O ZOOLÓGICO UFMT COMO FERRAMENTA DE FORMAÇÃO E
INTERVENÇÃO DE EDUCADORES AMBIENTAIS
OLIVEIRA, Gustavo Mendes1
Na implementação do Programa de Formação de Educadores Ambientais do Pantanal
(PROFEAP), percebemos o zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso Cuiabá (UFMT) um lócus adequado para a formação de educadores (as) ambientais. O
mesmo é um espaço educativo, na medida em que recebe, diariamente, estudantes dos
níveis básico e superior de ensino das redes da região da baixada cuiabana e do Estado,
além de turistas e da comunidade do entorno, que visitam o zoológico com o intuito de
conhecer a fauna silvestre. Diante dessas possibilidades elaboramos um projeto de
extensão em Educação Ambiental (EA) enquanto mecanismo de institucionalização
para formação de educadores (as) ambientais no espaço do zoológico. Após aprovação
nos colegiados e instâncias acadêmicas iniciamos o processo para promover: Formação:
através de oficinas, palestras, mini-cursos e vídeos, tendo como eixo temático o Tratado
de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.
Reflexão: debates e discussões na perspectiva da construção de sociedades sustentáveis.
Produção: materiais de caráter educativo tendo o zoológico enquanto foco de narrativas
e Vivência: aplicação de ações e materiais pensados no coletivo de formação. Iniciamos
com um grupo de estudantes oriundos dos cursos de Agronomia e Biologia da UFMT,
Universidade de Cuiabá (UNIC) e Universidade de Várzea Grande (UNIVAG).
Atingimos a formação de 29 pessoas durante o período de março a junho de 2007 e
atendemos mais de 1200 estudantes da rede de ensino do Estado.
Palavras-chaves: Educação ambiental, formação e zoológico.
1
Graduando 6º semestre do Curso de Ciências Biológicas da UFMT e monitor do projeto
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo apresentar experiências vivenciadas no
processo de formação de educadores (as) ambientais no Zoológico da Universidade
Federal de Mato Grosso – Cuiabá/UFMT, realizado através de um projeto de extensão
universitária, sendo o mesmo resultado da intervenção do autor como parte do Programa
de Formação de Educadores (as) Ambientais do Pantanal (PROFEAP).
A multiplicação de problemas sócio-ambientais tem contribuído para a
emergência e difusão de uma consciência ecológica, assim como para um
questionamento da atual forma de relacionamento entre sociedade e natureza.
O risco de um colapso ecológico, o avanço da desigualdade e da pobreza são
sinais eloqüentes da crise do mundo globalizado e tem impactado a opinião pública
mundial e atraído atenção para uma realidade, até então pouco observada (LEFF, 2005).
Neste contexto, surge a Educação Ambiental (EA) fundamentada em uma
perspectiva de transdisciplinaridade baseada em dois grandes documentos: o Tratado de
EA para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e a Carta da Terra, que
pode ser entendida como:
...um processo de aprendizagem permanente baseado em todas as formas de
vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação
humana e social e para preservação ecológica. Ela estimula a formação de
sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservem
entre si uma relação de interdependência e diversidade. Isto requer
responsabilidade individual e coletiva em níveis local, nacional e planetário.
(SATO 2003, p.17)
A implementação de um sistema de gestão ambiental (SGA) num zoológico
indica seu nível de envolvimento e compromisso com a conservação da biodiversidade,
e a EA constitui um dos seus três pilares, interligada à conservação e às pesquisas
científicas, pois promovem o zoológico da condição de um simples espaço de lazer e
observação de animas em cativeiro, à um lugar de conscientização humana para a
preservação dos recursos e da biodiversidade do nosso planeta (CRUZ, in CUBAS et
all, 2007, 26).
O ZOOLÓGICO DA UFMT
Referência no estado, do ponto de vista turístico e ambiental, o Zoológico da
UFMT é o único do país implantado dentro de uma universidade. Com uma área de 11
hectares, atualmente também é a única referência no Estado de Mato-Grosso para a
guarda de animais que são apreendidos pelos órgãos fiscalizadores como a Fundação
Estadual do Meio Ambiente (FEMA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA),
Polícia Florestal, e Juizado Volante Ambiental (JUVAM). Por esse motivo, seus
animais residentes são, na grande maioria, representantes da fauna regional matogrossense da Amazônia, Cerrado e Pantanal, entre répteis, aves e mamífero.
O PROFEAP
O Programa de Formação em Educação Ambiental no Pantanal (ProFEAP),
executado pelo GEPEA, abarcou 16 municípios de MT dentre eles Cuiabá e Várzea
Grande e visou construir as identidades territoriais do Pantanal para o fortalecimento da
participação na formulação de políticas públicas. A meta foi promover o
empoderamento político que alterasse o projeto individual competitivo à formação de
coletivos educadores que possam promover a transformação e a transvalorização
planetária pelas mãos da Educação Ambiental.
O diálogo de saber na enorme comunidade de aprendizagem ocorre entre várias
Pessoas que Aprendem Participando (PAP), envolvendo as Organizações NãoGovernamentais, as Governamentais, as Redes, as Universidades, as Escolas e as
Prefeituras Municipais. Estas PAP tomam a metáfora dos 4 elementos (água, terra, fogo
e ar) em suas constituições:
1) os tomadores de decisão do Ministério do Meio Ambiente, Diretoria de
Educação Ambiental & Programa Pantanal que deram gênesis ao ProFEAP
(PAP1 - água);
2) os especialistas de várias organizações mato-grossenses, que trançam,
cooperam e dão o movimento ao ProFEAP (PAP2 - ar);
3) os animadores pedagógicos que agitarão o curso, dando a alma (anima) e vida
na liderança, pulsação e movimento (PAP3 - fogo);
4) os educadores ambientais populares, habitantes dos municípios contemplados
que enraizarão a EA fortalecendo as políticas públicas e práticas de educação
ambiental (PAP4 - terra).
Visando atender a lógica descrita acima, foi escolhido como local de intervenção
para formação dos PAP 4 o Zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT), situado no campus de Cuiabá, que é parte integrante do Instituto de
Biociências da mesma universidade.
Como PAP 4, participaram estudantes da Universidade de Cuiabá (UNIC),
Universidade de Várzea Grande (UNIVAG) e UFMT, das áreas de biologia e
agronomia, sendo que o papel de PAP 3 fora desempenhado pelo autor.
METODOLOGIA
O primeiro processo de formação do projeto foi realizado no período de março a
junho de 2007 e aconteceu em duas etapas: uma teórica, que resultou num
projeto/apostila, contendo o roteiro e o conteúdo de todas as atividades escolhidas; a
outra prática, em que os estagiários receberam as escolas e aplicaram essas atividades
como forma de averiguação da viabilidade das mesmas.
Elaboramos um projeto de extensão em Educação Ambiental (EA) enquanto
mecanismo de institucionalização para formação de educadores (as) ambientais no
espaço do zoológico, envolvendo um estagiário do curso de Biologia com formação em
PAP 3.
Após aprovação nos colegiados e instâncias acadêmicas iniciamos o processo
para promover: Formação: através de oficinas, palestras, mini-cursos e vídeos, tendo
como eixo temático o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global. Reflexão: debates e discussões na perspectiva da construção
de sociedades sustentáveis. Produção: materiais de caráter educativo tendo o zoológico
enquanto foco de narrativas e Vivência: aplicação de ações e materiais pensados no
coletivo de formação PAP 4.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Obtivemos como resultado: a Formação de 29 educadores (as) ambientais e a
instrumentalização de um grupo de EA no zoológico; o atendimento das escolas
(somando mais de 1200 alunos) e da comunidade de visitantes; e a elaboração de uma
proposta de intervenção sócio-ambiental no Bairro Renascer através do projeto
Conexões de Saberes.
Foram preparados materiais didáticos com os mais variados temas, dentro da
linguagem necessária para as diversas faixas de escolaridade, envolvendo e utilizando o
espaço do Zoológico e a realidade do planeta, abordando temas como: reciclagem,
preservação, conservação, extinção, biopirataria, descrição e função ecológica dos
animais, queimadas, saúde e meio ambiente, agenda 21, biodiversidade e aquecimento
global. Foram utilizados, ainda, recursos mais atrativos para repassar o conhecimento
como: vídeos; dinâmicas e a trilha feita dentro do zoológico.
A realidade encontrada no zoológico também serviu de reflexão para o grupo
que contribuiu muito com opiniões e sugestões para a administração do zoológico.
Conseqüentemente resultando na valorização do Zoológico enquanto laboratório vivo e,
como tal, área de estágio para profissionais de diversas áreas que envolvem a Educação
Ambiental.
Para a realização deste trabalho constituiu-se o grupo EMA`Z (Educadores para
o meio ambiente Zôo/UFMT), composto pelos estagiários que participaram do curso,
contou, ainda, com a parceria de membros do Coletivo Jovem e bolsistas do programa
Conexões de Saberes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SATO, Michèle. Educação Ambiental. São Carlos: RiMa, 2003
LEFF, Henrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade,
poder. 4. ed. Petrópolis: vozes, 2005.
CUBAS, Zalmir Silvino. Tratado de animais Selvagens – medicina veterinária/ Zalmir
Salvino Cubas, Jean Carlos Ramos Silva, José Luíz Catão – Dias. São Paulo: Roca,
2006.
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