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PÁGINA 3 - Edição: 4/10/2012 - Impresso: 3/10/2012 — 21: 34 h
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
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ELEIÇÕES 3
Quinta-feira, 4 de outubro de 2012 extra.globo.com
a
COM A PALAVRA, O ELEITOR
Chega de blá-blá-blá!!!
«Olhem só,
seus políticos!
Em vez de falar besteira, façam algo pelo
Parque das
Palmeiras, em
Nova Iguaçu.
Lá é aquela
buracada e
aquela lama!»
Sônia Bruno Diniz
AuxiliardeServiçosGerais
Pesquisa revela descrença
com políticos: 94% não
acreditam nas promessas
Marcelo Dias
[email protected]
a Chega hoje ao fim o horário eleitoral gratuito no rádio e na
«Em Queimados, na Baixada, os candidatos prometem Saúde, Educação e nada é feito. Em
2016, votem em mim para vereador»
Fábio Alvarenga Santos
Vendedor
«Eu quero elogiar o prefeito por dar um jeito no
calçadão de Bangu. Estava esburacado e está ficando bom. Mas há problemas nos hospitais»
Robson de Jesus
Conferente
TV com saldo negativo. Uma pesquisa do centro universitário
UniCarioca mostra que 94% das pessoas ouvidas estão fartas
das promessas dos políticos e só 6% ainda lhes dão crédito. Ao
todo, foram entrevistadas 602 pessoas no Rio, que responderam sobre o que pensam das eleições e dos candidatos. O
descrédito é tanto que apenas 11% afirmam que sempre veem ou ouvem o programa e 35% dizem que nunca o acompanham. E apenas 10% acreditam que os nobres são importantes para a democracia — apesar das palavras ao vento.
Nas ruas, esse descontentamento geral é comprovado facilmente na Central e no Largo da Carioca. Câmera e microfone à disposição, representantes dos 11.893.309 eleitores do estado reclamaram de tudo um pouco.
— Eu não vejo seriedade em nenhum candidato. O povo
está cansado desse blá-blá-blá, de promessa, promessa e promessa. Só iludem o povo. Quando ganham, não fazem mais
nada — protesta o universitário Leandro Pereira Rodrigues.
— Alô, Mesquita! Alô, (prefeito) Artur Messias! Vamos
olhar para a Chatuba, que precisa de muitas coisas, como
saúde e saneamento básico, porque o bairro está precisando
— pede a auxiliar de serviços gerais Vera Lúcia da Silva.
Além de pedidos e reprimendas públicas a governantes e
parlamentares, os eleitores se dizem cansados das mesmas
pessoas e promessas — quase nunca cumpridas.
— Estou muito desacreditado. Há muito palhaço para pouca gente séria. E os sérios não estão entrando. Só ficam aqueles de sempre. Se continuar assim, a coisa não vai para frente,
não — lamenta o universitário Lucas Abril.
— Estou aqui para meter o pau nos políticos, que só nos
prometem coisas. A saúde, a educação e o transporte que
precisamos estão um caos — diz o locutor Lion Silva.
Mesmo quem votará pela primeira vez no Rio, como a atendente Marina Souza, de Novas Russas (CE), reclama.
— Gostaria que mudassem o nosso transporte. Eu acordo às
3h50m e deixo filho e família em casa para estar no Centro às
7h. Condução! Condução! É isso o que eu peço — implora
Marina, moradora de Campo Grande.
«O que mais me chama a atenção é como os
candidatos manipulam a população, não estão
nem aí e se beneficiam da desgraça alheia»
Rubem de Paula
Universitário
FOTOS DE FERNANDA DIAS
«Pô, vocês candidatos e políticos que estão aí,
vejam se fazem alguma coisa pela gente, porque o povo está precisando»
Lion Silva
Locutor
UMA NOVA ESPERANÇA
«Qualquer político que roube é igual ao Fernandinho Beira-Mar, é bandido, é a mesma coisa»
Maria Cristina Leme
Médica
A revolta é tão grande que há quem compare governantes e
parlamentares corruptos a traficantes. Para o cientista político Tomas Hayes, da UFF, é preciso um movimento nacional
para renovar as esperanças da sociedade.
— Para haver uma renovação de esperança, é necessário
mais voluntarismo e que empunhem a bandeira de recuperação da política, assinalando esse desejo para a sociedade. É
preciso um conjunto de leis que coíba esse comportamento
que a sociedade rejeita. Mas não se trata da bandeira de um
cara sozinho, mas de um movimento com um esforço coordenado do Congresso e do Judiciário, para que isso influencie
a sociedade positivamente — analisa Tomas Hayes.
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‘Tô de saco cheio! E você?’, diz candidata
a Tantos desabafos se justificam. Basta assistir à propaganda eleitoral, que termina
hoje, para perceber a escassez de propostas — principalmente dos candidatos a vereador. E os que já estão na
Câmara não colaboram muito e se limitam a palavras genéricas. O vereador Leonel
Brizola Neto (PDT) se vale da
biografia do avô:
— Criança abandonada é
criança sem escola. Por isso,
meu avô criou os Cieps.
No PMDB, há quem confunda realizações do Executivo com o Legislativo.
— Ajudei o prefeito a dobrar o orçamento — alegou,
dia desses, Professor Uóston,
presidente da Comissão de
Orçamento, como se fosse secretário de Fazenda.
Já Jorge Braz disse que os
BRTs, as clínicas de família e
outras obras só foram possíveis graças a ele:
— Isso foi possível por causa da nossa parceria com
Eduardo Paes.
Cristiane Brasil (PTB), secretária de Envelhecimento
Saudável, mistura seus feitos
com os de sua esporádica
atuação como vereadora.
Dentre os que buscam um
primeiro mandato, a situação não é diferente.
— Estou fechado com você
— já afirmou Marcelo Cirola,
do PC do B.
Wa g n e r M o n t e s F i l h o
(PRB) apela para os genes:
— Tenho o sangue do meu
pai e não vou decepcioná-lo,
muitos menos a você.
Charles Henrique (PTN),
ex-integrante do “Pânico na
TV”, aparece pulando e gritando seu bordão “Ah, moleque!”. Não deve ser à toa que
Moniquinha do PSB dá um
recado direto ao eleitor:
— Eu tô de saco cheio! E
você?
t
s
«Aos políticos corruptos, tomem vergonha na
cara! O meu voto para vocês é zero»
Ana Maria Barbalho
Pensionista
A DESCRENÇA EM NÚMEROS
Segundo pesquisa
da Unicarioca, o
brasileiro não
acredita mais
em políticos
PROMESSAS
DE POLÍTICOS
HORÁRIO POLÍTICO NA TV
não acreditam
52%
6%
acreditam
REELEIÇÃO
acham que os
políticos estão mais
interessados em seus
projetos pessoais
não
35%
11% 54%
veem
94%
às vezes
assistem
38%
não acreditam neles
10%
creem que são
fundamentais
Pesquisa ouviu 602 pessoas / Infografia: Estevão Ribeiro
contra
71%
29%
defendem
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`Tô de saco cheio! E você?`, diz candidata