão na carreira
se justifica pela competência técnica e
também porque o profissional acreditou
e se especializou em um segmento que
ganhou força na última década no Brasil e
ainda tem muito para crescer.
O senhor é um presidente muito jo­
vem. Como chegou a esse estágio na
carreira em tão pouco tempo?
Já estou no Grupo CCR há 13 anos e
praticamente fiz carreira aqui. Tive dois
empregos anteriores, mas me formei profissionalmente na companhia. Comecei a
trabalhar no Centro Corporativo da CCR
bem no início das operações da empresa,
que tinha só um ano de vida e era uma
aposta, pois a concessão de rodovias era
um negócio novo no Brasil. Entrei na
holding e trabalhei inicialmente na área
financeira. A CCR foi a primeira empresa a
lançar ações no novo mercado da Bovespa
e tive participação ativa no processo de
abertura de capital.
Como estavam as concessões naquela
época no Brasil?
A companhia tinha cinco concessões
de rodovias em 2000 e, desde então,
vem crescendo muito. Houve uma época
em que os negócios andavam um pouco
devagar no Brasil e resolvemos olhar o
mercado no exterior, que estava bastante
promissor. Fui indicado para estudar o
mercado norte-americano de concessões
20
“Eu optei pela FEI pela qualidade e pelo
currículo. É uma das faculdades top na
área de Engenharia e não me arrependo.
e, em seguida, administrar um escritório
que a CCR tinha acabado de abrir naquele
país. Lá, ganhamos uma concessão no
Estado de Denver, em parceria com um
grupo português que também era acionista da CCR. Tentamos outros projetos,
mas não aconteceram porque os bancos
não tinham linhas de financiamento e
também era um negócio novo nos Estados
Unidos. Quando voltei ao Brasil já vim
para a ViaOeste e assumi uma posição de
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
relações institucionais. Cuidei de todas
as relações com as prefeituras, câmaras e
organizações não governamentais e surgiu
a oportunidade para que eu assumisse uma
diretoria. Fiquei três anos como diretor de
Operações, função que incluía dividir um
pouco a responsabilidade da operação das
rodovias com o presidente e cuidar de metas de curto e médio prazo. Recentemente,
quando o então presidente assumiu outra
posição no Grupo, eu assumi a presidência.
ncessões
A formação em Engenharia de Produ­
ção lhe deu toda essa bagagem para
fazer uma carreira tão rápida?
Acho que a Engenharia, de maneira
geral, favorece isso sim, porque ajuda bastante a abrirmos a nossa cabeça, estarmos
preparados para ter um raciocínio rápido,
um pensamento estratégico. Creio que
isso é próprio do curso de Engenharia e,
se me perguntassem se eu faria, hoje, o
mesmo curso, eu diria que sim. Acho que
fiz a escolha certa.
Por que a opção pelo curso na FEI?
Eu optei pela FEI pela qualidade e pelo
currículo. É uma das faculdades top na
área de Engenharia e não me arrependo.
Na verdade, fiz dois anos de têxtil para
depois mudar para a produção e não me
arrependo. Fiz grandes amigos na FEI e
muitos estão muito bem profissionalmente. Escolhi Engenharia pelo gosto pela área
de Exatas. Quando temos 17 anos não
sabemos direito se é a escolha certa, mas
era o que eu gostava e acabei enveredando
por esse caminho.
Como está o setor de concessões
no Brasil e quais são as principais
dificuldades desse mercado?
Na área de concessão de rodovias existem programas federais e estaduais. Na
primeira fase do programa federal foram
licitadas, em 1995, a Ponte Rio Niterói,
no Rio de Janeiro, e a Rodovia Presidente
Dutra, que liga São Paulo ao Rio, ambas do
Grupo CCR. Esse era o início do programa
e foi um aprendizado para todos os envolvidos. Em 1996 e 1997, o Estado de São
Paulo também criou um programa bem
ambicioso de concessão de rodovias, com
vários lotes, e foram concedidas a Castelo
Branco, Bandeirantes, Anhanguera, Imigrantes e Anchieta, todas na primeira fase.
Existiram também concessões no Estado
do Paraná, das quais participamos. Cada
uma tinha um modelo diferente, mas eram
estradas ou rodovias com maior viabilidade financeira, porque são as que têm maior
fluxo. Em 2007, o governo federal lançou
um segundo programa de concessões e surgiram as rodovias Fernão Dias e Régis Bittencourt, entre outras. O governo passou a
licitar as concessões no modelo de menor
tarifa e o mercado já estava mais maduro,
o que explica um pouco o porquê de os
preços praticados nos pedágios nessas
rodovias serem menores. Nas primeiras
concessões estava embutida uma incerteza
de como os negócios fluiriam. Era um momento diferente do País e os investidores
entendiam que aquele negócio tinha muito
mais risco. Depois,­veio a segunda fase do
programa estadual de concessões, quando­
o Rodoanel foi licitado. O governo do
Estado fez toda a obra e depois concedeu
para a iniciativa privada. Agora vem outra
fase do progra­ma­federal de concessões
que, inclusive, o Grupo estu­da. São lotes
muito grandes em termos de extensão de
rodovias, com mais de mil quilômetros
cada um, que exigirão investimentos de
até R$ 5 bilhões para recuperação das rodovias e, na maioria dos casos, para duplicar
trechos. Alguns estudiosos acham que, se
tudo isso efetiva­mente acontecer, a falta de
engenheiros que vemos hoje ficará ainda
mais visível. Aliás, não só de engenheiros,
mas de empresas capazes de executar esses
investimentos, essa grande quantidade de
duplicação e de extensão de rodovias, e isso
nos preocupa.
Para que uma concessionária tenha
interesse em determinada rodovia
precisa ter fluxo de veículos que
justifique esse investimento?
É um tripé, uma combinação entre o
fluxo de veículos versus a tarifa proposta
versus o tamanho do investimento necessário. Se isso tudo não para de pé, se
a concessionária não gera uma receita
suficiente para pagar esse investimento e
retornar para o acionista, o negócio acaba
não tendo interesse no mercado. Foi isso
o que aconteceu em um dos últimos leilões
do governo federal. O projeto não estava
bem dimensionado.
Como é possível ter boas rodovias
com tarifas de pedágio mais baixas?
É uma balança que precisa estar bem
equilibrada, do contrário, não se consegue
viabilizar a concessão. Existem as rodovias
que conseguem ser autossustentáveis só
com a receita de pedágio e as rodovias
que não geram tanta receita, mas podem
ser viabilizadas por meio do modelo de
Parceria Público-Privada (PPP) e, nesse
caso, o governo precisa colocar um pouco
de dinheiro. É um negócio subsidiado, e o
governo do Estado de São Paulo já fala em
fazer um programa de PPP muito amplo.
As rodovias em concessão no Brasil
são mais seguras?
Sim, na CCR temos uma área de inteligência para aprimorar o trabalho e um
processo de melhoria contínua. As rodovias são monitoradas a partir de um Centro
de Controle Operacional (CCO) onde ficam
nossos controladores, responsáveis por
toda a inteligência na disponibilização dos
recursos. Além disso, compartilhamos nosso CCO com a Polícia Militar Rodoviária,
que controla ocorrências, como assalto,
fechamento de faixa ou mesmo acidente
grave que nos obrigue a fechar o tráfego na
rodovia para receber o helicóptero Águia,
o que é comum. As rodovias estão muito
seguras devido ao fato de não terem buracos, serem bem sinalizadas e duplicadas,
mas também porque temos 80% do trecho
coberto por câmeras, no caso da ViaOeste,
e 100% no Rodoanel Oeste. Os outros 20%
têm pouco movimento e poucas ocorrências, além de serem cobertos pelos veículos
de inspeção. A Polícia Rodoviária nos au-
outubro a dezembro de 2013 | Domínio fei
21
Entrevista – eduardo camargo
xilia muito nas questões de acidentes de
trânsito. Temos um Comitê de Segurança
Viária do qual participam a concessionária
e a Polícia Militar Rodoviária, e avaliamos
todos os acidentes de maior gravidade em
questões de Engenharia e de segurança
para ver o que podemos fazer para evitar
novos acidentes. Investimos também em
um programa de educação que envolve
crianças das escolas de todos os municípios
onde a CCR atua. Já atendemos mais de 1,5
milhão de crianças.
As concessionárias investiram cerca
de R$ 16 milhões em 15 anos e fatura­
ram mais de R$ 38 bilhões, segundo da­
dos do setor. A concessão de rodovias
é um bom negócio?
Sem dúvida. Vou abordar os três
stakeholders deste negócio. O primeiro é o
governo. Se o contrato está bem desenha­
do, as concessionárias têm de cumprir
todas as obrigações e aquela rodovia estará
em boas condições. Toda vez que houver
uma necessidade de fazer uma ampliação,
por questão de capacidade, será feita, pois
isso também deve estar previsto em contrato. A concessão desonera o governo, que
deixa de investir em rodovias e investe em
áreas como saúde, educação, segurança. A
empresa privada também gera empregos.
Somente o Grupo CCR tem mais de 10
mil colaboradores diretos, além de gerar
empregos indiretos cada vez que contrata
uma empresa terceirizada. Nossa estimati­
va é de que os indiretos sejam o dobro dos
diretos, portanto, estamos gerando um
total de 30 mil empregos. Além disso, no
nosso negócio quase 35% é imposto, seja
municipal, estadual ou federal. Portanto, o
governo tem essa vantagem também. Por
exemplo, da nossa receita bruta de pedágio, 5% é ISS (Imposto Sobre Serviços),
que vai direto para os municípios por onde
a rodovia passa, proporcional à quilometragem. Hoje, qualquer prefeito quer uma
rodovia que passe na porta do município,
primeiro pelo desenvolvimento que isso
leva à cidade e, segundo, pela arrecadação
de ISS. Em alguns municípios no trecho
da CCR, o ISS que a rodovia paga é maior
22
“Tem uma série
de serviços que
o programa
de concessões
oferece...”
que o fundo de participação que a cidade
recebe do governo federal. Também procuramos gerar empregos nas comunidades
locais. No aspecto dos acionistas, a partir
do momento que apresentam um plano
de negócios e entregam esse plano aos
executivos que trabalham na empresa, vão
querer receber o que foi projetado. Nosso
objetivo é buscar melhorias de eficiência e
de processo, pensar em novas estratégias,
estudar novas tecnologias e impor metas
anuais para que possamos atender às expectativas dos acionistas.
Os usuários costumam reclamar do
valor dos pedágios...
Fazemos pesquisas anualmente em
todas as concessionárias do nosso Grupo
– temos utilizado inclusive o Datafolha – e
o índice de satisfação dos nossos usuários
está em torno de 80% a 90%. Acredito que
seja uma das poucas prestações de serviços
com um nível de satisfação tão alto. Mesmo quanto ao pedágio, não temos tanta
reclamação. É lógico que, se perguntarmos
para um usuário se ele acha que o pedágio
é caro, tenho certeza de que a maioria dirá
que sim, da mesma maneira que qualquer
outra conta que temos de pagar. No entanto, acreditamos que a pergunta correta a se
fazer é se a concessão vale a pena e, neste
caso, o usuário também dirá que sim.
O que pode ser feito para diminuir a
tarifa da maioria dos pedágios?
Tem uma série de serviços que o pro­
grama de concessões oferece que praticamente existem só no Brasil, até por uma
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
deficiência do próprio setor público. Por
exemplo, o serviço médico e de guincho
que as concessionárias mantêm nas
rodovias são serviços caros. Mas, se perguntarmos aos usuários se abririam mão
desses serviços por uma tarifa mais barata,
a resposta seria não. Então, o que sobra
são os impostos. O que o setor precisaria
para diminuir custos seria de algum tipo
de desoneração, mas ninguém fala disso.
O sistema ponto a ponto que o gover­
no de São Paulo está testando, no
qual o motorista paga pelo trecho
que utilizar, parece mais justo...
É mesmo muito interessante, mas
temos muitas questões para corrigir no
Brasil antes de partir para este modelo
em definitivo, embora seja uma tendência.­
O exemplo mais latente está na Nova
Dutra, na qual apenas 9% dos usuários
que circulam pela rodovia pagam pedágio
efetivamente. É um modelo injusto, pois
a Dutra tem muito mais que mil entradas
e saídas. Por exemplo, quem mora em São
Paulo e vai para o aeroporto de Cumbica
usa a Dutra e não paga nada por isso. Porque as praças de pedágio, em geral, foram
construídas nos lugares onde passam menos veículos. Existe uma injustiça, porque
têm poucas pessoas pagando pedágio para
todo mundo utilizar as rodovias. O modelo
no Brasil é esse, de rodovia aberta. Temos
apenas um modelo de rodovia fechada, que
é o Rodoanel, onde todos os veículos pagam pedágio. Quando pudermos cobrar a
tarifa por quilômetro rodado teremos uma
tarifa muito menor e mais gente pagando.
Outro problema é a falta de fiscalização, o
que dificulta a cobrança no sistema ponto
a ponto. Do total da frota de veículos de
São Paulo, por exemplo, cerca de 40% está
irregular e não paga nem IPVA, nem licenciamento, nem multa, nada! Se formos
para um Estado que tem menos condição
que São Paulo, imagino que o número seja
muito pior. Hoje, temos uma barreira que
impede que esse motorista passe pelo pedágio sem pagar, que é a cancela. A partir
do momento que retirarmos essa barreira
e colocarmos cobrança 100% eletrônica ou
mos. Todas as rodovias que chegam a São
Paulo são gargalo, porque funcionam como
grandes avenidas. Temos vários projetos
para melhorar essa realidade, que estão
em negociação com o governo do Estado
de São Paulo, mas ainda não posso adiantar
nenhum deles.
automática, como é que vamos cobrar desse usuário? O risco de perda é muito alto.
O sistema brasileiro de concessões é
considerado bom?
Sim, o Brasil é um modelo que deu
certo. Aqui, as concessionárias pegaram
algumas rodovias existentes e melhoraram
a qualidade, em muitos casos duplicaram,
estenderam trechos, agregaram muitos
investimentos. Sem dúvida é um programa
vencedor, com alto índice de satisfação dos
usuários e dos governos.
Os negócios da CCR estão centrados
principalmente no Brasil?
Sim, mas já temos alguns ativos fora.
Neste ano, adquirimos três aeroportos:
no Equador; em Curaçao, no Caribe; e na
Costa Rica, e também o aeroporto de Confins, em Minas Gerais. Além disso, temos
investimentos em Metrô. A CCR ganhou a
primeira Parceria Público-Privada do Estado de São Paulo com a linha 4 do Metrô,
que é a linha amarela. O contrato é para
operar o Metrô por 30 anos. Compramos
toda tecnologia de trens, equipamos os
sistemas e operamos. O sistema é moderno e não tem maquinista. A diferença de
eficiência é enorme e se dá principalmente
pela quantidade de pessoas trabalhando.
Qual o perfil de engenheiro que inte­
ressa para a CCR?
Precisamos de engenheiros de várias
modalidades, mas, especialmente, profissionais com muita vontade de trabalhar.
Trabalhamos tanto com profissionais
experientes quanto na formação de pes­
soas. Temos um programa de trainee
muito reconhecido e vamos ao mercado
em busca desses profissionais, que ficam
seis meses passando por todas as áreas da
empresa e, depois, são direcionados para
uma área específica. Esses trainees vão ser
os gestores, os diretores da CCR no futuro.
A academia está formando profissio­
nais para atender a essa demanda?
Sim. Temos tido boas surpresas com os
trainees. Fico muito impressio­nado em ver
O que o senhor faz para manter o
corpo e a mente em ordem?
Tenho um convívio muito bom com
meus filhos. Pelo menos uma vez por
sema­na monto minha agenda para sair
mais cedo, pegá-los na escola, passar um
final de dia agradável com eles. Nos fins de
semana dificilmente tenho algum compromisso de trabalho, então, consigo ter um
tempo para eles e curtimos bastante. Cuido
muito da minha saúde também. Gosto de
correr e procuro fazer atividade esportiva
pela manhã, porque o final do dia é um
pouco menos previsível.
“Precisamos de
engenheiros
de várias
modalidades...”
qual é a sua dica para os engenheiros
que buscam sucesso profissional?
como são rápidos, muito mais ansiosos e
têm muita vontade de crescer logo, e esse
é um cuidado que temos de ter. Trabalhamos com engenheiros civis, para tocar os
grandes projetos, mas também precisamos
do engenheiro eletricista, eletrônico, de
segurança do trabalho, entre outros, assim
como de engenheiro ambiental para os
cuidados que temos com o meio ambiente.
Quais são os maiores desafios do seu
cargo?
Tenho dois grandes desafios. O primeiro é cuidar e motivar as pessoas. Temos
muitos profissionais com bastante tempo
de casa e trabalhamos para motivá-los a
sempre pensarem diferente. Procuro trabalhar para que tenhamos um clima muito
favorável, porque isso é um ciclo virtuoso:
quando temos um ambiente com pessoas
motivadas conseguimos sempre melhorar
os resultados. O outro desafio é que vivemos em um mundo cada vez mais urbano
e temos de pensar em soluções para esse
crescimento, pois é de projetos grandes e
importantes de Engenharia que precisa-
Primeiro é fazer o que se gosta. Se não
fizermos o que gostamos, não faremos
com um padrão de qualidade e isso é muito
transparente. Sempre gostei muito das atividades que desenvolvi. Encaro o negócio­
em que estou como algo apaixonan­te,
temos um desafio todo dia, todo dia enca­
ramos algo novo e aprender algo todos
os dias é muito motivador. Também é
uma questão de dedicação e sempre me
dediquei muito ao trabalho. Além disso,
devemos saber como ser maduros, como
ter a postura correta. Costumam dizer que
pareço mais maduro do que deveria ser,
pela minha idade, mas, para mim, isso é
uma questão de educação que se aprende
em casa. Muito mais do que a educação,
aprendemos em casa a ter integridade. E
essas são as características que procuro
em um profissional para trabalhar comigo:
integridade, honestidade, ética. O conheci­
mento é algo que se aprende também no
dia a dia, afinal, não existe faculdade de
concessão de rodovias. Mas podemos
aprender todos os dias com a experiência
de outras pessoas.
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
23
pesquisa & tecnologia
Rumo ao espaço
Estudos sobre
dispositivos robustos
à radiação ionizante
objetivam uso em
satélites e aeronaves
A
radiação pode ser gerada por
fontes naturais ou por dispositivos construídos pelo homem, podendo ser classificada em duas
categorias: ionizante e não ionizante. A
não ionizante é caracterizada pela baixa
energia e está presente em ondas eletromagnéticas, como luz, calor e ondas de
rádio. Já a radiação ionizante tem como
propriedade a energia em quantidade
suficiente para a interação com átomos
neutros, com os quais interage nos
meios em que se propaga. Neste caso, a
energia é passível de arrancar elétrons
dos átomos, processo em que o mesmo
deixa de ser neutro e passa a ter uma
carga positiva.
A radiação ionizante pode ser exemplificada pelas partículas alfa e beta e
pelos raios gama, raios-X e também pelos
nêutrons, não possui cor, cheiro, som e é
indolor. Altamente penetrante, é utilizada
nas áreas da saúde, indústria, agricultura,
pesquisas de cronologia da Terra e geração­
de energia. Além disso, está presente no
espaço, sendo conhecida como radiação ionizante cósmica ou galáctica. Em elevadas
altitudes, pode ser prejudicial a atividades
aéreas, como aviões, e também à órbita de
satélites, uma vez que tem a capacidade de
danificar os dispositivos eletrônicos existentes nos equipamentos e comprometer
o seu funcionamento. Com o propósito de
estudar dispositivos robustos à radiação
ionizante, o Centro Universitário da FEI
desenvolve pesquisas sobre o assunto nos
níveis de Iniciação Científica, Mestrado e
Doutorado, nos departamentos de Física
e Engenharia Elétrica.
A Instituição explora essa linha de
estudos há 12 anos, desde que o Brasil
começou a sofrer embargos externos
para a compra de itens eletrônicos e de
componentes de uso espacial, provocando atrasos no desenvolvimento de
projetos de interesse nacional.
Os pesquisadores do Centro
Universitário afirmam
que a integração entre
os dois campos do saber é
essencial para o desenvolvimento de estudos sobre dispositivos robustecidos, uma vez que
a Física detém os conhecimentos sobre
radiação, enquanto a Engenharia Elétrica
se incumbe dos dispositivos eletrônicos.
Integração é também o termo que define
os esforços de autoridades brasileiras,
órgãos públicos, instituições de ensino e
pesquisadores para que o País conquiste
sua autonomia na criação e fabricação de
transistores para uso espacial.
Uma das iniciativas é o projeto Cir-
Doutorando avalia efeitos em
Da esq.: O professor doutor Salvador Gimenez
orienta o aluno Luis Eduardo Seixas
24
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
Com o tema ‘Desenvolvimento de um sistema de caracterização elétrica dos efeitos da radiação ionizante em dispositivos
semicondutores e circuitos integrados’, orientado pelo professor
doutor Salvador Gimenez com colaboração da professora doutora
Marcilei Guazzelli, o pesquisador Luis Eduardo Seixas objetiva a
criação de um sistema automatizado, reconfigurável e inédito para
armazenamento de informações sobre circuitos integrados analógicos, digitais ou mistos, com o propósito de facilitar o acesso às
alterações das características elétricas para avaliação da robustez
de cada um deles. Para tanto, planeja a criação de um hardware
flexível para a avaliação de medidas elétricas, conectado via barramento PCI estendido de um computador para leitura dos dados
adquiridos em softwares com linguagens gráficas. “É um sistema
versátil, que pode ser utilizado para análise de dispositivos eletrônicos, além de ser de fácil reconfiguração”, afirma o pesquisador,
ao explicar que o sistema será compacto e poderá ser embarcado
para medição em aeronaves.
nais, e também em testes com prótons e
íons pesados utilizando os aceleradores
de partículas do IF-USP. Além disso, a
Instituição conta com a participação do
professor doutor Salvador Gimenez para
o desenvolvimento da Meta 3 do projeto,
referente à chave de potência com limite
de corrente. No amplo conceito proposto
pelo CITAR, também está incluída a tese
de doutorado desenvolvida na FEI pelo
engenheiro eletricista Luis Eduardo Seixas, que trabalha com pesquisas na área
no Centro de Tecnologia da Informação
Renato Archer, na Divisão de Concepção
de Sistemas de Hardware, espaço que
pertence ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (leia quadro).
enot-poloskun/istockphoto.com
cuitos Integrados Tolerantes à Radiação (CITAR),
iniciativa do governo federal que
reúne, entre outros, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Agência Espacial Brasileira (AEB), Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa
no Estado de São Paulo (FAPESP), Agência
Brasileira da Inovação (FINEP), Instituto
de Física da Universidade de São Paulo
(IF-USP), Centro de Tecnologia Renato
Archer, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Instituto de Estudos Avançados (IEAv), com a possível participação
do Centro Universitário da FEI, em breve.
A iniciativa, que objetiva a consolidação de
recursos e qualificação de mão de obra no
Brasil para projetos na área, foi organizada em metas e prevê gastos da ordem de
R$ 20 milhões de 2013 a 2015.
Segundo a professora doutora Marcilei A. Guazzelli da Silveira, do Departamento de Física da FEI, o projeto recebe
o maior investimento já feito pelo País
em um programa espacial com esta fina­
lidade. A docente integra, juntamente
com o professor doutor Roberto Baginski
Santos, chefe do Departamento de Física,
a equipe de qualificação do projeto na área
de raios-X, com a administração do equipamento disponível no Centro Universitário para testes e formação de profissio-
dispositivos semicondutores e circuitos integrados
O engenheiro realiza estudos das normas que dispõem sobre
os ensaios para a caracterização de transistores, a fim de executar
testes práticos. Na FEI, são feitos ensaios no equipamento de
raios-X, fonte energética controlada e segura, que foi totalmente
calibrada para poder ser aplicada nessa área de pesquisa. “Os
dispositivos são submetidos a diferentes doses de radiação e
também à variação de taxas de dose”, observa. A calibração do
equipamento é feita pela professora Marcilei Guazzelli, que também é interface do Centro Universitário no Instituto de Física da
Universidade de São Paulo para a realização de testes de radiação
ionizante no acelerador de partículas, chamado Pelletron. Os dispositivos estudados pelo doutorando também serão submetidos
a essa tecnologia e a fontes de Cobalto 60, recurso de energia
natural e limitado que desempenha ação similar à dos raios-X,
porém, em menor intensidade, conforme o que é estabelecido
em normas de estudos internacionais.
Em seu primeiro ano de doutorado, Luis Eduardo Seixas está
trabalhando na fase de testes da pesquisa. As avaliações são
feitas em dispositivos comuns e também em dispositivos que
possuem layouts diferenciados, tecnologia desenvolvida pelo
professor doutor Salvador Gimenez em colaboração com pesquisadores belgas, em 2010, e já exploradas em outros estudos
de pós-graduação orientados pelo docente. “Os novos desenhos
potencializam o efeito do transistor, elevando o valor de corrente
elétrica”, avalia. Os transistores desenvolvidos pelo professor
doutor Salvador Gimenez possuem formatos de diamante, octogonal e peixe, diferente da formatação quadrada empregada na
fabricação dos mesmos. Nessas novas configurações, já patenteadas pelo pesquisador, o dispositivo tem diminuição da área
vulnerável à radiação ionizante, o que eleva a sua capacidade.
Os resultados obtidos por meio dos testes serão comparados, a
fim de determinar quais dispositivos apresentam mais robustez
à radiação ionizante, para formar a base de dados da Plataforma
de hardware/software.
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
25
Simulação de dispositivos
Estudante do segundo ano de doutorado em Engenharia
Elétrica na FEI, Arianne Soares desenvolve pesquisa sobre os
‘Modelos analíticos de comportamento elétrico estático para
FinFETs’, transistor que utiliza mais de um plano para a condução
de corrente. O projeto é orientado pelo professor doutor Renato
Giacomini, chefe do Departamento de Engenharia Elétrica da
Instituição, que também supervisionou o trabalho de mestrado da
engenheira eletricista, concluído em 2012, sobre ‘Modelo analítico
de resistência parasitária para FinFETs de porta dupla’. A jovem
graduou-se em 2009 e, na Instituição, foi estagiária para projetos
desenvolvidos na área no Instituto de Pesquisas Industriais (IPEI).
Arianne Soares, que possui bolsa da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), estuda a ação de diferentes efeitos em dispositivos de ordem nanométrica, tendência
tecnológica na fabricação de transistores. A modelagem dos dispositivos tem como objetivo determinar o grau de confiabilidade
dos mesmos e compreende, também, a análise de robustez à
radiação ionizante, etapa do projeto em que a doutoranda recebe
a colaboração da professora Marcilei Guazzelli. Para avaliar a robustez dos transistores, a estudante realiza testes de simulação
computacional que reproduzem um dos principais danos causados
em dispositivos submetidos ao ambiente espacial. “O recurso ainda é pouco explorado e, por isso, não é tão bem compreendido”,
O professor
doutor
Renato
Giacomini
com a aluna
Arianne
Soares
26
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
enfatiza. A simulação consiste na descrição física dos transistores
a fim de investigar quais os efeitos da radiação sobre eles. A engenheira relata que a tentativa de reprodução dos resultados da
radiação é um recurso para tentar compreendê-la melhor, o que
exige aprofundada investigação sobre a ferramenta de simulação.
Recursos
As tecnologias para a realização de testes de simulação são
recursos disponíveis no Centro Universitário, que possui computadores com melhores capacidades de processamento e software
para essa finalidade. “Nos computadores da FEI, com 24 núcleos,
cada simulação leva em torno de 40 horas”, comenta o professor
Renato Giacomini. Os resultados obtidos com as simulações serão
analisados e, posteriormente, os dispositivos serão submetidos
à radiação com objetivo de comparar as respostas obtidas com
os dois tipos de testes. Para o uso do simulador é informado ao
software o valor da energia que a partícula transfere ao material em
que penetra. Com os resultados provenientes dessa investigação,
Arianne Soares planeja avaliar o uso de dispositivos empilhados
na área de eletrônica e, assim, propor as melhores associações dos
transistores. A aluna afirma que existe interesse de pesquisadores
e empresas da área, pois as configurações dos dispositivos podem
influenciar o seu desempenho.
Esta etapa do estudo de doutorado possui relação com o projeto
desenvolvido por Robson Magalhães Assis em seu mestrado sobre
‘Estudos dos efeitos transitórios da radiação sobre a confiabilidade
de transistores SOI’, finalizado em 2013. Com orientação do professor Renato Giacomini, o profissional formado pela FEI estudou
a influência da radiação em dispositivos com tecnologia silíciosobre-­isolante (SOI). A engenheira realiza os testes de simulação da
radiação ionizante sobre os dispositivos de ordem nanométrica em
parceria com o estudante de doutorado em Engenharia Elétrica,
André Luiz Perin, que analisa o efeito do campo magnético sobre
os dispositivos. Também com orientação do professor Renato
Giacomini, o engenheiro da computação investiga os efeitos da
radiação ionizante sobre os mesmos dispositivos.
Radiação em transistores
Aluno do 10º ciclo de Engenharia
Elétrica, Juliano Alves executou o estudo
‘Desenvolvimento de um sistema de coleta
e armazenamento de dados para estudo
dos efeitos da radiação ionizante em transistores MOSFET em funcionamento’. O
projeto de Iniciação Científica foi desenvolvido entre os meses de abril de 2012 e
agosto de 2013, com orientação do professor doutor Marco Antônio Assis de Melo,
do Departamento de Engenharia Elétrica
– que pesquisa o comportamento do ruído
dos transistores irradiados utilizando técnicas de processamento digital de sinais
(DSP) –, e colaboração da professora Marcilei Guazzelli. Atualmente, o engenheiro
segue em estudos de simulação computacional com a participação do professor
Renato Giacomini.
Os dispositivos do tipo MOSFET (transistor de efeito de campo de metal óxido-­
semicondutor) são comuns em circui­tos integrados analógicos ou digitais. O princípio
básico desse recurso foi proposto pelo físico
austro-húngaro Julius Edgar Lilienfeld, em
1925. O metal, entretanto, não é mais utilizado na fórmula de fabricação dos chips,
tendo sido substituído por comportas de
polissilício, embora o nome ainda prevaleça
o mesmo. “Trata-se de um dispositivo de
baixo custo de uso comercial”, diz o aluno.
Juliano Alves propôs a submissão do
dispositivo à radiação ionizante para a
leitura em tempo real das reações no sistema. Com bolsa do Centro Universitário da
FEI, o estudante iniciou seu projeto com
pesquisas de referências bibliográficas que
permitissem compreender o funcionamento do kit de desenvolvimento LaunchPad
MSP430 da Texas Instruments, hardware
que possibilita o desenvolvimento de microcontroladores da família MSP 430 e é
caracterizado pelo baixíssimo consumo de
energia. A tecnologia foi utilizada para captar as informações dos dispositivos durante
o processo de radiação.
O professor doutor Marco Antônio Assis de Melo orienta a pesquisa de Juliano Alves
Detalhamento do estudo
No projeto, foi utilizado o MOSFET canal tipo P, a fim de estudar os seus pontos
de operação no momento da radiação. “Para obter uma resposta satisfatória do que
acontece com o transistor, é importante que ele esteja em uma região de operação
linear, ou seja, que o seu comportamento possa ser facilmente estimado”, observa o
professor Marco Antônio Assis de Melo. O número de alterações é proporcional à área
do dispositivo. Depois de encontrado o ponto de operação do transistor, foi iniciado o
desenvolvimento de um sistema de hardware, responsável pela amplificação do sinal
captado no momento da radiação, e software, que possibilita observar em tempo real
o comportamento dos sinais coletados, que são exclusivos para este tipo de aquisição.
O dispositivo aberto, sem a capa de metal, foi submetido diretamente a feixes de
radiação do tipo raios-X. Para fazer a leitura, as informações sobre o dispositivo durante a radiação foram coletadas, digitalizadas e enviadas para um computador para
armazenamento pelo microcontrolador MSP 430, para posterior análise dos desvios de
tensão limiar. Os estudos desenvolvidos pelo pesquisador contemplaram, também, os
efeitos da dose total ionizante (TID) sobre os dispositivos MOSFET. “Ao ser submetido
a doses acumuladas, o dispositivo pode ter elevações em sua tensão limiar, além de
ser induzido para fora de seu estado atual”, observa. O estudante informa, ainda, que
os efeitos no dispositivo dependem dos locais em que as cargas geradas pela radiação
ionizante são armadilhadas.
Em dispositivos MOSFET, os efeitos da radiação ionizante são a criação de pares
elétron-buracos na camada de óxido, alterando os parâmetros dos transistores eletrônicos. A realização de testes no acelerador de partículas foi a última etapa prática
do projeto de pesquisa. Com a colaboração da professora Marcilei Guazzelli foram
realizados testes no acelerador Pelletron. Os resultados da exposição do dispositivo
à ação dos íons pesados acelerados pelo equipamento ainda estão sendo avaliados,
entretanto, o estudante adianta que alguns dispositivos estão mais susceptíveis à
radiação ionizante em função de suas características.
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
27
pesquisa & tecnologia
Estudos reúnem grupo composto
Em parceria com os estudantes Felipe Cu­
nha, Felipe Leite e Karlheinz Cirne, do 6º ciclo
de Engenharia Elétrica, a professora doutora
Marcilei Guazzelli desenvolve estudos sobre
dispositivos robustos à radiação ionizante.
O grupo de pesquisa foi iniciado no primeiro
semestre de 2012 e dedica-se a investigar o
que ocorre no mecanismo do dispositivo após
a exposição à radiação ionizante. O projeto
desenvolvido pelos pesquisadores recebe o
apoio do professor doutor Roberto Bagisnki
Santos. Desde o início das atividades em grupo, os pesquisadores dedicam-se à leitura de
bibliografias relacionadas ao desenvolvimento
de dispositivos robustos à radiação ionizante.
A princípio, as investigações contemplavam
os mecanismos básicos de funcionamento dos
transistores, com a análise teórica sobre os
efeitos da radiação. Com o avanço nos conteúdos pesquisados e discutidos, o amplo tema foi
segmentado em pesquisas formais de Iniciação
Científica com o propósito de verificar os
comportamentos dos dispositivos em relação
às diferentes doses de radiação, taxas de dose
e tipos de radiações ionizantes. “Trabalhamos
em grupo, porque esse tema requer muitas in-
vestigações, dados e também análises”, explica
a professora Marcilei Guazzeli, sobre a integração entre os projetos e as responsabilidades de
cada um na pesquisa.
O aluno Felipe Cunha participa do grupo
desde 2012 e recebe bolsa da FEI para o
desenvolvimento do projeto desde fevereiro deste ano. Sua responsabilidade
no estudo é a avaliação de danos em
dispositivos desencapados, sem a
camada de epóxi, após submissão
à dose total ionizante (TID). O dispositivo utilizado na pesquisa é o
MOSFET CD 4007, que possui seis
transistores, três do tipo N e três do
tipo P. “Submetemos os dispositivos
desligados a seis irradiações e retiramos os seus dados de dois em dois
dias para avaliar os efeitos dos danos
em função de uma recuperação em
temperatura ambiente, até que o dispositivo adquira um estado estável de dano”,
explica Felipe Cunha. Os testes de irradiação
foram feitos no equipamento de raios-X. Por
meio dessas informações será possível obter
dados para a caracterização dos dispositivos
Da esq.: O aluno
Felipe Cunha, os
professores doutores
Roberto Baginski e
Marcilei Guazzelli,
e os estudantes
Karlheinz Cirne
e Felipe Leite
28
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
por alunos e docentes
e estudar separadamente o acúmulo de carga
nos transistores N e P.
O estudante Felipe Leite, bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (FAPESP) desde outubro deste ano, informa que os dispositivos apresentam diferentes
parâmetros em função de suas dimensões
e aspectos físicos. Uma delas é a tensão
limiar, tensão mínima necessária para ser
aplicada no terminal do transistor para
que entre em funcionamento. Com base
nisso, o estudante avalia a variação de
tensão em função da dose acumulada
no dispositivo, o que permite a determinação de curvas em representações
gráficas. “Quando o dispositivo não
está sob efeito de dose acumulada
apresenta um tipo de curva. Quando a
dose é administrada, a curva apresenta
variação”, define. Os efeitos nos transistores também são diferentes, visto que um
dispositivo é portador de cargas positivas e
o outro de cargas negativas, o que influencia
no armadilhamento de cargas nas camadas de
óxido e interfaces do dispositivo, modificando
inclusive a mobilidade dos portadores.
Já o aluno Karlheinz Cirne foca suas pesquisas nos mecanismos para a recuperação
dos dispositivos danificados por exposição à
radiação ionizante, feita por meio de tratamento térmico. “Quando o dispositivo é irradiado,
a tensão para seu funcionamento sofre um
deslocamento. Por meio do tratamento térmico
é possível realocar parcialmente esta tensão, e
até modificar o comportamento característico
do dispositivo, dependendo se é um dispositivo
portador de carga positivo ou negativo”, ressalta. Algumas cargas ficam armazenadas no
dispositivo após a irradiação e são referentes
à dose acumulada. Com o tratamento térmico,
o processo de acomodação das cargas e da resposta final do dispositivo ao dano é acelerado.
A etapa de pesquisa do estudante compreende
o estudo da acomodação de cargas nos transistores tipo P e N, com a submissão do transistor
à temperatura de 100ºC, conforme normas do
Departamento de Defesa Norte-Americano
(DoD). O uso de padrões internacionais é decorrente da falta de normas brasileiras para testes
na área. Com o tratamento térmico é possível
agilizar a recuperação do dispositivo em função
de suas características.
Reconhecimento da academia
Anualmente, pesquisadores, instituições de ensino e órgãos públicos interessados em discutir os efeitos da radiação ionizante
em dispositivos eletrônicos encontram-se no Workshop sobre os Efeitos da Radiação Ionizante em Componentes Eletrônicos e
Fototônicos de Uso Aeroespacial (WERICE Espacial). Na quinta edição, realizada de 21 a 23 de outubro em São José dos Campos,
São Paulo, docentes e estudantes pesquisadores do Centro Universitário da FEI participaram da organização, programação de
palestras e exposição de trabalhos.
Integrante da comissão organizadora do programa e revisora dos projetos submetidos ao workshop, a professora doutora Marcilei
Guazzelli destaca a participação de representantes da Instituição. “Foi muito gratificante, pessoal e profissionalmente, participar
do encontro, que envolve instituições com ênfase nessa linha de pesquisa”, comenta. Segundo a docente, o Centro Universitário
da FEI é a única Instituição privada de nível superior no País a desenvolver projetos nesse campo de estudo em colaboração com
o projeto CITAR, o que reforça a importância e a contribuição das investigações feitas na área por seus profissionais.
Os projetos desenvolvidos pelos pesquisadores Luis Eduardo Seixas, Arianne Soares, André Luiz Perin, Juliano Alves Oliveira,
Felipe Cunha, Felipe Leite e Karlheinz Cirne foram apresentados no workshop, em forma de banner. Além disso, houve apresentação de palestras dos professores Renato Giacomini e Salvador Gimenez, do Departamento de Engenharia Elétrica, e do professor
doutor Vagner B. Barbeta, diretor do Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI). As instituições envolvidas no projeto CITAR
também participaram do workshop, devido ao interesse que têm na área.
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
29
pesquisa & tecnologia
Estudo filtra sinais elé
Pesquisa de docente
da FEI é destaque
em revista científica
internacional
C
om o avanço da tecnologia são
criados equipamentos cada vez
mais sensíveis e capazes de ajudar
a compreender como o cérebro humano é
capaz de perceber, pensar e se comportar,
colaborando com o diagnóstico precoce
de doenças neurodegenerativas. Uma
das mais poderosas gravações cerebrais
eletrofisiológicas conhecidas atualmente
é a magnetoencefalografia (MEG). Técnica não invasiva para a medição in vivo
de sinais elétricos das células cerebrais, a
MEG se baseia na detecção de alterações
muito pequenas (ou fracas) de campos
magnéticos amostrados de forma extremamente rápida (1 milésimo de segundo
ou melhor). Embora tenha um sinal de alta
resolução temporal, os resultados podem
ser facilmente contaminados por outras
fontes de variação não relacionadas com a
ativação voluntária do cérebro, incluindo o
ruído externo ou mesmo pequenos ruídos
internos, como o olho em movimento,
por exemplo. Filtrar esses valiosos sinais
elétricos é o desafio dos pesquisadores
que investigam a possibilidade de uso da
MEG para uma melhor compreensão das
atividades cerebrais humanas.
Tecnologia ainda indisponível no
Brasil, a MEG foi alvo de estudo do professor doutor Carlos Eduardo Thomaz,
do Departamento de Engenharia Elétrica
do Centro Universitário da FEI, cujos resultados foram publicados em renomado
periódico internacional. A pesquisa ‘A
priori-driven multivariate statistical
approach to reduce the dimensionality of
MEG signals’ objetiva separar, entre todos
os sinais captados pelo equipamento, o
que é informação relevante relacionada
à ativação cerebral sob investigação, por
meio do processamento de sinais. “Para
medir o campo magnético gerado nas correntes elétricas cerebrais, a MEG possui
sensores muito sensíveis, chamados de
Superconducting Quantum Interference
Devices (SQUIDs). Além de captar os
sinais alvos do estudo, esses sensores
podem registrar correntes elétricas que
não têm necessariamente relação com
os experimentos de interesse”, explica.
O docente analisou dois experi-
mentos, que duravam alguns minutos
e tinham intervalos de descanso. Um
deles foi o de hipercapnia, no qual os
voluntários inalavam dióxido de carbono (CO2) e, no outro, os participantes
ficavam tamborilando os dedos em uma
superfície. Usando a ideia de rearranjar
a matriz de dados em pares de classificação que correspondem à representação
de tempo variável de fases estáveis, ou
estímulo da tarefa específica, o método
de extração de característica reduziu
Uma década de interesse pelo tema
Nos últimos 10 anos, o professor Carlos
Eduardo Thomaz tem desenvolvido projetos
e pesquisas na área de reconhecimento de
padrões em estatística e, quando a Universidade de Nottingham, da Inglaterra,
abriu vagas para pesquisadores brasileiros
visitantes, em 2012, o docente submeteu
um projeto que envolvia processamento de
sinais e análise estatística multivariada. Ao
ser aceito, o docente trabalhou no Sir Peter
Mansfield Magnetic Resonance Centre, que
30
faz parte da Escola de Física e Astronomia
da universidade inglesa, onde desenvolveu
a pesquisa ‘A MEG multivariate data exploratory analysis based on prior knowledge’ com
os pesquisadores Emma Hall, Peter Morris,
Richard Bowtell e Matthew Brookes, por 12
semanas. Ao retornar ao Brasil, o docente
deu continuidade ao estudo para responder
questões pendentes que culminaram na
publicação do artigo publicado na revista
Electronics Letters.
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
O professor enfatiza que esse trabalho só
foi possível devido à participação dos pesquisadores do Sir Peter Mansfield Magnetic Resonance Centre, do pesquisador Gilson Giraldi, do Laboratório Nacional de Computação
Científica (LNCC), da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP),
do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES). “Ainda há questões
cosmin4000/istockphoto.com
tricos no cérebro
significativamente o número de componentes principais do sinal. Assim, a MEG
capturou os sinais cerebrais enviados
durante todo o tempo de estudo e, para
saber quais sinais estavam relacionados
às tarefas submetidas (inalação de CO2
e bater de dedos), excluiu automaticamente aqueles que apareceram também
durante o descanso dos voluntários, tais
como possíveis pensamentos aleatórios e
movimentos dos olhos.
“Foi um filtro estatístico que separou
o que realmente interessa do que não está
associado ao estímulo induzido”, enfatiza
o professor Carlos Thomaz. O estudo
abre grandes expectativas que favorecem
novos estudos com menos exigências de
recursos computacionais e análises mais
precisas dos sinais para entender as atividades elétricas do cérebro. O docente
informa que o equipamento pode ser útil
para analisar com mais precisão degenerações cerebrais provocadas por doenças
como Alzheimer e Parkinson.
que precisam e podem ser respondidas utilizando
a tecnologia disponível na FEI, por isso, pretendo
dar continuidade às pesquisas envolvendo alunos
de graduação e pós-graduação, principalmente da
Engenharia Elétrica. Acredito que poderemos colaborar para a sociedade, pois, analisando sinais
deste tipo, haverá avanços que contribuirão para
o entendimento do processo eficiente e robusto
de reconhecimento de padrões e extração de
informação discriminante realizado pelo nosso
cérebro”, acentua.
Reconhecimento
Os resultados alcançados pela pesquisa do professor da FEI foram reconhecidos pela Electronics Letters, revista
quinzenal internacional da Institution
of Engineering and Technology (IET)
que contempla resultados científicos
e tecnológicos com impacto esperado
no curto e médio prazo. A entidade é
especializada em publicações de todas
as áreas de Engenharia Eletrônica,
incluindo Óptica, Comunicação e Engenharia Biomédica, bem como circuitos
eletrônicos e de processamento de sinais.
Além da publicação do artigo sobre a pesquisa, o professor doutor Carlos Eduardo
Thomaz foi convidado para participar
da seção de entrevistas da revista, na
qual falou sobre o trabalho que desenvolve na FEI, a pesquisa sobre a MEG
e projetos futuros. “É uma publicação
com ótima visibilidade, e levar o nome
do Centro Universitário da FEI reforça
a qualidade e demonstra que muitas
pesquisas importantes estão sendo
realizadas na Instituição”, acrescenta.
A íntegra da entrevista do professor da
FEI pode ser lida no endereço eletrônico
http://digital-library.theiet.org/content/journals/10.1049/el.2013.2700.
Professores e pesquisadores do Sir Peter Mansfield Magnetic Resonance Centre
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
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gestão & inovação
Como a propaganda
O
endopack/istockphoto.com
Docente da FEI pesquisou por três anos
a persuasão nas estratégias de marketing
faturamento publicitário no Brasil cresceu
2,4% de janeiro a junho deste ano, em comparação ao mesmo período de 2012, alcançando
R$ 14,63 bilhões, segundo dados do Projeto Inter-Meios,
coordenado pela editora Meio & Mensagem. Apesar de os
números serem muito expressivos, a cifra foi considerada
a terceira pior variação semestral de receita publicitária
em uma década, causada pela falta de visibilidade que
ronda a economia brasileira. Este contexto chama atenção para uma questão relevante entre os profissionais da
área de Marketing: o que fazer para que a propaganda
seja suficientemente persuasiva e alcance o consumidor-­
alvo de forma a fazê-lo comprar o produto ou o serviço?
Uma questão crítica para se formular uma propaganda persuasiva é escolher quais características do produto
ou serviço devem ser enfatizadas e como essa informação deve ser comunicada ao público-alvo. Segundo a
teoria de nível de interpretação (construal level theory),
os consumidores têm uma visão mais abstrata de
eventos e objetos psicologicamente distantes,
mas a interpretação mental torna-se mais concreta quando o evento está psicologicamente
próximo. Isso significa que os eventos
próximos são mentalmente interpretados de maneira detalhada
e contextualizada, enquanto os
distantes são representados em
termos de características abstratas
e descontextualizadas.
Na pesquisa ‘The Effect of Construal Level and Type of Message on
Persuasion’, o professor do Programa de
Pós-graduação em Administração do Centro
Universitário da FEI, José Mauro Hernan-
Estudo foi premiado
A pesquisa do professor da FEI
venceu o prêmio do Encontro Nacional da Associação de Pós-graduação e
Pesquisa em Administração (ENANPAD
2013). Realizado anualmente em se­
Domínio fEi | julho a setembro DE 2013
atinge o consumidor?
dez, sugere que a propaganda deve levar em consideração o nível
de representação mental do público-alvo. O estudo demonstra
que a mensagem da propaganda torna-se mais persuasiva quando está de acordo com a representação mental do público-alvo.
“A maneira como os indivíduos pensam sobre determinado
objeto, evento ou até mesmo pessoas é chamada de ‘nível de
representação mental’ e pode ser concreta ou abstrata”, detalha.
Inspirada na perspectiva da teoria de nível de interpretação, a pesquisa do docente levanta e comprova a hipótese de
que, quando o nível de representação mental do consumidor é
abstrato, é necessário enfatizar os benefícios dos produtos ou
serviços nas campanhas publicitárias. Entretanto, quando o nível
de representação do consumidor é concreto, o mais indicado é
explorar os atributos dos produtos. “Nesta pesquisa concluímos
que, quando há um matching entre a representação mental do
consumidor e a mensagem da propaganda, esta se torna mais
persuasiva”, afirma o professor, que trabalha com o estudo há
três anos.
COMPROVAÇÕES
Neste período, foram realizados três experimentos para testar
as hipóteses desenvolvidas na pesquisa, com o envolvimento de
mais de 530 voluntários que passaram por testes e avaliações
relacionados a produtos e à representação mental. O primeiro estudo examinou o impacto da distância temporal sobre a avaliação
geral de um notebook. No segundo experimento foi manipulado
o nível de interpretação dos consumidores por meio da indução
de um estado mental abstrato ou concreto, antes de ser solicitado
aos participantes que avaliassem dois produtos diferentes. Já no
terceiro, os objetivos envolviam replicar os resultados encontrados nos estudos 1 e 2 usando um serviço ao invés de um produto
de consumo.
Segundo o professor, nenhuma pesquisa anterior havia examinado o efeito do nível de interpretação sobre o poder de persuasão
O professor José Mauro Hernandez realizou
três experimentos para testar as hipóteses
das propagandas que apresentam atributos ou benefícios. “Por
esse motivo, o trabalho tem importantes contribuições gerenciais
para aqueles que estão envolvidos na elaboração de mensagens
publicitárias”, argumenta. Além disso, os consumidores podem
se beneficiar deste estudo aumentando a compreensão sobre as
ferramentas e estratégias que os anunciantes e profissionais de
marketing utilizam para persuadi-los a comprar determinados
produtos ou serviços e, com base nesse conhecimento, tomar
decisões de compra mais assertivas e conscientes.
“A sociedade em geral também pode utilizar estudos como
este para desenvolver e implementar políticas públicas que condicionam a adoção de técnicas de persuasão éticas. Nosso estudo
fornece sementes para várias oportunidades de pesquisa”, acrescenta o docente. Entre as opções está a possibilidade de supor
que exaltar benefícios é mais eficaz quando se sugere a compra
de um presente para um amigo distante, mas os atributos são
mais eficientes quando se está pensando sobre a compra de um
produto para si mesmo.
em encontro nacional de Administração
tembro, o ENANPAD é considerado o
maior evento da comunidade científica
e acadêmica de Administração no País. A
última edição foi realizada entre os dias 7
e 11, no Rio de Janeiro. Organizado em 11
divisões acadêmicas, o prêmio recebeu a
inscrição de aproximadamente 400 trabalhos, sendo que 98 foram selecionados
para participar do congresso e ser avaliados por professores e pesquisadores da
área. A pesquisa do docente da FEI venceu
o prêmio de melhor trabalho da área de
Marketing. Os estudos premiados deverão
ser publicados em um dos periódicos da
associação organizadora.
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
33
arquivo
A união faz a força
Estudantes que
fizeram parte de
centros e diretórios
acadêmicos também
ajudaram a escrever
a história do Brasil
O
movimento estudantil or­­
ga­­nizado no Brasil surgiu em
1901, com a criação da Fe­
deração dos Estudantes Brasileiros.
No entanto, a entidade não teve vida
longa e os estudantes voltaram a ter
uma representação efetiva apenas em
1930, durante a chamada ‘Era Vargas’,
quando o ambiente nacional ficou mais
politizado. Esse movimento deu origem
à União Nacional dos Estudantes (UNE),
criada em agosto de 1937 e, em segui­
da, aos centros acadêmicos e diretórios
acadêmicos, espaços representativos dos
estudantes de cursos de nível superior. As
instituições que deram origem ao Centro
Universitário da FEI – Escola Superior
de Administração e Negócios (ESAN) e
Faculdade de Engenharia Industrial (FEI)
– também tiveram, ao longo dos anos,
estudantes envolvidos em importantes
representações.
O Centro Acadêmico da FEI (CAFEI),
criado na década de 1950, reuniu jovens
Flávio Aragão dos Santos e Antonio Marsiglia Netto foram representantes do Centro Acadêmico
que participaram da luta estudantil pela
democracia durante a ditadura militar
no Brasil, principalmente nos chamados
‘anos de chumbo’ – de 1968, com a edição
do Ato Institucional nº 5 (AI-5), até o final
do governo Emílio Garrastazu Médici, em
março de 1974. Um desses estudantes
era Antonio Marsiglia Netto, que entrou
na FEI em 1957 para cursar Engenharia
Industrial Modalidade Mecânica. Nesta
época, o campus ficava na rua São Joa­
quim, no bairro da Liberdade, e o CAFEI
não possuía uma sede. Eleito presidente
para a gestão 1959-1962, o então estu­
dante e sua diretoria construíram um es­
paço exclusivo para o Centro Acadêmico.
“Um colega de turma de origem
húngara, que trabalhava com o pai na
construção civil, se propôs a fazer o espaço
para a criação da sede. Com uma estru­
tura muito boa, o local recebeu também
um grande espelho para que ali fossem
dadas as ‘FEIstinhas’, confraternização
para estudantes da Instituição e de outras
faculdades, como a Pontifícia Universida­
de Católica (PUC), nos fins de semana”,
relembra. Mas o trabalho do CAFEI du­
rante a presidência de Antonio Marsiglia
foi muito além do auxílio aos estudantes
e das confraternizações. Os integrantes
do Centro Acadêmico tiveram um papel
Trabalho em prol dos alunos
Com a precariedade das instalações e a distância entre o novo
campus e o centro de São Bernardo do Campo, o transporte dos
alunos era amplamente apoiado pelo Centro Acadêmico, responsável
pelas linhas que levavam os estudantes dos sete municípios que compõem o Grande ABC até a FEI. “Como os alunos permaneciam muito
tempo na faculdade, pois a agenda de aulas tinha grandes intervalos,
também houve a necessidade da construção de um restaurante, que
servia cerca de 4 mil refeições por dia e ficava sob a responsabilidade
do CASM”, afirma Saulo Roberto Garlippe, ex-aluno de Engenharia
Operacional de Refrigeração e Ar Condicionado e diretor do DA
responsável pelo restaurante entre 1971 e 1972.
34
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
Com a verba arrecadada no restaurante, por meio da venda
de apostilas e da renda proveniente de eventos culturais realizados, o Centro Acadêmico conseguia manter um espaço de
convivência, um parque gráfico com três mimeógrafos, usados
para confeccionar as apostilas usadas em sala de aula e o jornal
do CA, e uma biblioteca com livros técnicos e atividades sociais e
culturais importantes, como as FEIrarte realizadas em 1968 e 1969.
“Cuidávamos dos problemas da FEI, como transporte e material
didático, e trabalhávamos por melhorias no ensino, além de outras reivindicações específicas dos alunos. Ajudamos a construir
uma melhor infraestrutura no campus e nossa atuação ia desde
importante na movimentação política e
realizaram um trabalho junto à Prefeitura
de São Bernardo do Campo para pleitear o
terreno onde hoje está o campus.
O ex-aluno conta que, embora a so­
licitação da doação tenha sido recebida
com entusiasmo pelo então prefeito
Lauro Gomes, pois era interessante para
o município ter uma Faculdade de En­
genharia, o político acreditou que seria
positiva uma manifestação pública para
envolver a população nessa reivindicação.
Assim, foi organizada uma passeata com
os estudantes, que saíram da sede da
Prefeitura, o que colaborou para a con­
solidação da doação do terreno onde foi
construído o campus na cidade, no Bairro
Assunção, inaugurado em 1963. Foi du­
rante essa época que, para homenagear o
fundador da FEI – o padre jesuíta Roberto
Sabóia de Medeiros –, o CAFEI passou a
se chamar Centro Acadêmico Sabóia de
Medeiros (CASM).
Neste período nasceu também o jornal
‘O Fumaça’, meio de divulgação das ações
e atividades da faculdade, que era distri­
buído para os estudantes. “Unidos, tive­
mos a condição de fazer essa mudança”,
sinaliza Antonio Marsiglia. O engenheiro
informa que foi uma época muito rica,
porque alunos, professores e funcionários
tinham interesse em fazer da FEI uma
escola de Engenharia de primeiro nível,
que formasse bons profissionais não só
para beneficiar os próprios alunos, mas
também para o aperfeiçoamento do en­
sino e para o desenvolvimento do País.
Mudanças
A última turma de Engenharia do
prédio localizado na rua São Joaquim
se formou em 1967 mas, mesmo com a
descarregar novas cadeiras para as salas de aula até ir atrás de
patrocínio para colocar piso no prédio. Foi uma fase heroica de
grande contribuição do Centro Acadêmico”, enfatiza Renzo Bernacchi, presidente do centrinho de Química e vice-presidente do
CASM em 1970. O ex-­aluno, que não se formou devido à situação
da época, acrescenta que as primeiras diretorias do Centro Acadêmico deixaram a Instituição em melhores condições e ajudaram até
mesmo a montar os laboratórios de Química, Mecânica e Elétrica.
A sociedade também era foco do CASM, que nos anos de
1967 e 1968 realizou uma festa de fim de ano para os moradores,
principalmente crianças, das comunidades carentes do entorno
transferência para São Bernardo do Cam­
po, o CASM continuou trabalhando em
busca de melhorias para o novo campus,
que era isolado, tinha ruas sem asfaltos,
prédios inacabados e carência de mate­
rial para as aulas. Além disso, os alunos
tinham de estar sempre preparados para
enfrentar o frio ou o calor intensos por
falta de proteção térmica e, muitas vezes,
a neblina cobria completamente o local.
“Nesta fase de transição, algumas turmas
tinham aulas em São Paulo e outras em
São Bernardo. E, como não existiam os
laboratórios, o pessoal de Engenharia
Mecânica tinha aulas de torno mecânico e
fresa no Serviço Social da Indústria (SESI)
do Brás”, comenta o ex-aluno Flávio Ara­
gão dos Santos, que cursou Engenharia
Industrial Mecânica de 1965 até 1969 e
foi diretor da área de Assistência Social
do CASM entre 1967 e 1969.
da FEI. Para que os estudantes tivessem um local de estudos e
elaboração de projetos em equipe, em 1967 o Centro Acadêmico
criou a Fundação Casa do Feiano, localizada na rua Jurubatuba e
presidida por Flávio Aragão dos Santos. Aos sábados, o espaço
era reservado para as ‘FEIstinhas’ dos alunos e da juventude da
cidade. Algumas atividades esportivas também eram realizadas
pelo CASM, como campeonatos de xadrez e bilhar, além da participação no campeonato anual MAPOFEI, reunindo a Faculdade
Mauá (hoje Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia),
a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP) e a
FEI, que era forte no handebol, vôlei e futebol.
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
35
arquivo
arquivo
Saulo Roberto Garlippe, Hércules Fidale, Renzo Bernacchi e Amaury Monteiro Junior foram estudantes nas décadas de 1960 e 1970
Forte participação política
As histórias dos diretórios acadêmicos
se intercalam com o caminho político per­
corrido pelo País. Na década de 1960, os
estudantes tinham uma formação técnica
importante, mas também uma participa­
ção intensa nas atividades sociais e políti­
cas, e a FEI era uma das mais respeitadas
instituições envolvidas nos movimentos
estudantis graças à qualidade dos mem­
bros que a representavam. “No período da
ditadura militar, na vigência da Lei 4.464,
de 9 de novembro de 1964, chamada ‘Lei
Suplicy’, que proibia as atividades políti­
cas nas organizações estudantis e definia
nova regulamentação para as mesmas, as
entidades estudantis passaram por um
processo de desestruturação, já que algu­
mas universidades deixaram de reconhecer
os centros acadêmicos como entidade
legítima e representativa dos estudantes.
Com isso, todo e qualquer movimento rei­
vindicatório era considerado crime contra
a segurança nacional e punido segundo as
leis da ditadura militar”, lamenta Amaury
Monteiro Junior, ex-aluno de Engenharia
Mecânica entre 1970 e 1972.
36
Mesmo assim, os centros acadêmicos
de diferentes universidades, sob a organi­
zação da União Estadual dos Estudantes
(UEE) e da União Nacional dos Estudantes
(UNE), promoviam atividades reivindican­
do a volta da democracia. Nesse período,
o campus São Bernardo do Campo da FEI
abrigou o XIX Congresso da UEE, realizado
em 7 de setembro de 1966 e que acabou
sendo invadido pelos agentes do Departa­
mento de Ordem Política e Social (DOPS).
Os policiais prenderam cerca de 300 estu­
dantes por uma semana, entre eles Wilson
Lazzarini, aluno de Engenharia Química
entre 1965 e 1969, que terminou fichado
pela polícia política. “Embora eu não tenha
sofrido tortura física, fiquei psicologica­
mente abalado por não saber o que acon­
teceria. O evento comprovou que existiam
pessoas do governo infiltradas entre os
estudantes participantes, pois era difícil
chegar à FEI e eu fui o responsável por
fazer o mapa distribuído aos estudantes
que vinham de fora. E foi justamente esse
mapa que estava nas mãos dos policiais”,
relembra o engenheiro.
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
Em 1968 nasceram na FEI os chama­
dos ‘Centrinhos’, organizações focadas e
direcionadas aos cursos/especialidades
oferecidos pela Instituição. Além das rein­
vindicações por melhorias, os ‘Centrinhos’
organizavam eventos e seminários com
temas técnicos. A ditadura militar, que
reprovava qualquer movimento estudan­
til, editou em 26 de fevereiro de 1969 o
Decreto-lei nº 477 que definia diversas
infrações relacionadas a professores,
alunos, funcionários ou empregados de
estabelecimentos de ensino público ou
particular. Esse decreto serviu de base
para a cassação de inúmeras pessoas e
impedia os alunos politizados de se ma­
tricularem no ensino superior se fossem
presos ou indiciados por participação no
movimento estudantil, que tinha atingido
seu auge de organização em 1968. No iní­
cio de 1970, a FEI foi invadida por agentes
do Departamento Estadual de Ordem
Política e Social de São Paulo (DEOPS) e
pela Polícia Militar, que entraram na sede
do CASM e, além de destruir documentos,
levaram mimeógrafos e todas as apostilas
Wilson Lazzarini foi preso pelo DOPS
sobre bombas hidráulicas que faziam
parte do curso, achando que se tratava de
manuais para a construção de bombas que
poderiam ser usadas como armas.
Com a desestruturação causada pela
invasão e a falta de reconhecimento legal,
o Centro Acadêmico Sabóia de Medeiros
encerrou suas atividades após esse episó­
dio. A repressão por parte dos militares
aos estudantes era tamanha que um sim­
ples documento dos Centrinhos e do DA,
que assumiram o papel reivindicatório dos
estudantes após a invasão e o fechamen­
to do CASM e discutiam o aumento das
mensalidades na FEI, desencadeou a con­
vocação do presidente do DA ao DEOPS
para prestar esclarecimentos. O Diretório
Acadêmico tinha sido fundado em 1969
para ocupar um espaço de representação
que se afunilava para o CASM e Hercules
Fidale foi eleito o primeiro presidente.
“A década de 1960, no Brasil, foi de ex­
plosão cultural, com o fortalecimento da
Música Popular Brasileira, dos festivais
de música, do Teatro Oficina, do Teatro
de Arena e da emancipação da mulher.
Era um mar de linhas de pensamentos.
E os estudantes eram criativos e queriam
ser transformadores, o que favoreceu o
fortalecimento dos centros acadêmicos”,
Felipe Ferro Ieda é o atual presidente do DA
acentua o engenheiro, que estudou na FEI
entre 1968 e 1972.
Novos tempos
Atualmente, o DA tem o papel de fazer
política estudantil para fortalecer cada
vez mais o ensino, a infraestrutura e o
crescimento da FEI. Ainda hoje, os novos
representantes reconhecem a importância
das entidades CASM e DA na época da
ditadura militar. Em 2001, o nome do DA
foi alterado temporariamente e simbolica­
mente – sem alteração no estatuto – para
Diretório Acadêmico Engenheiro Sergio
Motta, em homenagem ao dirigente da
UNE que estudou na FEI e batalhou pela
redemocratização do País. A homenagem
foi reconhecida pelo então presidente
Fernando Henrique Cardoso, amigo do
engenheiro Sergio Motta, que era ministro
de seu governo.
Entre 2004 e 2006, o DA ganhou
novamente representação na União
Estadual dos Estudantes e uma cadeira
como representante das faculdades do
ABC paulista. Segundo Felipe Ferro Ieda,
aluno do 10º ciclo de Engenharia Mecâ­
nica Automobilística e atual presidente
do DA dos cursos de Engenharia, todas
as ações visam benfeitorias para o desen­
volvimento dos alunos, como o sebo com
livros didáticos que são vendidos a preço
simbólico. O DA também se preocupa em
estimular nos alunos a colaboração com
a sociedade, por isso, organiza a doação
de sangue, uma vez por ano. “Precisamos
mostrar os princípios do trabalho do DA
para que os alunos entendam e façam uso
deste espaço de forma que colabore para
a formação profissional. Temos uma rela­
ção de respeito com a Reitoria e, juntos,
podemos realizar importantes parcerias”,
reforça o estudante.
Fortalecimento
Desde maio, o Centro Universitário da FEI
também abriga o Diretório Central dos Estudantes (DCE), que tem o objetivo de congregar
as diversas representações estudantis na busca
de colaboração com os órgãos gestores do Centro Universitário para a melhoria dos serviços
prestados, sob diferentes aspectos. “Cabe ao
DCE centralizar as necessidades e demandas do
conjunto dos alunos da Instituição. Além disso,
de acordo com o estatuto, fazemos parte do
Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (CEPEx)
e teremos uma reunião ordinária mensal com a
Reitoria”, enfatiza Eduardo Kohn, aluno do 4º
ciclo de Engenharia Elétrica e presidente do DCE.
Eduardo Kohn preside o DCE
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
37
pós-graduação
Mercado em franca as
Especialização prepara
profissionais para o
desenvolvimento de
sistemas de climatização
A
s áreas de ar condicionado,
aque­cimento, refrigeração e ven­
tilação estão em alta na econo­
mia nacional. Segundo a Associação Bra­
sileira de Refrigeração, Ar Condicionado,
Ventila­ção e Aquecimento (ABRAVA), em
2011 o setor apresentou crescimento de
14% e, para 2013, a estimativa de expan­
são é de 8%, com faturamento previsto de
US$ 15 bilhões. A indústria deve receber
US$ 9 bilhões desse valor, impulsionada
pela refrigeração em transportes e conser­
vação de alimentos e bebidas, enquanto
o setor de serviços estima movimentar
US$ 2,5 bilhões e o de comércio US$ 2,4
bilhões. O aumento na fabricação de sis­
temas de climatização resultará, ainda, no
desenvolvimento de oportunidades pro­
fissionais em diferentes etapas de criação
e manutenção de projetos. Atualmente, a
região Sudeste concentra 61% do setor.
Segundo o professor mestre Hugo La­
greca Filho, coordenador do curso de pós-­
graduação em Refrigeração e Ar Condicio­
nado e docente do Departamento de Enge­
nharia Mecânica do Centro Universitário
da FEI, há muitos desafios envolvidos no
crescimento do segmento. “No Brasil, está
se iniciando a utilização de equipamentos
de ar condicionado. A procura ainda está
limitada aos grandes centros urbanos e
O coordenador do curso Hugo Lagreca Filho
tende a crescer nas outras regiões”, obser­
va. O especialista aponta que o mercado de
climatização carece de profissionais para
Valorização profissional e busca por conhecimentos
Engenheiro mecânico graduado pela
FEI em 2005, Leonard Cabezas trabalha
com refrigeração e ar condicionado desde
2007. Com o objetivo de especializar-se na
área, aprimorar conhecimentos e incrementar o currículo, em 2011 o engenheiro
retornou à Instituição para cursar a pós-­
graduação em Refrigeração e Ar Condicio-
Leonard Cabezas concluiu a pós em 2012
38
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
nado. “Além da carga de 480 horas, o curso
possui um ótimo corpo docente e boa estrutura de laboratórios”, destaca. Segundo o
engenheiro, a pós-graduação, concluída em
2012, ofereceu uma visão abrangente sobre
sistemas de refrigeração, expandindo suas
possibilidades profissionais e ampliando o
conteúdo adquirido na graduação.
Wanderley Galhardo está cursando
Atualmente, o engenheiro mecânico
trabalha na UOL DIVEO, divisão de tecnologia da informação e outsourcing do Grupo
UOL, e sob sua responsabilidade está a
refrigeração dos quatro data centers da
empresa, que precisam ser mantidos nos
mais rigorosos controles de temperatura e
umidade relativa para o bom funcionamento dos servidores. Na companhia, o profissional trabalha com o desenvolvimento de
novos ambientes a serem climatizados e a
manutenção dos sistemas de refrigeração
já existentes, indispensáveis devido à grande carga térmica gerada nesses ambientes
e à grande quantidade de servidores de
alta densidade. “Há muita demanda por
profissionais na área”, observa.
Com 37 anos de experiência no segmento de ar condicionado, o tecnólogo em
Mecânica graduado em 1976, Wanderley
Galhardo, decidiu cursar a pós-graduação
para aprimorar seus conhecimentos. Atualmente no terceiro semestre do curso, o
acompanhar a expansão e para qualificar
a mão de obra técnica.
A preparação para o desenvolvimento
de sistemas de climatização eficientes em
diferentes setores é uma das competên­
cias valorizadas na área. Os profissionais
especializados em ar condicionado, aque­
cimento, refrigeração e ventilação podem
trabalhar, por exemplo, nos segmentos
hospitalar e de edificações. “É possível
atuar em organizações que fabricam equi­
pamentos de refrigeração, em companhias
que realizam instalações, em empresas
que desenvolvem projetos e também em
consultorias”, detalha o docente.
Com o propósito de preparar os alunos
para as diferentes demandas
do setor, a pós-graduação
em Refrigeração e Ar
Condicionado oferecida pela Instituição
proporciona conteúdos avançados sobre
o assunto, tendo como base princípios da
Termodinâmica, Mecânica dos Fluidos e
Transferência de Calor, requeridos para o
desenvolvimento de projetos de refrigera­
ção e climatização. “O referencial teórico
é um dos diferenciais proporcionados
pelo curso. Este ponto em comum entre
Engenharia Mecânica e Energia é consi­
derado difícil, pois exige conhecimentos
anteriores com profundidade”, salienta.
A especialização é estruturada em três
módulos. O primeiro aborda Refrigeração
e possui enfoques nos setores comerciais e
industriais. Para tanto, são administrados­
profissional destaca as
disciplinas teóricas da
especialização como diferenciais. “Gosto muito
das matérias teóricas,
como Fundamentos de
Ar Condicionado (Psicrometria). Também aprendi
muito sobre conservação de
alimentos e acústica, competências que são muito
valorizadas pelo mercado”, informa. Proprietário
da Ph Mollier Tecnologia em Ar Condicionado,
empresa que desenvolve projetos, instalação e manutenção de equipamentos,
o tecnólogo afirma sempre ser possível
adquirir novos conhecimentos apesar
da grande experiência na área.
Aos 60 anos de idade, Wanderley Galhardo valoriza também
a convivência com profissionais
mais jovens durante o curso, o
que proporciona outras perspectivas de
atuação no setor.
conteúdos sobre Fundamentos de Equipa­
mentos e Sistemas, Conservação de Ali­
mentos e Produtos Perecíveis, Aplicações
Comerciais e Industriais da Refrigeração,
Projetos e Manutenção de Equipamentos­e
Sistemas de Refrigeração. A etapa seguinte
é dedicada ao Ar Condicionado. Com uma
abordagem ampla, os conteúdos con­
templam Fundamentos, Equipamentos,
Projetos de Sistemas de Ar Condicionado,
Acústica, Manutenção de Equipamentos,
Conservação e Recuperação de Energia. O
terceiro módulo contém elementos de Ven­
tilação, com Fundamentos, Distribuição de
Ar, Projeto de Sistemas de Ventilação Geral
e Local, Exaustora e Ventiladores.
Maksud/istockphoto.com
censão no Brasil
O CURSO
Objetivos – Atender à grande necessidade de profissionais
especializados nas áreas de refrigeração, ar condicionado,
ventilação e aquecimento.
Público-alvo – Engenheiros ou tecnólogos que atuam ou
tenham interesse em atuar nas áreas de refrigeração, condicionamento de ar, ventilação e aquecimento.
Pré-requisitos – Graduação em Engenharia ou Tecnologia
Mecânica. Análise de currículo.
Informações - Campus São Paulo – (11) 3274-5200 - Envio
de currículos para análise – [email protected].
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
39
mestrado
Produção eficiente
R
ecentemente, a Associação Na­
cio­nal dos Fabricantes de Veícu­
los­ Automotores (ANFAVEA)
divulgou uma pesquisa mostrando que
o Brasil está em quinto lugar no mundo
entre os países com maior nível de vendas
de automóveis, atrás apenas de Estados
Unidos, China, Japão e Alemanha e, cons­
tantemente, o mercado brasileiro registra
aumentos anuais acima dos 10% nas ven­
das, incluindo as exportações. O cenário
é favorável e propicia oportunidades para
que as montadoras de veículos invistam no
Brasil, e isso, de fato, tem ocorrido e pode
ser percebido por meio de investimentos
de bilhões de dólares a partir de 2010,
incluindo a instalação de novas fábricas
no País. Fatores como a expansão da pro­
dução de veículos, a crescente aplicação
da tecnologia e o menor tempo de ciclo
no projeto de um veículo contribuem
para a competitividade e o sucesso dessas
empresas. Porém, especialistas apontam
esses mesmos fatores como contribuintes
do crescente número de recalls de veículos.
Ao analisar este cenário, o engenhei­
ro mecânico Fábio Guedes desenvolveu
um estudo, para a tese de mestrado em
Engenharia Mecânica que realizou na
FEI, que tinha como objetivo avaliar o
Processo de Desenvolvimento de Novos
Produtos (PDNP), identificando o nível de
estruturação e correlacionando-o com os
indicadores de desempenho de quantidade
de falhas e quantidade de atrasos ocorri­
dos ao longo deste processo. O engenheiro
estudou seis multinacionais de grande
porte, localizadas dentro do Estado de São
40
hfng/istockphoto.com
Pesquisa aponta as
causas de falhas em
processos da indústria
Paulo, todas fornecedoras de produtos au­
tomotivos para uma montadora de origem
norte-americana e sediadas no Brasil há
mais de oito décadas.
“Diversos especialistas apontam o
PDNP como um processo de extrema
importância para que uma empresa atinja
seus objetivos de vendas e lucratividade.
Em uma organização, o rápido desenvol­
vimento de novos produtos e um eficiente
posicionamento destes no mercado são
importantes para o sucesso corporativo
em longo prazo”, justifica Fábio Guedes.
Além disso, o desenvolvimento de pro­
dutos de qualidade também é um fator
importante para a competitividade, por
isso, o engenheiro resolveu realizar esse
estudo para que fosse possível identificar
formas de minimizar o tempo de ciclo de
um determinado produto e, ao mesmo
tempo, maximizar o atendimento às ne­
cessidades do cliente.
Entre os resultados obtidos no estudo,
o engenheiro descobriu indícios da existên­
cia de correlação entre o nível de aderência
ao PDNP, que requer planejamento e exe­
cução efetivos ao longo de toda a cadeia e,
se gerenciado corretamente, pode propor­
cionar uma vantagem competitiva susten­
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2013
tável; e o desempenho de indicado­res de
quantidade de falhas e atrasos ocorridos
no processo, ao longo de um determinado
projeto de desenvolvimento de produtos
automotivos.
“As informações coletadas e os resulta­
dos obtidos mostraram que, apesar de exis­
tir um padrão de referência para o PDNP
da montadora para com seus fornecedores,
cada um deles tem suas particularidades,
dando mais foco em alguns quesitos do
que em outros”, reforça o engenheiro. O
mestrando também percebeu diferenças
significativas entre os fornecedores em
relação ao PDNP, por meio dos indicado­
res de desempenho individuais coletados
dentro da montadora.
Mestre em Engenharia Mecânica, Fá­
bio Guedes agora pretende aprofundar o
estudo junto com o orientador do trabalho,
o professor doutor Wilson Hilsdorf, do
Departamento de Engenharia de Produção
da FEI, para a submissão da pesquisa em
forma de paper, direcionada a uma revista
acadêmica do segmento de Engenharia de
Produção. “Já publiquei quatro papers des­
tinados a seminários e congressos, como
o SAE Brasil e o Simpósio Internacional
de Engenharia Automotiva (SIMEA), or­
ganizado pela Associação de Engenharia
Automotiva (AEA), e essas publicações
são importantes, pois dão cada vez mais
credibilidade ao estudo”, acrescenta.
AGENDA
Prepare-se para 2014
27
a
29 de janeiro
Semana da Qualidade
no Ensino, Pesquisa
e Extensão
Campus São Bernardo do Campo
Evento que marca o início do semestre
letivo, a Semana tem como objetivo reunir
professores e líderes da Instituição para
discutir temas relacionados à missão acadêmica, humanística, religiosa e social da FEI.
17 de maio
FEI Portas Abertas
14
a 18 de outubro
Campus São Bernardo do Campo
20
a 24 de outubro
Campus São Paulo
Semana da Administração,
Ciência da Computação
e Engenharia
Com o objetivo de ampliar a gama de temas abordados e de propiciar
maior integração e troca de experiências entre os alunos, a Semana
da Administração, Ciência da Computação e Engenharia é um evento
completo. Reunindo diferentes informações e experiências nas áreas
de gestão e tecnologia por meio de palestras, minicursos, exposições
e visitas, entre outras atividades, durante a Semana os alunos poderão complementar a formação acadêmica com a aquisição de novos
conhecimentos, ampliação de visão técnica e atualização quanto ao
mercado de trabalho.
Campus São Bernardo do Campo
O FEI Portas Abertas proporciona aos
alunos do ensino fundamental e médio a
oportunidade de conhecerem a FEI, participando de atividades em alguns dos mais de
87 laboratórios do campus São Bernardo do
Campo nas áreas de Administração, Ciência
da Computação e Engenharia. A programação terá visitas interativas aos laboratórios,
exposição de projetos e plantões de dúvidas.
A entrada é gratuita e aberta a professores e acompanhantes. Saiba mais no site
www.fei.edu.br/portasabertas.
16 de outubro
SICFEI
Campus São Bernardo do Campo
O Simpósio de Iniciação Científica, Didática e de Ações Sociais e de
Extensão da FEI visa introduzir o aluno de graduação na prática da
apresentação de seus projetos de pesquisa. No evento serão apresentadas todas as pesquisas desenvolvidas pelos alunos que fazem parte do
programa de iniciação da FEI. Saiba mais no site www.fei.edu.br/sicfei.
outubro a dezembro DE 2013 | Domínio fei
41
Professor doutor Vagner Barbetta
Diretor do Instituto de Pesquisas
e Estudos Industriais (IPEI)
Parcerias: perspectivas
e resultados para a FEI
A
busca de parcerias com empresas tem sido
uma tônica recente nas atividades desenvol­
vidas pelo Instituto de Pesquisas e Estudos
Industriais (IPEI), em conformidade com o modelo
da hélice tripla de Etzkowitz. Este conceito, elaborado
pelo eminente professor da Universidade Stanford em
meados da década de 1990, busca descrever como as
universidades, empresas e o governo devem interagir
para formar a base de sistemas eficientes de inovação
de um país. Nesta perspectiva, e consonante com a pro­
posta de consolidação dos grupos de pesquisa da FEI, a
interação com o sistema produtivo adquire um caráter
de vital importância.
Dados sobre os Estados Unidos publicados no estudo
‘Science and Engineering Indicators 2012’ mostram que,
até a metade da década de 1970, a maioria dos recursos
de pesquisa daquele país provinha do governo, enquanto
que em 2009 cerca de 60% dos recursos de pesquisa já
eram provenientes das empresas. No Brasil, a interação
empresa-universidade é um assunto mais recente, mas
que vem ganhando força nos últimos anos. No caso
específico da FEI, alguns exemplos exitosos podem ser
apresentados, como as parcerias recentes com Embraer,
Scania e SMS Eletrônica.
A parceria com a Embraer começou há cerca de três
anos e possui dois projetos em andamento. Além do pro­
fessor doutor Roberto Bortolussi, pesquisador principal
do Departamento de Engenharia Mecânica, mestrandos
também puderam participar das pesquisas, que deverão
resultar em tecnologias que poderão ser incorporadas na
42
Domínio fEi | outubro a dezembro de 2013
próxima geração de aviões da empresa. A parceria com
a Scania iniciou-se através de um projeto envolvendo
um mestrando orientado pelo professor doutor Ricar­
do Belchior Tôrres, do Departamento de Engenharia
Química. Com os excelentes resultados deste trabalho,
a Scania firmou um novo termo de cooperação em 2012
e, em discussões recentes, já sinalizou o interesse em
realizar dois novos projetos.
Além do financiamento das pesquisas, a parceria tem
resultado em outros benefícios. Recentemente, foram
doados pela Scania três motores de caminhão, com todo
o ferramental para o seu desmonte e manutenção, que
irão beneficiar nossos alunos de graduação. Além disso,
a montadora doou um chassi completo de caminhão,
com diversos sistemas tecnológicos inovadores e que
poderá ser utilizado como plataforma de testes e de
aprendizagem.
Finalmente, destacamos a parceria com a SMS
Eletrônica, que resultou na criação de um laboratório
de pesquisa em eletrônica de potência. Por meio do
convênio, três docentes realizam pesquisas na área,
coordenados pelo professor doutor Devair Arrabaça. O
grupo conta, ainda, com um engenheiro, três estagiá­
rios e oito alunos de Iniciação Científica, três deles com
bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP). Embora ainda sejam resultados
modestos, são significativos, pois beneficiam os cursos
de graduação e fomentam pesquisas na FEI, permitindo
que possamos cumprir nossa missão e exercer nosso
papel social de forma plena.
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Professores do Centro Universitário da FEI assumem edição de