(< 2,0 NMP/ml) (Quadro 2). Como não existe legislação que
estabeleça padrões mínimos para a presença de coliformes
totais e fecais no leite cru, já que a comercialização do mesmo é proibida, portanto, os resultados encontrados foram
comparados com padrões estabelecidos pela Instrução
Normativa 62 para o leite pasteurizado. Silva et al. (2008)
analisaram em seu trabalho 348 amostras de leite, verificando a presença de coliformes totais em 194 amostras
(55,7%), e coliformes fecais em 182 amostras (52,3%) com
valores acima do exigido pela legislação. Amaral e Santos
(2011), ao analisarem amostras de leite cru, obtiveram resultados semelhantes.
As bactérias do grupo coliforme são amplamente utilizadas
como indicadores de contaminação do ambiente e por fezes,
sendo que a presença deste grupo em elevada quantidade indicam que o alimento foi preparado em condições precárias de
higiene (MURPHY, S., 1997; BRITO, M.A.V. P., 2012).
Quadro 2. Resultados da contagem de coliformes totais (35°C)
e coliformes fecais (45°C) expressos em NMP/ml coletadas dos
fornecedores A, B e C
Coliformes Totais
(35°C) NMP/ml
Coliformes Fecais (45°C)
NMP/ml
Meses
Forn. A
Forn. B
Forn. C
Meses
Forn. A
Forn. B
Forn. C
1º mês
>110,0
>110,0
>110,0
1º mês
>110,0
>110,0
>110,0
2º mês
29,0
<0,3
>110,0
2º mês
>110,0
<0,3
>110,0
3º mês
46,0
21,0
>110,0
3º mês
2,9
46,0
>110,0
4º mês
<0,3
>110,0
>110,0
4º mês
<0,3
>110,0
>110,0
5º mês
>110,0
21,0
>110,0
5º mês
3,5
21,0
<0,3
6º mês
>110,0
>15,0
>110,0
6º mês
>110,0
>110,0
>110,0
Fonte: SOUZA (2013).
Neste trabalho, 100% das amostras analisadas apresentaram contaminação por Escherichia coli (Figura 2). Os
resultados encontrados corroboram com os obtidos por
Mattos et al. (2010), que analisaram um total de 53 amostras
de leite, sendo observada em todas as amostras a presença
de E. coli. No estudo de Barreto et al. (2012), foi observada
a presença de E. coli em 76% das amostras de leite cru.
Andrade et al. (2009) também observaram em seu trabalho a
presença de E. coli em 13,6% de um total de 966 amostras
isoladas de leite.
De acordo com Mattos et al. (2010), a presença de E.
coli indica contaminação fecal e pode ainda sugerir a presença de bactérias entéricas com potencial patogênico para
o homem e os animais. Também sugere que o alimento foi
preparado em condições inadequadas de higiene ou que
este não tenha sido armazenado em condições específicas,
além disso, a bactéria E. coli é reconhecida mundialmente
como a causadora de diversas doenças relacionadas à alimentos (GONÇALVES, E. S. et al.; 2002).
R evista A nalytica • Fevereiro/Março 2015 • nº 75
Neste trabalho, foi detectada a presença de Salmonella
spp. em 5,5% das amostras analisadas (Figura 2). Estes
resultados corroboram com os resultados encontrados por
Machado et al. (2002), que em seu estudo observaram 26
propriedades que trabalham com a produção de leite bovino e em 7,7% das propriedades foi verificada a presença
de Salmonella spp. nas amostras de leite. No trabalho de
Okura, Rigobelo e Ávila (2005) das 324 amostras de leite cru
analisadas, 1,8% das amostras apresentaram a ocorrência de Salmonella spp. As salmoneloses relacionadas com
o consumo de alimentos contaminados tornam-se motivo
de preocupação à saúde pública, sendo responsáveis por
grandes índices de mortalidade (LÁZARO, N.S.; 2008).
Figura 2. Gêneros de bactérias encontradas nas amostras avaliadas,
separadas por fornecedor
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
40%
20%
10%
0%
Fornecedor A
Fornecedor B
Fornecedor C
p.
i
ol
c
E.
on
lm
Sa
la
el
p.
p.
ss
ig
la
el
Sh
ss
ss
si
eb
Kl
la
el
ba
ro
e
nt
p.
s
rs
e
ct
p.
s
eu
ss
Total
ot
Pr
E
Fonte: SOUZA (2013)
Neste estudo, 27,8% das amostras apresentaram Shigella
spp. (Figura 2). No trabalho de Okura, Rigobelo e Ávila (2005),
foi constatada a presença de Shigella spp. em 1,1% das amostras de um total de 324 amostras de leite cru. Como o leite
é uma importante fonte de nutrientes para crianças em fase
de desenvolvimento a presença deste tipo bacteriano merece
destaque (OKURA, M. H.; ÁVILA, F. A., 2015).
A Shigella spp. é responsável por causar uma doença conhecida como shiguelose ou desinteria bacilar, caracterizada
em casos mais graves por diarreia com sangue e pus, febre,
desidratação, toxemia e convulsões em crianças pequenas. O
modo de transmissão das shigueloses se dá de pessoa para
pessoa, ingestão de alimentos e água contaminados, e se relaciona diretamente com a precariedade das condições higiênico-sanitárias, já que a via fecal oral é o seu principal modo
de contaminação (PINTO, A., 1996; SANTOS, H. H. P., 2001;
SCHROEDER, G.N.; HILBI, H., 2008). No Brasil, não existe uma
legislação que obrigue a fiscalização de alimentos em se tratando da presença de Shigella spp., talvez, seja por isso, que
as shigueloses são tão pouco conhecidas e pouco relatadas no
país (PAULA, C. M. D.; 2009).
Neste estudo, 61,1% das amostras apresentaram contaminação por Klebsiella spp. Bastos et al. (2006) em seu
trabalho verificaram que todas as amostras de leite analisadas tinham a presença de Klebsiella spp. Os resultados
também corroboram com o trabalho de Arcuri et al. (2008)
61
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(não existe - Revista Analytica