01 de nopvembro de 2013
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Durante um longo tempo, não houve luz em minha casa. Por isso, e
sempre retornando à noite, aprendi a me locomover no escuro, sabia de cor
as ranhuras e as superfícies, conhecia os buracos e as marcas, era capaz de
apanhar uma agulha em tal armário, naquela gaveta, dentro de uma caixa.
Tamanha habilidade para as trevas foi-me inútil quando, entre os lençóis, eu apalpei o corpo, a pele, deslizei os dedos entre os cabelos imensos,
investiguei boca, nariz e olhos, toquei seios e quentumes, mas jamais soube
quem era ela, de onde viera, para onde ia.
A cada 15 - Paulinho Assunção
Paulinho Assunção nasceu em São Gotardo, Minas Gerais, em 1951.
Publicou A sagrada blasfêmia dos bares (Editora Civilização Brasileira, Rio de
Janeiro), em 1981, e Diário do mudo (Editora Comunicação, Belo Horizonte),
em 1984, vencedor do Prêmio Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte,
de 1983, mesmo ano em que integrou a Comissão de Redação do Suplemento
Literário de Minas Gerais a convite de Murilo Rubião. Foi repórter do jornal
O Estado de S. Paulo por mais de cinco anos. Em 1998, venceu o Prêmio
Nacional Minas de Cultura (Guimarães Rosa), com o livro de contos Pequeno
tratado sobre as ilusões, publicado em Portugal pela Campo das Letras, do
Porto, editora que, em 2008, lançou sua novela O hipnotizador. Publicou ainda
Livro de Recado (de menina para menina), Editora Dimensão, Belo Horizonte,
infantojuvenil, em 2000, e Fritz, um Quixote irresistível, biografia do poeta em
ensaísta Fritz Teixeira de Sales, 2008. Seus livros mais recentes são: O nome do
filme é Amazônia, Editora Dimensão, Belo Horizonte, infantojuvenil, finalista
do Prêmio Jabuti em 2010 e incluído no Programa Nacional Biblioteca na Escola
(PNBE-212), e Maletta, crônica afetiva sobre o edifício Maletta, tradicional
reduto da boemia belo-horizontina, lançado pela editora mineira Conceito,
em 2010. Em 2012, também publicou pela Editora Dimensão o infantojuvenil
Bilhetes viajantes.
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Durante um longo tempo, não houve luz em minha