95 Estudo 21: A NATUREZA DO AMOR – cap. 13. Neste texto encontramos: - Dominar idiomas de natureza celeste ou terrestre, mesmo que sejam utilizados no serviço cristão, nada significa sem a presença do amor. Sem amor o efeito é apenas aparente. Só há barulho. v. 1. - Ser capacitado com dons espirituais ou talentos naturais ou possuir uma fé que realize o improvável é um privilégio, mas nada significam sem a presença do amor. v. 2. - Distribuir bens aos pobres é ato de generosidade, mas nada significa sem a presença do amor. v. 3a. - Deixar-se sacrificar até a morte mesmo por uma causa justa é elogiável, mas nada significa sem a presença do amor. 3b. - Cultivar a paciência e a bondade é inerente à natureza do amor. Ele não oferece espaço à inveja, ao autoelogio e ao orgulho. v. 4. - É próprio do amor o tratamento digno, o altruísmo e o autodomínio. O amor descarta os sentimentos negativos: rancor, ódio, ira, ressentimento e a mágoa. v. 5. - O amor não silencia diante da injustiça porque a verdade é inseparável do seu caráter. v. 6. - Fiel ao seu caráter, o amor está disposto a sofrer quando necessário e a crer no invisível e na espera do melhor. A fé supera as circunstâncias. v. 7. - O amor jamais terá fim. Ele é eterno porque Deus é eterno. Em nosso interior o amor jamais acaba porque pode ser realimentado pelo amor de Deus. Deus é Amor. v. 8a. - Tudo passa: profecias, idiomas e conhecimento. Na eternidade as profecias perderão o seu sentido; as línguas faladas no presente serão desnecessárias porque são limitadas na expressão do que nos será revelado e o conhecimento atual será infinitamente superado diante do que receberemos do Senhor. v. 8b. 9. - Na manifestação da perfeição que Deus nos reservou na eternidade, a imperfeição presente perderá seu valor. v. 10. - Há um tempo determinado para a imaturidade e a maturidade. Discernir esse tempo é ser sábio. v. 11. - A consciência de nossa limitação na apreensão das realidades espirituais e físicas no presente alimenta a nossa esperança no acolhimento pleno das realidades que nos serão reveladas em nossa eternidade com Deus. v. 12. - No presente, a vida cristã tem como estrutura a fé, a esperança e o amor. A fé e a esperança são colunas. O amor é o fundamento. Na eternidade com Deus a fé e a esperança não mais serão necessárias porque tudo será conhecido. O amor permanecerá. Ele é a expressão do caráter de Deus e do nosso caráter Nele em Cristo. v. 13. VISÃO GERAL Após falar sobre a concessão dos dons espirituais como manifestação da Graça de Deus e ao seu exercício no ambiente de unidade a existir na diversidade do corpo de Cristo, a igreja, o aposto- .Moldando o Caráter da Igreja – 1 Coríntios – 1ª parte – PIB Bortolândia – SP – SP. 96 lo Paulo trata de um dos temas centrais da igreja de Deus: o amor. Faz isso através da composição do hino ao amor que procede do amor de Deus. A descrição desse amor remete ao caráter de Deus em oposição ao caráter deformado dos deuses do paganismo cultuado no mundo greco-romano. Deus, na pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é a fonte e a expressão do perfeito amor. Em Seu amor à humanidade o Pai envia o Filho que se torna homem pela ação do Espírito Santo em Maria a fim de que a reconciliação, o novo nascimento ou a salvação fosse possível a quem Nele crê como Senhor e Salvador. Em Sua suficiência o amor de Deus exige a resposta positiva da humanidade para que a reconciliação se concretize. Uma vez inseridos no amor de Deus, o Espírito Santo nos capacita a amar a Deus como Ele deseja ser amado e a amar quem Ele ama, sejam amigos ou aqueles que se fizeram nossos inimigos. Em Sua existência humana Jesus provou que o exercício do amor a Deus e do amor de Deus entre as pessoas é possível. Na composição do hino ao amor o apóstolo Paulo recorreu, sem dúvida, aos ensinamentos de Jesus Cristo no Sermão do Monte, a declaração de princípios do Reino de Deus ou da vida cristã. Nele temos o conteúdo e as práticas necessárias para agradar a Deus e viver relacionamentos sadios. Na eternidade o amor preside o relacionamento de Deus com Ele mesmo em Sua triunidade na pes- soa do Pai, do Filho e do Espírito Santo conforme revelação das Escrituras. Na plenitude do Seu caráter amoroso Deus se relaciona com Suas criaturas através do Seu Filho a quem fez criatura como nós. João 1. 14; Hebreus 1. Infelizmente o pecado de nossos primeiros pais e os nossos, romperam o relacionamento amoroso de Deus com Suas Criaturas. No tempo determinado por Deus, o Seu amor manifestado em Jesus Cristo refez a comunhão com o Criador pela morte e a ressurreição de Jesus Cristo. O acesso a Deus que havia sido fechado pelo pecado foi reaberto. Fomos chamados, encaminhados e acolhidos por Deus como filhos amados através do Seu Filho Amado. O acesso ao amor existente na triunidade divina foi aberto a nós por Jesus Cristo. Nele somos plenificados com o amor de Deus. Agora, nada nos separa desse amor divino que está em Jesus Cristo. João 6. 37; 10. 27 – 28; Romanos 8. 28 – 39. Não poderia haver honra maior ao ser humano do que se relacionar pessoalmente com Deus. Uma vez introduzidos no ambiente do amor de Deus, somos habilitados a vivenciar esse mesmo amor em todas as dimensões da vida. O Criador não somente estabeleceu em nosso caráter a capacidade de amar, mas nos ensina a amar através do que Ele é e faz. Deus se coloca como exemplo para nós. A natureza criada por Deus também fala aos nossos sentidos do Seu amor, glória e poder. Salmos 19, 24, 104. .Moldando o Caráter da Igreja – 1 Coríntios – 1ª parte – PIB Bortolândia – SP – SP. 97 Na escola de Deus, nas Escrituras, Seu livro didático, o amor é trabalhado exaustivamente em sua natureza e na história. Nelas conhecemos o Autor e Sua obra. Jesus Cristo nos ensinou que declaramos o nosso amor a Deus todas as vezes que O obedecemos. João 14. 15, 21, 23, 24. O amor gera o cosmos. Organiza o universo onde estamos. O amor ativa, articula, ordena o movimento e a direção dos elementos. Manifesta o Poder de Deus. A presença de Deus faz o amor prevalecer. Na multiplicação de pães feita por Jesus, além de outras lições de amor, aprendemos que Deus organiza o ambiente antes do milagre. Deixe-se organizar pelo amor de Deus e o milagre que você sonha será uma realidade em sua vida. FOCALIZANDO A VISÃO Fiel ao Seu Mestre na construção do caráter da igreja, o apóstolo Paulo colocou como base do relacionamento sadio na igreja em Corinto o amor de Deus. Em sua ausência alguns tentaram usar material de péssima qualidade espiritual na manutenção da igreja e com isso rupturas começaram a aparecer na construção. Ao tomar conhecimento dessa realidade, Paulo realizou imediata intervenção. Evitou que a solidez do edifício fosse comprometida. Era necessário interromper o que estava sendo feito e retornar ao primeiro amor. Esse retorno deveria começar pelo estabelecimento das definições e foi isso que Paulo fez. A indefinição, a superficialidade e o relativismo são nocivos à igreja. O material a ser utilizado na construção do caráter da igreja precisaria corresponder à qualidade do alicerce: Jesus Cristo. 1 Coríntios 3. 10 – 11. Há pessoas que erram por não saberem o verdadeiro sentido das palavras e das coisas. Precisam ser ajudadas. Daí, a importância da clareza no ensino. Os líderes estão impedidos de cometer erros quando se trata da formação do caráter dos salvos em Cristo. O apóstolo apresenta aos coríntios e a nós a natureza do amor ao definir claramente o que ele é e o que não é e por conseqüência o que faz e o que não faz. Nas Escrituras as definições nos remetem a valores absolutos. Eles são a extensão do caráter do Criador. É por essa razão que o afastamento de Deus leva as pessoas ao relativismo, ao desvalor e a coisificação do ser, isto é, as pessoas e a moral são tratadas como coisas descartáveis: usáveis por um momento e depois desprezadas como se fossem objetos inúteis. Tenta-se anular a presença incomodativa de Deus e depois a do semelhante como se isso não afetasse a própria existência. Como não podemos ser sem o outro e muito menos sem Deus, o final desse caminho é a própria autodestruição. O relacionamento de amor existente na triunidade divina foi adotado na constituição da família ainda no Éden. Nas criaturas humanas, na devida proporção, foi impresso o caráter divino para que o relacionamento entre ambos .Moldando o Caráter da Igreja – 1 Coríntios – 1ª parte – PIB Bortolândia – SP – SP. 98 fosse possível. Somente seres de caráter semelhante podem se relacionar plenamente. De lá para cá em razão da queda a família se tornou em alvo permanente de Satanás e seus agentes geradores do caos, sejam demônios, pessoas ou sistemas. Por outro lado ela conta com a proteção do Criador e apoio daqueles que a amam pelo fato de amarem e servirem a Deus. Com essa assistência ela se torna a fonte de esperança daqueles que acreditam no projeto de Deus. Esse projeto irá prevalecer porque foi elaborado por Aquele que é Perfeito em Suas obras. Ai daqueles que tentam alterar o que Deus estabeleceu. O Criador não permanece inativo diante das deformações de caráter de Suas criaturas. Ele é amorosamente justo em sua punição e até o fim da história investira na restauração delas. Uma revisita à história passada e presente comprova esse raciocínio. Os insensatos desejam construir a história a seu modo e colhem o caos para si ao influenciarem negativamente a sociedade. A família é a primeira escola de relacionamento. Nela me descubro como ser pessoa, o que as pessoas são e o que Deus significa para mim. A família que se deixa admoestar pela Palavra de Deus alcança vitória nos conflitos. Permanece inabalável. Rejeita as propostas do mundo sem Deus. Entre elas citamos a desejada união conjugal de pessoas do mesmo sexo, a fornicação, o adultério e as demais abominações derivadas da natureza pecaminosa, como a inveja, leviandade, soberba, indecência, egoísmo, ira, suspeição indevida e injustiça. A lista prossegue porque os seres humanos são criativos e geram num ‘piscar de olhos’ um novo pecado para justificar a desobediência a Deus. O relacionamento de amor existente na triunidade divina também foi adotado na constituição da igreja de Deus para ser Sua família na terra. O Mediador desse relacionamento é Jesus Cristo, Deus e homem. Sem esse ser divino/humano não poderíamos partilhar em plenitude do amor divino. Ficaríamos sem referência no amor a existir entre nossos semelhantes. Tal como a família dos homens, a igreja, como família de Deus, é alvo de ataques e é fonte de esperança. Nela se manifesta a multiforme sabedoria de Deus na restauração da humanidade. Ela não pode permanecer na passividade, apenas se defendendo, mas reagir e partir para o ataque usando a armadura disponibilizada por Deus em Sua Palavra. Efésios 6. 10 – 18. Humildade e ousadia não se excluem. O apóstolo Paulo coloca o amor como base, elemento unificador e de acabamento que sustenta, dá consistência e complementa à construção da vida com Deus e da vivência com nossos semelhantes. Nossas intenções e ações na vida particular e pública, sejam na família, na igreja, no mundo do trabalho e nos demais relacionamentos precisam ser regadas pelo amor de Deus em nós. O apóstolo Paulo nos apresenta algumas marcas do amor. .Moldando o Caráter da Igreja – 1 Coríntios – 1ª parte – PIB Bortolândia – SP – SP. 99 O amor de Deus que opera em nós tem a função de presidir nossas ações. Está acima dos dons espirituais e talentos naturais ou de qualquer sacrifício ou generosidade motivada pela piedade. O amor de Deus em nós cultiva: a paciência, a bondade, o contentamento (desfrutar o que nos foi dado por Deus), a autoimagem que Deus tem de nós revelada em Sua Palavra, a amabilidade, o altruísmo, o perdão contínuo, a indignação com o que fere o caráter de Deus e o amor à verdade. O amor de Deus em nós capacita-nos para suportar o sofrimento até que a maturidade seja formada em nós e em nosso próximo. Esse amor jamais desiste de amar, mas realimenta a esperança de que o melhor está por vir. O amor de Deus por nós e em nós jamais terá fim. Paulo prossegue e mostra o que não é o amor. Onde há inveja, leviandade, soberba, indecência, egoísmo, suspeitas infundadas, ira, ódio, rancor, ressentimento, passividade diante da injustiça e irresponsabilidade nos compromissos, a paixão pode estar presente, menos o amor. Aliás, o sintoma de descompromisso com o outro surge quando a paixão se torna objeto até de canções. Precisamos banir do meio evangélico as canções que exaltam a paixão por Deus e por Sua obra porque nelas está de forma sutil a declaração da inconsistência e inconstância do nosso relacionamento com o Senhor. Deus trabalha na dimensão do amor e não da paixão. Jesus deseja ter conosco uma relação de amor e não de paixão. João 14. 18, 21, 23 – 24. Deus ama Seu Filho e Sua igreja. Seu amor O levou a dar-nos Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Seu amor derrama o amor divino pela ação do Espírito Santo em nós. Jesus ama Sua igreja e deu a vida por ela. Por sua vez o amor da igreja por Jesus Cristo a leva a dar a sua vida no serviço ao Senhor. “...Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”. Efésios 5. 25b. O amor de Deus em nós levanos a dar a nossa vida pelos irmãos, isto é, investir neles o que somos e temos. O apaixonado não dá a vida por quem se apaixona. Antes a tira do objeto de sua paixão. No dia determinado por Deus as profecias, o conhecimento adquirido e os dons espirituais terão fim porque são temporais. Foram destinados apenas à presente era, mas o amor permanecerá porque Deus é amor e em Seu amor viveremos com Ele a eternidade. Nesse dia o imperfeito dará lugar à perfeição divina na qual seremos inseridos em razão do amor de Deus por nós. O apóstolo Paulo nos lembra que na formação do caráter cristão há um tempo determinado para a imaturidade e a maturidade. Em nossa obediência a Deus somos tirados da imaturidade à maturidade e nesta permanecemos porque o amor de Deus nos deseja perfeitos em Cristo. Na presente era a igreja ao olhar para Cristo faz o caminho das sombras à luz até que o dia perfei- .Moldando o Caráter da Igreja – 1 Coríntios – 1ª parte – PIB Bortolândia – SP – SP. 100 to apareça quando nos encontraremos pessoalmente com Jesus Cristo a exemplo dos apóstolos. Nesse dia não haverá limite para o que Deus sempre desejou nos revelar em Seu Filho e pela manifestação do Espírito Santo. No dia de Cristo e na eternidade a fé e a esperança serão desnecessárias. Teremos tudo o que Deus nos prometeu. O amor permanecerá porque Deus é Amor. Em tudo vemos a fidelidade do amor de Deus que atua na história até o seu final quando agirá com justiça na manifestação do Seu amor. Deus nos deseja amorosos para que o mundo seja atraído a Ele pelo nosso procedimento. Viver diariamente o amor de Deus em nós é desafio permanente. Essa foi a orientação de Jesus ao se dirigir aos discípulos em suas horas finais no mundo. Na condição de discípulos recebemos para nós Suas palavras: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei vocês devem se amar uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”. João 13. 34 – 35. APLICAÇÃO - Aprender a amar com Deus ama. PENSAMENTO A natureza do amor está na natureza de Deus. VERSÍCULO PARA DECORAR “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”. v. 13. ORAÇÃO Senhor, desperta o amor que tens colocado em mim. ENQUADRANDO-SE NA VISÃO - O amor de Deus apresentado em Sua Palavra é para ser conhecido, acolhido e exercitado. DETALHES - O amor é eterno porque Deus é Eterno. - O amor que você precisa Deus já o colocou em você. Peça a Ele para ajudá-lo a expressá-lo. .Moldando o Caráter da Igreja – 1 Coríntios – 1ª parte – PIB Bortolândia – SP – SP.