RELATÓRIO FINAL 10 ANOS DE TCC NO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIOESTE CAMPUS DE CASCAVEL EQUIPE DE TRABALHO Maria Lucia Frizon Rizzotto (Coordenadora) Neide Timei Murofuse Aline de Oliveira Brotto Diane Militão Yamamoto Michele Straub Viviane Vanderlinde INTRODUÇÃO: Ao longo da história da humanidade observa-se que as profissões surgem para atender determinadas necessidades, as quais são construídas pela própria sociedade. Contudo, o desenvolvimento e a consolidação de uma profissão relaciona-se diretamente com o acúmulo de conhecimento produzido pelos seus integrantes. No âmbito da Enfermagem brasileira, nas últimas décadas, acentuou-se a preocupação em relação à produção de conhecimentos específicos, como forma de tornar esta profissão mais independente e com maior capacidade de intervenção/resolução dos problemas de saúde em nível nacional. Isso se daria na medida em que os profissionais enfermeiros, ao compreenderem a realidade, por meio de investigações científicas, teriam melhores condições e maior autonomia para propor ações efetivas visando a solução dos problemas da área de saúde e os próprios da profissão. O resultado dessa preocupação, que emergiu de forma mais sistemática nos anos setenta, vinculada ao ensino da pós-graduação, está expresso nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem, de 2001, na forma da recomendação de que “para conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem, o aluno deverá elaborar um trabalho sob orientação docente”. Portanto, o que nos anos setenta se constituiu em uma prática vinculada à pós-graduação, nos anos noventa, impõem-se como uma necessidade também para a graduação. O fato de ter sido colocado nas Diretrizes Curriculares Nacionais, para o nível de graduação, decorre de que experiências nessa direção já estavam sendo realizadas em inúmeras Escolas de Enfermagem do país. Exemplo disso é o Curso de Enfermagem da Unioeste – Campus de Cascavel, que tem em seu currículo a exigência da elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso para a formação de seus alunos. Essa introdução ocorreu a partir da reforma curricular de 1990 que colocou como obrigatoriedade aos alunos a elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, no último ano, como requisito para a obtenção do título de Enfermeiro. Portanto, a partir de 1993 todo aluno concluinte teve que elaborar um trabalho monográfico ou desenvolver um projeto de pesquisa. Porém, só no ano de 2003, o Colegiado elaborou um regulamento específico para normatizar o desenvolvimento de TCC. As disciplinas de PCC I e II – Projeto de Conclusão de Curso I e II, e atualmente Metodologia científica e Metodologia da Pesquisa em Saúde, ministradas no primeiro e quarto ano do Curso de Graduação em Enfermagem da Unioeste, tem como objetivo preparar os alunos do ponto de vista teórico metodológico para a elaboração do trabalho final, a ser desenvolvido no último ano. Constata-se uma preocupação com a formação filosófica, metodológica e instrumental, elementos necessários para os iniciantes no processo de pesquisar. Essa preocupação está expressa no Projeto Político Pedagógico, nos objetivos do Curso e nos Planos de Ensino das disciplinas. Os objetivos da pesquisa consistiram conhecer a trajetória da pesquisa em enfermagem no Brasil; identificar as principais áreas de interesse e objetos de pesquisa; conhecer os principais referenciais teórico-metodológicos utilizados na pesquisa em enfermagem brasileira. realizar levantamento dos Trabalhos de Conclusão de Curso, desenvolvidos pelos alunos formandos do Curso de Enfermagem da Unioeste – Campus de Cascavel, no período de 1993 a 2003 O estudo foi proposto a partir do entendimento de que a Universidade tem como atividades fins o desenvolvimento articulado do ensino, da pesquisa e da extensão e que o ensino sem a produção de novos conhecimentos torna-se uma mera repetição de conteúdos, empobrecendo o processo de formação dos futuros profissionais. Neste sentido, acreditamos ser de fundamental importância a realização de investigações que auxiliem na compreensão da trajetória da pesquisa em enfermagem no Brasil e, particularmente, no Curso de Enfermagem da Unioeste, contribuindo dessa forma para o conhecimento do que estamos produzindo, bem como para a definição de prioridades para a pesquisa no âmbito do Curso. A pesquisa bibliográfica teve como fontes livros, teses, monografias, anais de eventos e artigos publicados em periódicos da área da enfermagem e serviu para fundametar teoricamente os pesquisadores para posterior análise dos dados coletados. A pesquisa documetnal consistiu na leitura dos Trabalhos de Conclusão de Curso – TCC produzidos pelos alunos do Curso de Enfermagem da unioeste no período de 1993 a 2002, e no registro dos dados selecionados em instrumento próprio, elaborado para tal finalidade. A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO ÂMBITO DA ENFERMAGEM BRASILEIRA A enfermagem é uma profissão milenar, que a partir de meados do século XIX, em nível internacional, começou a construir as bases científicas para subsidiar a sua prática. No Brasil a enfermagem profissional ou científica, emerge com a criação da Escola de Enfermagem do DNSP - Departamento Nacional de Saúde Pública, hoje conhecida como Escola Anna Nery. Apesar desses cerca de 80 anos de existência, somente nos anos 70 do século XX, com a emergência da pós-graduação em enfermagem, é que a pesquisa passou a ser objeto de preocupação de um número maior de enfermeiros. Em nível de graduação é nos anos de 1990 que a Enfermagem brasileira, após um grande debate nacional, passa a recomendar que os alunos desse nível de ensino também recebam preparo e comecem a desenvolver investigações de caráter científico. Porém, nem todas as escolas e cursos introduziram em seus currículos a exigência de elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para seus alunos. As Diretrizes Curriculares Nacionais, de setembro de 2001, também colocaram a necessidade desse aspecto da formação aos graduandos, contudo, sabemos que se constitui apenas em uma diretriz, não em uma exigência legal, o que permite que muitas escolas ainda não tenham introduzido essa atividade acadêmica como parte integrante da formação de seus alunos. Os temas de interesse dos pesquisadores em Enfermagem, no Brasil, tiveram variações significativas ao longo do período, em consonância com a conjuntura econômica, política e técnica vivida pela Enfermagem e pelo próprio país. Além disso, é possível identificar, na literatura disponível, que em diversos momentos históricos, emergiram e tornaram-se hegemônicos determinados quadros referenciais de análise, o que revela que a pesquisa em enfermagem acompanhou e acompanha o movimento mais amplo das investigações científicas na área de saúde e em outros campos do conhecimento. Um dos primeiros trabalhos de pesquisa na enfermagem foi o levantamento de Recursos e Necessidades de Enfermagem, realizado pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) entre 1956 e 1958. Em 1963, Glete de Alcântara defendeu a primeira tese de enfermagem no Brasil, tendo como título: “A enfermagem moderna como categoria profissional: obstáculos a sua expansão na sociedade brasileira”. Outros fatores também merecem destaque na trajetória da pesquisa em enfermagem no Brasil, como a promoção do XVI Congresso Brasileiro de Enfermagem, que teve como tema “Enfermagem e pesquisa”, realizado em 1964. Contudo, a intensificação da pesquisa em enfermagem só ocorreu no final da década de 60, em face da reforma Universitária, que passou a cobrar dos docentes a titulação mínima de mestrado e/ou doutorado e com a criação de cursos de pós-graduação que fortaleceu a educação superior em enfermagem (RICCI, 1997, p.123). Na década de 70, aumentou o número de publicações e trabalhos na área, abordando principalmente a metodologia de enfermagem. Durante o período de 1972 a 1976 a diretoria da ABEn, alterou seu estatuto prevendo o estabelecimento de um órgão especial destinado a incentivar a pesquisa na área, o Centro de Estudos e Pesquisa em Enfermagem (CEPEN), que se efetivou em 1978 (RICCI, 1997, p.124). Com a intenção de criar espaços para a discussão sobre pesquisa e analisar os rumos da pesquisa em enfermagem, o CEPEn realizou o I Seminário Nacional de pesquisas em Enfermagem (SENPE), que ocorre em Ribeirão Preto em 1979. Já nos anos 80 a pesquisa produzida pela enfermagem passou a focalizar mais as necessidades do paciente, predominando a pesquisa descritiva e exploratória. Atualmente existe uma diversificação de temáticas e áreas estudadas pela enfermagem brasileira, bem como dos próprios referenciais utilizados para abordagem do real. Além disso, é possível identificar na literatura disponível, que em diversos momentos históricos, emergiram determinados quadros referenciais de análise, como foi a pesquisa positivista até os anos de 1970, a pesquisa fenomenológica nos anos de 1980 e a pesquisa social nos anos de 1990, o que revela que a pesquisa em enfermagem acompanhou e acompanha o movimento mais amplo das investigações científicas na área de saúde e em outros campos do conhecimento. QUADROS DE REFERÊNCIA O primeiro referencial adotado pela enfermagem brasileira na produção de conhecimento foi o positivismo, método formulado por Augusto Comte (1798-1857). A ciência para os positivistas é considerada neutra, ou seja, o pesquisador estuda o fato para conhecê-lo de modo desinteressado, sem o compromisso de dar respostas aos problemas. Os objetos da ciência são os fatos observáveis e a atitude positiva consiste em descobrir a relação entre eles, as leis invariáveis, privilegiando a linguagem matemática para descrever e alcançar a objetividade cientifica em contraposição ao conhecimento subjetivo. Para isso utilizam o método indutivo, que observa, experimenta e busca descobrir as relações invariáveis de sucessão e de semelhança, as leis efetivas para chegar a generalizações. Sendo assim, a descrição dos fatos consiste fundamentalmente na análise da relação entre diferentes variáveis, subordinando a imaginação à observação. O que interessa é como se produzem as relações entre os fatos e não o porquê dessas relações ocorrerem. Para o positivismo não interessam as causas dos fatos, sejam elas primeiras ou últimas, pensar na possibilidade de um conhecimento amplo, seria acreditar em demasia na capacidade de conhecer do ser humano. A preocupação deste método não é a explicação do fato observado, mas a sua descrição, sendo a descrição feita de acordo com o que os órgãos dos sentidos conseguem captar. O segundo referencial utilizado pela enfermagem brasileira, particularmente a partir dos anos 70 é a Fenomenologia, cuja proposta nasce com Edmund Husserl (1859) que propôs uma terceira via entre o discurso especulativo da metafísica e o raciocínio das ciências positivas. Para os adeptos dessa teoria os fenômenos são os vividos da consciência, os atos e correlatos dessa consciência. Para eles existe uma intencionalidade ao olhar o fenômeno sendo a subjetividade um aspecto essencial. Na fenomenologia se interroga fenômenos e não fatos, o pesquisador a partir de uma dúvida desencadeia as interrogações, buscando a essência do fenômeno estudado, ou seja, o que não varia no fenômeno. O pesquisador está interessado na experiência dos sujeitos e tenta analisar esse mundo-vida em termos de experiência vivida. Para a fenomenologia não interessa a explicação do fenômeno, as razões e os porquês, mas a sua descrição sistemática e o mais detalhada possível, buscando as convergências, os aspectos comuns, o que não varia, o que permanece em todas as descrições. Em geral uma pesquisa fenomenológica não tem conclusão, pois a cada nova aproximação/abordagem do fenômeno têm-se novas revelações, novas descrições que irá compondo o objeto. Já nos anos 80, o Materialismo Histórico passa a ser utilizado como método de interpretação da realidade no campo da saúde em geral e consequentemente também na enfermagem. O Materialismo histórico tem como principal referencia Karl Marx (1818-1883), que em seus estudos toma como pressuposto o fato de que os homens no processo de produção/reprodução de sua vida estabelecem determinadas relações de acordo com o desenvolvimento das forças produtivas. O modo de produção condiciona o processo de vida social, político e espiritual. Para este autor a transformação da sociedade não se dá de modo linear, mas por meio de contradições, antagonismos e conflitos, portanto, o estudo de um objeto, nesta perspectiva, deve partir da concepção de que nada é imutável, tudo é histórico e transitório e está em constante movimento. Os objetos encerram movimentos contraditórios que levam a uma nova situação, cabendo a ciência desvelar este movimento. Para Marx todo objeto compõem uma totalidade de determinações, de relações que o constituem e é por elas constituído. Este método parte dos fenômenos reais (abstratos) e busca por meio de reflexões e abstrações descobrir o seu desenvolvimento, a sua concretude, construindo assim o concreto pensado, a síntese de múltiplas determinações. O objetivo central deste método é explicar as razões e os porquês dos fenômenos, dos acontecimentos, tendo com objetivo final a transformação da realidade. Quanto aos principais quadros de referência adotados pela enfermagem brasileira na produção de conhecimento observou-se o positivismo, a fenomenologia e o materialismo histórico. Neste aspecto, até os anos de 1970 predominou a pesquisa positivista, nos anos de 1980 teve avanço a fenomenologia e nos anos 90 a pesquisa social, o que revela que a enfermagem acompanhou o movimento mais amplo das investigações científicas na área de saúde. O positivismo, formulado por Augusto Comte (1798-1857), propõe a neutralidade da ciência, tendo como objetos os fatos observáveis. A atitude positiva consiste em descobrir a relação entre eles, as leis invariáveis, privilegiando a linguagem matemática para descrever e alcançar a objetividade cientifica em contraposição ao conhecimento subjetivo. Para isso utiliza do método indutivo, que observa, experimenta e busca descobrir as relações invariáveis de sucessão e semelhança, as leis efetivas para chegar a generalizações. Sendo assim, a descrição dos fatos consiste fundamentalmente na análise da relação entre diferentes variáveis, subordinando a imaginação à observação. O que interessa é como se produzem as relações entre os fatos e não o porquê dessas relações ocorrerem. Para o positivismo não interessam as causas dos fatos, sejam elas primeiras ou últimas, pensar na possibilidade de um conhecimento amplo, seria acreditar em demasia na capacidade de conhecer do ser humano. A preocupação deste método não é a explicação do fato observado, mas a sua descrição, sendo a descrição feita de acordo com o que os órgãos dos sentidos conseguem captar. A Fenomenologia, utilizado a partir dos anos 70, nasce com Edmund Husserl (1859) que propôs uma terceira via entre o discurso especulativo da metafísica e o raciocínio das ciências positivas. Para os adeptos dessa teoria os fenômenos são os vividos da consciência. Para eles existe uma intencionalidade ao olhar o fenômeno sendo a subjetividade um aspecto essencial. Na fenomenologia o pesquisador a partir de uma dúvida desencadeia interrogações, buscando a essência do fenômeno estudado, ou seja, o que não varia. O pesquisador está interessado na experiência dos sujeitos. Para a fenomenologia não interessa a explicação do fenômeno, mas a sua descrição sistemática, buscando as convergências, os aspectos comuns, o que permanece em todas as descrições. Em geral uma pesquisa fenomenológica não tem conclusão, pois a cada nova aproximação/abordagem do fenômeno têm-se novas revelações, novas descrições que irá compondo o objeto. Já nos anos 80, o Materialismo Histórico passa a ser utilizado como método de interpretação da realidade também na enfermagem. Tem como principal referencia Karl Marx (1818-1883), que toma como pressuposto o fato de que os homens, no processo de produção/reprodução de sua vida, estabelecem determinadas relações sociais condicionadas pelo modo de produção, que condiciona o processo de vida social, político e espiritual. Para este autor a transformação da sociedade não se dá de modo linear, mas por meio de contradições, antagonismos e conflitos, portanto, o estudo de um objeto, nesta perspectiva, deve partir da concepção de que nada é imutável, tudo é histórico e transitório e está em movimento. Os objetos encerram movimentos contraditórios que levam a uma nova situação, cabendo a ciência desvelar este movimento. Para Marx todo objeto compõem uma totalidade de determinações, de relações que o constituem e é por elas constituído. Este método parte dos fenômenos reais (abstratos) e busca por meio de reflexões e abstrações descobrir o seu desenvolvimento, a sua concretude, construindo assim o concreto pensado, a síntese de múltiplas determinações. O objetivo central é explicar as razões e os porquês dos fenômenos, dos acontecimentos, tendo com objetivo final a transformação da realidade. SOBRE O CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIOESTE – CAMPUS DE CASCAVEL Alguns antecedentes à criação do Curso de Enfermagem da Unioeste merecem destaque. Segundo Rizzotto (2003), em 1975, por meio de estudo realizado pelo Departamento de Assuntos Universitários do Ministério de Educação (MEC), constatou-se que o número de enfermeiros era insuficiente para as necessidades do Brasil. A partir disso o MEC passou a recomendar a criação de cursos de enfermagem, em nível superior em todo o território nacional. No Paraná, neste período só existiam três cursos, sendo dois em Curitiba (PUC e UFPr) e um em Londrina (UEL). Cascavel sendo privilegiada por sua localização geográfica, cresceu e desenvolveu-se nos vários setores econômicos e sociais. Além disso, com a construção da Hidrelétrica de Itaipu e a possível localização da sede administrativa em Cascavel, iniciou-se a construção de um hospital, que viria a ser o atual HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná), o qual deveria atender os funcionários da binacional e a população carente da região. Todos esses fatores contribuíram para a criação do Curso de Enfermagem na antiga Fecivel em 1979. O curso objetivava suprir as deficiências quantitativas de enfermeiros para a região e formar profissionais em quantidade e qualidade suficientes para o funcionamento do referido hospital. Nos 25 anos de funcionamento do Curso (1979 – 2003), formaram-se 597 enfermeiros, que estão atuando, entre outros, em serviços públicos e privados de saúde, em empresas, em secretarias municipais de saúde e na docência. Ao longo de sua existência muitas reformas curriculares ocorreram, contudo, uma em particular merece nossa atenção, pois permitiu que os alunos de graduação iniciassem seu processo de formação no campo da investigação científica. Estamos tratando da alteração curricular ocorrida no ano de 1990, que colocou como obrigatoriedade aos alunos a elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso, como requisito para a obtenção do título de Enfermeiro. Portanto, a partir de 1993 todo aluno concluinte teve que elaborar um trabalho monográfico ou desenvolver um projeto de pesquisa. Serão estes trabalhos que iremos analisar como continuidade da pesquisa. Na análise das monografias, buscou-se identificar, fundamentalmente, as temáticas predominantes, os referenciais teóricos e os recursos metodológicos utilizados. Como resultado salienta-se uma maior conscientização e preocupação com a continuidade da produção de conhecimento após a conclusão do curso e a necessidade de um aprofundamento e ampliação da experiência de produção científica, iniciada na graduação. TABELA 1 Número de Trabalhos de Conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem segundo o ano. Cascavel, 1993 a 2002 ANO 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Total Produzido N 17 24 23 32 48 42 31 33 40 33 323 % 5,3 7,4 7,1 9,9 14,9 13,0 9,6 10,2 12,4 10,2 100 Analisado N 6 17 23 25 38 38 21 33 37 33 271 % 2,2 6,3 8,5 9,2 14,0 14,0 7,7 12,2 13,7 12,2 100 TABELA 2 Relação de orientadores segundo o ano. Cascavel, 1993 a 2002 ORIENTADOR AALS+GMCF+NTM BRGO CSG CSV DCD DCIA EB EML GMC GSB JFS KCC LF LMF LMGG LMH LRNM MC MFCF MLR MLFR MM MMNC MP MRF MRSSB MSM MTM NC NST NTM NTP RAGS RLB RMR SC SD TAD TOTAL 1993 6 1994 17 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 4 1 1 2 2 4 3 3 1 3 6 3 3 2 1 2 1 2 2 2 1 1 1 1 4 1 1 1 1 1 1 3 3 3 2 1 1 1 1 4 2 5 1 1 2 2 3 2 6 1 1 10 11 4 5 1 1 8 1 4 1 6 2 2 2 1 1 1 5 1 3 2 1 1 1 4 1 2 9 2 5 1 2 6 11 3 1 6 17 23 25 38 1 1 1 1 2 1 21 1 1 33 38 2 1 1 37 1 2 1 33 TOTAL 23 5 1 12 6 8 14 3 4 14 6 5 1 6 8 6 6 1 1 29 8 8 2 15 1 7 9 1 2 4 33 1 3 1 3 3 7 4 271 % 8,5 1,8 0,4 4,4 2,2 3,0 5,2 1,1 1,5 5,2 2,2 1,8 0,4 2,2 3,0 2,2 2,2 0,4 0,4 10,7 3,0 3,0 0,7 5,5 0,4 2,6 3,3 0,4 0,7 1,5 12,2 0,4 1,1 0,4 1,1 1,1 2,6 1,5 100 TABELA 3 Elementos formais presentes no TCC segundo o ano. Cascavel, 1993 a 2002 SUMÁRIO ANO 1993 (n 06) 1994 (n 17) 1995 (n 23) 1996 (n 25) 1997 (n 38) 1998 (n 38) 1999 (n 21) 2000 (n 33) 2001 (n 37) 2002 (n 33) Total (n 271) N 6 17 23 24 37 37 21 33 37 31 266 % 2,2 6,3 8,5 8,9 13,7 13,7 7,7 12,2 13,7 11,4 98,2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS N 6 17 23 24 38 35 21 33 37 31 265 % 2,2 6,3 8,5 8,9 14,0 12,9 7,7 12,2 13,7 11,4 97,8 ANEXOS N 4 3 4 13 23 14 17 14 25 20 137 % 1,5 1,1 1,5 4,8 8,5 5,2 6,3 5,2 9,2 7,4 50,6 APÊNDICE N 1 1 1 2 9 8 22 % 0,4 0,4 0,4 0,7 3,3 3,0 8,1 LISTA DE TABELAS, QUADROS E FIGURAS N 1 1 3 8 1 2 5 19 14 54 % 0,4 0,4 1,1 3,0 0,4 0,7 1,8 7,0 5,2 19,9 RESUMO N 1 2 5 2 2 21 18 21 72 TABELA 4 Aspectos Éticos presentes no TCC segundo o ano. Cascavel, 1993 a 2002 ANO 1993 (n 06) 1994 (n 17) 1995 (n 23) 1996 (n 25) 1997 (n 38) 1998 (n 38) 1999 (n 21) 2000 (n 33) 2001 (n 37) 2002 (n 33) Total (n 271) ASPECTOS ÉTICOS ENVOLVE SERES TRAMITOU CEP HUMANOS SIM NÃO SIM NÃO N % N % N % N 3 1,1 3 1,1 6 5 1,8 12 4,4 17 3 1,1 20 7,4 23 14 5,2 11 4,1 25 27 10,0 11 4,1 38 17 6,3 21 7,7 38 16 5,9 5 1,8 21 12 4,4 21 7,7 1 0,4 32 21 7,7 16 5,9 20 7,4 17 21 7,7 12 4,4 19 7,0 14 139 51,3 132 48,7 40 14,8 231 % 2,2 6,3 8,5 9,2 14,0 14,0 7,7 11,8 6,3 5,2 85,2 % 0,4 0,7 1,8 0,7 0,7 7,7 6,6 7,7 26,6 TABELA 5 Tipo de pesquisa segundo o ano. Cascavel, 1993 a 2002 ANO BILBIOGRÁFICA N % 1993 (n 06) 1 0,3 1994 (n 17) 12 4,1 1995 (n 23) 13 4,4 1996 (n 25) 9 3,1 1997 (n 38) 12 4,1 1998 (n 38) 12 1999 (n 21) 8 2000 (n 33) CAMPO N ESTUDO DE CASO DOCUMENTAL OUTRO TOTAL NÃO INFORMOU % N % N % N % N % N % - - 1 0,3 - - 1 0,3 3 1,0 6 2,0 5 1,7 - - - - - - - - 17 5,8 3 1,0 1 0,3 - - 4 1,4 3 1,0 24 8,1 12 4,1 2 0,7 2 0,7 2 0,7 1 0,3 28 9,5 27 9,2 - - - - - - 2 0,7 41 13,9 4,1 15 5,1 - - - - 3 1,0 11 3,7 41 13,9 2,7 14 4,7 - - 1 0,3 - - 1 0,3 24 8,1 23 7,8 11 3,7 1 0,3 3 1,0 1 0,3 - - 39 13,2 2001 (n 37) 18 6,1 19 6,4 1 0,3 - - - - 3 1,0 41 13,9 2002 (n 33) 10 3,4 19 6,4 2 0,7 3 1,0 - - - - 34 11,5 TOTAL 118 40,0 125 42,4 8 2,7 9 3,1 11 3,7 24 8,1 295 100 TABELA 6 Tipo de abordagem segundo o ano. Cascavel, 1993 a 2002 ANO 1993 (n 06) 1994 (n 17) 1995 (n 23) 1996 (n 25) 1997 (n 38) 1998 (n 38) 1999 (n 21) 2000 (n 33) 2001 (n 37) 2002 (n 33) Total (n 271) QUALITATIVA N % 1 0,4 7 2,6 3 1,1 6 2,2 7 2,6 7 2,6 13 4,8 8 3,0 52 19,2 QUALIQUANTITATIVA N % 4 1,5 3 1,1 5 1,8 10 3,7 22 8,1 QUANTITATIVA N % 1 0,4 9 3,3 3 1,1 3 1,1 2 0,7 1 0,4 3 1,1 22 8,1 NÃO INFORMOU N % 6 2,2 16 5,9 22 8,1 18 6,6 26 9,6 29 10,7 7 2,6 21 7,7 18 6,6 11 4,1 174 64,2 TOTAL N 6 17 23 25 38 38 21 33 37 32 270 % 2,2 6,3 8,5 9,2 14,0 14,0 7,7 12,2 13,7 11,8 99,6 TABELA 7 TABELA 2: Número de Trabalhos de Conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem segundo o agrupamento dos temas da agenda de prioridades para a pesquisa. Cascavel, 1993 a 2002 Temas da Agenda Nacional Gestão do Trabalho e Educação em Saúde Saúde da Mulher Saúde da Criança Doenças não-transmissíveis Saúde,ambiente, trabalho e biossegurança Outro Bioética e Ética na Pesquisa Saúde do idoso Saúde mental Sistemas e Políticas de Saúde Alimentação e nutrição Fatores de risco Epidemiologia Comunicação e Informação em Saúde Doenças transmissíveis Violências, acidentes e trauma Saúde dos povos indígenas Demografia e saúde Avaliação tecnológica e economia da saúde Pesquisa clínica Complexo produtivo da saúde Total N % 66 24,4 57 27 22 20 15 13 13 10 9 5 5 4 3 2 271 21,0 10,0 8,1 7,4 5,5 4,8 4,8 3,7 3,3 1,8 1,8 1,5 1,1 ,7 100 Os temas de interesse dos pesquisadores em enfermagem, no Brasil, tiveram variações significativas ao longo do período, em consonância com a conjuntura econômica e política do país e o próprio estágio de desenvolvimento da profissão. Estudos realizados em nível nacional apontam como principais temáticas pesquisadas pelos enfermeiros nos anos de 1970 e 1980 as relacionadas com necessidades do paciente, metodologia da enfermagem e ensino de enfermagem, respectivamente (STEFANELLI, 1992). Até os anos 70 os temas enfocavam, sobretudo, a formação de recursos humanos, a metodologia e o ensino de enfermagem. Já nos anos 80 a pesquisa esteve centrada nas necessidades do paciente e uma reflexão sobre a prática profissional, atualmente há uma diversificação de temas nas diferentes áreas de pesquisa no âmbito da enfermagem brasileira que contribuem para a consolidação da profissão. Um dos primeiros trabalhos de pesquisa na enfermagem foi o Levantamento de Recursos e Necessidades de Enfermagem, realizado pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) entre 1956 e 1958. Em 1963, Glete de Alcântara defendeu a primeira tese de enfermagem no Brasil, tendo como título: “A enfermagem moderna como categoria profissional: obstáculos a sua expansão na sociedade brasileira”. Na década de 1970, aumentou o número de publicações e trabalhos na área, abordando principalmente a metodologia de enfermagem. Já nos anos de 1980 a pesquisa produzida pela enfermagem passou a focalizar mais as necessidades do paciente. Atualmente existe uma diversificação de temáticas e áreas estudadas pela enfermagem brasileira, bem como dos próprios referenciais utilizados para abordagem do real. Em 1979, foi realizado o I Seminário Nacional de Pesquisas em Enfermagem (SENPE). Neste ano de 2005 foi realizado o XIII SENPE com o tema:.... As temáticas centrais dos vários Seminários Nacionais de Pesquisa em Enfermagem, revelam as preocupações e inquietações da categoria como elemento importante para o desenvolvimento da profissão em cada momento específico. Em face da preocupação em relação à sustentabilidade do planeta e dos agravos que afetam a humanidade, a Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, na Cúpula do Milênio, com 147 chefes de Estado, definiu e aprovou as Metas do Milênio. O conjunto de oito objetivos, que deve ser atingido até 2015, prevê a erradicação da extrema pobreza e da fome, o acesso ao ensino básico universal, a promoção da igualdade entre os sexos, a redução da mortalidade infantil, a melhoria da saúde materna, o combate ao HIV/Aids e outras doenças, a garantia da sustentabilidade ambiental e o estabelecimento de uma parceria mundial para o desenvolvimento. Frente a esses objetivos propostos pela ONU, somadas à Política Nacional de Saúde, formulada no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), buscou-se uma maior produção e apropriação de conhecimentos e tecnologias para a redução das desigualdades sociais em saúde. Com a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação em saúde, realizada em 1994 e 2004, possibilitou o crescimento da pesquisa em saúde e sua relação com as políticas de saúde adotadas em nosso país. Assim, novas diretivas foram estabelecidas, e a pesquisa passou a focar mais a questão da saúde da população, em consonância com os objetivos já preconizados pela ONU. Na Conferência realizada em 2004, houve a formulação de uma Agenda Nacional para a pesquisa no campo da saúde. Criada a partir de consulta pública em que participaram cerca de 1900 pesquisadores, em que se definiu os seguintes temas a serem pesquisados: doenças transmissíveis; doenças não transmissíveis; violência, acidentes e trauma; saúde mental; saúde da mulher; saúde da criança/adolescente; saúde do idoso; saúde dos povos indígenas; fatores de risco; epidemiologia; demografia e saúde; sistemas e políticas de saúde; gestão no trabalho e educação em saúde; saúde, ambiente, trabalho e biossegurança; avaliação tecnológica e economia da saúde; alimentação e nutrição; comunicação e informação em saúde; bioética e ética na pesquisa; pesquisa clinica; complexo produtivo da saúde; saúde bucal; saúde do portador de necessidades especificas e saúde da população negra. A pesquisa e o desenvolvimento das políticas e ações de saúde são essenciais para que essas metas sejam alcançadas. Mas, cabe também aos enfermeiros, preconizar a assistência integral e atuar causando pequenos, porém significativos impactos nos “processos de produção e absorção de conhecimento científico e tecnológico, pelos sistemas, serviços e instituições de saúde, centros de formação de recursos humanos, empresas do setor produtivo e demais segmentos da sociedade” (MARZIALE, 2005). REFERÊNCIAS CACCAVO, P.V.; CARVALHO,V. de. Sobre a enfermagem como projeto epistemológico. In: Escola Anna Nery Revista de Enfermagem (Anna Nery School Journal of Nursing). Rio de Janeiro, v.2, n. 3, dez 98, p. 31-44. CAPALBO, C. Alternativas metodológicas de pesqusia. In: Anais 3.º Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem, 1984, Florianópolis: Editora da UFSC, 1984, p. 130 - 157. CUPANI, A. O. Positivismo, neopositivismo e funcionalismo. In: Anais 3.º Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem, 1984, Florianópolis: Editora da UFSC, 1984, p. 89 – 103. MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. 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