I DOMINGO DE ADVENTO – 02 de dezembro de 2012
A VOSSA LIBERTAÇÃO ESTÁ PRÓXIMA – Comentário de Pe. Alberto Maggi OSM
ao Evangelho
Lc 21, 25-28, 34-36
Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: 25”Haverá sinais no sol, na lua
e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho
do mar e das ondas. 26Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no
que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas. 27Então
eles verão o Filho do homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória.
28
Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça,
porque a vossa libertação está próxima. 34Tomai cuidado para que vossos
corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das
preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; 35pois esse dia
cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. 36Portanto,
ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o
que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do homem”.
O último discurso de Jesus aos seus discípulos, antes do jantar, contém um
encorajamento a respeito das ameaças externas e uma advertência sobre os perigos
internos na comunidade, talvez mais perigosos do que as ameaças externas.
Vamos ver Lucas, capítulo 21, versículos 25-36.
Jesus diz: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas”. Essas imagens, tomadas da
linguagem dos profetas, são as imagens da queda de uma ordem social injusta e a
inauguração de uma nova ordem social. Estes sinais anunciam a chegada “do dia do
Senhor”. Por isso, Jesus continua dizendo: “Os homens vão desmaiar...” - (outra
tradução: “vão morrer”) - “... de medo, só em pensar no que vai acontecer ao
mundo”, ou seja, “a toda a terra habitada”.
Por que esse desmaio? Por que esse medo? Porque o que parecia perfeito,
imutável, eterno, não o é mais! O que parecia verdadeiro demonstra sua falsidade,
e o que parecia sagrado revela suas impurezas. Também o próprio santo
Agostinho, vendo o desmoronamento do Império Romano, acreditava que era o fim
do mundo! Era inimaginável pensar à humanidade sem a perfeita organização do
Império Romano!
Pois bem, ao contrário, Jesus declara que todas essas estruturas de poder que
oprimem e esmagam o homem, uma após a outra, serão abaladas e então destruídas.
De fato, Jesus acrescenta: “As forças do céu serão abaladas”. No céu há alguém
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que usurpa o papel de Deus Pai. São essas forças que querem para si o direito de vida
e de morte sobre as pessoas. Essas forças “serão abaladas”!
Graças ao anúncio de Jesus, ao evangelho, à Boa Notícia, as falsidades dessas
forças aparecerão e começarão a vacilar. “Então eles verão”. Quem são “eles”
que verão?. Não são os discípulos, caso contrário, Jesus teria dito: “vocês verão”.
Portanto “eles” são estes poderes, estas forças que, uma vez que estiverem
angustiados e abalados por esta Boa Notícia, então “verão o Filho do homem,
vindo numa nuvem com grande poder e glória”.
Quem é esse “Filho do homem?”. Jesus se refere à profecia do profeta Daniel,
contida no capítulo 7, onde o profeta há uma visão: do mar surgem quatro animais,
um mais monstruoso e mais feroz que o outro. Esses animais são os impérios que
se sucederam na história (a partir dos Babilônios, os Médos, os Persas, até
Alexandre o Grande).
Aconteceu sempre a mesma coisa: os povos colocavam a confiança em um poder
ainda mais forte do que aquele que eles tinham e que era um poder injusto e
explorador. Consequência disso: colocando suas esperanças em outro poder mais
forte, a situação deles piorava cada vez mais!
Portanto, - ainda na visão do profeta Daniel - o poder desses animais é removido e é
dado ao “Filho do Homem”, isto é, o homem em sua plenitude. É o triunfo do humano
sobre o desumano. Jesus reivindica para si a condição de “o Filho do Homem”.
Portanto, a mensagem não é ameaçadora, mas cheia de esperança! Isso é
demonstrado pelas palavras pronunciadas a seguir por Jesus.
“Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça,
porque a vossa libertação está próxima”.
Este termo “erguer a cabeça”, Lucas o tem usado uma única vez no seu Evangelho,
no capítulo 13, versículo 11, no caso da mulher encurvada. Lucas diz textualmente:
“ela era encurvada e incapaz de se endireitar”, isto é, não podia levantar a cabeça
de forma nenhuma.
Pois bem, o anúncio de Jesus é: “Erguei a cabeça, porque a vossa libertação está
próxima”.
A libertação de uma religião que submete!
De fato, o Deus de Jesus não absorve as energias dos seres humanos, mas lhes
comunica as Suas. Ele não submete as pessoas, pelo contrário as eleva.
Assim, após ter tranquilizado os discípulos sobre os perigos externos, assegurando que
os poderes, um após o outro, irão cair – portanto, essas catástrofes são o início da
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libertação dos discípulos e da humanidade -, Jesus vai para o que, talvez, seja ainda
mais perigoso: o perigo dentro das comunidades.
E é por isso que Jesus os adverte: “Tomai cuidado”. Esta expressão já apareceu três
vezes no Evangelho de Lucas: significa fugir de um perigo. Jesus advertiu-os a respeito
do “fermento dos fariseus” que é a hipocrisia, a respeito dos escribas e da vaidade
deles, como também tinha advertido os discípulos sobre o escândalo da falta de
perdão.
Portanto, o que Jesus está fazendo é uma advertência muito severa. “Tomai cuidado
para que vossos corações...” isto é, as vossas mentes, “... não fiquem insensíveis
por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida”, - aquelas
preocupações económicas que podem obscurecer a mensagem de Jesus - “e esse dia
não caia de repente sobre vós”.
Assim, por um lado, as distrações, por outro, as preocupações econômicas levam as
comunidades a não se interessar mais das necessidades e das precisões dos outros,
mas só a pensar em si mesmas e em seus próprios bens. Isto é dramático, porque
conduz à destruição da comunidade.
De fato, Jesus acrescenta: “Ficai atentos” - isto é, “ficai acordados” - “e orai a todo
momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para
ficardes em pé diante do Filho do homem”.
O que Jesus quer dizer? Se seus discípulos se integrarem na sociedade injusta,
assumindo os modelos dela, então, atenção: porque vão correr o mesmo risco da
sociedade perversa, quer dizer, serão destruídos.
Se, pelo contrário, serão fieis a Jesus e à mensagem Dele, poderão “ficarem em pé
diante Dele” e continuar a sua própria existência na dimensão “do Filho do homem”,
quer dizer, na esfera do divino!
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