FILOSOFIA RENASCENTISTA:
HUMANISMO E NOVO LUGAR NO MUNDO
Prof. Danilo Arnaldo Briskievicz
DATAÇÃO
•
Durante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica.
Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença. O período chamado
Renascimento (século XIV ao século XVI) resgata valores culturais da Antiguidade
Clássica, ou seja, elementos greco-romanos que melhor traduzem o antropocentrismo.
•
O Renascimento pode ser dividido em 4 fases: Pré-Renascimento, Trecento (século XIV)
Quattrocento (século XV) e Cinquecento ( século XVI)
•
Modernidade: de Maquiavel (O príncipe, 1513) até os dias atuais
COMO EXPLICAR A NOVA MENTALIDADE
 A expansão marítima e o renascimento comercial
 Influência da civilização bizantina
 A retomada dos estudos das civilizações clássicas(grecoromana),graças à preservação pelos mosteiros medievais
 A ascensão socioeconômica da burguesia
 A invenção da imprensa por Johannes Gutemberg (1398-1468)
COMO EXPLICAR A NOVA MENTALIDADE
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Crescimento das cidades
•
Inovações tecnológicas: bússola magnética, pólvora, relógio mecânico
•
Crítica aos dogmatismos da Igreja Católica
O
RENASCIMENTO
Nome dado pelos
Próprios
renascentistas
Os renascentistas
Chamavam a
Idade Média de
“Idade de Trevas”
Os renascentistas
desconsideraram a
Idade Média
Eles procuraram
fazer renascer a
cultura
Greco-romana.
Para eles a cultura
na Idade Média
tinha praticamente
desaparecido
Elegeram como base
de estudos as
obras dos gregos e
dos romanos.
4) Essas
mudanças
inspiraram
novos valores,
ideias e
atitudes
1) Na Europa, a
Partir do
Século XI, o
Comércio e
As cidades
cresceram
CONTEXTO
3) Ocorreu a
aliança
do rei com
a burguesia
2) A burguesia
Se fortaleceu
O CONCEITO
• O termo foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no
século XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o
entendemos surgiu a partir da publicação do livro de Jacob
Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele
definia o período como uma época de "descoberta do mundo e
do homem".
RENASCIMENTO
Hoje, essa visão
preconceituosa
que os renascentistas
tinham da Idade
Média não é mais
aceita pelos
historiadores
O Renascimento foi um
movimento cultural que
começou nas cidades
italianas no século XIV
e se propagou pela
Europa nos séculos
seguintes
Gravura do século XVI representando tipógrafos
trabalhando em uma oficina com equipamentos usados
por Gutenberg.
Valores Medievais
Valores Renascentistas
1. O tempo pertence a Deus. É pecado
emprestar dinheiro a juros, ou seja,
cobrar pelo tempo em que o dinheiro
esteve emprestado.
1. O tempo pertence ao homem e este
deve usá-lo em benefício próprio.
2. A fé é mais importante que a razão.
2. Razão e fé são importantes.
3. Valoriza-se o coletivismo. As pessoas
consideram-se membros da cristandade.
3. Valorizam-se o individualismo, a arte e
o talento de cada um.
4. Deus está no centro das atenções
(teocentrismo).
4. O homem está no centro das atenções
(humanismo).
5. O corpo é fonte de pecado.
5. O corpo é fonte de beleza e de prazer.
O
HUMANISMO
Movimento que tinha como
principal objetivo o
conhecimento
do homem, de seu corpo, sua
história,
Ideias e emoções
Movimento liderado
Pelos pensadores
humanistas
Humanistas
Homens que queriam
Melhorar o ensino
Nas universidades
Introduziram estudos
baseados na razão no
cálculo e na experiência.
INOVAÇÕES
QUE MARCARAM
A HISTÓRIA
DA ARTE
Realismo na
representação da
figura humana e
das paisagens.
Domínio da
perspectiva,
técnica que permite
transmitir a sensação
de profundidade.
A iniciativa
de o artista
pintar-se
(autorretrato)
Vincent de Beauvais
escrevendo em seu
escritório, em ilustração
do século XV. Até a
invenção da imprensa, os
livros, copiados
manualmente, tinham
circulação muito restrita.
CARACTERÍSTICAS
•
INDIVIDUALISMO: CAPACIDADE DO SER HUMANO DE FAZER ESCOLHAS
LIVREMENTE
•
RACIONALISMO: A RAZÃO COMO PRINCIPAL INSTRUMENTO PARA
COMPREENDER O UNIVERSO E A NATUREZA – O QUE IMPULSIONOU O
CONHECIMENTO NAS ÁREAS DA ASTRONOMIA, MATEMÁTICA, FÍSICA,
MEDICINA, LITERATURA, GEOMETRIA, PINTURA, ARQUITETURA,
ENGENHARIA, FILOSOFIA E DA FÍSICA
CARACTERÍSTICAS
•
HUMANISMO: O SER HUMANO É O CENTRO DAS PREOCUPAÇÕES E
INDAGAÇÕES, POIS É OBRA SUPREMA DE DEUS (ANTROPOCENTRISMO)
•
CLASSICISMO: VALORIZAÇÃO DA CULTURA GRECO-ROMANA “ABAFADA” PELA
IDADE DAS TREVAS
•
ABSOLUTISMO: JUSTIFICAVAM O GOVERNO CENTRALIZADO ATRAVÉS DE
IDEIAS COMO O DIREITO DIVINO DOS REIS
•
HEDONISMO: VALORIZAÇÃO DO CORPO E DOS PRAZERES TERRENOS E
ESPIRITUAIS
•
NATURALISMO: ESTIMULOU O DOMÍNIO DO HOMEM SOBRE A NATUREZA
ITÁLIA: POR QUÊ?
•
Renascença Italiana foi como ficou conhecida a fase de abertura do Renascimento,
um período de grandes mudanças e conquistas culturais que ocorreram na Europa,
entre o século XV e o século XVI.
•
Este período marca a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna.
•
Surgem novos conceitos ligados ao Humanismo, Naturalismo e Classicismo.
ITÁLIA: POR QUÊ?
Condições:
Estados autónomos. Entre eles estabeleceu-se uma verdadeira
rivalidade: todos pretendiam ter os mais belos palácios e igrejas, os
artistas e os pensadores mais célebres.
Abundam na Itália os vestígios da arte greco-romana que viria a inspirar
numerosos artistas. Por sua vez, as bibliotecas dos mosteiros guardavam
cópias de muitas obras da Antiguidade, que os intelectuais estudavam.
Muitas cidades italianas tinham se tornado centros de comércio. Graças
a essa prosperidade, os grandes senhores nobres e eclesiásticos e os
ricos burgueses apoiavam os escritores e os artistas.
ITÁLIA: POR QUÊ?
•
A referência inicial é centrada na zona da Toscana, nas cidades de Florença e
Siena. Espalhou-se depois para o sul, tendo um impacto muito significativo sobre
Roma, que foi praticamente reconstruída. Espalhou-se depois para o resto da
Europa.
Florença é um município italiano, capital e maior
cidade da região da Toscana e da província
homônima, com cerca de 377 207 habitantes.
Estende-se por uma área de 102,41 km², tendo
uma densidade populacional de 3683 hab/km².
Área: 102,4 km²
População: 370.092 (2010) Organização das
Nações Unidas
FLORENÇA, OU MELHOR, FIRENZE
• Florença era umas das mais prósperas cidades italianas.
• Os negociantes e financeiros, apreciadores das belas artes, criaram à
sua volta um ambiente favorável aos artistas.
• Entre as famílias mais ricas de Florença contavam-se os Médicis, que
acabaram por controlar o governo da cidade e tornar-se mecenas
generosos.
• Sob o seu governo, Florença transformou-se na capital das artes: ali
trabalharam inúmeros arquitetos, escultores e pintores famosos.
NOVA MENTALIDADE
•
Enquanto o homem medieval era temente a Deus, envolvido na
cristandade e acomodado às restrições/obrigações servis, o
homem moderno tornou-se crítico, individualista, envolvido no
espírito de competição capitalista.
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DOGMA X AUTONOMIA
•
FÉ X RAZÃO
•
MEDO X COMPREENSÃO
•
CAMPO X CIDADE
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TEMPO DA NATUREZA X TEMPO DO HOMEM
•
ORDEM NATURAL DAS COISAS X CAOS DAS NOVAS VERDADES
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MISTÉRIO X EXPLICAÇÃO A PARTIR DA EXPERIÊNCIA
Michelangelo
Buonarroti
Rafael
de
Sanzio
Giotto
Os
principais
Nomes da
Pintura
italiana
Leonardo
da
Vinci
Sandro
Botticelli
Escritores
Inglaterra
Inglaterra
Thomas Morus:
Autor de a
UTOPIA
William
Shakespeare:
Autor de peças
Teatrais
(Romeu e Julieta,
Hamlet etc)
Portugal
Luís de
Camões:
Autor de
Os Lusíadas
Espanha
Miguel de
Cervantes:
Autor de
Dom Quixote
Expansão dos valores renascentistas
Inglaterra
William Shakespeare: Romeu e Julieta, Hamlet, Otelo
Thomas Morus: Utopia
As obras de Shakespeare estão ainda hoje
presentes no teatro e no cinema.
França
Espanha
Michel de Montaigne: “Ensaios críticos”
François Rabelais: “Gargântua e Pantagruel”
El Greco: O enterro do conde de Orgaz
Miguel de Cervantes: Dom Quixote
Francesco
Petrarca
Escritores
italianos
Dante
Alighieri
Nicolau
Maquiavel
QUEM É O HOMEM? POR QUE FOI CRIADO?
Botticelli - os temas de seus quadros foram escolhidos segundo a possibilidade que lhe proporcionavam de expressar seu ideal de
beleza. Para ele, a beleza estava associada ao ideal cristão. Por isso, as figuras humanas de seus quadros são belas porque manifestam
a graça divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas porque supõem que perderam esse dom de Deus.
1: Zenão de Cítio ou Zenão de Eleia 2: Epicuro 3: desconhecido (acredita-se ser o próprio
Rafael) 4: Anicius Manlius Severinus Boethius ou Anaximandro ou Empédocles 5: Averroes 6:
Pitágoras 7: Alcibíades ou Alexandre, o Grande 8: Antístenes ou Xenofonte 9: Rafael, ou
Monalisa, Fornarina como uma personificação do Amor ou ainda Francesco Maria della Rovere
10: Ésquines ou Xenofonte 11: Parmênides 12: Sócrates 13: Heráclito ou Miguelângelo. 14:
Platão segurando o Timeu (Leonardo da Vinci). 15: Aristóteles segurando Ética a Nicômaco 16:
Diógenes de Sínope 17: Plotino 18: Euclides ou Arquimedes acompanhado de estudantes
(Bramante) 19: Estrabão ou Zoroastro). 20: Ptolomeu R: Apeles (Rafael). 21: Protogenes.
A dúvida de São Tomé, 1599 Caravaggio
REFORMA RELIGIOSA: UMA AGOSTINIANO NA
HISTÓRIA - MARTIN LUTHER
•
Martin Luther (Eisleben, 10 de novembro de 1483 — Eisleben, 18 de fevereiro de 1546),
foi um frei agostiniano e professor de teologia.
Luther em 1529 por Lucas Cranach
MARTIN LUTHER
•
Contra diversos dogmas do catolicismo romano, contestando sobretudo a doutrina de que o
perdão de Deus poderia ser adquiridos pelo comércio das indulgências.
•
Essa discordância inicial resultou na publicação de suas famosas 95 Teses em 1517, em um
contexto de conflito aberto contra o vendedor de indulgências Johann Tetzel.
•
Sua recusa em retratar-se de seus escritos, a pedido do Papa Leão X em 1520 e do Imperador
Carlos V na Dieta de Worms em 1521, resultou em sua excomunhão da Igreja Romana e em sua
condenação como um fora-da-lei pelo imperador do Sacro Império Romano Germânico.
•
Propôs, com base em sua interpretação das Sagradas Escrituras, especialmente da Epístola de
Paulo aos Romanos, que a salvação não poderia ser alcançada pelas boas obras ou por
quaisquer méritos humanos, mas tão somente pela fé em Cristo Jesus (sola fide), único salvador
dos homens, sendo gratuitamente oferecida por Deus aos homens. Sua teologia desafiou a
infalibilidade papal em termos doutrinários, pois defendia que apenas as Escrituras (sola
scriptura) seriam fonte confiável de conhecimento da verdade revelada por Deus. 1
•
Opôs-se ao sacerdotalismo romano (isto é, à consagrada divisão católica entre clérigos e leigos),
por considerar todos os cristãos batizados como sacerdotes e santos. Aqueles que se
identificaram com os ensinamentos de Lutero acabaram sendo chamados de luteranos.
95 TESES
•
Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob
a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial
da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele
verbalmente, façam-no por escrito.
•
Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
•
Amém.
•
1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida
dos fiéis fosse penitência.
•
2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação
celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
•
3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se,
externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
•
4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência
interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
•
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão
própria ou dos cânones.
95 TESES
•
6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente,
perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.
•
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
•
8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
•
9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da m orte e
da necessidade.
•
10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o
purgatório.
•
11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente
dormiam.
•
12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
•
13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesm as.
•
14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.
•
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez qu e estão
próximos do horror do desespero.
95 TESES
•
16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
•
17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.
•
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no
amor.
•
19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem -aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa
parte, tenhamos plena certeza disso.
•
20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
•
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgênci as do papa.
•
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nes ta vida.
•
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouq uíssimos.
•
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvi ção da pena.
•
25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em par ticular.
•
26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
•
27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
•
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apen as da vontade de Deus.
•
29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Sever ino e São Pascoal?
•
30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
95 TESES
•
31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
•
32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de car ta de indulgência.
•
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da q ual a pessoa é reconciliada
com Ele.
•
34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humano s.
•
35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatívei s com o cristão.
•
36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de
indulgência.
•
37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
•
38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina[2].
•
39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.[3]
•
40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá -las, ou pelo menos dá ocasião para
tanto.[4]
•
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferív eis às demais boas obras do
amor.[5]
•
42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de
misericórdia.
•
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgê ncias.[6]
•
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais
livre da pena.
•
45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulg ências do papa, mas a ira de
Deus.
95 TESES
•
46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de f orma alguma desperdiçar dinheiro com
indulgência.
•
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
•
48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração de vota em seu favor do que do dinheiro que se
está pronto a pagar.
•
49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por
causa delas.
•
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a
carne e os ossos de suas ovelhas.
•
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem
ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
•
52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
•
53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
•
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
•
55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho
(que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.
•
56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conheci dos entre o povo de Cristo.
•
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmen te, mas apenas os ajuntam.
•
58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano
exterior.
•
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em s ua época.
•
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes te souros.
95 TESES
•
61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.
•
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
•
63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.
•
64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.
•
65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
•
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
•
67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medi da em que dão boa renda.
•
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.
•
69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
•
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissári os não preguem os seus
próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.
•
71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
•
72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
•
73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
•
74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.
•
75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentad o a mãe de Deus, caso isso
fosse possível, é loucura.
95 TESES
•
76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se
refere à sua culpa.
•
77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é
blasfêmia contra São Pedro e o Papa.
•
78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as
virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII.
•
79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, equivale à cruz de Cristo.
•
80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o
povo.
•
81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade
do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.
•
82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das
almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo
dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?
•
83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite
que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
•
84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo
redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta
por amor gratuito?
95 TESES
•
85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são
redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
•
86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais Crassos, não constrói com seu próprio di nheiro
ao menos esta uma Basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos próprios fiéis?
•
87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e
participação?
•
88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da
mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
•
89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e
indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
•
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá -los apresentando razões, significa expor a
Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.
•
91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções
poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
•
92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz!
•
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!
•
94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno.
•
95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.
•
[1517 D.C.]
NEOPLATONISMO
• corrente de pensamento iniciada no século III que se baseava
nos ensinamentos de Platão e dos platônicos, mas
interpretando-os de formas bastante diversificadas.
ANTROPOCENTRISMO
• Do grego anthropos, "humano"; e kentron, "centro") é uma
concepção que considera que a humanidade deve permanecer
no centro do entendimento dos humanos, isto é, o universo
deve ser avaliado de acordo com a sua relação com o homem.
É normal se pensar na ideia de "o homem no centro das
atenções".
ANTROPOCENTRISMO
• trata-se de um lugar comum na historiografia qualificar como
antropocêntrica a cultura renascentista e moderna, em
contraposição ao suposto teocentrismo da Idade Média.
ANTROPOCENTRISMO
• A transição da cultura medieval à moderna é frequentemente
vista como a passagem de uma perspectiva filosófica e cultura
centrada em Deus a uma outra, centrada no homem – ainda
que esse modelo tenha sido reiteradamente questionado por
numerosos autores que buscaram mostrar a suposta
continuidade entre a perspectiva medieval e a renascentista.
HEDONISMO
• O hedonismo (do grego hedonê, que significa prazer) é
uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o
prazer o supremo bem da vida humana.
• Surgiu na Grécia, na época pós-socrática, e um dos
maiores defensores da doutrina foi Aristipo de Cirene. O
hedonismo moderno procura fundamentar-se numa
concepção mais ampla de prazer entendida como
felicidade para o maior número de pessoas.
RACIONALISMO
• corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio que
é a operação mental, discursiva e lógica. Este usa uma ou mais
proposições para extrair conclusões se uma ou outra proposição
é verdadeira, falsa ou provável. Essa era a ideia central comum
ao conjunto de doutrinas conhecidas tradicionalmente como
racionalismo.
RACIONALISMO
• corrente central no pensamento liberal que se ocupa
em procurar, estabelecer e propor caminhos para
alcançar determinados fins.
RACIONALISMO
• Tais fins são postulados em nome do interesse coletivo
(commonwealth), base do próprio liberalismo e que se torna
assim, a base também do racionalismo.
• O racionalismo, por sua vez, fica à base do planejamento da
organização econômica e espacial da reprodução social.
OTIMISMO
• Em filosofia, otimismo é uma orientação característica do
pensamento de Leibniz, que pode ser resumida na
afirmação de que, sendo o universo criado por Deus, nele
se torna possível conciliar o máximo de bem e o mínimo
de mal, o que faz dele "o melhor dos mundos possíveis".
Esta posição, exposta no século XVII, foi particularmente
combatida por Voltaire no século XVIII, especialmente em
sua obra satírica "Cândido, ou o Otimismo".
OTIMISMO
• Já no início do século XIX, o filósofo anarquista inglês
William Godwin foi ainda mais longe que Leibniz em seu
otimismo, ao supor que a sociedade humana tenderia a
alcançar um estado em que a razão viria a substituir todo
o uso da força e da violência, a mente controlaria a
matéria e a inteligência descobriria o segredo da
imortalidade.
INDIVIDUALISMO
• O Homem do renascimento passou a apoiar a competição e a
desenvolver uma crença baseada em que o homem tudo
poderia, desde que tivesse vontade, talento e capacidade de
ação individual.
INDIVIDUALISMO
• O individualismo, em princípio, opõe-se a toda forma de
autoridade ou controle sobre os indivíduos e coloca-se
em oposição ao coletivismo, no que concerne à
propriedade. O individualista pode permanecer dentro da
sociedade e de organizações que tenham o indivíduo
como valor básico - embora as organizações e as
sociedades, contraditoriamente, carreguem outros
valores, não necessariamente individualistas, o que cria
um estado de permanente tensão entre o indivíduo e
essas instâncias de vida social.
INDIVIDUALISMO
•
Segundo Sartre, mesmo dentro do maior constrangimento - político, econômico, educacional
ou outro -, existe um espaço, maior ou menor, para o exercício da liberdade individual, o que
faz com que as pessoas possam se distinguir uma das outras, através das suas escolhas.
INDIVIDUALISMO
• O exercício da liberdade individual implica em escolhas, que,
nas sociedades contemporâneas, frequentemente estão
associadas a um determinado projeto. Indivíduos desenvolvem
seus projetos dentro de um campo de possibilidades e dado um
certo repertório sociocultural - que inclui ideologias, visões de
mundo e experiências de classe, grupos, ethos, dimensões nas
quais o indivíduo se insere.
HUMANISMO
• é um método de aprendizado que faz uso da razão individual e
da evidência empírica para chegar às suas conclusões,
paralelamente à consulta aos textos originais, ao contrário da
escolástica medieval, que se limitava ao debate das diferenças
entre os autores e comentaristas.
HUMANISMO
•
afirma a dignidade do homem e o torna o investigador por excelência da natureza. Na
perspectiva do Renascimento, isso envolveu a revalorização da cultura clássica antiga e sua
filosofia, com uma compreensão fortemente antropocentrista e racionalista do mundo, tendo
o homem e seu raciocínio lógico e sua ciência como árbitros da vida manifesta.
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Filosofia renascentista: humanismo e novo lugar no mundo