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O novo mundo de Pureza H2O
Pureza H2O, uma das mais jovens e limpas águas de Portugal, tinha
nascido na nascente de Monchique e, após ter sido tratada, mudara-se,
juntamente com os seus pais, para os canos da casa Mendes.
Nesta casa, tinha uma vida muito sossegada e saudável, pois tivera a
sorte de ter como destino uma casa onde os princípios ecologistas eram
seguidos à risca. Esta família tinha o cuidado de não deitar objectos sólidos,
produtos tóxicos e restos de comida nos canos, pois podiam causar um
entupimento dos mesmos ou uma poluição perigosíssima na água.
Sendo a sua estadia muito curta naquela casa, não conhecia todos os
cantos deste local, e por isso, sempre que tinha oportunidade escapava às
“garras” dos pais procurando novas e hilariantes aventuras.
Um dia destes, decidiu dar mais um dos seus fascinantes passeios. Saiu
sorrateiramente, sem dizer nada a ninguém, por um buraco misterioso. De
repente, escorregou num túnel contracurvado de uma escuridão
incomensurável.
Quando ela pensou que esta viagem turbulenta tinha acabado (estava
agora no autoclismo) sentiu-se puxada para baixo, por uma enorme força. Após
algumas cambalhotas e piruetas parou novamente. Encontrava-se num sítio
estranho e com um cheiro desagradável (cano de esgoto).
Perdida e sozinha, pureza H2O começou a chorar e a chamar pelos
seus pais, que com tanta demora já deviam estar muito preocupados.
Pureza estava tão amedrontada que passou da sua temperatura normal
para os 0ºC, ficando assim um cubo de gelo.
De repente, ouviu uma voz que lhe perguntava por que é que estava a
chorar, olhou para trás e viu que era uma água que ela não conhecia e que
tinha um aspecto sujo e horrível. Meio assustada, perguntou-lhe como se
chamava e onde estava. Esta respondeu-lhe que o seu nome era Maria Sujinha
e que estavam em sua casa.
Pureza, que agora voltara ao seu estado normal (o líquido), perguntou-lhe se não tinha medo de viver sozinha num sítio tão horrendo.
- Claro que não vivo sozinha! – respondeu Maria, começando a referir os
nomes dos amigos (os poluentes da água) que viviam com ela - o chumbo, o
manganês, os nitratos e nitritos, o magnésio, o cálcio, o ferro e vários cloretos.
Pureza, como era muita curiosa, implorou à Maria Sujinha que os
apresentasse o mais rápido possível, pois queria conhecê-los para que eles se
tornassem seus amigos. Quando os viu, Pureza H2O achou-os com um mau
aspecto e bastante obesos. Depois de os observar melhor, verificou que tinha
amigos como eles, só que com um aspecto mais atraente e saudável. Sem
saber para onde ir pediu alojamento a Maria Sujinha e esta disse que tinha
muito gosto em fazer um favor a uma amiga.
Desde o primeiro dia, que não se adaptara àquele local e depois de
alguns dias de convivência com toda aquela gente, achou que aquele não era o
melhor ambiente para se viver. Ficou muito preocupada ao pensar que seria ali
que teria de passar o resto da sua vida.
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Felizmente os seus pais andavam à sua procura e, num dia de muita
sorte para ela, a sua mãe achou-a naquele fim de mundo. Chorando de alegria
e matando as saudades, Pureza pediu a sua mãe para que esta lhe levasse
para sua casa, mas havia um senão: a Maria Sujinha, ela tinha-se tornado uma
das suas maiores amigas e agora, Pureza H2O não a queria deixar. Voltou a
fazer mais um pedido à sua progenitora, pediu-lhe desta vez para levar consigo
a Maria e os seus amigos. Ao princípio a mão recusou, pois achou a Maria
Sujinha e seus amigos umas más companhias para a sua filha, mas depois de
tanta insistência, lá aceitou o pedido.
Levou-os então para uma ETAR (Estação de Tratamento de Águas
Residuais), já que estavam todos com um aspecto pouco saudável. Passaram
por três tratamentos: o tratamento primário, onde foi separado o material sólido
grosseiro (como o cascalho e a areia) e os materiais insolúveis (como os óleos)
das águas; o tratamento secundário, onde foram removidas as substâncias
orgânicas solúveis e biodegradáveis das águas; passaram pelo tratamento
terciário que consiste num conjunto de tratamentos químicos e físicos para a
remoção de determinados poluentes e dos excessos de substâncias existentes
nas águas, que as tornam impróprias para consumo.
Depois destes tratamentos, todos os amigos agradeceram à mãe de
Pureza H2O, especialmente Maria Sujinha que até mudou de nome, passou a
chamar-se Maria Limpinha. Todos estes amigos tornaram-se inseparáveis e
Pureza tornou-se menos curiosa e muito mais prudente.
Ana Carla Sequeira nº 1 e Ana Rita Ventosa nº 2 - alunas do 8º B
SUGESTÃO
de Mia Couto (a partir das notas iniciais do grupo)
A ideia é feliz: personificar as águas. Mas se as queremos ver como pessoas
então também temos que ter atenção em as não dividir dessa modo tão
cimplista- os puros e impuros. Eu colocaria algo na história de modo a que se
percebesse que a água chamada pura nem sempre é assim tão pura. A água
da chuva, por exemplo, é sempre um bocadinho ácida, não tem um pH neutro.
Seria bonito que a água puraaceitasse que, afinal, nem sempre é assim tão
pura.
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